O Menino ao Colo. Momentos, Falas, Lugares do Sublime Santo António
“Lisboa, cidade moçárabe, foi conquistada aos Mouros em 1147 com a ajuda dos Cruzados. Afonso Henriques consegue o título de reino para o seu condado ao Papa Júlio II. A nobreza guerreia, o clero reza e também luta, o povo paga os exércitos, vive mal, morre pior. Engrossa e alimenta as tropas com cavaleiros-vilões e besteiros. Trabalha os campos em volta do Castelo. É também mesteiral e pequeno negociante. Na cidade, entreposto marítimo, há desvairadas línguas e gentes. A língua portuguesa ainda não se havia fixado. No bairro da Mouraria há marinheiros, mesteirais, ladrões e prostitutas. E a Sé. Junto dela, a escola da catedral. Perto dela nasce Fernando de Bulhões, à volta de 1194, provavelmente da pequena nobreza, que vem a falecer, próximo de Pádua, a 13 de Junho de 1231.” É este o prólogo de O Menino ao Colo — Momentos, Falas, Lugares do Sublime Santo António, de Armando Silva Carvalho. O mistério começa de seguida.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Gato Maltês |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Armando Silva Carvalho |
Armando Silva Carvalho nasceu em Olho Marinho, Óbidos, em 1938. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, exerceu advocacia por pouco tempo, optando pelo jornalismo, pelo ensino, pela publicidade e pela tradução.A sua obra tem vindo a ser reconhecida pela crítica e distinguida com diversos prémios, como o Grande Prémio de Poesia APE, o Prémio PEN Clube, o Prémio Fernando Namora, o Grande Prémio DST Literatura e o Prémio Casino da Póvoa / Correntes d’Escritas, para citar apenas alguns.
-
De AmoreDepois do brilhante Anthero, Areia & Água, distinguido com o Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes em 2010, surge agora De Amore. Sobre o autor escreveu António Carlos Cortez, no JL: «Armando Silva Carvalho é uma das vozes poéticas mais impressionantes da atualidade[…]». -
Elena e as Mãos dos Homens“[...] Um lastro poético, de onde se descola aquele seu particular “lirismo espesso trespassado de lâminas de ironia”, como J. M. Vasconcelos caracterizou a poesia do autor, está presente em cada um destes textos, em que se dá conta de breves ‘flashes’ de um olhar sobre o mundo. Porque é isso que está em causa na escrita de A. Silva Carvalho: o reflexo de um olhar atento, aquilino, a tempo irónico e amargurado, com a deformação a que o próprio olhar obriga. A mancha gráfica de algumas páginas aproxima-se, por vezes, da estrutura do poema, imprimindo à leitura um ritmo e cadência muito similares aos do registo poético, como se o próprio discurso exigisse um desvio relativamente ao género que o parecia suportar. [...]Se buscarmos um denominador comum que atravesse os 11 textos da colectânea, decerto que ele passará pelo clima indefinido com que se mostra frangalhos de realidade(s) espelhados nos contos, muitas vezes sem início nem fim definidos e tipificados, com o intuito de dar a ver simplesmente um momento, uma tensão de personagens reclusas no emaranhado dos pensamentos, no frágil horizonte que demarca o sonho de uma perspectiva de real. Também a sensualidade erótica é outra das marcas partilhadas pelas histórias do livro, mesmo na sua faceta grotesca, disforme [...].” -
Sol a SolDE SOL A SOL1O sol nasceu agora E a matéria Da noite Foi deixada aos deuses do sono E aos seus auxiliaresNo pesadelo.Lavo o rosto do sol, Beijo-lhe as crinas, os seus olhos De animal incendiado. Levanto-me com o destino marcadoPelo seu relógio ardenteE atravesso o caos da manhã Como um atleta Que vai inaugurar a limpidez do mundoCom um verso ainda nebulosoE trôpego. -
O Que Foi Passado a LimpoOs poemas que se seguem (a poesia completa/incompleta, esperamos) de um dos mais interessantes autores portugueses contemporâneos foram escritos ao longo de mais de quarenta anos, que são afinal os que vão dos começos da guerra colonial até aos dias de hoje.De facto, Armando Silva Carvalho publicou o seu primeiro livro (Lírica Consumível) em 1965, com 27 anos. Antes disso, fizera parte daquele grupo de vinte e sete autores, cujos textos constituíram aquilo a que se chamou Antologia de Poesia Universitária, obra hoje quase desconhecida e que, a par de nomes que desapareceram por completo das constelações literárias, nos dá textos iniciais de poetas e prosadores (ou ambas as coisas) que continuariam a ser de inclusão inevitável em qualquer antologia contemporânea (Fiama Hasse Pais Brandão, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge, Ruy Belo e Almeida Faria, referidos a título meramente exemplificativo). -
O Amante Japonês«Hoje os olhos são míopesE eu um assassino dentro do teu corpo.Há palavras de sangue caídasAo meu lado.Mas sorvo mesmo assim essas imagens densasEnquanto o esforço sobe o nevoeiroE tu não te arrependes de me levares contigoAtraiçoado.» -
Anthero Areia & Água«Como todos acabamos, acabaste.Mas não acabaste como quase todos acabamos.Sentaste-te num banco de jardim,Separado pelo mar,Separado de ti, separado de separaçõesQue te obrigassem a unirOs ossos redimidos, os músculos mentaisDesse palácio de ideias, no dizer de Sérgio,Que durante tanto tempo construísteE disparaste dois tiros. -
A Sombra do MarA Sombra do Mar é o novo livro de poesia de Armando Silva Carvalho, premiado com o Grande Prémio DST Literatura 2014 pelo seu livro anterior, «De Amore: de Eugénio a Pessoa», das perturbadoras imagens da atualidade vistas na televisão ao desencanto da velhice, do bosão de Higgs ao prazer da vida. Um livro admirável de um dos grandes poetas do nosso tempo.Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d'Escritas 2017. -
O País das Minhas VíscerasSelecção e apresentação de José Manuel Vasconcelos. -
Obra Poética - (1965-1995)"Poderia chamar-se rebelde à criação poética de Armando Silva Carvalho, vinda da década de 60, ou religiosa no sentido de religação, porque "tudo está em tudo". Porque ela faz-se cada vez mais de uma metafísica da condição humana, mesmo na sátira desapiedada, de uma concreticidade verbal que macera o corpo do poema e de uma melancolia que tudo embebe, absorvida por um naufrágio cósmico total." Diário de Notícias
-
O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».