Dicionário de Estudos Narrativos
Na origem do Dicionário de Estudos Narrativos está o Dicionário de Narratologia, publicado pela primeira vez, em coautoria com Ana Cristina Macário Lopes, há cerca de trinta anos. As entradas que dele restam na presente obra foram profundamente revistas e refundidas, enquanto muitas outras foram acrescentadas, correspondendo-se assim à considerável evolução e aprofundamento que os Estudos Narrativos conheceram nas últimas décadas.
| Editora | Almedina |
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| Coleção | Fora de Coleção |
| Categorias | |
| Editora | Almedina |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Carlos Reis |
CARLOS REIS é professor catedrático da Universidade de Coimbra, sendo especialista em Estudos Narrativos e em Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX, sobretudo no domínio dos estudos queirosianos. Autor de mais de vinte livros (último em data de publicação: Dicionário de Estudos Narrativos, 2018), ensinou em diversas universidades da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil. Dirige a Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós (17 volumes publicados) e coordenou a História Crítica da Literatura Portuguesa (9 volumes). Foi diretor da Biblioteca Nacional, reitor da Universidade Aberta e presidente da European Associations of Distance Teaching Universities. É membro da Real Academia Española e da Academia das Ciências de Lisboa. Foi distinguido com os prémios Jacinto do Prado Coelho (1996), Eduardo Lourenço (2019) e Vergílio Ferreira (2020). Presentemente é coordenador científico do Centro de Literatura Portuguesa.
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Introdução à Leitura de «Uma Abelha na Chuva»Nota Prévia A reedição deste pequeno trabalho, a mais de quinze anos de distância da sua primeira edição, pode parecer (mesmo ao seu autor...) um tanto estranha e algo deslocada, em relação ao estado actual dos estudos literários. Concebida no quadro de um projecto de investigação mais amplo e subordinada a uma orientação metodológica particular, esta análise do romance Uma Abelha na Chuva aparece agora como um trabalho inevitavelmente datado:-a narratologia evoluiu muito desde os anos 70, dilatou-se a bibliografia sobre Carlos de Oliveira e o conhecimento que hoje possuímos do Neo-Realismo é mais minucioso e circunstanciado do que então era. Como quer que seja e uma vez que parece ainda existir um público a quem esta monografia pode ser útil reedita-se agora a Introdução ao Estudo de Uma Abelha na Chuva, sem que no seu texto tenham sido introduzidas quaisquer alterações. Para o fazermos, necessitaríamos de condições (que não são só de tempo) para repensarmos a orgânica interna desta análise; o que talvez levasse levaria certamente a uma reescrita tão profunda que se perderia nela a marca do tempo em que este livro foi concebido. Carlos Reis Índice Introdução Neo-realismo e empenhamento literário Características pragmáticas Carlos de Oliveira e o discurso neo-realista Semiótica do Discurso Comunicação narrativa Códigos e mensagem Domínios semióticos Código Temporal Signos Relações sintácticas Código Representativo Signos Representação subjectiva Acção Economia da acção Níveis da acção Temática e Ideologia Expressão temática Relações sintácticas Relações semânticas Expressão ideológica Representação Simbólica Símbolo e prática semiótica Repertório simbólico -
Introdução à Leitura d' Os MaiasINTRODUÇÃO: Evolução literária • A crise do Naturalismo - PERSONAGEM: Centralidade • Caracterização • Educação • Representatividade social • Síntese - ESPAÇO: Características fundamentais • Espaço físico • Espaço social • Espaço psicológico • Síntese - ACÇÃO: Níveis e relevo da acção • Estrutura da intriga • Acção trágica • Síntese • PONTO DE VISTA: Modos de representação • Focalização omnisciente • Focalização interna • Síntese - TEMPO: Tempo da história • Tempo do discurso • Tempo psicológico • Síntese - IDEOLOGIA: Processos conotativos de expressão ideológica • Ideologia do narrador e da personagem central • Ideologia do trágico • Síntese -
Introdução à Leitura das «Viagens na Minha Terra»Propõe-se aqui fundamentalmente (e apenas) um percurso de leitura possível: aquele que procura adoptar o posicionamento que é próprio, em contexto escolar, da chamada leitura integral; a partir daí e pelo recurso aos instrumentos conceptuais que a narratologia faculta, privilegia-se uma exposição de teor marcadamente didáctico, numa linguagem tanto quanto possível clara, sem deixar de ser precisa do ponto de vista terminológico. E também, naturalmente, procurando-se atingir os sentidos fundamentais que dominam a obra, sem o que fracassará qualquer análise, por mais rigorosa que se pretenda. Índice INTRODUÇÃO: Formação cultural Garrett e o Romantismo A novelística garrettiana - ESTRUTURA DA NARRATIVA: Níveis narrativos Comunicação narrativa - VIAGENS: Géneros Temas - NOVELA: Personagens Conflitos - IDEOLOGIA: Discurso ideológico Novela Conclusão -
O Conhecimento da LiteraturaA LITERATURA COMO INSTITUIÇÃO: O campo literário e as fronteiras da literatura · A dimensão sociocultural da literatura · A obra literária como cosmovisão e signo ideoló-gico A LINGUAGEM LITERÁRIA: A dimensão estética da literatura · a linguagem literária · A semiose literária TEXTO LITERÁRIO E OBRA LITERÁRIA: O texto literário· Texto, contexto e macrotexto · Texto literário e obra literária: relações de integração TEXTO LITERÁRIO E ARQUITEXTUALIDADE: O conceito de arquitextualidade · Modos do discurso e géneros literários · O drama e o espectáculo teatral · crise e relativismo dos géneros literários A POESIA LÍRICA: A criação poética e a poesia lírica · FACTORES E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA POESIA LÍRICA · VERSO LIVRE E POESIA EXPERIMENTAL A NARRATIVA LITERÁRIA: Narrativa e narratividade · narrador e narratário · Níveis e categorias da narrativa A EVOLUÇÃO LITERÁRIA: A evolução literária · Factores de constituição periodológica OS PERÍODOS LITERÁRIOS:Períodos e subperíodos literários · Classicismo e Romantismo · Pré-Romantismo e Romantismo · Realismo e Naturalismo · Modernismo e Futurismo · Relativismo e actualidade dos períodos literários Apêndice: Textos doutrinários.O livro que agora se publica é, desde o seu título e subtítulo, um livro de introdução a um certo conhecimento: o da literatura, na medida em que ela constitui um campo de formas e de representação de sentidos que, até certo ponto, é possível conhecer, exactamente porque nele surpreendemos elementos susceptíveis de descrição e de apreensão. Mais ainda: antes da manifestação desses elementos, revelam-se-nos também circunstâncias e factores de condicionamento que, à sua maneira e na proporção que lhes cabe, permitem entender a emergência e a institucionalização disso a que chamamos literatura. -
Dicionário de Estudos Narrativos - Versão cartonadaNa origem do Dicionário de Estudos Narrativos está o Dicionário de Narratologia, publicado pela primeira vez, em coautoria com Ana Cristina Macário Lopes, há cerca de trinta anos. As entradas que dele restam na presente obra foram profundamente revistas e refundidas, enquanto muitas outras foram acrescentadas, correspondendo-se assim à considerável evolução e aprofundamento que os Estudos Narrativos conheceram nas últimas décadas. -
Eça de QueirósA obra de Eça de Queirós é canónica também porque nela revemos temas e ideias que ajudam a identificar uma cultura, uma literatura e mesmo uma língua. Não por acaso, Eça foi confirmado nessa sua condição canónica por um dos mais famosos ensaístas da actualidade, Harold Bloom, justamente aquele que de forma mais expressiva e às vezes provocatória sublinhou a relevância e a legitimidade do cânone ocidental. Sendo assim, a leitura de Eça pode ser (e é quase sempre) um pretexto de reencontro com valores e com formas que, a mais do que um título, continuam a fazer sentido para nós. O volume que agora se publica e a colecção em que ele se integra pretendem cumprir vários objectivos: revalorizar o escritor, promover a sua difusão, facultar elementos de trabalho precisos para utilização escolar, estimular a leitura ou a releitura, ajudar a relação crítica do leitor com os textos. Sem propósito de aprofundada exegese, este livro quer ser antes de tudo um simples e claro instrumento de trabalho para quantos ainda crêem que a leitura e o estudo dos nossos autores canónicos são pertinentes e oportunos. Carlos Reis -
Diálogos com José SaramagoJosé Saramago entrevistado por Carlos Reis. Um registo de testemunhos realizado durante cerca de sete horas em que o professor universitário questiona o criador de Blimunda sobre a formação, a aprendizagem, a profissão e a condição de escritor. Sobre a História como experiência. José Saramago fala-nos sobre a linguagem da literatura, os géneros literários, a narrativa e o romance, sem omitir os temas e valores, os sentidos e destinos comuns. Uma obra disponibilizada para «leitores de diversa motivação: do leitor corrente dos romances de Saramago ao estudioso da sua obra, passando pelo professor que trabalha com os seus textos e pelo estudante que (supostamente) os lê». -
Poesia TrovadorescaOs livros desta coleção propõem a análise de textos que constam do Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário. Enquanto auxiliares indispensáveis para o sucesso escolar, os títulos desta série destinam-se, antes de mais, ao aluno que deseje colher orientações de leitura inspiradas nos tópicos de conteúdo que se encontram no Programa, em particular os que se referem ao domínio da Educação Literária. Esta abordagem da Poesia Trovadoresca não só cumpre os objetivos referidos, como inclui diversas pistas para revisão e consolidação de conhecimentos. -
Farsa de Inês Pereira, Gil VicenteOs livros desta coleção propõem a análise de textos que constam do Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário. Enquanto auxiliares indispensáveis para o sucesso escolar, os títulos desta série destinam-se, antes de mais, ao aluno que deseje colher orientações de leitura inspiradas nos tópicos de conteúdo que se encontram no Programa, em particular os que se referem ao domínio da Educação Literária. Esta abordagem da Farsa de Inês Pereira não só cumpre os objetivos referidos, como inclui diversas pistas para revisão e consolidação de conhecimentos. -
O Ano da Morte de Ricardo ReisOs livros desta coleção propõem a análise de textos que constam do Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário. Enquanto auxiliares indispensáveis para o sucesso escolar, os títulos desta série destinam-se, antes de mais, ao aluno que deseje colher orientações de leitura inspiradas nos tópicos de conteúdo que se encontram no Programa, em particular os que se referem ao domínio da Educação Literária. Esta abordagem de O Ano da Morte de Ricardo Reis não só cumpre os objetivos referidos, como inclui diversas pistas para revisão e consolidação de conhecimentos.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».