Cid
«O cartoonista não tem por obrigação construir seja o que for. Se
vemos que alguma coisa está mal, o nosso papel é destruir. Depois
há gente que vem atrás e constrói sobre os escombros, mas não é
nossamissão fazer crítica construtiva, isso cabe a outros, pensadores,
políticos
1 Talvez escombros seja exagero, mas a obra de Augusto
Cid (Faial, 1941), que cumpre agora meio século, alguns estragos
cometeu numa ou noutra figura da política nacional, como aliás
exemplifica logo o primeiro dos auto-retratos que abrem esta antologia.
E se começámos com o olhar do artista sobre o seu corpo, tínhamos
de iniciar este texto com palavras suas sobre o seu espírito.
O observador, que remete com ironia para pensadores e políticos a missão de construir, mexe
com o objecto, incomoda com a perspectiva e a caneta. Pode até pedir desculpa, que não lhe
evita dissabores: foi o primeiro desenhador de humor do pós-25 de Abril a ver livros seus
apreendidos, sofreu processos e retaliações, antes ainda de outras mais duras e pesadas consequências
devido a um acto de cidadania. Em país de coitadinhos sempre prontos a vestir o papel
da vítima, preferindo os ademanes da simpatia à simples frontalidade, presos algures entre
o cacique e o sabujo, Cid foimalcriado e panfletário, obsessivo e impiedoso,mas acima de tudo
lúcido, acutilante e divertido.»
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Augusto Cid, João Paulo Cotrim |
João Paulo Cotrim (Lisboa, 13 de março de 1965 - 26 de dezembro de 2021) foi um jornalista, escritor e editor português. Foi o fundador da Abysmo.
A escrita estava-lhe no sangue: guionista para filmes de animação (Fado do Homem Crescido, com Pedro Brito, ou Sem Querer, com João Fazenda, entre outros), escreveu também novelas gráficas (Salazar – Agora, na Hora da Sua Morte), ficção (O Branco das Sombras Chinesas, com António Cabrita), ensaios (Stuart – A Rua e o Riso ou El Alma de Almada El Ímpar – Obra Gráfica 1926-1931), aforismos (A Minha Gata) e poesia (Má Raça, com Alex Gozblau), além de histórias para as mais disparatadas infâncias (por exemplo, Querer Muito, com André da Loba).
Dirigiu desde a sua abertura, em 1996, e até 2002, a Bedeteca de Lisboa, tendo organizado um sem-número de edições, iniciativas e exposições (por exemplo, Jogo da Glória – O Século XX Malvisto pelo Desenho de Humor). Assinava, no Hoje Macau, a crónica semanal Diário de um Editor.
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Antónia Ferreira - A Desenhadora de Paisagens«Dona Antónia é um nome importante, ou não se escrevia dona assim por extenso, tantos anos depois.»Dona Antónia? Antónia Ferreira? A Ferreirinha?Ai, que confusão! São três senhoras ou uma grande senhora?Foi uma grande senhora. Tal como os vinhos, que «não são todos iguais», as histórias de vida são todas diferentes. Através das páginas de Antónia Ferreira - A Desenhadora de Paisagens descobre a vida desta gestora de sucesso, e também a história do Douro e das suas paisagens.«Naquele tempo, costumava dizer-se que a mulher era a senhora da casa. Dona Antónia foi a senhora de um mundo.»Edição especialmente dedicada ao público infanto-juvenil. -
Stuart - A Rua e o RisoPara alguém nascido em época e classe onde a fotografia explodia em sensação e se tornava costume, José Herculano Stuart Torrie d’Almeida Carvalhais, que viu a luz a 7 de Março de 1887, em Vila Real, Trás-os-Montes, não foi amado pelas câmaras. Ou então os acasos do destino contribuem assim para uma aura de mistério ainda não desfeita. Por falta de memória, sentido de humor ou vontade de mistificar, o próprio chegou a confundir datas de nascimento, inícios de percurso, episódios e explicações. Nem mais tarde, quando tocado pela fama e escolhido para papel de destaque na novela alfacinha com epicentro no Chiado, nem então, o seu rosto se deixou fixar para além dos mínimos. O essencial ficou impresso por jornais e revistas, nas páginas de saudação aos colaboradores ou nas entrevistas e notícias de que foi sendo alvo, apesar de tudo, com regularidade. A linguagem corporal estará conservada algures nas pequenas figurações em filmes que lhe mataram a fome dos anos de Paris, ou no papel de pai das mais famosas personagens do universo infantil e nacional, Quim e Manecas, em fita também ela desaparecida. Para acedermos ao arruivado da tez, olho azul felino, talvez herança da mãe, Margarida Amélia Stuart Torrie, cujas raízes mergulhavam na aristocracia escocesa, ou ao andar desajeitado de pés metidos para dentro, que não temos razão para atribuir ao pai, José de Almeida Carvalhais, engenheiro agrónomo, oriundo como a mulher de abastadas famílias rurais do Douro, comerciantes de vinho do Porto, para lhe conhecermos o perfil, portanto, devemos, não sem ironia, cruzar as descrições escritas com os retratos desenhados. Num caso, como noutro será difícil evitar a beata, os olhos semicerrados, o ar de desafio mal barbeado. -
João Abel Manta - Caprichos e DesastresDepois de Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais e André Carrilho, dedicamos este volume à obra de João Abel Manta (Lisboa, 1928). O texto é, como nos volumes anteriores, de João Paulo Cotrim, que aponta «a força das imagens» como critério decisivo na selecção das reproduções que aqui figuram. Formado em arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, começou desde cedo a publicar desenhos em órgãos de imprensa. Desenhou para O Século Ilustrado, Gazeta Musical e de Todas as Artes, Seara Nova, Eva e sobretudo para o Diário de Lisboa, ficando conhecido maioritariamente pelas caricaturas que fez da sociedade portuguesa, e cujo traço grosso e simples é ainda hoje reconhecido. Actualmente, João Abel Manta dedica-se à pintura. «Em João Abel Manta cruzam-se, além das disciplinas da pintura e do design, que convoca amiúde para o seu labor de livre comentador, um agudo sentido de observação, o desejo de intervir muito para além do acto criativo, a persistência na abordagem de questões-chave como a condição humana, tocada pelo absurdo, e uma obsessão com as questões da nacionalidade, no que constitui uma relação bastante dúbia com os acontecimentos. Além de uma rara capacidade para traduzir interpretações em imagens poderosas, que o foram em datas concretas, contribuindo em muito para um imaginário colectivo da sociedade portuguesa do pós 25 de Abril.» (excerto) -
Salazar - Agora, na Hora da sua MorteA Parceria A M Pereira, na estratégia de, no presente, retomar tradições do seu passado, lança agora uma obra de banda desenhada. Com efeito, em Outubro de 1974, a Parceria realizou nas suas instalações de então, situadas em Lisboa, uma exposição de banda desenhada que obteve e grande sucesso naquele período tumultuosos da nossa história. -
A Minha Gata (Aforismos Poéticos)ReimpressãoNão por acaso, o livro de João Paulo Cotrim vem dedicado a Manuel António Pina, o poeta falecido no mês passado e cujos gatos se tornaram emblemáticos de uma iconografia pessoal, quase tendendo por vezes, no espaço e no discurso públicos, a sobrepor-se à figura e à actividade do poeta e do cronista. (…) No seu andamento narrativo e descritivo, os poemas de João Paulo Cotrim compõem a figura deste animal simultaneamente íntimo e esquivo, e ao mesmo tempo dão conta do exercício de convivialidade doméstica entre poeta e bicho: a leitura e a interpretação de alguns sinais, a anotação dos pequenos gestos e comportamentos, em fragmentos muitos breves, por vezes de natureza aforística mesmo, perfazem uma espécie de jogo do gato e do… poeta, num relacionamento ora próximo e chegado, ora distanciado por via do registo irónico que, amiúde, assinala a perspectiva sobre os acontecimentos (por exemplo, pp. 23 ou 25). E estes são ainda os de um quotidiano ameno, sem grandes atritos, embora com a perplexidade ocasional do poeta perante certos comportamentos próprios de um animal que tem duas patas na sala e duas ainda na selva, como todo o gato ou gata que se preza. E é disso tudo que nos fala este livro de João Paulo Cotrim. Urbano Bettencourt
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NovidadeVemo-nos em AgostoTodos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino. Um presente inesperado de um dos melhores escritores que o mundo já conheceu. A tradução é de J. Teixeira de Aguilar. -
NovidadeDeus na EscuridãoEste livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. -
NovidadeO ColecionadorNo mais recente e trepidante thriller de Daniel Silva, autor n.º 1 da lista dos mais vendidos do The New York Times, Gabriel Allon embarca na busca de um quadro roubado de Vermeer e descobre uma conspiração que poderia levar o mundo à beira do Armagedão nuclear.Na manhã seguinte à gala anual da Venice Preservation Society, Gabriel Allon, restaurador de quadros e espião lendário, entra no seu bar preferido da ilha de Murano e aí encontra o general Cesare Ferrari, comandante da Brigada de Arte, que aguarda, ansioso, a sua chegada. Os carabinieri tinham feito uma descoberta assombrosa na villa amalfitana de um magnata sul-africano morto em circunstâncias suspeitas: uma câmara acouraçada secreta que continha uma moldura e um esticador vazios cujas dimensões coincidiam com as do quadro desaparecido mais valioso do mundo. O general Ferrari pede a Gabriel para encontrar discretamente a obra-prima antes que o seu rasto se volte a perder. - Esse não é o vosso trabalho?- Encontrar quadros roubados? Teoricamente, sim. Mas o Gabriel é muito melhor a fazê-lo do que nós.O quadro em questão é O concerto de Johannes Vermeer, uma das treze obras roubadas do Museu Isabella Stewart Gardner de Boston, em 1990. Com a ajuda de uma aliada inesperada, uma bela hacker e ladra profissional dinamarquesa, Gabriel não demora a descobrir que o roubo do quadro faz parte de uma tramoia ilegal de milhares de milhões de dólares na qual está implicado um indivíduo cujo nome de código é «o colecionador», um executivo da indústria energética estreitamente vinculado às altas esferas do poder na Rússia. O quadro desaparecido é o eixo de um complô que, caso seja bem-sucedido, poderia submeter o mundo a um conflito de proporções apocalípticas. Para o desmantelar, Gabriel terá de perpetrar um golpe de extrema audácia enquanto milhões de vidas estão presas por um fio. -
NovidadeO EscritórioDawn Schiff é uma mulher estranha. Pelo menos, é o que toda a gente pensa na Vixed, a empresa de suplementos nutricionais onde trabalha como contabilista. Dawn nunca diz a coisa certa. Não tem amigos. E senta-se todos os dias à secretária, para trabalhar, precisamente às 8h45 da manhã.Talvez seja por isso que, certa manhã, quando Dawn não aparece para trabalhar, a sua colega Natalie Farrell – bonita, popular e a melhor vendedora da empresa há cinco anos consecutivos – se surpreenda. E mais ainda quando o telefone de Dawn toca e alguém do outro lado da linha diz apenas «Socorro».Aquele telefonema alterou tudo… afinal, nada liga tanto duas pessoas como partilhar um segredo. E agora Natalie está irrevogavelmente ligada a Dawn e vê-se envolvida num jogo do gato e do rato. Parece que Dawn não era simplesmente uma pessoa estranha, antissocial e desajeitada, mas estava a ser perseguida por alguém próximo.À medida que o mistério se adensa, Natalie não consegue deixar de se questionar: afinal, quem é a verdadeira vítima? Mas uma coisa é clara: alguém odiava Dawn Schiff. O suficiente para a matar.«NÃO COMECE UM LIVRO DE FREIDA McFADDEN A ALTAS HORAS DA NOITE.NÃO O VAI CONSEGUIR LARGAR!» AMAZON«O ESCRITÓRIO É UM THRILLER TENSO E VICIANTE DA AUTORA MAIS ADORADA DO MOMENTO.» GOODREADS -
Os Meus Dias na Livraria MorisakiEsta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração.Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão. -
NovidadeManiacMANIAC é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI. MANIAC pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem “a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro”. Por isso, em MANIAC convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência -
NovidadeUma Noite na Livraria Morisaki - Os meus Dias na Livraria Morisaki 2Sim, devemos regressar onde fomos felizes. E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romântica oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar. -
NovidadeUma Brancura LuminosaUm homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda até que chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar. O homem sai do carro e, em vez de ir à procura de alguém que o ajude, aventura-se insensatamente na floresta escura, debaixo de um céu negro e sem estrelas. Perde-se, quase morre de frio e de cansaço, envolto numa impenetrável escuridão. É então que surge, de repente, uma luz.Uma Brancura Luminosa é a mais recente obra de ficção de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023. Uma história breve, estranhamente sublime e bela, sobre a existência, a memória e o divino, escrita numa forma literária única capaz de assombrar e comover.Tradução do norueguês de Liliete Martins.Os elogios da crítica:«Uma introdução perfeita à obra de Jon Fosse.» The Telegraph«Inquietante e lírico, este pequeno livro é uma introdução adequadamente enigmática à obra de Fosse e um bom ponto de partida para se enfrentar os seus romances mais vastos e experimentais.» Financial Times - Livro do Ano 2023«Uma Brancura Luminosa é, muito simplesmente, grande literatura.» Dagbladet