Com origem historicamente ligada ao desenvolvimento da civilização da Grécia antiga, a filosofia é uma disciplina intelectual que busca compreender questões fundamentais sobre a existência, o conhecimento, a moral, a mente e o mundo. De Platão a Jean-Paul Sartre, passando por Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Simone de Beauvoir, nesta categoria poderá encontrar um conjunto de obras com um impacto profundo e duradouro na sociedade ao longo da história.
«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.»
É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades.
Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação.
Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração.
E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade.
Nesta obra a palavra está sentada no banco dos réus: será a retórica (ou a política) apenas uma forma de adulação ao serviço do poder, sem ligação necessária com a moral e a justiça?
Pode, pelo contrário, a palavra ser o cimento da construção dum ideal de realização humana?
Platão, num dos seus diálogos mais famosos, dá todas as respostas.
Neste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses.
As Meditações Cartesianas são uma admirável condensação dos temas e das teses centrais da fenomenologia transcendental, o método revolucionário de que Husserl foi precursor e de que esta obra constitui a introdução mais fidedigna.Esta apresentação magistral do caminho de pensamento que conduziu à fenomenologia, tão marcante para os destinos da filosofia no século XX, é aqui precedida da tradução do texto original das Conferências de Paris.
Dos textos de Dulac incluídos neste volume, nasce a imagem de uma AUTORA COMPLETA, que PENSOU A ARTE QUE ESCOLHEU PARA SI COM O MESMO ARREBATAMENTO COM QUE A PRATICOU. A melancolia que por vezes demonstra em relação a uma inelutável rigidez do sistema e das dinâmicas que o habitam em nada perturba uma emotiva crença no futuro do cinema.E É ESTE ARROJADO IMPULSO PARA O AMANHÃ QUE TORNA ESTE CONJUNTO DE ARTIGOS TÃO PRECIOSO PARA COMPREENDER O CINEMA MUDO FRANCÊS COMO PARA QUESTIONAR A CRIAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DOS NOSSOS DIAS.
Em Lívio, Maquiavel encontrou não apenas um conjunto de exemplos que lhe permitiam desenvolver uma teoria política consentânea com a abordagem realista — isto é, que visava primeiramente descrever (as práticas políticas reais), e depois prescrever (as práticas mais eficazes, a partir do objetivo da conquista e da conservação do poder) —, mas também a história de uma república cujo desenvolvimento e poder dependiam da possibilidade de gerir os conflitos internos inevitáveis em qualquer contexto social. Os Discursos são, por isso, um livro de teoria política em geral, que vai além da análise de um conjunto de exemplos (não só, mas sobretudo) republicanos, e que desenvolve na forma mais completa todos os aspetos cruciais da teoria política maquiaveliana. Não é, portanto, exagero afirmar que os Discursos são o livro mais importante de Maquiavel, a verdadeira summa do seu pensamento.
Este livro trata o tema da Ética na sua vertente mais empírica, exposta por um distinto e amplo conjunto de autores provenientes de uma diversidade de formações intelectuais, percursos profissionais e pontos de vista distintos quanto ao desempenho e às atuações da conduta humana em contextos e situações com que os leitores, mais ou menos frequentemente, se deparam ou poderão vir a deparar-se ao longo da sua vida. Embora beneficie da contextualização da Ética como a área da Filosofia dedicada ao estudo teórico das ações do comportamento humano e da filosofia moral, a essência do livro é a prática da Ética.
Entre muitos outros temas, são abordados os desafios éticos em áreas como a cidadania, a ética empresarial, a inteligência artificial, a privacidade de dados, a justiça social, as mudanças climáticas, a investigação científica, a relação do ser humano com os outros animais, a política, a gestão das organizações, as finanças, o desporto, a saúde, a bioética, a religião ou a importância da ética na promoção de uma sociedade mais justa e equitativa.
De leitura acessível, o livro dirige-se a todos os leitores que querem que as suas interações com os outros e consigo próprios conduzam a uma vida pessoal feliz e a uma sociedade mais harmoniosa. Um outro tipo de leitores serão estudantes, professores e profissionais de diversas áreas de atividade em que as questões éticas poderão ser abordadas noutras perspetivas.
Acusado de corromper a juventude e de não acreditar nos deuses da cidade, Sócrates é condenado à morte por ingestão de cicuta, pena a que se submete voluntariosamente. Em Apologia de Sócrates, um dos textos mais pungentes e belos de toda a literatura ocidental, Platão apresenta a sua versão do discurso que Sócrates proferiu em sua defesa, antes de se submeter aos poderes da pólis. As palavras que o filósofo terá pronunciado naquela ocasião ecoaram ao longo dos séculos como exemplo de decência e probidade, e são hoje mais necessárias do que nunca.Críton, o segundo dos diálogos que compõem este volume, trata da visita de um discípulo de Sócrates à cela do filósofo, na véspera da sua execução, propondo-lhe um plano de fuga. Durante a conversa que ambos entabulam, Sócrates defende que a injustiça não pode ser combatida com a injustiça, e rejeita a ajuda que o amigo lhe oferece. Pelo meio, discorre-se sobre o valor que se deve atribuir à opinião pública ou o dever de obediência às leis de um país, chegando-se a uma noção de justiça e apresentando-se o melhor meio de fazer frente à injustiça.
Peter Singer é frequentemente descrito como o filósofo mais influente do mundo. É também um dos mais controversos.
Neste livro de ensaios breves, Singer aplica as suas controversas formas de pensar a questões como as alterações climáticas, a pobreza extrema, os animais, o aborto, a eutanásia, a seleção genética humana, o doping no desporto, a venda de rins, a ética da arte de elevado preço e formas de aumentar a felicidade.
Provocantes e originais, estes ensaios irão desafiar — e possivelmente mudar — as suas crenças sobre uma variedade de questões éticas do mundo real.
A irrupção da noção de «pós-verdade» suscitou bastantes comentários jornalísticos, sobretudo sobre o fenómeno das fake news, mas poucas reflexões de fundo. Numa altura em que a noção de «pós-verdade» se torna omnipresente no espaço mediático, este livro apresenta uma reflexão aprofundada sobre o seu significado e as suas implicações na relação entre o poder e o cidadão comum.
O Mundo como Vontade e Representação é a obra fundamental de Schopenhauer. Admitindo a distinção kantiana entre fenómeno e númeno, o autor considera que o mundo é ao mesmo tempo vontade e representação. A vontade é a coisa em si, que se esconde por trás do fenómeno, que é a representação, ilusão, aparência; ela existe em todos os seres da natureza, desde os mais ínfimos até ao homem, no qual atinge o seu «mais alto grau de objetivação».
O conhecimento, em geral, é um meio de preservar o indivíduo e a espécie, e está, portanto, ao serviço da vontade. Mas pode ultrapassar essa sujeição e «existir para si mesmo como um claro espelho do mundo», como acontece na arte. A liberdade total, no entanto, só é conseguida quando a vontade se reconhece a si mesma como dor e se resigna. Assim, a vontade, que é «esforço constante, sem objetivo e sem descanso», é abolida, e, com ela, todo o mundo: é o nada - «Sem vontade não há representação nem mundo.»
(Adaptado da «Apresentação» de M. F. da Sá Correia)
Kant aborda aqui, com concisão, o difícil problema do progresso da metafísica. Critica, em especial, a posição racionalista de Leibniz e, simultaneamente, delineia os resultados a que chegara com a sua Crítica da Razão Pura. Trata-se de um balanço filosófico, incompleto, sim, mas estimulante.
A Interpretação das Afasias (1891) é talvez o primeiro trabalho teórico de Freud, em todo o caso o seu escrito inaugural publicado. A afasia é uma desordem neurológica que faz com que a capacidade de pronunciar palavras ou nomear objectos comuns se perca, em resultado de uma doença orgânica do cérebro. O estudo das afasia leva já ao estudo do lapso, do acto falhado, do sonho, como resulta, aliás, das referências implícitas nos respectivos ensaios sucessivos. A questão é colocada de modo mais estrutural do que neurológico, o que leva a que este texto seja, em geral, escassamente citado pelos artigos de neurologia sobre o assunto.
Texto significativo de Malebranche e exemplo típico do racionalismo clássico: trata-se de um diálogo polémico com o pensamento chinês, em particular de Confúcio e, por via indirecta, com o panteísmo de Espinosa.
Muito mais citado do que realmente conhecido, Erasmo associa-se hoje sobretudo ao conceito de «irenismo», ou seja, de uma forma lata, a atitude que professa o repúdio por todo tipo de beligerência e uma ilimitada confiança na eficácia do diálogo e do recurso à arbitragem para a resolução dos conflitos que opõem os homens. Em 1500, publica em Paris uma pequena selecção de oitocentos provérbios comentados, que intitula Adagiorum collectanea, obra com a qual lança as bases da imensa popularidade de que gozou durante o resto da sua vida. Esta obra irá ser, ao longo dos anos, objecto de sucessivas edições, sempre aumentadas, quer pelo número dos adágios recolhidos, quer pelos acrescentos que o autor constantemente fazia. Mais importante para nós, porém, é o facto de Erasmo ter feito de alguns dos provérbios o pretexto para escrever verdadeiros ensaios independentes sobre os temas que lhe eram mais caros. Neste caso se encontra o adágio 3001, o Dulce bellum, que é o mais estruturado e conhecido dos muitos textos que Erasmo consagrou à temática irénica. O êxito do Dulce bellum foi imediato, justificando tiragens separadas logo a partir de 1517 e traduções ainda em vida do autor. «A Queixa da Paz» é publicada pela primeira vez, em Basileia em Dezembro de 1517. Foi escrita em 1516, a pedido do grande chanceler João Le Sauvage. Faziam-se então grandes aprestos em Cambrai para uma conferência que reuniria os maiores príncipes do mundo. Como o leitor facilmente se dará conta, há muitos pontos de contacto e semelhanças de desenvolvimento entre os dois textos anti-belicistas que aqui se reúnem.
Em vinte e duas pequenas lições de sabedoria inspiradas na vida e no comportamento das aves, este maravilhoso livro ajuda-nos a abrir as nossas asas e a voar bem alto.Há tanto, mas mesmo tanto, para aprender com as aves. Tendo dedicado a vida inteira à sua observação, Philippe e Élise - um ornitólogo e uma filósofa - descobriram e partilham agora connosco o melhor que as aves nos podem ensinar.Aqui, a sabedoria do mundo natural vem ao nosso encontro e descobrimos porque o pisco-de-peito-ruivo é mais corajoso do que a águia, o que o garajau-do-ártico sabe sobre a alegria de viajar e se devemos seguir a razão ou o coração no amor (tal como nos mostram o pato e o pinguim).É tempo de reaprender a observar o que nos rodeia, em silêncio e verdadeira contemplação. Se procura um livro para ler no aconchego do seu sofá enquanto, da janela, a luz lhe recorda o melhor do dia; se procura páginas para desfrutar, em paz, no mais verde dos jardins; se procura um texto que faça sentido no mais profundo de si, num dia nublado em que, ao longe, desponta o sol - a Pequena Filosofia das Aves é, sem dúvida, o livro perfeito para si. Quando o fechar, uma coisa será, decerto, verdade: sentir-se-á, natural e alegremente, muito mais em paz.
O paroxítono, cujo equivalente literal em latim é «penúltimo», caracteriza na prosódia a penúltima sílaba. O paroxismo seria, pois, o penúltimo momento, isto é, não o final, mas aquele exactamente antes do fim, precisamente antes de não haver mais nada a dizer.Neste sentido, o paroxista liga-se aos fenómenos extremos, mas não separa a ilusão do fim; vive na iminência desse fim. Não é fanático, nem prosélito, nem exorcista: apenas a violência do paroxismo e o encanto discreto da indiferença. Apenas o equilíbrio entre os extremos, nos confins da indiferença onde ainda brilha um luar de desespero. É, também, a imagem deste mundo.
Considerado por diversos críticos como um dos mais proeminentes professores universitários dos Estados Unidos, Michael J. Sandel examina neste livro algumas das questões mais controversas do nosso tempo à luz dos grandes conceitos da filosofia política.Temas como a imigração, o mercado livre, o resgate dos grandes bancos e instituições financeiras, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o lugar da religião na política são abordados de uma perspetiva enriquecedora que pretende aprofundar o debate democrático e ajudar o leitor a refletir sobre dilemas pessoais e sociais do quotidiano.