Monstros Fabulosos
AS PERSONAGENS LITERÁRIAS QUE GANHAM VIDA E FICAM CONNOSCO PARA LÁ DOS LIVROS por Alberto Manguel, um dos maiores bibliófilos do mundo.
Com ilustrações do autor e um «monstro» português: O Mandarim, de Eça de Queirós.
Desde a infância, há personagens de livros que começam a fazer parte da vida de quem gosta de ler. Depois, e apesar de nós, os leitores, envelhecermos, e de elas, as personagens, teoricamente ficarem na mesma, vão crescendo connosco, sofrendo mutações, fazendo companhia a outras que vão surgindo e ganhando significado para lá dos livros de onde saíram, como amigos de longa data com quem se partilha experiências e emoções.
O bibliófilo Alberto Manguel apresenta neste livro, com erudição e humor, mais de 30 das suas personagens preferidas, desde o Jim de Huckleberry Finn ao monstro de Frankenstein, passando pela Capuchinho Vermelho ou pelo marido da Madame Bovary. Através desta partilha, desafia cada leitor a explorar as suas relações pessoais com este tipo de «monstros» imortais e amorosos, e com o tanto que estes transportam em si da condição humana.
«Aprendi a minha experiência do mundo — amor, morte, amizade, perda, gratidão, desconcerto, angústia, medo, tudo isto e a minha própria identidade em mutação — com personagens imaginárias que conheci nas minhas leituras, muito mais do que com a minha misteriosa cara no espelho ou o meu reflexo nos olhos dos outros.»
Alberto Manguel,in "Prefácio"
| Editora | Tinta da China |
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| Categorias | |
| Editora | Tinta da China |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Alberto Manguel |
Alberto Manguel (1948, Buenos Aires) cresceu em Telavive e na Argentina. Aos 16 anos, trabalhava na livraria Pygmalion, em Buenos Aires, quando Jorge Luis Borges lhe pediu que lesse para ele em sua casa. Foi leitor de Borges entre 1964 e 1968. Em 1968, mudou‑se para a Europa. Viveu em Espanha, França, Itália e Inglaterra, ganhando a vida como leitor e tradutor para várias editoras. Editou cerca de uma dezena de antologias de contos sobre temas tão díspares como o fantástico ou a literatura erótica. É ensaísta, romancista premiado e autor de vários best‑sellers internacionais, como Dicionário de Lugares Imaginários, Uma História da Curiosidade, A Biblioteca à Noite e Embalando a Minha Biblioteca. É actualmente cidadão canadiano e foi director da Biblioteca Nacional da Argentina entre 2016 e 2018. Foi galardoado com o Prémio Formentor das Letras em 2017.
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Uma História da LeituraUma notável e fascinante viagem pela evolução do leitor e da leitura numa obra que vem colmatar uma lacuna na história da literatura internacional. Um sucesso editorial surpreendente da autoria de um nome que se tem destacado nas áreas do romance, da tradução e da edição. -
O Amante Extremamente MinuciosoÀ sombra da igreja de Notre-Dame-la-Grande, em Poitiers, desenvolve-se a fatal aventura estética e amorosa de Anatole Vasanpeine, empregado nuns banhos públicos no início do século XX.Indivíduo cinzento e silencioso, Anatole oculta uma capacidade extraordinária: iniciado na arte da fotografia pelo livreiro e antiquário japonês Kusakabe, o seu olhar capta a realidade em fragmentos, oferecendo ao desejo o prazer que lhe nega a integralidade da imagem. Nas imagens roubadas dos clientes dos banhos, Anatole reconstrói uma geografia do amor: dedos arredondados, pele aveludada, a caverna de uma orelha... Nas suas fotografias, cada criatura torna-se um conjunto infinito de belezas mínimas até ao momento em que, inesperadamente, Anatole encontra a perfeição numa única pessoa.Com zelo de historiador e malícia de ficcionista, em O Amante Extremamente Minucioso Alberto Manguel reconstrói o caso Vasanpeine, deixando aos leitores a tarefa de distinguir entre uma ficção mais credível do que a realidade e uma realidade menos plausível do que a ficção -
A Cidade das PalavrasEm A Cidade das Palavras, Alberto Manguel analisa a uma nova luz o aumento da intolerância violenta nas nossas sociedades. Quase todos nós concordamos quanto à desejabilidade do fim do nacionalismo étnico. Esforçamo-nos por construir sociedades que promovam o patriotismo cívico, com valores nos quais todos os cidadãos se revejam. Mas algo não correu bem: revoltas racistas em França, assassínio político nos Países Baixos, atentados bombistas no Reino Unido - serão estes os sintomas de uma experiência multicultural mal-sucedida? Porque nos é tão difícil vivermos juntos, quando as alternativas são verificadamente horríveis? Com a erudição e o espírito que o caracterizam, Alberto Manguel propõe uma abordagem diferente: devemos ouvir o que visionários, poetas, romancistas, ensaístas e realizadores de cinema têm a dizer sobre construção de sociedades. Talvez as histórias que contamos encerrem as chaves secretas do coração humano. De Cassandra a Jack London, da Epopeia de Gilgamesh ao computador Halde 2001: Odisseia no Espaço, Alberto Manguel estabelece paralelos fascinantes e reveladores entre as realidades individuais e políticas do mundo actual e as realidades do mito, da lenda e da história. -
Uma História da CuriosidadeO livro mais pessoal de Alberto Manguel, onde o escritor traça o mapa da sua própria vida enquanto curioso, recorrendo às leituras que fez ao longo do caminho. Uma História da Curiosidade é uma eloquente mistura de filosofia, literatura e memória. Arranca com a premissa de que a curiosidade é um impulso que liga aprendizagem, imaginação, desenvolvimento e progresso. Na procura de pistas e orientação, o autor recorre ao extenso conjunto de livros que marcaram a sua própria vida. Manguel elegeu para este livro uma série de escritores que instigaram a sua imaginação. Cada capítulo é dedicado a um pensador, cientista ou artista que de algum modo iluminou a pergunta Porquê? Desta galeria de eternos curiosos constam, por exemplo, Tomás de Aquino, David Hume, Lewis Carroll, Sócrates e, acima de todos, Dante. Depois de tudo o que leu e pensou, Manguel pretende inaugurar um diálogo. A curiosidade não é o fim, é o passaporte, o convite para viajar. -
A Biblioteca à NoiteA partir da sua mítica biblioteca pessoal, Alberto Manguel, um dos mais conceituados bibliófilos do mundo, conta-nos tudo o que sabe sobre a história, o fascínio e os enigmas das bibliotecas. Ao construir a sua biblioteca com mais de 40 mil livros num antigo presbitério em França, Alberto Manguel debateu-se com as mesmas questões de um qualquer bibliotecário caseiro: é melhor dividir por línguas? A ordem alfabética será a mais prática? Os géneros não deviam estar agrupados?Mesmo que não existam respostas certas, neste livro Manguel conta pelo menos as melhores histórias. Há bibliotecas públicas com secções como «Esgotos: Obras Seleccionadas», e umas privadas onde, alfabeticamente, os amigos-escritores Borges e Bioy Casares ficam lado a lado. Há bibliotecários corajosos que alteram registos de requisição para salvar livros, e livros corajosos que salvam homens torturados. Há livros perdidos, livros proibidos, livros digitais, livros que ficam numa prateleira demasiado alta e livros imaginados - mas todos eles ocupam um espaço e enchem estantes pelo mundo, tal como preenchem esta Biblioteca à Noite. -
Embalando a Minha BibliotecaO comovente obituário de uma biblioteca.A melancólica operação de encaixotar os seus 35 mil livros, que habitavam num antigo presbitério em França, inspira uma das obras mais pessoais de Alberto Manguel.Edição simultânea em Portugal, EUA e Inglaterra.Em 1931, Walter Benjamin escreveu um pequeno ensaio sobre a experiência de desencaixotar a sua biblioteca, aí reflectindo sobre a relação com os seus livros. Décadas mais tarde, Alberto Manguel, escritor, editor, tradutor e um dos maiores bibliófilos do mundo, decide glosar a operação inversa.No início do século, Manguel instalou a sua imensa biblioteca pessoal num antigo presbitério do Vale do Loire, e sentiu que encontrara uma casa para si e para os seus livros. Mas essa morada acabou por não ser permanente, e os milhares de livros de Manguel estão hoje guardados em caixotes, num depósito no Canadá.Embalando a Minha Biblioteca: uma elegia e dez divagações conta esta história, e constitui quase um manifesto diante da ameaça de esquecimento que cai agora sobre as estantes vazias de Alberto Manguel. Aqui se evoca e se reivindica a biblioteca que continua a existir na mente do leitor, o poder da palavra e os jogos de associações e memórias que os livros, mesmo encaixotados, desencadeiam.Segundo Manguel, uma biblioteca é uma autobiografia com muitas camadas, e Embalando a Minha Biblioteca, ao mesmo tempo que evoca um imenso caudal de memórias pessoais, é acima de tudo uma exaltação do livro como só este escritor sabe fazer.Prémio Formentor 2017. -
No Bosque do EspelhoRecorrendo a histórias pessoais e a reflexões literárias ricas em humor e erudição subtil, Alberto Manguel leva-nos a reflectir sobre as delícias e responsabilidades da leitura - uma viagem despoletada pela humanidade do autor, pela sua curiosidade insaciável e extraordinária abrangência da percepção do mundo.Ver por dentro: -
Ler Imagens - Em que pensamos quando olhamos para artePodemos ler um quadro da mesma forma que lemos um livro? Existe algum vocabulário que possamos de aprender para nos ajudar a deslindar os seus significados? Quererá ele ser descodificado, decifrado e compreendido? Em Ler Imagens, livro profusamente ilustrado, Alberto Manguel oferece uma instigante meditação sobre as questões que nos colocamos quando estamos diante de uma obra de arte. -
Ler Imagens- Em que pensamos quando olhamos para artePodemos ler um quadro da mesma forma que lemos um livro? Existe algum vocabulário que possamos de aprender para nos ajudar a deslindar os seus significados? Quererá ele ser descodificado, decifrado e compreendido? Em Ler Imagens, livro profusamente ilustrado, Alberto Manguel oferece uma instigante meditação sobre as questões que nos colocamos quando estamos diante de uma obra de arte. -
Com BorgesEm 1964, em Buenos Aires, um escritor cego convidou um livreiro de 16 anos para lhe ler em voz alta. Foi assim que, durante quatro anos, se cruzaram em convívio próximo Jorge Luis Borges, escritor de dimensão universal, e Alberto Manguel, que se veio a tornar um dos mais conceituados bibliófilos do mundo.Partilharam nesse período, que foi também um período de formação para o então jovem Manguel, vários momentos domésticos, leituras e releituras, conversas, reflexões e curiosidade pela vida e pelos livros. Agora, o que Alberto Manguel partilha neste livro é uma memória afectiva, grata, pessoalíssima e surpreendente de um homem complexo mas apaixonante, por quem até hoje guarda uma admiração terna.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Novas Cartas Portuguesas«Reescrevendo, pois, as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e actualidade, do ponto de vista literário e social. Comprova-o o facto de poder ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas (ou emergentes dos Estudos Feministas, como a teoria queer), uma vez que resiste à catalogação ao desmantelar as fronteiras entre os géneros narrativo, poético e epistolar, empurrando os limites até pontos de fusão.»Ana Luísa Amaral in «Breve Introdução» -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Obras Completas de Maria Judite de Carvalho - vol. I - Tanta Gente, Mariana - As Palavras PoupadasA presente coleção reúne a obra completa de Maria Judite de Carvalho, considerada uma das escritoras mais marcantes da literatura portuguesa do século XX. Herdeira do existencialismo e do nouveau roman, a sua voz é intemporal, tratando com mestria e um sentido de humor único temas fundamentais, como a solidão da vida na cidade e a angústia e o desespero espelhados no seu quotidiano anónimo.Observadora exímia, as suas personagens convivem com o ritmo fervilhante de uma vida avassalada por multidões, permanecendo reclusas em si mesmas, separadas por um monólogo da alma infinito.Este primeiro volume inclui as duas primeiras coletâneas de contos de Maria Judite de Carvalho: Tanta Gente, Mariana (1959) e As Palavras Poupadas (1961), Prémio Camilo Castelo Branco. Tanta Gente, Mariana «E a esperança a subsistir apesar de tudo, a gritar-me que não é possível. Talvez ele se tenha enganado, quem sabe? Todos erram, mesmo os professores de Faculdade de Medicina. Que ideia, como havia ela de se enganar se os números ali estavam, bem nítidos, nas análises. E no laboratório? Não era o primeiro caso? Lembro-me de em tempos ter lido num jornal? Qual troca! Tudo está certo, o que o médico disse e aquilo que está escrito.» As Palavras Poupadas (Prémio Camilo Castelo Branco) «- Vá descendo a avenida - limita-se a dizer. - Se pudesse descer sempre - ou subir - sem se deter, seguir adiante sem olhar para os lados, sem lados para olhar. Sem nada ao fim do caminho a não ser o próprio fim do caminho. Mas não. Em dado momento, dentro de cinco, de dez minutos, quando muito, terá de se materializar de novo, de abrir a boca, de dizer «vou descer aqui» ou «pare no fim desta rua» ou «dê a volta ao largo». Não poderá deixar de o fazer. Mas por enquanto vai simplesmente a descer a avenida e pode por isso fechar os olhos. É um doce momento de repouso.» Por «As Palavras Poupadas» vai passando, devagar, o quotidiano anónimo de uma cidade, Lisboa, e dos que nela vivem. type="application/pdf" width="600" height="500"> -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso