Teatro Completo
Traduções de Francisco Frazão, Jorge Silva Melo, José Maria Vieira Mendes, Luis Miguel Cintra, Margarida Vale de Gato, Miguel Esteves Cardoso, Pedro Marques, Rui Lage e Vasco Gato.
«"Deu cabo disto tudo", é fácil de dizer. E foi o que se disse, mal o teatro de Samuel Beckett começou a aparecer nos palcos, primeiro em Paris, depois em Londres, pelo mundo fora, incluindo Lisboa em 1959... Pois foi, com Beckett lá se foram rosas, sedas, intrigas, personagens, situações, tafetás, conflitos, tudo aquilo a que nos habituáramos a chamar teatro.
Cada vez menos, parece ele dizer, apenas uma respiração.
E, no entanto, mesmo que abalado por ele, mesmo que enterrado, o teatro continua com ele no coração: nada voltou a ser como foi, mas é nosso dever continuar.
Eis, finalmente, o seu Teatro Completo em português. Traduções históricas, traduções recentes, todo o seu teatro, essa máquina demolidora de onde havemos de ressurgir.»
Jorge Silva Melo
| Editora | Edições 70 |
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| Coleção | Extra Coleção |
| Categorias | |
| Editora | Edições 70 |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Samuel Beckett |
Samuel Beckett (1906-1989) nasceu em Foxrock, perto de Dublin na República da Irlanda no seio de uma família burguesa e protestante. Estudou francês e italiano no Trinity College de Dublin e foi professor em Paris onde conheceu James Joyce. Torna-se grande admirador do escritor que influencia a sua obra fortemente. Viveu a sua vida entre a Irlanda, Londres, Alemanha e França onde fez parte da Resistência durante a II Guerra Mundial. É no pós-guerra que se vive o período mais intenso da sua produção literária, com a escrita em francês e entre outros textos, da peça "À Espera de Godot", de uma trilogia de romances e de quatro novelas. Utiliza nas suas obras uma riqueza metafórica imensa, privilegiando uma visão pessimista acerca do fenómeno humano. É considerado um dos principais autores do denominado teatro do absurdo. Recebeu o Nobel da Literatura em 1969, distribuindo o dinheiro pelos amigos. Morre em Paris em 1989, tendo sido enterrado no cemitério de Montparnasse.
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WattWatt marca o início da carreira literária de Samuel Becket no pós-guerra. É fruto dos anos de trabalho passados nas montanhas Vauclase, escondido da Gestapo, que viriam mais tarde a inspirar também Waiting for Godot. Ao contrário da obra subsequente, Watt mantem-se, na sua essência, extremamente irlandês, sendo um romance filosófico pleno do humor sinistro que caracterizara as suas primeiras ficções, como More Pricks Than Kicks e Murphy. As deambulações de Watt, especialmente em casa do excêntrico Mr. Knott, e as descrições lógicas para suscitar sentido contam-se certamente entre as invenções mais cómicas da literatura moderna. Publicado pela primeira vez pela libertina Olympia Press em 1953, Watt tornou-se um dos mais apreciados e citados romances de Beckett. As singularidades e omissões tipográficas foram mantidas tal como Beckett as deixou no texto. -
À Espera de GodotPeça-chave do teatro do absurdo, história que reúne duas das duplas mais conhecidas dos palcos – Vladimir/Estragon e Pozzo/Lucky. Becket foi o inventor da farsa metafísica, misturador do trágico, do burlesco e do cómico. "O que eu quis dizer é exactamente o que eu disse", afirmou.«Inventor da farsa metafísica, misturador do trágico, do burlesco e do cómico, com Beckett fica-nos a certeza de estarmos perante uma obra rigorosa, feita a partir de um universo que não é só de vazio e desolação mas de fluxos emotivos, que imobilizam ou agitam as suas personagens.»Diário de Notícias«Ao longo deste meio século, desde que subiu á cena no Teatro Babylone, À Espera de Godot tornou-se num clássico do teatro contemporâneo, chegando a criar uma «Godotologia» em torno do significado do nome Godot.» Jorge Henrique Bastos, Expresso«A bomba de Hiroxima ecoou neste texto ainda enigmático de Beckett, finalmente reeditado e com tradução rigorosa. Onde ecoa o que se passa agora.»Jorge Silva Melo, Diário de Notícias
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Obras Completas de Maria Judite de Carvalho - vol. I - Tanta Gente, Mariana - As Palavras PoupadasA presente coleção reúne a obra completa de Maria Judite de Carvalho, considerada uma das escritoras mais marcantes da literatura portuguesa do século XX. Herdeira do existencialismo e do nouveau roman, a sua voz é intemporal, tratando com mestria e um sentido de humor único temas fundamentais, como a solidão da vida na cidade e a angústia e o desespero espelhados no seu quotidiano anónimo.Observadora exímia, as suas personagens convivem com o ritmo fervilhante de uma vida avassalada por multidões, permanecendo reclusas em si mesmas, separadas por um monólogo da alma infinito.Este primeiro volume inclui as duas primeiras coletâneas de contos de Maria Judite de Carvalho: Tanta Gente, Mariana (1959) e As Palavras Poupadas (1961), Prémio Camilo Castelo Branco. Tanta Gente, Mariana «E a esperança a subsistir apesar de tudo, a gritar-me que não é possível. Talvez ele se tenha enganado, quem sabe? Todos erram, mesmo os professores de Faculdade de Medicina. Que ideia, como havia ela de se enganar se os números ali estavam, bem nítidos, nas análises. E no laboratório? Não era o primeiro caso? Lembro-me de em tempos ter lido num jornal? Qual troca! Tudo está certo, o que o médico disse e aquilo que está escrito.» As Palavras Poupadas (Prémio Camilo Castelo Branco) «- Vá descendo a avenida - limita-se a dizer. - Se pudesse descer sempre - ou subir - sem se deter, seguir adiante sem olhar para os lados, sem lados para olhar. Sem nada ao fim do caminho a não ser o próprio fim do caminho. Mas não. Em dado momento, dentro de cinco, de dez minutos, quando muito, terá de se materializar de novo, de abrir a boca, de dizer «vou descer aqui» ou «pare no fim desta rua» ou «dê a volta ao largo». Não poderá deixar de o fazer. Mas por enquanto vai simplesmente a descer a avenida e pode por isso fechar os olhos. É um doce momento de repouso.» Por «As Palavras Poupadas» vai passando, devagar, o quotidiano anónimo de uma cidade, Lisboa, e dos que nela vivem. type="application/pdf" width="600" height="500"> -
Livro do DesassossegoO Livro do Desassossego é um dos maiores feitos literários do século XX. Obra-prima póstuma, retrato da cidade de Lisboa e do seu retratista, compõe-se de centenas de fragmentos, oscilando entre diário íntimo, prosa poética e narrativa, num conjunto fundamental para compreender o lugar de Fernando Pessoa na criação da consciência do mundo moderno.Nesta nova edição, Jerónimo Pizarro, reconhecido estudioso pessoano, regressa às fontes dos textos que Fernando Pessoa pretendia incorporar no Livro do Desassossego.Com uma nova organização, melhorando a decifração de quase todos os fragmentos, este livro reúne os atributos para se tornar na edição de referência. -
Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os HomensNeste brilhante e revolucionário discurso que influenciou todo o pensamento político e social produzido desde então, Rousseau explora os fatores que contribuem para a injusta e desestabilizadora desigualdade entre os homens. Publicado em 1755, antecipando a convulsão da Revolução Francesa, o filósofo discorre acerca da natureza do homem e aponta a instituição da propriedade privada e o conflito com o mundo natural imposto pela civilização como corruptores da felicidade e liberdade primordiais. Argumentando que o homem primitivo estaria numa posição de igualdade em relação aos seus pares, gozando de uma liberdade e felicidade que lhe seria intrínseca, Rousseau denunciava a crescente sofisticação civilizacional, com as suas instituições artificiais de riqueza, poder e privilégio, como causa principal de um desequilíbrio insanável na Humanidade, atribuindo uma vantagem desmesurada aos mais fortes sobre os mais fracos e assim alimentando injustiças e conflitos. Alvo de duras críticas e também de defesas apaixonadas na época, este discurso viria a tornar-se um clássico da filosofia política e permaneceu, hoje como então, tão atual quanto polémico. -
Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
O Regresso das Ditaduras?Sabia que, entre novas e antigas, as ditaduras comandam hoje mais de um terço do mundo? Pois é, os regimes autoritários estão de regresso, e impõe-se identificá-los e aos seus mecanismos. Cresceram em número, mas sobretudo em variedade. Destacam-se em quase todo o território da ex-URSS, assomam na Turquia e na Hungria e dominam potências como a Rússia e a China ou países com grande importância estratégica, como a Arábia Saudita, as Monarquias do Golfo ou a Venezuela. O presente ensaio apresenta e explica o mapa-mundo actual das ditaduras. Disseca os modos de dominação predominantes e salienta como, cada vez mais, os regimes autoritários “se vestem como democracias”. Assinala continuidades e mudanças e permite uma premente visão global do autoritarismo político contemporâneo, confirmando-o no pólo oposto da governação democrática. -
Memorial do Convento«Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.»(Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998) -
Atriz e Ator Artistas - Vol. I - Representação e Consciência da ExpressãoNas origens do Teatro está a capacidade de inventar personagens materiais e imateriais, de arquitetar narrativas que lancem às personagens o desafio de se confrontarem com situações e dificuldades que terão de ultrapassar. As religiões roubaram ao Teatro as personagens imateriais. Reforçaram os arquétipos em que tinham de se basear para conseguirem inventariar normas de conduta partilháveis que apaziguassem as ansiedades das pessoas perante o mundo desconhecido e o medo da morte.O Teatro ficou com as personagens materiais, representantes não dos deuses na terra, mas de seres humanos pulsionais, contraditórios, vulneráveis, que, apesar de perdidos nos seus percursos existenciais, procuram dar sentido às suas escolhas.Aos artesãos pensadores do Teatro cabe o desígnio de ir compreendendo a sua função ao longo dos tempos, inventando as ferramentas, esclarecendo as noções que permitam executar a especificidade da sua Arte. Não se podem demitir da responsabilidade de serem capazes de transmitir as ideias, as experiências adquiridas, às gerações vindouras, dando continuidade à ancestralidade de uma profissão que perdura.