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Sinopse

«Assim seja a poesia que procura mos, gasta como um ácido pelos deveres da mão, penetrada pelo suor e o fumo, rescendente a urina e a açucena salpicada pelas diversas profissões que se exercem dentro e fora da lei. Uma poesia impura como um fato, como um corpo, com manchas de nutrição, e atitudes vergonhosas, como rugas, observações, sonhos, vigílias, profecias, declarações de amor e de ódios, bestas, abanões, idílios, crenças políticas, dúvidas, afirmações, imposições. A sagrada lei do madrigal e os decretos do tacto, olfacto, gosto, vista, ouvido, o desejo de justiça, o desejo sexual, o ruído do oceano, sem excluir deliberadamente nada, sem aceitar deliberadamente nada, a entrada na profundidade das coisas num acto de arrebatado amor, e o produto poesia manchado de pombas digitais, com marcas de dentes e gelo, roído talvez levemente pelo suor e o uso. Até alcançar essa doce superfície do instrumento tocado sem descanso, essa suavidade duríssima da madeira manejada, do orgulhoso feno. A flor, o trigo, a água têm também essa consistência especial, esse recurso de um magnífico tacto.»

Pablo Neruda, em «Sobre una poesía sin pureza», 1935

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Autor

Pablo Neruda

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