Os Olhos de Aura
“Está frio e faz vento, lembrou-se de pôr aquele gorro vermelho, gostou de se ver no espelho, puxou uns fios de cabelo para a testa, um assomo de franja, a meia-idade a fazer-se sentir, uns quilos mais, os vincos aos cantos da boca, mas de resto ainda é uma mulher atraente, os grandes olhos tristes dão-lhe um não sei quê de artista de cinema, disse-lhe o Américo, e logo a desculpar-se pelo atrevimento, não me interprete mal, com todo o respeito, delicado o chefe, um pouco fora de moda, seria por isso que o marido lhe chamava larilas, ninguém sabe o que um homem é por dentro, lembrou-se da mãe, mas já está na rua, o ar frio na cara, os olhos a encherem-se de lágrimas, desta vez é do frio, sorri ao pensar que também há lágrimas boas, de mulher viva, a abrir o dia.”
| Editora | Poética Edições |
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| Editora | Poética Edições |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Licínia Quitério |
Licínia Quitério (n. 1940, Mafra), foi professora, tradutora, correspondente comercial. Tem editados sete livros de poesia: Da Memória dos Sentidos, De Pé sobre o Silêncio, Poemas do Tempo Breve, Os Sítios, O Livro dos Cansaços e, já com a chancela da Poética, Memória, Silêncio e Água e Travessia. Em prosa publicou quatro livros antes da presente obra: Disco Rígido, Disco Rígido-Volume II, Os Olhos de Aura e A Metade de um Homem (os dois últimos publicados pela Poética). Conta com participações em antologias diversas e revistas literárias e colabora no Jornal de Mafra online com uma crónica quinzenal.
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A Metade de Um HomemDedico esta narrativa aos homens do meu tempo que viram as suas vidas interrompidas pela guerra nas colónias portuguesas em África, para onde uma execrável ditadura os mandou combater.Uns voltaram, outros não. Dos sobrevivos houve os que trouxeram o corpo diminuído, outros a mente em farrapos.A guerra durou 14 anos. As ex-colónias são hoje países independentes. Nenhuma guerra vale a pena. Dela ninguém regressa incólume. Esta foi a guerra que tocou em amigos meus. Foi por eles que escrevi esta história. -
TravessiaTravessia é o sétimo livro de poesia de Licínia Quitério.Com as palavras danço e toco e amo. Com elas chegarei ao palácio do esquecimento."Esta poesia é logocêntrica - a palavra é o centro de onde se parte e onde se volta, sobre o qual se medita, cuja luz esclarece tudo o mais e que ainda nos convida a uma espécie de curiosidade científica sobre a linguagem, quase experimentação: (Há um conhecimento do ofício, uma competência técnica quanto baste)." HÉLIA CORREIA sobre o livro "Os Sítios";“Se, como afirma Amos Oz, só a imaginação pode salvar o mundo, um livro de poemas como este ajuda um pouco a essa salvação.” HÉLIA CORREIA sobre o livro “De Pé sobre o Silêncio”. -
A Tribo«Romance de uma autora que coloca a oralidade de cada qual a soar a uma só voz, que capta tanto os jeitos de falar, como os de calar, e demonstra a rara capacidade de um olhar demorado, olhar de reparar e ver. De ouvir e escutar. Não só as vozes, não só os sons. Também os preconceitos de quem não entende que nós seremos sempre os estrangeiros dos outros, enquanto os outros forem os estrangeiros de nós. e os cheiros. Os da podridão dos despejos ilegais da fábrica ou os dos esgotos do bidonville. Se a aldeia não sai do emigrante, também o passado da vassalagem em terra alheia não se diluirá. Carregam dois passados, afinal, as personagens deste livro, e hão-de entranhar-se nestas encruzilhadas, atravessadas como um cheiro.» Ana Margarida de Carvalho (do prefácio) -
Mala de PorãoEra uma vez uma mala de porão muito bonita e muito resistente. Teve uma vida longa, conheceu muita gente e muitos lugares. Podia ser assim o começo da história. Podia, mas antes de falarmos da mala vamos conhecer a avó Adelaide, a mãe Sara, o pai Lúcio e a miúda Laurinda. Contaremos então histórias destes personagens e de outros que antes deles vieram para lhes darem vida e sentido, nomeadamente João Maria, o bisavô de Laurinda, e seus irmãos Manuel Maria e António Maria. E quando estivermos prestes a terminar o relato do que nos foi dado saber sobre a saga da Família Silveira perceberemos que um século passou e o mundo se modificou e os homens e as mulheres continuaram iguais em seus temores e paixões. De vez em quando, falaremos da mala e do seu percurso, já que foi ela que serviu de mote e de título para a história aqui contada. Era uma vez... -
A Decadência das FalésiasAqui, pois, o poema é um fulgor de bicho intrinsecamente preso ao real, parido do chão e dele pronto a erguer-se. É um poema-detonador simples que respira a, e da palavra em sua mais pura e depurada essência. Um poema que, como o gato, não dilacera, mas percorre, sem quase o tocar, o tapete do dia, o sólido e o concreto, fazendo da ausência de ruído a sua plena presença. Por outro lado, é uma poesia percorrida pelo tempo, uma poesia sabedora de que cada verso tem sua hora, e de que o próprio poema existe dentro de um tempo próprio e preciso, e de que não pretende durar mais do que esse lapso.José Pedro Leite, do prefácio *Vencedor do Prémio Literário Natália Correia (2021) -
Discurso Directo“Licínia foi o nome que minha Mãe me deu. Se eu tivesse nascido rapaz, o nome teria sido a gosto de meu Pai. Foi fácil entre eles o comércio de nomes. O escolhido é um nome quase esdrúxulo, com uma quase vogal que se repete. Quase fácil, quase audível, o meu nome. É um nome antigo, já serviu a uma imperatriz, quase mandante, pois reza a história que foi filha e consorte de senhores. Também se diz que é nome de oliveira ou do seu fruto de casta cordovesa. O nome preso a mim, eu presa a ele, caminhamos, quase certos de nunca nos deixarmos, quase.”Licínia Quitério (do texto de apresentação) __________ “Falámos de amigos, de amigos de amigos, com quem não voltámos a estar. Passaram a viver longe, os amigos, num lugar que dantes era perto. Alguns morreram. Hoje em dia morre-se muito, porque se é velho, porque se é frágil, porque não se teve cuidado, porque sim. A morte e a vida parecem entender-se bem, nada como dantes, ou nós não tínhamos pensado nisso. Houve livros entre as nossas mãos, não recusámos o tráfico. Era o que faltava que aqueles livros nos contaminassem, mas daí, quem sabe, há lá agentes mais contaminadores do que os livros. Os tiranos costumam queimá-los em tempos de outras pandemias e sabem porquê.” (Excerto)
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Vemo-nos em AgostoTodos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino. Um presente inesperado de um dos melhores escritores que o mundo já conheceu. A tradução é de J. Teixeira de Aguilar. -
Deus na EscuridãoEste livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. -
O ColecionadorNo mais recente e trepidante thriller de Daniel Silva, autor n.º 1 da lista dos mais vendidos do The New York Times, Gabriel Allon embarca na busca de um quadro roubado de Vermeer e descobre uma conspiração que poderia levar o mundo à beira do Armagedão nuclear.Na manhã seguinte à gala anual da Venice Preservation Society, Gabriel Allon, restaurador de quadros e espião lendário, entra no seu bar preferido da ilha de Murano e aí encontra o general Cesare Ferrari, comandante da Brigada de Arte, que aguarda, ansioso, a sua chegada. Os carabinieri tinham feito uma descoberta assombrosa na villa amalfitana de um magnata sul-africano morto em circunstâncias suspeitas: uma câmara acouraçada secreta que continha uma moldura e um esticador vazios cujas dimensões coincidiam com as do quadro desaparecido mais valioso do mundo. O general Ferrari pede a Gabriel para encontrar discretamente a obra-prima antes que o seu rasto se volte a perder. - Esse não é o vosso trabalho?- Encontrar quadros roubados? Teoricamente, sim. Mas o Gabriel é muito melhor a fazê-lo do que nós.O quadro em questão é O concerto de Johannes Vermeer, uma das treze obras roubadas do Museu Isabella Stewart Gardner de Boston, em 1990. Com a ajuda de uma aliada inesperada, uma bela hacker e ladra profissional dinamarquesa, Gabriel não demora a descobrir que o roubo do quadro faz parte de uma tramoia ilegal de milhares de milhões de dólares na qual está implicado um indivíduo cujo nome de código é «o colecionador», um executivo da indústria energética estreitamente vinculado às altas esferas do poder na Rússia. O quadro desaparecido é o eixo de um complô que, caso seja bem-sucedido, poderia submeter o mundo a um conflito de proporções apocalípticas. Para o desmantelar, Gabriel terá de perpetrar um golpe de extrema audácia enquanto milhões de vidas estão presas por um fio. -
O EscritórioDawn Schiff é uma mulher estranha. Pelo menos, é o que toda a gente pensa na Vixed, a empresa de suplementos nutricionais onde trabalha como contabilista. Dawn nunca diz a coisa certa. Não tem amigos. E senta-se todos os dias à secretária, para trabalhar, precisamente às 8h45 da manhã.Talvez seja por isso que, certa manhã, quando Dawn não aparece para trabalhar, a sua colega Natalie Farrell – bonita, popular e a melhor vendedora da empresa há cinco anos consecutivos – se surpreenda. E mais ainda quando o telefone de Dawn toca e alguém do outro lado da linha diz apenas «Socorro».Aquele telefonema alterou tudo… afinal, nada liga tanto duas pessoas como partilhar um segredo. E agora Natalie está irrevogavelmente ligada a Dawn e vê-se envolvida num jogo do gato e do rato. Parece que Dawn não era simplesmente uma pessoa estranha, antissocial e desajeitada, mas estava a ser perseguida por alguém próximo.À medida que o mistério se adensa, Natalie não consegue deixar de se questionar: afinal, quem é a verdadeira vítima? Mas uma coisa é clara: alguém odiava Dawn Schiff. O suficiente para a matar.«NÃO COMECE UM LIVRO DE FREIDA McFADDEN A ALTAS HORAS DA NOITE.NÃO O VAI CONSEGUIR LARGAR!» AMAZON«O ESCRITÓRIO É UM THRILLER TENSO E VICIANTE DA AUTORA MAIS ADORADA DO MOMENTO.» GOODREADS -
Os Meus Dias na Livraria MorisakiEsta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração.Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão. -
ManiacMANIAC é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI. MANIAC pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem “a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro”. Por isso, em MANIAC convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência -
Uma Noite na Livraria Morisaki - Os meus Dias na Livraria Morisaki 2Sim, devemos regressar onde fomos felizes. E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romântica oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar. -
Uma Brancura LuminosaUm homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda até que chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar. O homem sai do carro e, em vez de ir à procura de alguém que o ajude, aventura-se insensatamente na floresta escura, debaixo de um céu negro e sem estrelas. Perde-se, quase morre de frio e de cansaço, envolto numa impenetrável escuridão. É então que surge, de repente, uma luz.Uma Brancura Luminosa é a mais recente obra de ficção de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023. Uma história breve, estranhamente sublime e bela, sobre a existência, a memória e o divino, escrita numa forma literária única capaz de assombrar e comover.Tradução do norueguês de Liliete Martins.Os elogios da crítica:«Uma introdução perfeita à obra de Jon Fosse.» The Telegraph«Inquietante e lírico, este pequeno livro é uma introdução adequadamente enigmática à obra de Fosse e um bom ponto de partida para se enfrentar os seus romances mais vastos e experimentais.» Financial Times - Livro do Ano 2023«Uma Brancura Luminosa é, muito simplesmente, grande literatura.» Dagbladet