Alberto Carneiro - Natureza Dentro
Nesta natureza intacta, cidade imaginária, nos encontramos.
Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Alberto Carneiro – Árvores e Rios», com curadoria de António Gonçalves, realizada na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, de 10 de Junho a 23 de Setembro de 2017.
Este trabalho é sobre o projeto, sobre o desenho. É sobre a terra, sobre a arte, sobre as «cidades». É sobre a natureza, sobre a transparência da opacidade do que não vemos, sobre a densidade de um mundo fascinante.
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Conheci pessoalmente Alberto Carneiro em Outubro de 1987, como seu aluno na disciplina de Desenho, do segundo ano do curso de Arquitetura da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Trinta anos decorreram desde essa data. Nesta natureza intacta, cidade imaginária, nos encontramos. Em mim ficou esse fascínio da ligação entre o ensino e a obra, os diálogos do olhar, as conversas que mantivemos depois de terminado o ano, os contactos esparsos ao longo destas três últimas décadas. A amizade, uma profunda admiração e gratidão.
A maquete deste livro foi apresentada a Alberto Carneiro e por si bem recebida. À data desta publicação já não podemos contar com a sua presença. A sua obra e a sua visão, permanecem. [Duarte Belo]
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Orlando RibeiroEste é um livro de grande afecto e a homenagem fotográfica de Duarte Belo ao grande geógrafo Orlando Ribeiro. Que a homenagem comece na viagem pelo interior da sua casa para depois se prolongar no mais amplo e alto espaço português, o da Serra da Estrela, demonstra a assumida cumplicidade no profundo amor de ambos, geógrafo e fotógrafo, à nossa terra, apesar da diferença geracional. Mas Duarte Belo dá-nos ainda uma mão cheia de belos textos traduzidos para francês por Suzanne Daveau. É um livro de amor, como observou atentamente Tereza Siza. -
Ruy Belo - Coisas de SilêncioHá poetas que sempre foram lidos e amados por um grupo mais ou menos devotado de seguidores. Ruy Belo é um desses poetas de culto que não parou de crescer desde os começos dos anos 60. A sua vida reabilitou e engrandeceu o quotidiano. Previu, poeticamente e com o coração, deslocações sociais e mesmo políticas. Procurou que a sensibilidade redimisse as pequenas entorses de um país de gente com pouco jeito para os negócios. Talvez por tudo isto, e muito mais, parece finalmente ter chegado a hora grande de Ruy Belo, isto é, do reencontro com o país puro que ele mesmo procurou até ao íntimo de si mesmo. O livro de fotografias e, principalmente, de amor de Duarte Belo inclui belos textos, entre eles o fundamental ensaio do poeta Manuel Gusmão acompanha a exposição bibliográfica de Ruy Belo. Este livro, juntamente com a exposição, constituem dois contributos complementares para melhor conhecer o homem envolto na integridade da sua poesia. -
Portugal Luz e Sombra«Orlando Ribeiro (1911-1997), um dos mais proeminentes geógrafos portugueses, fotografou exaustivamente o território nacional a partir de 1937. Durante quase cinco décadas fixou, pela imagem, o solo e as construções que nos rodeiam. Em 1985, quando arruma a sua câmara fotográfica, Portugal já entrara num processo de mudança que se tornava cada vez mais célere. Em 2011 voltámos a uma grande viagem que fora iniciada em Portugal - O Sabor da Terra e continuada em Portugal Património. Selecionámos um conjunto de fotografias do grande mestre da geografia e regressámos aos mesmos exatos locais das suas tomadas de vista. O que encontrámos não foram apenas alterações, mais ou menos significativas, de aspetos das paisagens e das arquiteturas, mas um tempo civilizacional diferente. Estas fotografias dão-nos conta, com fascínio e inquietação, do poder avassalador do tempo, e das imparáveis construções humanas, na modelação da identidade de um povo.» -
A Linha do TuaEste livro é um levantamento fotográfico da Linha do Tua. Do quilómetro 0, na foz do rio Tua, ao quilómetro 133, em Bragança, a linha oferece o caminho e o objecto que nos guia o olhar. As imagens registam o processo de conquista do vale do Tua pela natureza agreste, e a ambiguidade entre a violência e a delicadeza que o rasgamento da linha infligiu na morfologia do terreno. Essa construção permitiu o estabelecimento de um traçado contínuo e homogéneo, onde circularam comboios durante 121 anos, articulando paisagens que seriam naturalmente diversas. O abandono progressivo da linha pôs em marcha uma apropriação no sentido inverso, um tempo em que a Natureza e o Homem começaram a tomar conta dos materiais e das suas formas. O olhar de Duarte Belo regista estes processos sem complexos, com a calma e o tempo do percurso pedestre e com particular reverência ao valor patrimonial dos objectos e da paisagem. O resultado é um registo extensivo do que foi a Linha do Tua. Duarte Belo (Lisboa, 1968). Iniciou actividade como arquitecto e desde 1989 trabalha como fotógrafo. Tem levado a cabo um levantamento fotográfico sistemático da paisagem portuguesa, tendo publicado vários livros sobre o tempo e a forma do território português. O livro contou com a colaboração de Luís Oliveira Santos, a edição foi coordenada por André Tavares e desenhada por Alfaiataria. A Dafne Editora agradece o apoio da Quinta dos Murças à edição do livro. -
Magna Terra - Miguel Torga e outros lugaresAinda que sobre estas terras caia o esquecimento, de uma humanidade que esconde o seu medo da natureza na profundeza frágil das cidades, um dia talvez tenhamos que regressar a estes territórios.Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Magna Terra – Miguel Torga e outros lugares», de Duarte Belo, realizada no Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta, Sabrosa, de 17 de Janeiro a 31 de Março de 2018.Torga foi um dos mais singulares intérpretes de um tempo que passou, de uma comunidade, quase um país inteiro, que tinha raízes e garras presas a uma antiguidade remota, de feição animal, faminta, de uma sobrevivência em luta tenaz contra a pobreza na mais absoluta falta de liberdade. Torga fala-nos deste passado, mas também da permanência, da dureza das matérias do quotidiano, da suavidade amarga da memória de homens e mulheres. Dignidade e resistência. Esta é a magna terra que nos acolhe, Miguel Torga, escritor de um século. Agora, caminhamos sobre uma ausência deixada na terra.[…]Acordámos numa leitura do universo geográfico, próximo, de Miguel Torga: São Martinho de Anta e os territórios envolventes. São as paisagens do santuário de Nossa Senhora da Azinheira até ao Douro, de Sabrosa à Serra do Alvão. Há outros lugares que foram muito marcantes na vivência de Torga, particularmente Coimbra. A opção de ficarmos pela região onde nasceu, prende-se com o significado que a mesma assume na génese e no carácter de toda a sua obra literária. Há uma marca nestas terras transmontanas que permanece, há aqui um vinco telúrico de que Torga foi um exímio descodificador e singular voz. As suas palavras refletem paisagens que nenhuma fotografia pode revelar.Não deixámos, no entanto, de ensaiar uma viagem imaginária. Praticamente todas as fotografias foram feitas em 2017, especificamente para esta edição e exposição; há duas exceções, as fotografias do Santuário Rupestre de Panóias, de 2015, e as últimas fotografias, a preto e branco, retiradas de um arquivo que, há mais de 30 anos, constrói aproximações à representação do espaço português.[Duarte Belo] -
Caminhar OblíquoCaminhar Oblíquo é o relato e a reflexão sobre um itinerário pedestre de 530 quilómetros realizado entre o Penedo Durão, perto de Freixo de Espada à Cinta e o Cabo da Roca. O objetivo foi atravessar a longa diagonal montanhosa do centro de Portugal que divide o Portugal Atlântico, a norte, daquele outro meio país, a sul, sob influência climática da bacia do Mediterrâneo. Percorrer essa linha imaginária que, de forma indelével, distingue duas realidades que se entretecem num território relativamente pequeno mas de extraordinária diversidade paisagística. Percorremos a geografia de uma nação. -
A TorreUma reflexão sobre o espaço, sobre o tempo, sobre a existência de uma grande biblioteca que é entendida como um organismo vivo que habita uma cidade... «A Torre é um livro e uma leitura da evolução da obra de ampliação da Torre de Depósitos da Biblioteca Nacional de Portugal desde o momento em que foi escavado no solo o grande buraco onde foram assentes as fundações do edifício, até à conclusão da obra. O livro, como uma narrativa paralela à grande obra de betão, é estruturado por sete textos, de Maria Inês Cordeiro, que constituem uma reflexão sobre o espaço, sobre o tempo, sobre a existência de uma grande biblioteca que é entendida como um organismo vivo que habita uma cidade, que está no coração de uma cultura e de uma língua.» Duarte Belo «Em vários sentidos, a Biblioteca é uma enorme máquina — da construção do seu habitat ao seu funcionamento no dia-a-dia, passando pela invenção do seu conteúdo. A máquina está na natureza do fazer ou do operar das coisas, complemento do pensamento e vontade humanos. Mas está também no próprio pensamento. Entre a fábrica do edifício e a fábrica de ideias que são os livros há um contínuo de representações de vida, de leitura dos tempos, de desígnios colectivos cuja expressão é, as mais das vezes, difusa e imaterial. Da construção do edifício fica-nos este registo fotográfico que acompanha o que vai desaparecendo de vista na brevidade dos dias, com o rápido progresso da obra ao ritmo das tecnologias de hoje. O olhar curioso, atento ou aleatório do fotógrafo transcende a memória dos que participaram nesse processo, ao fixar paisagens, situações e detalhes pouco conhecidos, para criar um imaginário comum, feito de luz captada numa máquina.» Maria Inês Cordeiro -
Depois da EstradaDepois da estrada é o relato de uma viagem entre a Serra do Larouco e os arenitos recortados da praia da Coelha, não longe de Albufeira, no Algarve. O itinerário foi feito de carro com meios reduzidos ao mínimo essencial, durante cinco dias contínuos, de sol a sol, sem qualquer desvio para abastecimento alimentar. As noites foram passadas no campo, junto à estrada. O objetivo foi percorrer paisagens que estão longe de tudo, longe das cidades, longe do mar, longe dos eixos de desenvolvimento urbano do país, longe de monumentos ou de lugares turísticos, longe de Espanha. No fundo, percorrer um Portugal pouco povoado e ir compondo um retrato dessa realidade. -
Portugal - Olhares Sobre o PatrimónioUma viagem feita com o olhar pelo património natural e cultural existente em Portugal. Organizado em cinco grupos temáticos - património natural, religioso, militar, civil e de engenharia - este livro apresenta as principais unidades patrimoniais do país.
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Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.


