Os Ensaios
«Orwell combateu as formas dominantes da mentira política contemporânea: a propaganda, da qual nunca nos libertámos, e a novilíngua, a que hoje sucumbimos. Por isso, o maior dos seus ensaios talvez seja “A Política e a Língua Inglesa” (1946). A intuição de que a decadência da linguagem e a decadência da política estão ligadas uma à outra é fácil de acompanhar; difícil era demonstrar, exemplificando, o que estava errado na política daquele tempo, em particular a política da esquerda daquele tempo, trazendo à luz as frases feitas, a sintaxe tortuosa, as metáforas mortas, os eufemismos desonestos. Consciente de que a maleabilidade da língua inglesa a predispõe para o sofisticado e o quotidiano, para a poesia e as manchetes de jornal, Orwell defendeu uma linguagem, quer dizer, uma política, de concisão e clareza, de palavras concretas e comuns. Ao contrário do que diziam os detractores, ele não “fazia o jogo” do inimigo: a linguagem de alguns amigos é que era o seu inimigo.
[Do Prefácio de Pedro Mexia]
| Editora | Relógio d' Água |
|---|---|
| Coleção | Antropos |
| Categorias | |
| Editora | Relógio d' Água |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | George Orwell |
George Orwell (1903–1950), pseudónimo de Eric Arthur Blair, nasceu na Índia e frequentou o prestigiado colégio interno inglês de Eton. Combateu ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola e, durante a Segunda Guerra Mundial, serviu a organização britânica Home Guard e trabalhou para a BBC. Tornou-se colaborador do Tribune e, mais tarde, correspondente de guerra do Observer. A par com a sua produção jornalística, Orwell dedicou-se ao ensaio, à poesia e à ficção. A alegoria política A Quinta dos Animais, publicada em 1945 e, um ano mais tarde, a distopia 1984 abriram caminho para a fama internacional de Orwell, uma das figuras mais destacadas e influentes da literatura do século XX.
-
Recordando a Guerra EspanholaA Revolução Espanhola ocupa um lugar-charneira na obra de George Orwell. A génese dos seus livro mais celebrados, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro e O Triunfo dos Porcos, remonta à Catalunha, onde o escritor pela primeira vez apreendeu em profundidade, no decurso da contra-revolução, a prática sinistra da falsificação histórica cientemente organizada. -
1984Obra sobejamente famosa, 1984 é a distopia por excelência, a metáfora mais refinada das tentações totalitárias que impregnam as sociedades modernas e do terrível controlo e da subjugação que exercem. -
Livros e CigarrosConjunto de textos sobre literatura e de ensaios de cariz social e político, que têm como pano de fundo o espectro da Segunda Guerra Mundial. Inclui «Ah, Ledos, Ledos Dias», uma crítica feroz ao sistema de ensino e à mentalidade da sociedade inglesa da época. Nele se entrevê o espírito indómito de Orwell, a sua determinação em resistir à tirania e a certeza de que os fracos têm direito a rebelar-se contra a ordem estabelecida. -
Homenagem à CatalunhaA Revolução Espanhola ocupa um lugar-charneira na obra de George Orwell. Escrita no final da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) a partir da sua própria experiência na frente de combate, Homenagem à Catalunha é uma obra ímpar onde o autor descreve, com o agudo poder de observação que o caracterizava, o confronto entre os vários grupos revolucionários, incluindo as clivagens internas entre os republicanos. -
Ensaios EscolhidosEste livro reúne uma ampla seleção de textos de George Orwell, o mais importante ensaísta inglês do século XX. -
Dias BirmanesesBaseando-se na sua experiência como agente da polícia na Birmânia, o primeiro romance de George Orwell mostra-nos uma imagem devastadora do domínio colonial britânico, descrevendo em detalhe a corrupção e intolerância que se viveram numa sociedade. -
Na Penúria em Paris e em Londres«É bastante curioso, o primeiro contacto que travamos com a pobreza. Pensámos sempre muito, para começar, acerca da pobreza- foi ela o que tememos durante toda a vida, aquilo que sabíamos que nos iria acontecer mais tarde ou mais cedo; mas quando acontece é completamente diferente, na sua configuração absolutamente prosaica. Pensávamos que ia ser muito simples; mas é extraordinariamente complicado. Pensávamos que ia ser terrível; é apenas sórdido e aborrecido. É a extraordinária baixeza da miséria o que se descobre de início; os expedientes que implica, a mesquinhez intrincada, o poupar dos cotos de vela.» -
Nineteen Eighty-FourWho controls the past controls the future: who controls the present controls the past.' Hidden away in the Record Department of the sprawling Ministry of Truth, Winston Smith skilfully rewrites the past to suit the needs of the Party. Yet he inwardly rebels against the totalitarian world he lives in, which demands absolute obedience and controls him through the all-seeing telescreens and the watchful eye of Big Brother, symbolic head of the Party. In his longing for truth and liberty, Smith begins a secret love affair with a fellow-worker Julia, but soon discovers the true price of freedom is betrayal. The Penguin English Library - collectable general readers' editions of the best fiction in English, from the eighteenth century to the end of the Second World War. -
Animal Farm'All animals are equal - but some are more equal than others.'When the downtrodden animals of Manor Farm overthrow their master Mr Jones and take over the farm themselves, they imagine it is the beginning of a life of freedom and equality. But gradually a cunning, ruthless élite among them, masterminded by the pigs Napoleon and Snowball, starts to take control. Soon the other animals discover that they are not all as equal as they thought, and find themselves hopelessly ensnared as one form of tyranny is replaced with another. The Penguin English Library - collectable general readers' editions of the best fiction in English, from the eighteenth century to the end of the Second World War. -
Books v. CigarettesBookshop memories - Confessions of a book reviewer - The prevention of literature - My country right or left - How the poor die - Such, such were the joys. Summary: Beginning with a dilemma about whether he spends more money on reading or smoking, George Orwell's entertaining and uncompromising essays go on to explore everything from the perils of second-hand bookshops to the dubious profession of being a critic, from freedom of the press to what patriotism really means.
-
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha). -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
Terra QueimadaEnsaio profético e demolidor, TERRA QUEIMADA (2022) expõe a forma como o complexo internético se tornou «motor implacável de vício, solidão, falsas esperanças, crueldade, psicose, endividamento, vida desbaratada, corrosão da memória e desintegração social». Nele, Jonathan Crary faz uma crítica radical da digitalização do mundo e denuncia realidades inegáveis: a incompatibilidade entre um planeta habitável e a economia consumista e técnica, a atomização provocada pelas redes sociais, a era digital como fase terminal do capitalismo planetário. «Se é possível um futuro habitável e comum no nosso planeta», conclui, «esse futuro será offline, dissociado dos sistemas e da actividade do capitalismo 24/7, que destroem o mundo». -
Mário Cesariny e Antonio Tabucchi - Cartas e outros TextosFernando Cabral Martins: «O surrealismo português já tinha atingido no final dos anos sessenta uma definição que tornava possível, de um ponto de vista exterior, descomprometido, fazer uma avaliação de conjunto.» Antonio Tabucchi veio a Portugal no rasto de um poeta: Fernando Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, de quem lera por acaso o poema «Tabacaria». Quis aprender a língua do autor do poema e para isso inscreveu-se na cadeira de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pisa, que então frequentava. O seu mestre foi uma professora especial, bela, inteligente e culta, Luciana Stegagno Picchio. Antonio quis conhecer o país onde se falava aquela língua e ao qual pertencia aquele poeta e, na Primavera de 1965, com o seu Fiat 500, chegou a Portugal. Aí conheceu uma portuguesa com quem falou de Pessoa, e com quem continuou a trocar correspondência até ao ano seguinte, quando se tornaram namorados, vindo depois a casar (1970). Mas até lá, veio amiúde a Portugal […] e começou a interessar-se pelo Surrealismo português, sobre o qual havia muito pouco material crítico, praticamente nada, em vista da sua futura tese de licenciatura. Conheceu então (1967) dois membros ilustres daquele movimento, dois grandes poetas, Alexandre O’Neill e Mário Cesariny de Vasconcelos, com quem passou muitas horas, primeiro para os entrevistar e depois, com sempre maior intimidade, já com laços de amizade, só pelo prazer de estarem juntos. [Maria José de Lancastre] Esta é a história de um desencontro. Cesariny, como o surrealismo, considerava a universidade um inimigo, e Tabucchi, para todos os efeitos, era em 1971 um universitário. Mesmo se, no caso dele, havia por parte do poeta o agrado de ver como a sua poesia e o seu lugar no surrealismo português eram reconhecidos — pela primeira vez — por um leitor com a distância crítica e a óbvia inteligência de Antonio Tabucchi. Aqui, nos textos que documentam o contacto directo entre ambos do final dos anos 60, pode ver-se uma ilustração do modo como a história do surrealismo foi sendo feita, com que ritmo e a partir de que posições. E que implica a consciência, por parte do poeta, da importância do sentido que a crítica atribui à História, capaz (ou não) de tornar o passado digno do presente, ou vice- -versa. E manifesta, por parte do jovem crítico italiano, a intuição da grandeza de um movimento que evoluía na sombra, num carceral jardim à beira-mar. [Fernando Cabral Martins]
