Daqui Houve Nome Portugal (Whence Cometh the Name Portugal)
(org.)
Uma antologia ilustrada de textos literários onde os 1100 anos de baptismo cristão ganham corpo visível e palpitante. Lê-se ou folheia-se com uma adesão estranhamente saudosa a tanta vida, não se sabe a que ponto vivida por nós ou por outrem - como quem percorre um Álbum fotográfico, de família, com notas confidenciais de várias mãos. O Porto torna-se pessoa, acentua-se-lhe o carácter, nesta intimidade das suas memórias e impressões, do mais belo retrato das suas pedras e gentes.
Organizada e prefaciada por Eugénio de Andrade.
Selecção artística e arranjo gráfico de Armando Alves.
Cinco séculos de literatura, um volume de 504 páginas, 100 textos, 21 reproduções de pintura com motivos do Porto: 23 gravuras, 84 fotografias a cores e 21 fotografias a preto e branco.
Edição em inglês.
| Editora | Modo de Ler |
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| Editora | Modo de Ler |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Eugénio de Andrade |
Poeta português, Eugénio de Andrade (1923-2005), pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de janeiro de 1923 no Fundão. Em 1947 ingressou na função pública, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais, e em 1950 fixou residência no Porto. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de cinquenta anos de atividade poética. Revelando-se em 1948, comAs Mãos e os Frutos, a que se seguiria, em 1950, Os Amantes sem Dinheiro, o seu nome não se encontra vinculado a nenhuma das publicações que marcaram, enquanto lugar de reflexão sobre opções e tradições estéticas, a poesia contemporânea, embora tenha editado um dos seus volumes, As Palavras Interditas, na coleção "Cancioneiro Geral" e colaborado em publicações como Árvore, Cadernos do Meio-Dia ou Cadernos de Poesia. É, aliás, nesta última publicação, editada nos anos quarenta, que se firmam algumas das vozes independentes, como Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Jorge de Sena, que inaugurariam, no século XX, essa linhagem de lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível, em que Eugénio de Andrade se inscreve. A escolha dos inofensivos substantivos "pureza" e "leveza" para referir a sua obra derivará talvez da noção do impulso de purificação que a sua poética confere às palavras através da exploração de um léxico essencial até à exaltação. Quando Maria Alzira Seixo fala do caminho que esta poesia percorre "na senda do rigor da lápide" ("Every poem is an epitaph", já dizia Eliot) levanta o véu de um dos pontos fulcrais desta poesia que, nas palavras do próprio Eugénio de Andrade (Rosto Precário), se afirma como o "lugar onde o desejo ousa fitar a morte nos olhos". Falar desta obra como morada da "leveza" e da "pureza" é encobrir o que nela há de ofício de paciência e de desesperada busca. Talvez seja preferível falar da força básica de um léxico de tal maneira investido da radicação do corpo do objecto amado no mundo e na sua paisagem que é capaz de impor o desejo da luz no coração das trevas da mortalidade. Eugénio de Andrade surgirá, assim, como o poeta da "correlação do corpo com a palavra" (Carlos Mendes de Sousa), da sexualidade trabalhada verbalmente até atingir uma "zona gramatical cega" (Joaquim Manuel Magalhães) onde o referido sexual não tem género gramatical referente porque o discurso em que vive pertence já a uma dimensão cuja musicalidade representa a recuperação de uma voz materna intemporal. Eugénio de Andrade foi elemento da Academia Mallarmé (Paris) e membro fundador da Academia Internacional "Mihail Eminescu" (Roménia). Para além de tradutor de vários autores, cujas obras recriou poeticamente (García Lorca, Safo, Borges), e organizador de várias antologias poéticas, é autor de obras como Os Afluentes do Silêncio (1968), Rosto Precário (1979), À Sombra da Memória (1993) (em prosa), As Mãos e os Frutos (1948), As Palavras Interditas (1951), Ostinato Rigore (1964), Limiar dos Pássaros (1976), Rente ao Dizer (1992), Ofício da Paciência (1994), O Sal da Língua (1995) e Os Lugares do Lume (1998). Recebeu ao longo da sua vida vários prémios: Pen Clube (1986), Associação Internacional dos Críticos Literários (1986), Dom Dinis (1988), Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1989), Jean Malrieu (França, 1989), APCA (Brasil,1991), Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996), Prémio Vida Literária atribuído pela APE (2000) e, em maio de 2001, o primeiro prémio de poesia "Celso Emilio Ferreiro" atribuído em Orense, na Galiza. Em 2001, a 10 de maio, Eugénio de Andrade foi homenageado na Universidade de Bordéus por altura da realização do "Carrefour des Littératures", tendo sido considerado um dos mais importantes escritores do século XX. Estiveram presentes várias ilustres personalidades, entre elas o Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio. A 10 de Julho foi distinguido com o Prémio Camões e, ainda no mesmo ano, foi lançado um CD com poemas recitados pelo próprio autor. Em 2002, foram atribuídos os prémios PEN 2001 e Eugénio de Andrade recebeu o prémio da área da poesia pela sua obra Os Sulcos da Sede. No dia em que comemorou o seu octogésimo aniversário foi homenageado na Biblioteca Almeida Garrett do Porto. Em 1991, foi criada na cidade do Porto a Fundação Eugénio de Andrade. Para além de ter servido de residência ao poeta, esta instituição tem como principais objetivos o estudo e a divulgação da obra do autor assim como a organização de diversos eventos como, por exemplo, lançamentos de livros, recitais e encontros de poesia. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2005.
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Chuva Sobre o RostoPrefácio de João Miguel Fernandes Jorge e um poema de Joaquim Manuel Magalhães. Coodenação de José da Cruz Santos. Direcção gráfica de Armando Alves.Pertence esta antologia a dois dos nomes maiores da arte portuguesa contemporânea: São eles Eugénio de Andrade e Jorge Pinheiro. Vinte poemas e vinte desenhos dão corpo a este livro ( ) E sobre as imagens do poema e sobre os versos desenhados se juntaram as sílabas do silêncio. do prefácio. -
Primeiros Poemas - As Mãos e os Frutos - Os Amantes sem DinheiroEste livro marca o início da coleção Obras de Eugénio de Andrade no catálogo da Assírio & Alvim. A obra do autor inicia-se em 1942 com «Adolescente», livro que acaba por renegar, tal como «Pureza», de 1945. Desses dois livros faz mais tarde uma breve seleção intitulada «Primeiros Poemas», que integra a presente edição. «As Mãos e os Frutos» é publicado em 1948 tendo merecido críticas elogiosas de Vitorino Nemésio, Jorge de Sena e Eduardo Lourenço, entre outros. Dois anos mais tarde, Eugénio publica «Os Amantes sem Dinheiro», um livro notável e central na sua obra poética. Nas palavras de Gastão Cruz, no seu prefácio, «A poesia de Eugénio de Andrade criou, para dele falar, uma linguagem que é, simultaneamente, simples e espessa, eufórica e trágica, direta e metafórica. A sábia dosagem destes elementos afastou-a completamente dos perigos de uma aproximação excessiva do real prosaico e vulgar que tem inquinado tanta pretensa poesia, dita do quotidiano e "da experiência", e avessa à metáfora.» -
As Palavras Interditas - Até AmanhãO presente volume prossegue a publicação da obra canónica de Eugénio de Andrade, tal como o poeta a estabeleceu em vida. Integra os livros «As Palavras Interditas», publicado pela primeira vez em 1951, e «Até Amanhã», de 1956. Como diz Nuno Júdice no seu prefácio, «"As Palavras Interditas" e "Até Amanhã" são livros em que se encontra, praticamente em cada poema, aquilo que fez, e faz, de Eugénio de Andrade o mais luminoso e claro dos nossos poetas do século XX.» -
Os Afluentes do Silêncio«As crónicas de Os Afluentes do Silêncio constituem uma prova plena dessa capacidade de assimilar e transformar, com imaginação, pessoas, ideias e espaços. São também águas vivas onde se reflecte o rosto de um poeta maior, ao longo de décadas. Sempre fiel às amizades fraternas, mas sensível a beliscaduras; desapegado do poder político, porém interventivo; indiferente a bens materiais, contudo grato pela partilha de poemas, pinturas e canções; cidadão do mundo, sem deixar de ser de Póvoa de Atalaia ou do Porto - Eugénio é tão singular e autêntico quanto a sua obra. O tempo saberá recordar este homem com coração de pássaro.» -
Véspera da ÁguaPublicado pela primeira vez em 1973, Véspera da Água é um dos livros de Eugénio de Andrade onde, porventura, está mais presente o ofício da poesia e o exercício extremo da razão e da depuração da escrita. Disse Eugénio de si próprio não ser «[ ] um poeta inspirado, o poema é em mim conquistado sílaba a sílaba.» Como diz Carlo Vittorio Cattaneo, «Esta predisposição a racionalizar o processo criativo encontra um dos seus mais altos momentos em "Véspera da Água", uma obra dentre as mais complexas e homogéneas do poeta.» O prefácio da presente edição é assinado por Federico Bertolazzi, que nos lança este repto: «O leitor que estiver disposto a abandonar o cais seguro das suas certezas poderá empreender a mais fascinante das navegações, num domínio para ele descortinado [ ].» -
Matéria SolarPublicado pela primeira vez em 1980, Eugénio de Andrade começa este livro com uma epígrafe de Vladimir Holan onde podemos ler que «Ser não é fácil fácil, só a merda.» E, como diz Fernando J.B. Martinho, «compreende-se o porquê de tal epígrafe: na verdade, a dificuldade de ser tem constituído o cerne de uma obra que, na aparência, nos oferece como ser espontâneo, fácil, a harmonia, a beleza, a solaridade. Nessa medida, a citação de Holan seria uma espécie de aviso para os que, profanamente, tenderiam a ler na limpidez dos versos de Eugénio de Andrade uma dádiva iluminada, a facilidade da inspiração. O resultado que nos é oferecido, antes de o ser, em fulgor, transparência e leveza, teve que vencer espessuras, obstáculos a opaca e dura resistência das palavras.» A presente edição conta com um prefácio de Manuel Rodrigues onde podemos ler, sobre Eugénio e sobre este livro: «Discreto arredio dos palcos sociais, mas humanamente fiel e afim ao devir da natureza, mãe de efémeras metamorfoses; sem transcendências, dogmas ou mitos moralizadores, Eugénio de Andrade é um exemplo excecional, "clássico" portanto, da melhor figura do criador e esta obra, em pequeno livro, é disso uma muito feliz demonstração.» -
Rosto PrecárioRosto Precário foi publicado pela primeira vez em 1979 e colige uma série de excertos de entrevistas concedidas pelo autor a diversas pessoas, naquele que é um admirável percurso pela obra de um dos poetas mais singulares da nossa língua. Como diz Joana Matos Frias, no seu prefácio a esta edição «[ ] O desvelamento da natureza e do valor de todos estes encontros, a que poderiam ainda juntar-se os encontros plásticos e sobretudo os musicais, reveste-se de particular importância ao longo dos textos que compõem Rosto Precário, porque é justamente nesta composição e recomposição de vozes vindas das tradições literária e filosófica [ ] que se vai desenhando e descobrindo esse rosto próprio que, na origem, se quer precário na medida em que o pseudónimo do autor desempenha uma função de ocultação que visa suscitar um contraponto com o desnudamento que a poesia pressupõe. Isto porque, para Eugénio, antibiografista e fingidor, o poeta nega onde outros afirmam, desoculta o que outros escondem, e é nesta medida que a escrita representa uma forma de encontro com o próprio rosto. Ecce Poeta, parece dizer cada texto. Eis o Poeta: fiel ao homem, à Terra, à Palavra e ao seu Rosto. Nada efémero, nada precário.» -
O Peso da SombraPublicado pela primeira vez em 1982, este é porventura o livro, no universo da obra de Eugénio de Andrade, onde mais notoriamente se manifesta a melancolia e a aguda consciência da passagem do tempo, com os seus efeitos sobre o corpo. Como nos escreve Paula Morão, no prefácio a esta edição, «O poeta sabe que o regresso pertence ao obscuro domínio da viagem onírica reiterada desde tempos imemoriais, sabe que o retorno pede uma nova partida em direcção ao íntimo nunca decifrado de si mesmo: como uma gruta povoada de ninfas, colossos e mistérios, a literatura sabe que o evanescente só encontra pleno sentido no gesto que faz e repete o poema a cada vez, a cada livro.» -
Branco no Branco - Contra a ObscuridadeEste volume reúne dois livros de Eugénio de Andrade, escritos já em plena maturidade poética do autor: Branco no Branco , de 1984, e Contra a Obscuridade de 1988. Como nos diz António Carlos Cortez, no prefácio que escreveu para esta edição, «Dos ecos que se propagam de Branco no Branco · Contra a Obscuridade para a nossa própria leitura, vale a pena ver como vibram nas páginas finais desta reunião certos flashes que dão conta do estado último a que esta escrita chegou: um estado de máxima depuração, uma depuração que não deixa de ser um assumir da imperfeição de todo o objecto, pois que a poesia é um processo a fazer-se, "labor limae" infindável.» -
Vertentes do OlharComposto por poemas em prosa, «Vertentes do Olhar» é composto por poemas que abarcam mais de quarenta anos de produção poética do autor. «Entre o mais antigo poema deste livro ("Fábula", 1946) e o mais recente ("A Sereia do Báltico", 1988) passaram mais de quarenta anos. É uma vida à procura de uma voz. A melodia do homem nasce dessa busca incessante: descobre-se quando nos descobrimos. Não foi fácil: desaprender custa mais do que aprender. Estarei agora, ao menos, mais perto desse dizer que ajude outros a falar?». COM OS OLHOSTalvez um dia. Talvez um dia alcancemos essa voz, já sem o peso da luz sobre os ombros. Os olhos chegarão então ao fim da sua tarefa; os olhos, instrumentos felizes da realidade mais real. Porque ver sempre foi tocar. Tocar uma a uma cada coisa com os olhos, antes da mão se aproximar para recolher os últimos brilhos de Setembro. Vede como se afasta com fulva lentidão de tigre.