Abandono e Adopção
(Organização)
Quando alguém adopta alguém, num plano afectivo, ou gosta dessa pessoa ou não gosta. Isto é, ou ama ou não ama e, se ama, deixa de ser adoptada para ser filha dela. Quando uma criança se sente adoptada, comporta-se em relação à família como uma prótese em relação ao corpo: sente-se em dívida, e o amor da relação é permanentemente contaminado de hipocrisia. Quando se sente filha, faça o que fizer, não a ameaçam com o abandono, simplesmente porque faz parte dos pais. Quando se sente adoptada, faz número na família, mas não faz parte dela. Quando se quer fazer de um filho uma criança adoptada, ter um filho é uma obra de caridade. Quando se quer fazer duma criança adoptada um filho, reconhecemo-nos nele, e toleramos melhor a nossa condição humana. Sobretudo porque ele será tudo aquilo que não fomos e fará o que deixámos por fazer.
NOTA INTRODUTÓRIA
Tenho defendido, em muitas circunstâncias, que o modo como é a vida das crianças não tem merecido, por parte do Estado, os cuidados que elas exigem. Se, por um lado, tem havido medidas legislativas e intenções societais relevantes que vão no sentido de proteger a vida das crianças, na verdade elas nunca têm representado uma prioridade para o próprio Estado. Não representam quando os direitos dos pais prevalecem, quase invariavelmente, sobre os direitos das crianças. Não representam quando se promovem várias ilegalidades como aquelas que levam a que inúmeras crianças sejam protegidas com medidas provisórias que se perpetuam por anos. Não representam quando se multiplicam (e atropelam) programas ministeriais que se dedicam às crianças em perigo (por vezes, sobrepondo esforços técnicos e humanos que não se articulam uns nos outros, cuja eficácia se torna limitada e que desperdiçam muitos recursos e actos generosos). Não representam quando se criam medidas legislativas sem que, a par, se promova uma revolução na política da infância, uma radical alteração da política social de apoio à família, e uma profunda transformação judicial nos procedimentos que são tidos com elas.
Neste contexto, os tribunais têm prestado relevantes serviços e, ao mesmo tempo, preocupantes omissões em relação aos interesses das crianças. Se há procuradores e magistrados que tomam os interesses de cada criança requerendo para ela o que, em consciência, exigiriam para os seus filhos, outros há que - por voluntarismo - tomam medidas que, diante de conflitos de interesses parentais, enviesam a interpretação acerca dos legítimos interesses das crianças e, sob interpretações muito pessoais dos textos jurídicos, promovem maus-tratos em nome da Lei. Para além do mais, em muitas circunstâncias, o magistrado, pese embora a sua boa fé, é muitas vezes penalizado com assessorias técnicas tão displicentes e dilatórias que, contra a sua vontade, se vê resignado a decisões minimalistas acerca da vida das crianças, tal é a inconsistência dos apoios que recolhe.
Num cenário como este, tenho questionado se fará sentido que as medidas de urgência que as crianças exigem deverão ser do foro jurídico-judicial ou, pelo contrário, do âmbito sano-judicial. Quero dizer que, a meu ver, os critérios do que é urgente para o desenvolvimento de uma criança deveriam ser, sobretudo, do âmbito da saúde, legitimados como noutras áreas do direito bio-médico pelo poder judicial. Isto é, não tem de ser imputado a um magistrado a competência para declarar que um feto possa ser, continuadamente, maltratado in útero, pelos consumos politoxicodependentes da sua mãe, quando a Lei não confere a um bebé por nascer os direitos de cidadania que levariam a accionar medidas de protecção. Nem pode ser do foro, estritamente, judicial a forma como se limita ou inibe o poder paternal que confere a um Tribunal um poder quase divino, que empurra o magistrado para uma justiça salomónica (inibindo-o, na maioria das vezes, dada a violência que uma tal decisão acaba por representar e porque ele próprio, nos seus desempenhos parentais, reconhecerá - humanamente - limitações e falhas que, porventura, não serão aconchegantes aos olhos da Lei).
Pensando nestes e noutros aspectos, decidi re-editar (com o auxílio, precioso, da Ana Rita Seixas, da Raquel Vieira da Silva e da Sofia Gonçalves) este livro. Será, nalguns momentos, um documento de divulgação e, noutros, um documento académico (por vezes, demasiado jurídico, por vezes, excessivamente psicológico). Ainda assim, tenho esperança que seja útil e rebelde, sensato e interpelante. Estou certo que, a acontecer um dia, a 4.ª edição será melhor.
EDUARDO SÁ
ÍNDICE
Nota Introdutória
1. Breve História da Infância
Breve história da criança e da família - EDUARDO SÁ
2. O Direito da Criança
Poder paternal e parentalidade - EDUARDO SÁ
Poder paternal e violência escolar - EDUARDO SÁ
A alienação parental - EDUARDO SÁ
A nova lei da adopção - MARIA CLARA SOTTOMAYOR
A adopção singular nas representações sociais e no direito - MARIA CLARA SOTTOMAYOR
Quem são os "verdadeiros" pais? Adopção plena de menor e oposição dos pais biológicos - MARIA CLARA SOTTOMAYOR
3. Crianças em Perigo
Encontros com a ternura - EDUARDO SÁ
A criança e o perigo: clarificação, consequência e intervenção - EDUARDO SÁ/RAQUEL VEIRA DA SILVA/SILVIA MATELA/ANA ABRANTES
Crianças perigosas e crianças em perigo - EDUARDO SÁ
4. A Criança e a Adopção
Esterilidade e adopção: os pais, as crianças e as circunstâncias que criara (des)encontros - EDUARDO SÁ
A adopção e o nascimento da família - EDUARDO SÁ
Os meninos do sonho - EDUARDO SÁ
A fertilização do sonho - EDUARDO SÁ
| Editora | Almedina |
|---|---|
| Coleção | Coleção Eduardo Sá |
| Categorias | |
| Editora | Almedina |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria Clara Sottomayor, Eduardo Sá |
Psicólogo clínico e psicanalista, professor da Universidade de Coimbra e do ISPA. É autor de artigos e de livros científicos na área da psicanálise e da psicossomática, e de livros de divulgação no âmbito da saúde familiar e da educação parental. Em 2022, o livro O Meu Pai é Meu! marca a sua primeira incursão na literatura infantil, e tem sido sucessivamente reeditado. Depois de anos a colaborar na Antena 1, e de ter feito com Fátima Lopes o programa Amor em Tempo de Crise, na TVI24, passou a colaborar regularmente com o jornal Observador, e com a Rádio Observador, onde tem o programa Porque Sim Não é Resposta.
Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, desde 18 de setembro de 2012. Foi também Juíza do Tribunal Constitucional entre julho de 2016 e julho de 2019. Doutorada em Direito Civil pela Universidade Católica Portuguesa – Porto, onde lecionou entre 1989 e 2012 várias disciplinas de Direito Civil, entre elas, Direito da Família e Direito das Crianças.
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Textos com educaçãoAprender será, sempre, reconhecer. Reconhecer no sentido de reaprender as pequenas diferenças que nunca se tinham vislumbrado em tudo o que sabemos (tornando cada conhecimento mais simples, mais útil e mais humano). E reconhecer como sinónimo de gratidão para com aqueles que tenham percebido que a tarefa preponderante de um educador não é fornecer conhecimentos mas não deixar que se apague o nosso desejo de aprender. Sempre que, entre duas pessoas, se pressente magia nasce uma escola. Logo que não entendam o invisível fecham-se para a sabedoria. Este livro resulta de muitos textos sobre educação que venho escrevendo há mais de vinte anos. Quase todos foram estando dispersos por diversos livros. Ao fim deste tempo, decidi agrupá-los nesta colectânea, porque me pareceu que ganhavam - dessa forma -uma vida própria. Aos textos já publicados acrescentei alguns outros, inéditos (para além de duas entrevistas). Um tão grande intervalo de tempo introduz muitas diferenças: nas ideias, nos formatos dos textos e no tipo de escrita. Ainda assim, suponho que a convivência de uns com os outros ganhou sentido para mim e trouxe-me o enorme frenesi de imaginar como será o segundo volume desta colectânea. Daqui a, pelo menos, vinte anos. Mas o meu entusiasmo com este livro não se esgota no modo como juntei e acarinhei estes textos. Tem as fotografias (fantásticas) do Augusto Brazio e traz consigo a enorme honra de poder contar com o prefácio do Prof. Doutor Manuel Patrício - um sábio e um homem bom - por quem tenho uma enorme admiração e com quem partilho os cuidados que só dedicamos aos mestres. Associá-lo a um livro (para, mais, sobre educação) dá-me uma alegria muito, muito grande. Eduardo Sá (Vilamoura, Agosto de 2007) Press Clippings: Focus - «Top» Gazeta das Caldas - «Textos com Educação» Jornal Leiria - «Textos com Educação» Time Out Lisboa - «Apresentação do livro Textos com Educação, de Eduardo Sá» -
Esboço para uma Nova PsicanáliseO século XXI exige uma psicanálise comprometida com a devolução do Homem à sua humanidade. E exige que a psicanálise não seja vivida como uma ideologia, com populismo e com demagogia científicas, e que deixe de ser complacente para com a cartelização da formação. Que aceite que mais importante do que ir da fantasia à função simbólica, é que a função simbólica se transforme numa intencionalidade empreendedora com que se aja sobre o mundo e as relações. E que considere a sabedoria humana e a bondade original de cada pessoa como pontos de partida para quaisquer transformações a caminho de experiências que dêem sentido ao con-sentir, ao com-pensar, à com-paixão e ao con-seguir. Por tudo isto, ao fim de mais de um século de psicanálise, torna-se urgente afirmar: «A psicanálise morreu. Viva a psicanálise!». ÍNDICE Capítulo 1 - Psicanálise: uma revolução tranquila Capítulo 2 - Da biologia à psicanálise O Inconsciente, da Biologia à Psicanálise Do Pensamento à Psicossomática Capítulo 3 - Sobre a comunhão A Liberdade do Nascimento e a Sabedoria do Bebé Da Comunhão à Comunhão Capítulo 4 - Algumas notas sobre a maternalidade e o desamparo Da comunhão ao descuido Capítulo 5 - O sistema imunitário da mente Capítulo 6 - Neurose, patologia borderline e psicose A Neurose na recriação da psicanálise Patologia Borderline e Psicose O núcleo melancólico da psicose: reflexões a propósito de um caso clínico Capítulo 7 - Contributos para a construção de um modelo clínico em psicanálise Contributos para a Construção de um Modelo Clínico em Psicanálise Capítulo 8 - Esboço para uma nova psicanálise Apêndice 1 - A infância dos pais nas dificuldades dos filhos Apêndice 2 - Ensaio sobre a bondade Apêndice 3 - Esquema de síntese das coordenadas para uma Nova Psicanálise -
Textos com PsicanáliseUm analista não é um oráculo, e não é clínico quando se assume como militante ou fundamentalista de um qualquer modelo no contexto de uma compreensão que pretenda fazer. A ironia da clínica é que "os bons analistas" são os maiores inimigos dos analistas. Sempre que, na relação analítica, alguém se propõe confirmar modelos ou ir ao encontro do seu próprio narcisismo deixa, seguramente, de ser clínico para se aproximar, perigosamente (para ele e para a pessoa com quem está), de níveis perversos duma relação. Talvez, somente, quando um analista se torna pessoa nasça uma relação analítica. Mas, somente quando se torna parte integrante da realidade interna do outro, se torna pessoa. -
Invalidade e Registo - A Protecção do Terceiro Adquirente de Boa FéAdvertência Na elaboração deste trabalho não foram utilizados elementos legislativos posteriores a Dezembro de 2207 nem jurisprudência posterior Setembro do mesmo ano. Plano da Obra Introdução - Delimitação do problema Capítulo I - A questão do método jurídico Capítulo II - Os princípios fundamentais de direito civil inerentes ao problema Capítulo III - Enquadramento histórico-social e pressupostos do problema Capítulo IV - A noção de terceiro para efeitos de registo e de invalidade negocial em cadeia Capítulo V - O Princípio da fé pública do registo no direito alemão e o âmbito de aplicação do art. 291.º Capítulo VI - A função do registo na facti-species do art. 291.º Capítulo VII - A explicação dogmática do processo aquisitivo do terceiro Conclusões -
Temas de Direito das CriançasEste livro traz à luz do dia um conjunto de estudos que são o resultado da investigação feita pela autora, no âmbito da lecionação da disciplina de Direito das Crianças, na Universidade Católica Portuguesa, abrangendo os seguintes temas: a autonomia do Direito das Crianças; o problema da dupla residência das crianças após o divórcio na perspetiva dos seus interesses e direitos; o abuso sexual de crianças e a proteção destas nos processos de regulação das responsabilidades; os direitos fundamentais das crianças vítimas de crimes violentos, no direito internacional e comunitário; o critério do interesse da criança e a noção de afeto, como conceito passível de demonstração objetiva em tribunal através da prova da prestação de cuidados à criança no dia-a-dia. -
E Foram Felizes para Sempre...?Uma Análise Critíca do Novo Regime Jurídico do Divórcio - Actas do Cogresso de 23, 24 e 25 de Outubro de 2008Da apresentaçãoO livro que agora se publica[...] contém um conjunto de reflexões sobre o novo regime jurídico do divórcio e das responsabilidades parentais, assim como o texto que deu origem ao parecer apresentado pela APMJ aquando da discussão pública do Projecto Lei 509/X, intitulado "Uma análise crítica do novo regime jurídico do divórcio" da autoria de Maria Clara Sottomayor.A posição da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, nesta matéria, assentou numa forma de feminismo empático com os sentimentos das mulheres e que propõe reformas que possam ter efeitos práticos com significado para a sua vida, no momento actual. Um feminismo feito de princípios gerais e abstractos" como o princípio da igualdade formal, a pensar nas potencialidades das mulheres, corre o risco de as considerar como meros recipientes vazios ou instrumentos de construção de uma sociedade futura, deixando-as desprotegidas, em fases de transição. -
Exercício do Poder Paternal - Relativamente à pessoa do filho após o divórcio ou a separação de pessoas e bensÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO 1. ORIENTAÇÕES GERAIS 2. NOÇÃO DE GUARDA 3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA. PARTE I O MODELO TRADICIONAL: A GUARDA ÚNICA CAPÍTULO I Princípios Gerais 1. INTRODUÇÃO 2. O INTERESSE DA CRIANÇA COMO CONCEITO INDETERMINADO 3. APLICAÇÃO PRÁTICA DO CRITÉRIO 4. O RECURSO A PRESUNÇÕES VERSUS A UTILIZAÇÃO DE UM CRITÉRIO INDETERMINADO 5. CONCLUSÕES CAPÍTULO II O Problema no Direito Português 1. INTRODUÇÃO 2. A APLICAÇÃO PRÁTICA DO INTERESSE DA CRIANÇA NA JURISPRUDÊNCIA PORTUGUESA 3. AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA ATRIBUIÇÃO DA GUARDA DOS FILHOS 4. A ALTERAÇÃO DO REGIME DE EXERCÍCIO DO PODÉR PATERNAL 5. APRECIAÇÃO DO SISTEMA DE EXERCÍCIO UNILATERAL DO PODER PATERNAL 6. CONCLUSÕES PARTE II NOVAS FORMAS DE GUARDA CAPÍTULO I Princípios Gerais 1. INTRODUÇÃO 2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS: GUARDA CONJUNTA E GUARDA ALTERNADA 3. PRESSUPOSTOS DE ATRIBUIÇÃO DA GUARDA CONJUNTA E DA GUARDA ALTERNADA 4. MODELOS LEGISLATIVOS 5. A CONTROVÉRSIA NA LITERATURA JURÍDICA E NA PSICOLOGIA SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GUARDA CONJUNTA E DA GUARDA ALTERNADA 6. CONCLUSÕES CAPÍTULO II O Exercício Conjunto do Poder Paternal no Direito Português 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 2. A EVOLUÇÃO LEGISLATIVA RECENTE 3. A REDACÇÃO ACTUAL DO ART. 1906.º 4. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E EXERCÍCIO CONJUNTO DO PODER PATERNAL 5. OBRIGAÇÃO DE ALIMENTOS E EXERCÍCIO DO PODER PATERNAL 6. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO EXERCÍCIO CONJUNTO DO PODER PATERNAL 7. CONCLUSÕES -
Um Estranho no CoraçãoSentado num café, com o mar ao fundo, Gaspar sente a mão a tocar-lhe de leve no ombro, ouve a voz que não identifica e o chama. Vira-se para trás, leva algum tempo a reconhecê-la, assim tão pálida, escondida atrás dos óculos escuros. É a Luísa. Viu-a pela última vez vai para 42 anos, toda uma vida. E agora ali está ela, à sua frente, a sentar-se à sua mesa, como se fosse ontem. E tira os óculos. E os olhos encontram-se, a unir pontas que um dia se partiram, num verão distante, naquela mesma Nazaré. O coração de Gaspar aperta-se. É um coração velho, que já não serve. Gastou-o numa vida sem amor. E agora espera por um novo, um transplante, um milagre que lhe prolongue o prazo de validade. Agora mais do que nunca. Porque ela está ali, trazendo consigo a promessa de um futuro que não sabe se tem. Ou se algum dia terá. Romance de amor, de memórias, de reflexões, Um Estranho no Coração revela-nos uma faceta inesperada de Eduardo Sá. O contador de histórias continua presente, em cada página, em cada personagem. Mas desta vez usa como fio condutor uma única história, a de Gaspar; e nela projeta as suas (e as nossas) dúvidas, as decisões que tomamos, os desvios do caminho, as paragens sem porquê. E se nos oferece o balanço de uma vida vivida a medo, oferece-nos também uma ideia redentora: a segunda oportunidade, o eterno retorno. -
Quem Nunca Morreu de Amor?Eduardo Sá avisa, logo no início: cuidado com o que se procura num livro de amor. Porque arriscamo-nos a encontrar, no espelho das páginas, a nossa própria história, as relações que tivemos, os homens ou as mulheres que amámos (e que ainda hoje nos visitam, quando à noite se aninham nos lençóis da memória). Nas histórias dos outros, que Eduardo testemunha e observa, revemo-nos sempre. Os nossos amuos, as dúvidas, os medos, a esperança. Guiados por ele, trilhamos novamente o caminho tantas vezes percorrido; mas descobrimos que afinal havia ali um cruzamento que nos tinha passado despercebido (onde poderíamos ter mudado de direção), ou uma ponte que decidimos ignorar (quando era tão fácil atravessá-la).Descobrimos também, por entre textos onde o amor é sempre posto a nu, uma outra história que emerge de mansinho, em quadros pontuais. Conhecemos João Anacleto, homem resignado à vida, e a bela e livre Esmeralda, que o destino lhe devolve passados 30 anos. Vemos como uma corrente de bicicleta, ao partir-se, os volta a unir. Ou talvez não.Porque o João e a Esmeralda somos também nós, às vezes tão dados a equívocos, tão presos a bravatas e orgulhos que nos esquecemos de ver o essencial. E o essencial, ao contrário do que pensamos, não é invisível. Vê-se no olhar de quem nos vê o coração. -
Livro de Reclamações das Crianças"Às vezes, os meus pais zangam-se comigo sem razão. E eu zango-me com eles com razão.” > Pedro, 5 anos O Pedro tem certamente razão. Mas, quem sabe, talvez os pais dele também tenham. Bom mesmo era que conversassem e que se ouvissem. E que às reclamações de uns e outros fosse sempre dada a devida atenção. Porque, se virmos bem, entre as crianças e os adultos cavam-se de vez em quando fossos, onde deveria haver apenas pontes. É aqui que entra o Livro de Reclamações das Crianças, onde elas, de viva voz, dizem de sua justiça. Não são meigas, acertam sempre em cheio, e às vezes até magoam um pouco. Para responder às angústias do Pedro, e de tantas outras crianças, surgiu este livro. A pensar nos mais pequenos, mas sobretudo nos adultos: “Só queremos que perceba que cada uma destas crianças podia ser a sua. E que, por delicadeza, por medo, ou por bondade, talvez a sua diga com os olhos aquilo que outras crianças foram capazes de nos dizer, a conversar.” Vamos então ouvi-las. E dar-lhes espaço para se manifestarem. Mas de coração aberto, com a ternura à espreita, porque mesmo quando elas reclamam pelas guloseimas, não é de guloseimas que estão a falar. Exercitam antes o seu direito filosófico de nos questionar, na nossa autoridade de “grandes” que se esqueceram do que é ser criança.
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Pais Suficientemente BonsSer feliz não implica ser perfeito. Neste novo livro, Pedro Strecht, médico de psiquiatria da infância e adolescência, debruça-se sobre a ânsia de perfeição dos pais de hoje e a pressão que exercem sobre os filhos para estes atingirem a excelência a todos os níveis. Ao querermos ser pais perfeitos, projetamos esse desejo nos nossos filhos e acabamos por exigir deles não apenas o melhor, mas o topo dos topos: há que exibir aos outros a imagem de uma vida perfeita e irrepreensível. No entanto, esquecemo-nos de que simplesmente não é possível — e nem sequer desejável — estarmos constantemente no topo, o que abre o caminho à sensação de culpa e de fracasso. O resultado é uma tensão insustentável e permanente pautada pela insegurança que nos desgasta a nós e aos nossos filhos. Como tal, aquilo que deveria ser uma experiência mágica — a relação entre pais e filhos — transforma-se numa mera troca de exigências, em que nem mesmo o melhor parece chegar. Assim, longe de adultos e crianças que «têm tudo para serem felizes», temos uma sociedade à beira do burnout e cada vez mais ansiosa e/ou deprimida, consequência de uma vida que se deseja sempre perfeita, de desempenho inabalável e continuado, em que se tornam raras as experiências emocionais realmente importantes e que o bem-estar económico não revela nem compra. Tomando como ponto de partida o conceito de «suficientemente bom» do pedopsiquiatra britânico Donald Winnicott, Pedro Strecht reflete naquilo em que consiste verdadeiramente a felicidade dos nossos filhos. É, pois, urgente alterarmos as nossas prioridades e retirarmos o foco do que reside somente no plano material, dando primazia à qualidade da educação, ao tempo em família, à alegria na relação e na vida social e ainda a valores como a honestidade, a solidariedade, a compaixão para com o outro, sobretudo se mais frágil e desprotegido. E tudo isso não têm por que implicar sermos pais perfeitos – podemos «apenas» ser pais suficientemente bons. -
Por Que Nos Sentimos Mal Quando Tudo Corre BemComo espécie, nunca tivemos uma vida tão boa. Vivemos vidas mais longas e mais saudáveis do que nunca; a soma do conhecimento humano e o entretenimento sem fim estão apenas a alguns cliques de distância. Então, por que estamos atualmente a enfrentar uma crise de saúde mental? Este livro, com mais de um milhão de cópias vendidas, oferece uma visão radicalmente inovadora de pensar acerca da realização pessoal. Conjugando recentes investigações neurocientíficas e descobertas empíricas com histórias de indivíduos comuns, Anders Hansen explica por que é que os seres humanos enquanto espécie não estão preparados para estar sempre felizes. Explica ainda por que razão a depressão não pode ser resolvida dizendo a alguém para se recompor, e por que razão nos devemos preocupar com a utilização excessiva das redes sociais. O psiquiatra e orador viral do TedX, Anders Hansen, revela que, ao adotar uma visão evolutiva da vida, podemos redefinir a nossa perspetiva sobre a felicidade para encontrar um significado a longo prazo e um contentamento duradouro. -
A Coragem para Seres Tu Própria"Escrevi este livro para que todas as pessoas que algum dia já sentiram que não eram boas o suficiente (tal como eram) possam dizer que foi a última vez que o acharam. Que possam dizer um “basta” a viver de acordo com o que os outros querem e julgam. Que possam dizer um “basta” à autocrítica. Que possam dizer um “basta” a relações não saudáveis. Que, ao invés disso, após esta leitura e prática de exercícios, saibam sempre que a sua voz importa. […] Sim, TU IMPORTAS.» Joana Gentil Martins, autora do best-seller Torna-te o amor da tua vida, tem ajudado milhares de leitores a cuidarem da sua autoestima. Agora traz-nos um novo desafio: termos a coragem de olharmos para nós próprias como seres únicos e imensamente válidos, aceitarmo-nos tal e qual como somos sem termos de ceder a pressões e às opiniões dos outros e assim escolhermo-nos todos os dias (com amor). É preciso coragem para sermos nós próprias. É preciso a força de um leão, sermos destemidas, para enfrentar a autocrítica que tanta vezes nos mina o caminho, tal como os julgamentos dos outros. É preciso sair da nossa zona de conforto, libertarmo-nos destas críticas e julgamentos e avançar, para vivermos a vida que queremos viver. Neste livro prático, a autora e psicóloga clínica Joana Gentil Martins, com um discurso carinhoso e empático, partilha reflexões, estudos, ensinamentos, pesquisas e exercícios para poderes chegar onde queres. Porque tu tens a força e a coragem que precisas! Vamos trazer essa coragem de dentro para fora, para o mundo?" -
O Homem em Busca de um SentidoNos seus momentos de maior sofrimento, no campo de concentração, o jovem psicoterapeuta Viktor E. Frankl entregava-se à memória da sua mulher - que estava grávida e, tal como ele, condenada a Auschwitz. Conversava com ela, evocava a sua imagem, e assim se mantinha vivo. Quando finalmente foi libertado, no fim da guerra, a mulher estava morta, tal como os pais e o irmão. No entanto, ele alimentara-se de outro sonho enquanto estava preso, e, este sim, viria a realizar-se: projetava-se no futuro, via-se a falar perante um público imaginário, e a explicar o seu método para enfrentar o maior dos horrores. E sobreviver. Viktor E. Frankl sobreviveu. E até morrer, aos 92 anos, divulgou por todo o mundo o método desenvolvido no campo de concentração - a Logoterapia.O psicoterapeuta descobriu que os sobreviventes eram aqueles que criavam para si próprios um objetivo, que encontravam um sentido futuro para a existência - fosse ele, por exemplo, cuidar de um filho ou escrever um livro. Em O Homem em Busca de um Sentido, escrito em 1946, o autor narra na primeira parte a sua dramática luta pela sobrevivência. E na segunda, em breves páginas, sintetiza os mais de 20 volumes ao longo dos quais desenvolveu o seu método - aplicável a qualquer pessoa, em qualquer circunstância da vida. -
12 Regras para a Vida: um antídoto para o caosMuito antes de existirem dinossauros, já as lagostas povoavam a Terra. Há 350 milhões de anos que obedecem a uma rígida estrutura hierárquica. As mais fortes têm direito ao melhor território, à melhor comida, às melhores fêmeas. As mais fracas vergam-se à autoridade – a ponto de caírem em depressão. A organização social das lagostas é o ponto de partida da primeira regra deste livro: Levante a Cabeça e Endireite as Costas. Não é uma metáfora: ou somos verticais ou somos esmagados. No limite, trata-se de uma escolha individual, e é de escolhas (e responsabilidades) que trata este livro. Para Jordan B. Peterson – um dos mais polémicos pensadores contemporâneos –, vivemos num mundo caracterizado ou pela ausência de valores ou pela entrega a crenças totalitárias. Ora, quando não há valores, falta-nos um sentido para a existência; mas se aderimos cegamente a uma crença, colocamo-nos em confronto com as restantes. A alternativa é assumir as nossas responsabilidades individualmente. Quando o autor nos diz para pôr a nossa casa em ordem antes de criticarmos os outros ou para nos compararmos só connosco, está a oferecer-nos modelos de pensamento. Cada uma dessas regras, ancorada na mitologia, religião e filosofia, obriga-nos a repensar tudo aquilo em que acreditamos. 12 Regras Para a Vida é uma obra corajosa, transformadora, que nos revela “um dos mais importantes pensadores a ascender à ribalta mundial nos últimos anos” (segundo a revista Spectator). Findo o livro, nunca mais verá uma lagosta da mesma maneira. E se começar a levantar a cabeça e endireitar as costas, o triunfo não será do autor mas seu. -
Actos de Significado"Este livro foi escrito em contraste com o ambiente básico da psicologia actual, com todas as suas confusões, as suas deslocações e as suas recentes simplificações. Dei-lhe o título de Acts of Meaning (Actos de Significado) de modo a realçar o seu tema principal: a natureza e a modelagem cultural da criação de significado, e o lugar central que esta ocupa na acção humana. É um esforço para elucidar o que é a psicologia quando se concentra unicamente no significado, como, inevitavelmente, ela se torna uma psicologia cultural e como se deve aventurar para lá das metas convencionais da ciência positivista, com os seus ideais de reducionismo, de explicação causal e de previsão." -
O Poder de Conquistar e Influenciar PessoasAlexandre Monteiro, autor best-seller de Torne-se um decifrador de pessoas, traz-nos um novo livro com ferramentas, exercícios e casos reais para influenciar os outros. Porque todos nós, no nosso dia a dia, em relações profissionais ou pessoais queremos e precisamos de conquistar pessoas.A influência é um superpoder e está ao alcance de todos.Todos nós, no nosso dia a dia, em relações profissionais ou pessoais queremos e precisamos de conquistar pessoas. Precisamos de ser reconhecidos, promovidos, amados, ouvidos ou admirados. Precisamos que os outros nos digam sim, de motivá-los a tomarem a ação que desejamos, queremos cultivar amizades e ganhar o respeito dos outros, de fechar negócios e concretizar os nossos objetivos. Conquistar pessoas não é um dom, é uma ciência. Com recurso à neurociência, psicologia comportamental e a técnicas exclusivas ensinadas pelas principais agências de inteligência e espionagem, Alexandre Monteiro, autor do best-seller Torne-se Um Decifrador de Pessoas, avisa: se quer influenciar e conquistar pessoas saiba que isso depende pouco da sua competência e conhecimento e mais da sua capacidade de comunicar e persuadir.Neste livro vai aprender a:•Trabalhar a sua mentalidade: passe da mente pobre a rico.•Trabalhar o seu carisma, confiança e autoridade: seja visto.•Trabalhar as suas habilidades sociais e empatia: seja gostado.•Usar ferramentas poderosas como o ROI e o COI.•Dominar as fases da comunicação: evitar, competir, cooperar.•Diálogo proativo e reativo. -
Torna-te o Amor da tua Vida«Sentes que não te amas o suficiente, que duvidas das tuas capacidades, que tens um discurso interno negativo e crítico contigo mesma, que te preocupas em demasia como que os outros pensam, com o seu julgamento, que queres agradar a todos e muitas vezes ficas em segundo lugar? Então, este livro é para ti. [...] Escrevi-o com o objetivo de ajudar todas as pessoas a trabalharem a sua autoestima.»A autoestima é considerada um dos mais importantes indicadores de saúde mental. Uma perceção negativa sobre nós próprios pode gerar perturbações como ansiedade, depressão, insegurança, entre outros. A boa notícia é que é possível trabalharmos no dia a dia a nossa autoestima e vivermos uma vida mais leve, mais feliz, independentemente da idade que temos. Joana Gentil Martins, psicóloga clínica, explica-nos como podemos enfrentar os nossos medos, diminuir a nossa autocrítica interna, aprender a dizer não e a colocar limites que nos respeitam, trabalhar a nossa confiança e os nossos relacionamentos com os outros, mas também connosco próprios. Nestas páginas aprendemos ainda a identificar os sabotadores que nos tiram alegria, a desenvolver uma relação saudável com o nosso corpo, a praticar o verdadeiro autocuidado, e a aumentar a nossa autocompaixão e gratidão. Com mais de 50 exercícios práticos para o dia a dia, vídeos explicativos e técnicas usadas em consulta, este é um livro transformador que te vai ajudar a tornares-te no grande amor da tua vida.