Vidas Instáveis
Vidas Instáveis reúne nove ensaios de António Mega Ferreira que apresentam sob nova luz e sombras figuras tão díspares como Leonardo, Balzac, Junger ou Marilyn. João Queiroz pintou para cada uma, as paisagens em que se movem. «Sobre esta minha paixão, sobre este desespero de não ver o que está para lá do sorriso de Marilyn, o Dr. Freud teria, não tenho dúvidas, uma qualquer explicação inteligente, embora, quase de certeza, deslocada. Ou talvez não…»
| Editora | Abysmo |
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| Editora | Abysmo |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | António Mega Ferreira |
António Mega Ferreira, escritor, gestor e jornalista, nasceu em Lisboa em 1949. Estudou Direito e Comunicação Social, foi jornalista no Jornal Novo, no Expresso, em O Jornal e na RTP, onde chefiou a redacção da Informação do segundo canal. Foi chefe de redacção do JL — Jornal de Letras, Artes e Ideias. Fundou as revistas Ler e Oceanos. Chefiou a candidatura de Lisboa à Expo’98, de que foi comissário executivo. Foi presidente da Parque Expo, do Oceanário de Lisboa e da Atlântico, Pavilhão Multiusos de Lisboa. S.A. De 2006 a 2012, presidiu à Fundação Centro Cultural de Belém. De 2013 a 2019, desempenhou as funções de director executivo da AMEC/Metropolitana.
Tem cerca de 40 obras publicadas, entre ficção, ensaio, poesia e crónicas.
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O Essencial sobre Dante Alighieri«Se há, em qualquer literatura, uma obra que se aproxime da designação “poema nacional”, essa é certamente A Divina Comédia, composto por Dante Alighieri (1265-1321) nas duas primeiras décadas do século XIV, período durante o qual viveu continuadamente exilado da sua cidade de Florença, da qual fora expulso por razões políticas. Ao longo dos seus mais de catorze mil versos, agrupados em cem cantos, e escritos em língua vulgar, o poema de Dante («poema sacro... no qual puseram mão o céu e a terra») descreve as jornadas que conduzem o autor até à revelação divina, através das penas do Inferno, dos trabalhos do Purgatório e das beatitudes do Paraíso.»Dante expirou poucos meses após ter concluído a Commedia (mais tarde denominada Divina Comédia) e iniciou, como o próprio diz, a sua viagem para a revelação do amor divino, «o amor que move o Sol e as mais estrelas». -
A Expressão dos AfectosO que é que atrai as pessoas umas para as outras, o que é que as prende, o que é que, por fim, as afasta? É sobre as modulações desta química subtil que se arquitecta a maior parte dos textos ficcionais que integram A Expressão dos Afectos. Mas há mais: um exercício borgeano (ou menardiano?), uma evocação de Casablanca (ou de Casablanca?), a noite em que Júlio César soube que ia morrer. Cobrindo um leque temporal de dez anos, nem todas as ficções d'A Expressão dos Afectos são contos, no sentido mais convencional do termo. Mas em todos existe a mesma utilização da escrita ficcional para interrogar o mistério dos afectos, das fantasias e das emoções. -
AmorWinnie, personagem encantadora e de idade indeterminada, pertencia a esse conjunto de pessoas que “têm mundo”, “parecia saber tudo, ter estado em todos os sítios no exacto momento em que eles se tinham tornado interessantes”. Mas alguma coisa se passara na vida de Winnie no dia em fizera dezasseis anos. O quê, não se sabe ao certo. Vinte anos depois de a ter conhecido e amado, um homem parte à descoberta do segredo e, entre os papéis de Winnie, descobre uma carta: “Esta carta de amor é um excesso (e isso prova superiormente que é uma carta de amor): eu amo não a ideia de amar-te (durante muito tempo, eu julguei que era apenas isso), mas a ideia de perder-me no meu amor por ti. E mesmo amar-te é um excesso, porque tudo aconselharia que eu me limitasse a mistificar-te, que é a melhor forma de evitarmos enfrentar a realidade”. No final, espera-o a revelação de um vazio e uma pergunta: onde reside a essência do amor? -
As Caixas ChinesasA memória não é uma caixa de imagens. A memória é apenas uma moldura que delimita o espaço de um quadro, mas que lhe ignora o tempo, que mistura as cores e as formas numa espécie de cadinho adormecido sobre o aparador da infância. E depois, um dia, a necessidade ou a imaginação despertam-na, e ela transforma-se em fábrica de sonhos e de ilusões, um pouco mais de emoção aqui, um diálogo retocado acolá, bruscamente as imagens todas rodopiam sobre si próprias e, quando de novo se aquietam, quando se tornam suficientemente nítidas para poderem ser evocadas, quem pode dizer que foi esse o lugar que elas ocupavam quando tudo se passou, quem se atreve a garantir que tudo se passou assim mesmo, quem ousaria jurar que alguma coisa se passou? -
Retratos de SombraEm dezanove textos biográficos, de Camilo a Mário Soares, de Churchill a Giorgio Armani, é construída uma galeria de personagens que fazem parte da experiência, jornalística e literária, do autor. São perfis, entrevistas, apontamentos, ou simples percepções da sombra que cada um deles projectou no seu ângulo de visão: Borges, Yourcenar e Chostakovitch, mas também Pessoa, Oscar Wilde, Stefan Zweig, Pascoaes. -
O Que Há-de Voltar a PassarEm O Que Há-de Voltar a Passar o leitor perde-se, como num livro de aventuras, no lugar e na memória do narrador e do seu Jano, a figura de duas faces que, ao olhar para trás, o faz seguir em frente. E assim surgem apetecíveis cerejas e begónias saídas de um recanto do jardim de Proust, um poema de William Carlos Williams, descrições do fracasso, da dor física, “coisa tão íntima, tão absurdamente vexatória”. Assim se percorre a geografia melancólica desta narrativa, encontrando-se “o que sabemos” e “o que há-de voltar a passar”. Neste livro sobre a escrita, sobre um escritor, edifica-se uma pequena teoria sobre o romance, tornando-se este, à semelhança do descrito no Quarteto de Alexandria de Durrell, em cidade transformada em mundo, quando nos apaixonamos por um dos seus habitantes. “Um dia perguntei a Jano quem era e ao que vinha. Jano, que é um animal político disfarçado de toutinegra, deu uma gargalhada: ‘Eu sou a tua mão direita, a que escreve. Já reparaste que tens a esquerda tolhida?’ Ou, então: ‘Eu sou a tua mão esquerda, a que te vê escrever. Já reparaste como a tua mão direita está tolhida de pensamento, absorta na acção?’ E, como a resposta não me satisfizesse, especificou, preocupado: ‘Eu sou o que olha para trás e te faz seguir em frente’. -
Fotobiografia de Teixeira de PascoaesNeste livro, seguindo as pistas que nos deixaram as fotografias, cartas e desenhos de Teixeira de Pascoaes, é ilustrado o seu percurso de vida. Em capítulos que recuperam o nome de algumas das obras e poemas que escreveu, conhecemos a sua meninice e o solar em Gatão, os tempos de estudante em Coimbra, as viagens, as amizades ibéricas e a velhice. “Não é uma biografia”, é antes um testemunho iconográfico, uma obra construída com o apaixonado e cuidado interesse de António Mega Ferreira, para que não esqueçamos um escritor e poeta cuja obra tem tanto para dar. -
O Tempo que Nos Cabe“O Tempo Que Nos Cabe (Ainda)É dentro da cabeça,lá dentro,que o tempo nos consomee nos faz falta.Não há chuva mornanem solque nos aqueça, quandonos falta o sopro,a luz, a cega fé que nos mantémdespertos, quandopor fora, o corpojá anuncia a noitemais profunda.Por isso,é dentro da cabeça,cá dentro,para lá dos céus,antes que o mar termine,nesta imensa confusãode meridianosque nos dói e nos deslumbra,que se aloja o segredoindecifrável:a cor, o som, a luzque nos conforta,neste intensamente breveinstanteque é o tempo que nos cabe.” -
Por D. Quixote - O literato, o justiceiro e o amoroso“Recolhem-se neste livro três ensaios suscitados pela minha longa e apaixonada convivência com El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, livro de livros e bíblia de pobres e ricos, como convém a uma obra de devoção.O primeiro texto é uma versão muito desenvolvida da conferência que pronunciei no dia 26 de Abril de 2005, no Instituto Cervantes, em Lisboa, a propósito do quarto centenário da publicação da primeira parte do D. Quixote, que aconteceu em 1605. O segundo teve origem num convite para colaborar no número de Outono desse mesmo ano da revista Foro das Letras (números 11/12, Novembro de 2005), publicação da Associação Portuguesa de Escritores-Juristas dirigida por António Osório, e permitiu-me abordar algumas questões relativas ao estatuto social e político do fidalgo de La Mancha, que há muito trazia comigo. O terceiro é inédito e ensaia uma aproximação pouco ortodoxa ao lugar de Dulcineia — e de outras mulheres que povoam o texto de Cervantes — nas fantasias eróticas do Engenhoso Fidalgo.O leitor notará que, para lá de algumas fontes clássicas ou de referência obrigatória, bebi mais em textos ensaísticos de ficcionistas e poetas do que nas abordagens, certamente muito rigorosas e conhecedoras, mas talvez um pouco secantes, dos mais ilustres cervantistas. Interpelação constante de um escritor a todos os escritores, o D. Quixote é, para mim, sobretudo, um inesgotável manancial de descoberta e maravilha, de invenção e risco. É “uma passagem do milagre ao mistério com uma escala indefinida no assombro”, como escreveu, cintilantemente, Carlos Fuentes.”António Mega Ferreira -
O Deserto Ocidental“Uma noite, há muitos anos, passeando pelas ruas estreitas do Marais, em Paris, na companhia de Eduardo Prado Coelho, reconfortados com as energias desencadeadas por duas garrafas de um Brouilly légèrement frappé, deparámos, ao virar de uma esquina, com uma loja que exibia, com a insidiosa indiferença com que os anúncios inteligentes costumam oferecer-se à surpresa dos passeantes, um nome de irresistível sugestão poética: Le désert occidental. Devemos ter pensado ao mesmo tempo na mesma coisa. Um de nós, juro que não sei qual, disse: que excelente título para um livro.Mas sei que fui eu que me adiantei: este é para mim.Magnânimo, Eduardo concedeu: está bem, podes ficar com ele.”“Este não é um livro de ruínas nem de paisagens desoladas. Como atravessa lugares intensamente povoados, o título acaba por resultar quase ironia. O Deserto Ocidental era um título bonito, poético e melancólico. Tornou-se, ao fazer-se, um lugar de esperança e de alegrias várias, porque é maior o espaço sem fronteiras que se depara ao pensamento que os constrangimentos inexplicáveis em que, por vezes, se afoga o coração.”António Mega Ferreira
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».