Colóquio Letras 212
Celebraram-se em 2022 os 50 anos da publicação de Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, obra que pôs em primeiro plano a presença da autoria feminina na literatura portuguesa, pela sua qualidade literária, já destacada nesta revista, mas também pelo processo judicial movido pelo poder político às autoras, a que só o 25 de abril de 1974 pôs termo. A Ana Luísa Amaral se deveu, em 2010, a organização de uma edição anotada do livro das «Três Marias», na sequência do seu interesse pela literatura escrita por mulheres, e é justa a homenagem que lhe é prestada nesta Colóquio/Letras, meses depois de partir, deixando um vazio na poesia portuguesa contemporânea.
A revista dedica parte deste número a algumas das autoras portuguesas mais significativas da segunda metade do século XX. Falamos de Natália Nunes, Maria Judite de Carvalho, Maria Ondina Braga, Fernanda Botelho e Ilse Losa. Com linguagens e temas muito diversos, a presença feminina na nossa escrita de ficção entre as décadas de 50 e 70 constitui, sem dúvida, um contributo essencial para um olhar mais próximo e sensível sobre a realidade social deste período, a que - talvez pela emergência de uma nova literatura, surgida, já em democracia, a partir dos anos 80 - tem sido dada pouca atenção.
| Editora | Fundação Calouste Gulbenkian |
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| Editora | Fundação Calouste Gulbenkian |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Ana Luísa Amaral |
Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa, em 1956, e vive, desde os nove anos, em Leça da Palmeira. É Professora Associada na Faculdade de Letras do Porto. Tem um doutoramento sobre a poesia de Emily Dickinson. As suas áreas de investigação são Poéticas Comparadas, Estudos Feministas e Teoria Queer. É autora, com Ana Gabriela Macedo, do "Dicionário de Crítica Feminista" (Afrontamento, 2005) e coordenou a edição anotada de "Novas Cartas Portuguesas" (Dom Quixote, 2010). Coordena neste momento o projeto internacional financiado pela FCT Novas Cartas Portuguesas 40 anos depois, que envolve 13 equipas internacionais e mais de 15 países. Tem em preparação dois livros de ensaios.
Os seus livros de poesia estão editados em vários países como França, Brasil, Suécia, Holanda, Venezuela, Itália, Colômbia e brevemente no México e na Alemanha. Os seus livros infantis estão editados em França e na Colômbia. Em 2014 sairá no Reino Unido um livro de ensaios sobre a sua obra.
Em torno dos seus livros de poesia e infantis foram levados à cena espetáculos de teatro e leituras encenadas (como "O Olhar Diagonal das Coisas", "A História da Aranha Leopoldina", "Próspero Morreu" ou "Amor aos Pedaços").
Em 2007 obteve o Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d'Escritas, com o livro "A Génese do Amor", também selecionado para o Prémio Portugal Telecom. No mesmo ano, foi galardoada em Itália com o Prémio de Poesia Giuseppe Acerbi. O seu livro "Entre Dois Rios e Outras Noites", obteve, em 2008, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e, em 2012, o seu livro "Vozes" obteve o Prémio de Poesia António Gedeão.
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VozesO novo livro de poemas originais de uma voz ímpar da poesia portuguesa.Novo livro de poesia de Ana Luísa Amaral, uma das mais importantes poetisas portuguesas contemporâneas, reconhecida pelos leitores e pela crítica. -
Próspero MorreuMas sabe, minha filha, do risco que é amar:Morte e amor: vizinhos tantas vezes,tantas vezes amantes.E a vida é o assombro que assombrae amedronta. -
What´s In a Name«What's in a Name» - a estranheza do inglês no título expressa a ambivalência da relação, de que sempre a poesia viveu, entre a coisa (nossa, do mundo) e a sua nomeação, apontando para a multiplicidade de sentidos que há neste livro. Nele se cruzam, em cumplicidade, o quotidiano e o cósmico, o poético e o político, a comoção e a ironia, o espanto e a indignação - em suma, a palavra e a vida. -
Arder a Palavra e Outros Incêndios«Neste primeiro grupo de ensaios, não irei tanto oferecer respostas quanto levantar hipóteses e questões que se prendem com a os estudos feministas e a teoria queer, as relações entre género, sexo e sexualidades e conceitos como o corpo e a construção (e des-construção) de identidades. O que me interessa é tentar entender como estas novas problematizações relativas à questão das identidades e do corpo são produtivas do ponto de vista literário, particularmente no que se refere ao fenómeno poético. São dois os problemas que aqui enunciarei: até que ponto podemos falar de uma identidade de mulher no texto poético; não será o poético (no sentido lato do termo) o espaço privilegiado para discutir a não existência de uma identidade estável e, portanto, a metamorfose, sempre? Para desenvolver estas ideias, necessito, porém, de falar um pouco da evolução (e convivência hoje) de feminismos e da teoria queer, que se constituem numa relação crítica com uma série de novas formações e novas molduras sociais e culturais.»Em «Dos Estudos Feministas à Teoria Queer: algumas reflexões» -
Na Minha Rua - Lengalenga de Lena, a HienaUma coleção com a chancela RTP, de autores e ilustradores de renome, com temas atuais e próximos das famílias. Neste 9º livro da coleção esta rua parece uma verdadeira savana! Onde já se viu um crocodilo que partilha figos com uma formiga ou uma hiena às costas de uma girafa? Uma história comovente que se desdobra em muitas outras e mostra que as diferenças são pequenas quando a saudade é um sentimento comum. -
A História da Aranha LeopoldinaNova coleção da autora Ana Luísa Amaral tem uma vasta obra publicada e conta com diversos prémios nacionais e internacionais de poesia e de literatura infantil.As histórias da coleção “Imaginar e Pasmar” estão carregadas de imaginação, para os pequenos leitores poderem viajar e descobrir o que são a diferença e a tolerância. -
Gaspar, O Dedo DiferenteNova coleção da autora Ana Luísa Amaral tem uma vasta obra publicada e conta com diversos prémios nacionais e internacionais de poesia e de literatura infantil.As histórias da coleção “Imaginar e Pasmar” estão carregadas de imaginação, para os pequenos leitores poderem viajar e descobrir o que são a diferença e a tolerância. -
Próspero Morreu"Mas sabe, minha filha, do risco que é amar: Morte e amor: vizinhos tantas vezes, tantas vezes amantes. E a vida é o assombro que assombra e amedronta"Ver por dentro: -
VozesNovo livro de poesia de Ana Luísa Amaral, uma das mais importantes poetisas portuguesas contemporâneas, reconhecida pelos leitores e pela crítica.Ver por dentro: -
Se fosse um intervaloPrimeiro livro de poesia da Ana Luísa Amaral editado na Dom Quixote.Ver por dentro:
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».