Polis, Poiesis
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A poesia lírica de João Melo deixa evidente o estado de alienação no qual se encontra o mundo, mesmo em transformação. Ao buscar a sistematização de sua obra, sob a luz da memória, encontro o coro em canto polifônico que atravessa o tempo. «Poiesis, polis», contracanto à História, garante que esta não será compreendida como um sistema fechado, com um fim previsto e definido pelo mito, pelo poder do mito, pelo poder em si, mas ? pelo contrário ? será aberta ao coro de muitas vozes, como o poeta se abre em seu compromisso com o mundo sempre em andamento, pulverizando os arquivos da Memória que se quer viva e plena de sentidos.
In «Prefácio» de Mário César Lugarinho
(Universidade de São Paulo, Brasil)
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| Editora | Editorial Caminho |
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| Editora | Editorial Caminho |
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| Autores | João Melo |
João Melo
JOÃO MELO nasceu em 1955, em Luanda (Angola). Fez os estudos primários e secundários na referida cidade. Estudou Direito em Coimbra (Portugal), licenciou-se em Jornalismo em Niterói (Brasil) e fez o mestrado em Comunicação em Cultura no Rio de Janeiro (Brasil). Foi publicitário, professor universitário, parlamentar (1992-2017) e ministro (2017-2019). Membro fundador da União de Escritores Angolanos e da Academia Angola de Letras e Ciências Sociais. Atualmente dedica-se exclusivamente à escrita, dividindo o seu tempo entre Angola, Portugal e Estados Unidos. Em 2008 recebeu o Prémio Maboque. Em 2009 foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Cultura e Artes de Angola, categoria de literatura.
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O Meu Mundo Não é Deste ReinoEsta narrativa de João de Melo é uma crónica dos prodígios que fazem a história de uma comunidade rural perdida algures nos Açores. Narrativa mítica, sem cronologia, que começa in illo tempore (em português arcaizante) e prossegue seguindo o fio das ocorrências fantásticas (a chuva dos noventa e nove dias, o dia em que os animais choraram, o dia em que se viu a outra face do sol, a morte e ressurreição de João Lázaro) e das vidas de personagens excessivos e arquetípicos (um padre venal, um regedor hercúleo e despótico, um curandeiro e um santo) que povoam um lugar perdido nas brumas do tempo, no outro lado da ilha, progressivamente devolvido à comunicação com o mundo. -
Os Navios da NoiteSujeito a tortura, o preso político confessa segredos reais e imaginários, sofrendo com o estigma da traição durante o resto dos seus dias. O velho sacerdote cai na loucura, sob o peso dos inúmeros pecados que lhe foram confessados ao longo de uma vida de pároco. A professora, que regressa do estrangeiro ao fim de anos de ausência, não reconhece o seu país e rende-se a um segundo exílio, mais cruel. O viúvo solitário que dá de comer a uma criança andrajosa é proclamado profeta e redentor dos desvalidos, mas acorda desse sonho de salvação para a evidência do real, onde não existe esperança nem compaixão. A meio de uma viagem de cruzeiro, o paquete de luxo passa do sonho anunciado aos pesadelos inauditos do mar, convertendo-se num navio fantasma. O cego, a quem devolvem a visão, perde-se no novo mundo visível e opta por voltar aos passos perdidos da cegueira. E há os loucos que amam e odeiam o manicómio nos labirintos da própria loucura; o velho hipocondríaco que esconde um déspota naufragado na sua solidão; José Maria Eça de Queirós de volta a Lisboa, em pleno século XXI; mulheres traídas ora pela doença, ora pelas ingratidões do corpo; entre muitas outras figuras que parecem assombradas pelas fragilidades da condição humana. -
Açores, o Segredo das Ilhas«Creio-o, assim, mais a ponto de ser lido in loco, com o visitante sentado na paisagem, acima do mar mais belo do mundo, nos miradouros situados a meia encosta, no alto de um cone vulcânico ou de um outeiro, onde lhe seja possível ouvir a sonatina das ondas, comparar a realidade com a narrativa das viagens que aqui vão descritas, escutar o silêncio da terra e dos pássaros suspensos da vertical de qualquer lugar. O livro pode ser lido antes de se partir à descoberta do desconhecido; ou relido no regresso a casa, depois de visitar as ilhas, com o fim de recuperar emoções e aferir as imagens nele descritas pelas opiniões de cada um. Uma leitura posterior à viagem não deixará de constituir uma forma de sintetizar esta aventura sempre tão extraordinária, como sempre há-de ser a peregrinação pelas nove ilhas dos Açores: um lugar turístico, sim, mas também poético e literário à medida de cada viagem e da sua aventura.» João de Melo -
Autópsia de Um Mar de Ruínas (Reescrito)«Autópsia de Um Mar de Ruínas», romance singular pela dupla perspectiva da guerra colonial que nos apresenta, comporta duas narrativas paralelas: uma centrada na acção dos militares portugueses no Norte de Angola, outra num quotidiano de medo e miséria, na revolta silenciosa e fria, na vitimização de duas sanzalas. Eis, pois, um romance construído sobre duas linguagens, dois pontos de vista, duas razões sociais, duas histórias dentro da História contemporânea do colonialismo e da guerra - a realidade adversa de dois universos humanos em situação de emergência. Se o assunto e a narrativa alternam ao longo do romance, é, contudo, na dupla linguagem do autor que se centra a diferença desses dois mundos em guerra, sob a vertigem do mal e através da criação de vozes e de narradores distintos, no fulgor de uma escrita literária em sintonia com a experiência do vivido. Este foi o mundo que o autor conheceu em Angola, ao longo de mais de dois anos de comissão, como enfermeiro militar, entre centenas de homens, mulheres e crianças, por conta das suas dores de alma, das suas doenças, dos males de viver e morrer numa emboscada, em hora de combate, na explosão das minas, num acidente com arma de fogo ou numa flagelação à distância. -
Auto-RetratoI Todos os materiais servem ao poeta: o som de um tambor, a angústia de uma mulher nua, a lembrança de uma utopia. A vida deposita, diariamente, no altar profano da poesia, a sua dádiva generosa: estrelas e detritos. E tudo a poesia sacrifica. II Para amar um poema, é preciso ter coração e sangue nas veias. E que o poema seja uma carícia ou um soco na boca do estômago. -
Cântico da Terra e dos HomensNesta colectânea de quarenta poemas, seleccionados e organizados pelo próprio autor, João Melo regressa à matriz da sua escrita, à sua primordial concepção de poiesis, por que quer actualizar a expressão do mundo. O título Cântico da Terra e dos Homens anuncia esse regresso às matrizes ideológicas de um outro tempo, já rarefeito pela voragem do desencanto e pelo oportunismo do vazio ideológico neoliberal mesmo se, ainda em 1977, o «poeta nacional» já apelasse ao canto: «Alguns dos nossos escritores ainda choram quando é altura de cantar, embora por vezes o choro também seja canto e a lágrima, alegria» -
Os Marginais e Outros Contos"A liberdade desejada e urdida em dias e noites de humilhações, raivas, sonhos, lutas e sacrifícios, chegara finalmente, rondada, porém, por ameaças poderosas. Mas também por limites, equívocos, paradoxos e ilusões, que a todos eles, embriagados que estavam pelo esplendor do tempo, era então interdito perceber. Insensatos, atreveram-se a pensar que tinham poder para, sozinhos, construir a pátria, sem reparar que a nação nascia fracturada. Na verdade, só muito mais tarde se depararam, estupefactos, com a crucial interrogação: como edificar a pátria sem a nação? Por isso, naqueles dias iniciais, recusaram-se a valorizar o facto de alguns terem partido para o outro lado do tempo, de onde regressaram montados na morte branca, brandindo as suas ridículas azagaias contra o futuro no qual não se reviam, não tanto porque o desejassem diferente, mas porque sonhavam todas as noites com um passado extraordinário e inexistente. Os factos, porém, não dependem de qualquer apreciação externa para, exaltantes ou depressivos, se imporem irrecusavelmente. A guerra espalhou-se, pois, pela terra inteira e o sangue manchou todos os rios, vales, montanhas e savanas da pátria embrionária". -
Amor« Com este livro, João Melo vem dar à poesia angolana um momento alto da lírica amorosa, e prova como se dizer isto não fosse uma redundância que o amor continua vivo na poesia de língua portuguesa.» Nuno Júdice, in «Prefácio» -
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