A Chave de Luneta
Sobre ele, Bernard Levin, do The Times, escreveu: «Este não é um livro para jornalistas. Os funcionários públicos também se sentirão inquietos quando o lerem, e quanto aos advogados, nunca mais dormirão. Pois trata-se de um livro sobre um homem na sua qualidade de homo faber, de fabricante de coisas com as próprias mãos, e o que fizemos nós nas nossas vidas a não ser palavras?! Digo que é "sobre" o homem que faz; na verdade, é mais um hino de louvor do que uma descrição, e não só porque o herói do livro, que é um trabalhador, é, de facto, um herói - uma figura, na sua humanidade e simplicidade, digna de ser incluída no catálogo de gigantes míticos, ao lado de Hércules, Atlas, Gargântua e Orion. Ele é Faussone, um "armador".»
| Editora | Minotauro |
|---|---|
| Coleção | Clássicos do Século XX |
| Categorias | |
| Editora | Minotauro |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Primo Levi |
Primo Levi nasceu em Turim, em 1919, e suicidou-se nessa cidade em 1987. Licenciado em Química, participou na Resistência, foi preso e internado no campo de concentração de Auschwitz. É com Calvino e Pavese, uma das principais figuras da geração italiana do pós-guerra. Notabilizou-se pela autoria de vários livros sobre a experiência naqueles campos ? de que o livro Se isto é um homem é o exemplo mais célebre ? assim como por contos e romances. Assim foi Auschwitz, escrito com Leonardo De Benedetti e curado por Fabio levi e Domenico Scarpa, recolhe um conjunto admirável de textos inéditos em Portugal sobre a experiência dos campos de extermínio. «Esta é a experiência da qual saí e que me marcou profundamente; o seu símbolo é a tatuagem que até hoje trago no braço: o meu nome de quando não tinha nome, o número 174517. Marcou-me, mas não me tirou o desejo de viver. Aumentou-o, porque conferiu uma finalidade à minha vida, a de dar testemunho, para que nada semelhante alguma vez volte a acontecer. É esta a finalidade que têm os meus livros.»
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Se Isto é Um HomemNa noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado. Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta. Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus. -
Se Não Agora, Quando?Primo Levi, prisioneiro em Auschwitz, afasta-se do memorialismo mais direto para transformar em matéria romanesca a sua intensa experiência dos dramas da Segunda Guerra Mundial. Em Se não agora, quando? - o seu livro mais extenso e o único a que chamou abertamente de romance - Primo Levi conta-nos a história de um bando de judeus que, desgarrando-se do Exército Vermelho na Bielorrússia, em 1943, atravessa a Polónia e a Alemanha rumo à Itália. Ao longo dessa caminhada de dois mil quilómetros, as personagens juntam-se à luta da Resistência, vivem o medo, entram em conflito ou solidarizam-se entre si, sempre rodeados pela morte, mas sem que Primo Levi renuncie a um humor subtil para caracterizá-las. -
Se Isto É Um Homem - Livros RTP Nº 21Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado.Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta.Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus. -
O Sistema PeriódicoA memória dos anos antes e depois da prisão de Primo Levi em Auschwitz, pelo autor de Se Isto é um Homem. Na véspera de se retirar do universo da química para se dedicar exclusivamente à escrita, Primo Levi oferece-nos, através de 21 capítulos, cada um com o nome de um elemento da tabela periódica, um relato da sua vida enquanto cientista e através do qual responde a inúmeras e complexas questões sobre o mundo e sobre si próprio. O Sistema Periódico é, pois, um conjunto de vivências de um químico judeu do Piemonte, combatente antifascista, deportado e escritor, vistas através do caleidoscópio da química. As histórias cobrem a vida do autor, do nascimento à redação deste livro, passando por momentos fulcrais como a infância, a descoberta da vocação e a sua formação como químico, os amores e as amizades, o crescimento do movimento fascista italiano e o aparecimento das leis raciais, a vida na clandestinidade, a prisão e o encarceramento em Auschwitz, e o regresso aos laboratórios do campo de concentração já no pós-guerra. Um testemunho autobiográfico único por um dos principais romancistas do século XX. -
Os que Sucumbem e os que se SalvamÚltimo livro do autor, marca a conclusão das reflexões que deram vida a Se Isto É Um Homem, um livro incontornável.Quarenta anos depois do clássico Se Isto É Um Homem, Primo Levi, consciente de que o Holocausto corria o risco de, pouco a pouco, ser apagado da memória coletiva, voltou ao tema dos campos de concentração nazis com a apaixonada e apaixonante clareza de toda a sua obra. O resultado foi este livro de 1986 – um ano antes do seu suicídio – no qual procura respostas para perguntas que nunca deixaram de o obcecar até ao fim. Como se constrói um monstro? Era possível compreender de dentro a lógica da máquina de extermínio? Era possível revoltar-se?Os Que Sucumbem e os Que Se Salvam fecha o tríptico iniciado com Se Isto É Um Homem e continuado em A Trégua, que constitui, sem dúvida, uma das mais lúcidas e impressionantes visões dos campos de extermínio nazis.A mais importante reflexão sobre o colapso moral que ocorreu em Auschwitz e sobre a falibilidade da memória humana, que permite que tais atrocidades se repitam. Um ensaio para compreender o século xx e reconstruir uma antropologia do homem contemporâneo. -
A TréguaPrimo Levi inscreveu o seu nome entre os maiores escritores do século XX, a partir da experiência de prisioneiro e sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz. A sua prosa literária tem a força expressiva das narrativas em que a voz da testemunha se alia ao trabalho da memória e da recriação da vida nos limites máximos da dor e da destruição.A Trégua, continuação de Se Isto é Um Homem, é considerado por muitos críticos a sua obra-prima: diário da viagem rumo à liberdade, depois de dois anos de internamento no lager nazi, este livro, mais do que uma simples evocação biográfica, é um extraordinário romance picaresco.A aventura movimentada e pungente por entre as ruínas da Europa libertada – desde Auschwitz, através da Rússia, da Roménia, da Hungria e da Áustria, até Turim –, desenrola-se ao longo de um itinerário tortuoso, pontilhado de encontros com pessoas pertencentes a civilizações desconhecidas e vítimas da mesma guerra: desde Cesare «amigo de toda a gente», charlatão, trapaceiro, temerário e inocente, até aos bíblicos comboios do Exército Vermelho desarmado. A epopeia de uma humanidade reencontrada, que procura uma nova vontade de viver depois de ter atingido o limite extremo do horror e da miséria. -
O Dever de MemóriaOriundo de uma família italiana judia liberal, Primo Levi (1919‐1987) cedo conviveu com o anti‐semitismo. Em 1938, pouco depois de entrar na Universidade de Turim para cursar Química, o governo fascista proibia os judeus de frequentar escolas públicas. Apesar das dificuldades em encontrar orientador para a sua tese, Levi terminou os seus estudos com mérito; o seu diploma tem impressa a designação raça judia. Quando, em 1943, o governo italiano assinou o armistício com os Aliados, Mussolini foi resgatado da prisão pelos alemães, começando a comandar um pequeno estado ítalogermânico no Norte de Itália, conhecido como República Social Italiana. Nesta zona parcialmente ocupada pelos alemães, o movimento de resistência italiano (Movimento Justiça e Liberdade) ganhou força e partidários como Primo Levi. Sem preparação militar, cedo foram feitos prisioneiros pela milícia fascista. A origem judia de Levi fez com que o enviassem para o campo de prisioneiros em Fossoli, perto de Modena. Em 11 de Fevereiro de 1944 os prisioneiros desse campo foram transportados para Auschwitz. Levi permaneceu nesse campo 10 meses, até ser libertado pelo Exército Vermelho. Dos 650 judeus italianos naquele campo de morte, sobreviveram 20. Levi dedicou grande parte da sua vida à divulgação do seu testemunho como prisioneiro. Morreu em Turim, na casa em que nasceu, não se sabe se por acidente ou suicídio. Perante a notícia da sua morte, Elie Wiesel comentou: «Primo Levi morreu em Auschwitz quarenta anos depois.» -
O Último Natal de GuerraO último Natal de Guerra reúne 26 contos originalmente publicados em jornais, que Marco Belpoliti, crítico da obra de Primo Levi, relançou numa edição póstuma. Ao longo dos contos, o autor, partindo da sua experiência como prisioneiro judeu nos campos de concentração nazi - o tema central da literatura de Primo Levi - mostra-se engenhoso na narrativa de estrutura breve, explorando modos de escrita e variações temáticas. O humor de Levi é de uma profunda compreensão do espírito humano, de uma tendência para tudo observar com espanto e regozijo, surpreendendo-se e maravilhando-se sem nunca renunciar à sua capacidade analítica e crítica. Através das características, dos aspectos biológicos e dos comportamentos de animais entrevistados, o autor descreve o nosso mundo – os hábitos, as atitudes, os tabus, os lugares-comuns. Primo Levi enceta assim um exercício antropológico por meio da observação do mundo natural. A presente edição dos Livros Cotovia é uma tradução do italiano de Clara Rowland. -
Se Não Agora, Quando?O primeiro verdadeiro romance do autor de Se Isto É Um Homem, Vencedor dos Prémios Viareggio e Campiello. Primo Levi, prisioneiro em Auschwitz, afasta-se do memorialismo mais direto para transformar em matéria romanesca a sua intensa experiência dos dramas da Segunda Guerra Mundial. Em Se não agora, quando? ? o seu livro mais extenso e o único a que chamou abertamente de romance ? Primo Levi conta-nos a história de um bando de judeus que, desgarrando-se do Exército Vermelho na Bielorrússia, em 1943, atravessa a Polónia e a Alemanha rumo à Itália. Ao longo dessa caminhada de dois mil quilómetros, as personagens juntam-se à luta da Resistência, vivem o medo, entram em conflito ou solidarizam-se entre si, sempre rodeados pela morte, mas sem que Primo Levi renuncie a um humor subtil para caracterizá-las.Primo Levi, um dos mais destacados escritores do pós-guerra, nasceu em Turim, em 1919, e suicidou-se em 1987. Licenciado em Química, participou na resistência contra a ocupação nazi e, na noite e 13 de dezembro de 1943, foi preso. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em fevereiro do ano seguinte. Aí permanecerá até finais de janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado. Narrou a sua experiência pessoal em vários livros premiados, entre os quais se destacam Se Isto É Um Homem, Se não agora, quando?, A Trégua, Os Que Sucumbem e os Que Se Salvam e O Sistema Periódico.Ver por dentro: -
Se Isto é um HomemNa noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado. Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta. Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus.Ver por dentro:
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».

