A Hermafrodita e a Inquisição Portuguesa - O Caso que Abalou o Santo Ofício
Baseado na investigação de um processo inquisitorial, François Soyer faz-nos um relato biográfico e vívido de Maria Duran, desde a fuga do seu casamento com um homem, na Catalunha, até à sua passagem pelo Sul de França, e por Barcelona, onde virá a integrar o exército espanhol como soldado. Posteriormente viaja para Portugal, onde, como mulher, dará entrada em sucessivas casas de recolhidas em instituições eclesiásticas para mulheres. Com uma personalidade complexa, seduz diversas freiras e recolhidas, é acusada de ser um homem e de se fazer passar por mulher num contexto conventual e de ter tratos com o Diabo.
Um percurso por várias organizações conventuais leva-a a Évora, onde após novas aventuras será finalmente detida pela Inquisição. O Santo Ofício reuniu vários médicos, cirurgiões e parteiras para realizar exames minuciosos ao corpo de Maria, e em particular aos seus órgãos sexuais. Os relatórios e discussões dos inquisidores oferecem relatos fascinantes das atitudes em relação ao sexo e género na Europa do início da era moderna.
Com base nos extensos arquivos do julgamento, o autor utiliza a história de Maria para trazer novas perspetivas sobre aspetos da vida muito raramente registados em documentos do início da era moderna: a transgressão das normas de género, sexualidade transgressora e a violência sexual em instituições religiosas femininas, para além dos medos e debates sobre o poder que o Diabo poderia exercer sobre o corpo humano. E tudo isto num contexto português.
| Editora | Bertrand |
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| Editora | Bertrand |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | François Soyer |
François Soyer é doutorado em História pela Universidade de Cambridge e membro da Royal Historical Society do Reino Unido. As suas áreas de investigação centram-se na história do antissemitismo e da propaganda antissemítica nos inícios da Idade Moderna, em particular no contexto ibérico, nas Inquisições portuguesa e espanhola e na história do género e da sexualidade na Península Ibérica.
Professor associado da Universidade da Nova Inglaterra, na Austrália, é autor de vários livros, incluindo A Perseguição aos Judeus e Muçulmanos de Portugal – D. Manuel I e o Fim da Tolerância Religiosa (1496-1497) (2013), Antisemitic Conspiracy Theories in the Early Modern Iberian World (2019) e Ambiguous Gender in Early Modern Spain and Portugal (2012). É, ainda, coeditor do volume III da obra Emotions in Europe 1517-1914, intitulado Revolutions, 1715-1789 (2021).
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A Perseguição aos Judeus e Muçulmanos de Portugal - D. Manuel I e o Fim da Tolerância Religiosa (1496-1497)Em 1496-7, D. Manuel I forçou os judeus a converter-se ao cristianismo e expulsou todos os súbditos muçulmanos. Portugal foi o primeiro reino da Península Ibérica a acabar definitivamente com a coexistência judaico-cristã-muçulmana, criando assim um reino exclusivamente cristão. Tendo por base narrativas e fontes documentais em português, espanhol e hebraico, François Soyer colige as circunstâncias que culminaram nos acontecimentos de 1496-7 e apresenta uma reconstrução detalhada da perseguição aos judeus. São contestadas visões amplamente aceites sobre o impacto da chegada a Portugal dos judeus expulsos de Castela em 1492, a disputa diplomática que levou à conversão forçada dos judeus portugueses em 1497 e as causas da expulsão da minoria muçulmana. Este livro trata, pois, o momento crucial da história portuguesa em que a tolerância religiosa deixou de ser parte integrante da política régia. Por esta razão, a circunstância marca uma viragem da política oficial que circunscreve para sempre a nossa cultura à cristandade. É então através da combinação da escolha indefectível desta orientação religiosa com uma intolerância até então estranha à nossa cultura que nasce no nosso imaginário uma perplexidade e um interesse por esta decisão histórica.
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?