As 4 Idades da Filosofia - E Outros Textos
O título deste texto [«As 4 Idades da Filosofia»] repete o de outro, publicado num livro anterior. Tratava-se aí de diferenciar as idades históricas da filosofia na óptica das categorias finito/infinito. Aqui, trata-se de diferenciar essas mesmas idades mas em função das concepções do pensamento mais características de cada uma delas. Inspira-nos, neste desígnio, a distinção introduzida por Deleuze entre ideologia e noologia e as teses noológicas por ele expostas no seu ensaio sobre a filosofia. Ideologia, no sentido dessa distinção, remete para o estudo das doutrinas dos filósofos, dos seus sistemas de ideias, das suas constelações de conceitos. Em contrapartida, a noologia tem por objecto o estudo daquilo a que aquele filósofo chama as «imagens do pensamento», quer dizer, das respostas, tantas vezes implícitas, dos filósofos à questão «o que é pensar?», «o que é filosofar?». A noologia (de nous, palavra grega para espírito, ou pensamento) consiste, pois, na tematização das formas filosóficas de pensar tomadas em si mesmas, do pensamento do pensamento, da auto-imagem do filosofar pressuposta por cada filosofia, por toda a ideação conceptual, pela criação de ideologias filosóficas.
[Sousa Dias]
| Editora | Documenta |
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| Editora | Documenta |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Sousa Dias |
Sousa Dias nasceu no Porto em 1956. Professor. Publicou, entre outros livros, Questão de estilo (coletânea de textos de teoria da literatura e da arte), O que é poesia? (ensaios de teoria crítica) e Grandeza de Marx – Por uma política do impossível.
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Grandeza de Marx: por uma política do impossívelPode a Ideia de comunismo, nem que com outro nome, na sua imperatividade por assim dizer ética, na «messianicidade» (Derrida) da sua apelação como Ideia de uma justiça que expropriasse as expropriações organizadas como realidade «possível», de um Acontecimento que instaurasse, não uma pós-história, mas uma outra história, de uma Alternativa como comunidade fundada na comum auto-apropriação, não a anulação ou alienação colectivista do indivíduo mas ao invés a afirmação do individual, comunidade não hierárquica do ser-em-comum como função do ser-si-mesmo, relação igualitária com os outros, com o outro como outro, com a alteridade do outro—pode essa Ideia perder jamais a sua força imperativa, abdicar dos seus direitos como Ideia? Pode ela morrer, dissipar-se, extinguir-se jamais? Expirar, esgotar o prazo de validade histórica, prescrever? Ou, pelo contrário, ela é aquilo mesmo, aquela mesma, que não prescreve nunca, a Ideia por excelência imprescritível ? -
Pre-Apocalypse Now: diálogo com Maria João Cantinho sobre política, estética e filosofiaVivemos numa época de amálgamas espúrias, que confunde pensamento e comunicação, crítica e marketing, teoria e opinião de «especialista», pensador e intelectual mediático ou jornalista cultural. Época de sobre-informação mas, paradoxalmente, época antipensamento, de extravio generalizado do sentido do pensamento, de refluxo do pensamento sob todas as suas formas. E, não por acaso ou por coincidência, época de uma extrema desumanização do humano, da dessubstancialização da subjectividade humana, como diz Zizek, do mais dócil e cobarde corpo social, como diz Agamben. Uma catástrofe do pensamento, de que o «fim das ideologias» é uma reverberação, e com ela um desastre do humano, desastre absoluto no qual estaremos talvez só a entrar, um pré-apocalipse espiritual para o qual não se vislumbra saída. Escreve noutro texto Agamben que, enquanto o animal pode a sua potência, variável de espécie para espécie, mas definida de uma vez por todas pela sua natureza ou «vocação biológica», o homem, desprovido de natureza, é aquele ser que pode a sua própria impotência. «A grandeza do seu poder mede-se pelo abismo da sua impotência». A saída da presente situação do humano, a existir, passará necessariamente pelo pensamento, quer dizer, pelo poder ilimitado, desmedido, dessa impotência do homem. -
Teologia da Carne - A Pintura de António GonçalvesObjecto ou objectivo deste pintor: pintar Eros, pintar o desejo erótico. Mas pintá-lo por si, pintar o desejo «ele mesmo».O que deveras aqui se pinta, o que aqui se dá a ver, é uma sagração. É a sagração de Eros, a celebração artística da sacralidade do desejo erótico e com ele da vida, a afirmação pictural da inocência, «para lá de bem e mal» (Nietzsche), da vontade vital que se exprime no erotismo. A pintura como culto, cena ou encenação do mistério da «encarnação» do desejo e desse modo do mistério da vida, da «anunciação» erótica da vida. Um sentido do sagrado, do espírito sacral da figuração, que decorre de imediato da apresentação políptica, retabular, desta pintura. Uma espécie de teologia da vida legível na «textualidade» puramente visual composta pelas várias figuras dos polípticos. -
Anti-Doxa - A Filosofia na Era da ComunicaçãoA filosofia é coisa unicamente greco-europeia, greco-ocidental, e não o dizemos para fazer nosso o cliché hegelo- heideggeriano. Aquilo que define a filosofia desde os primeiros filósofos gregos, já nos pré-socráticos ou «naturalistas», é, antes de mais, a recusa de toda e qualquer transcendência da Natureza ou do Ser, é a exigência de um pensamento capaz de proceder por imanência […] A presente colectânea reúne, com inúmeras modificações substanciais até por vezes do respectivo título, todos os textos de Estética do conceito (1998) e alguns de Questão de estilo (2004), ambos publicados pela extinta Pé de Página Editores, de Coimbra, e que não serão reeditados. Acrescenta-lhes novos textos, um dos quais, sobre as idades da filosofia, inédito. Informação, pensamento e criação, cultura comunicacional e filosofia: o desastre do pensamento na era da comunicação, dos media e do marketing — as co-dimensões lógica e estética, intelectual e perceptual, do conceito filosófico — afinidade da filosofia com a arte — as 4 idades históricas da filosofia — do fundamento ao «afundamento» da metafísica: do problema da fenomenologia à questão do ser — a ultrapassagem desta questão nos últimos escritos de Heidegger — Michel Serres, René Thom, a teoria da ciência e os critérios de cientificidade: para acabar de vez com a epistemologia — pintura e filosofia: Álvaro Lapa — a filosofia como descomunicação: teoria da argumentação e prática filosófica — a filosofia escolar: ensinar o ensinável. -
Grandeza de Marx - Por Uma Política do ImpossívelA Ideia de comunismo é, conforme a metáfora de Marx, um espectro, mas não no sentido de uma ilusão: antes um espectro vivo, duplo ou fantasma revolucionário da intolerável realidade existente, por ela segregado como o seu negativo sempre virtualmente presente. Talvez um dia se quebrem as barreiras globais do medo e o sentimento de impotência e o comum descubra a vulnerabilidade da realidade sistémica que nos domina e dos poderes que asseguram essa realidade e afastam os homens do seu próprio poder. Aguardamos esse dia com alegre pessimismo, mil vezes preferível ao optimismo triste dos esquerdistas que já só esperam um reformismo democrático ilimitado do sistema dominante. Porquê escrever afinal sobre Marx, porquê permanecer marxista, quando o marxismo, ensombrado por conotações históricas monstruosas, crepusculizou como filosofia e como ideologia? Porquê insistir na grandeza e, mais ainda, na actualidade de Marx? Desde a República de Platão que a filosofia como teoria política sempre foi inseparável de um projecto revolucionário: em cada época a proposta de uma possibilidade política incompossível com a realidade da época, de uma comunidade por vir impossível de acordo com o campo de possibilidades dessa realidade. Marx não criou o comunismo, que o antecedeu de séculos, mas foi quem fez essa Ideia descer do céu das utopias à vida histórica dos homens e transformar-se no grande projecto revolucionário do mundo moderno, mostrando que o capitalismo tinha trazido consigo as condições materiais (económicas e sociais) para essa transformação. E foi ele quem mostrou também porque é que esse «espectro que ronda» há-de sempre vir, voltar, regressar com esse nome ou outro, continuar a rondar o real e o possível que o conjuram. E com efeito, nestes tempos pré-apocalípticos como os designa Žižek, torna-se cada vez mais evidente que, «contra a ausência do homem no homem» como diz o poeta, o comunismo é a única hipótese do homem. [Sousa Dias] -
Logica do AcontecimentoAtravés de um jogo de colagens de textos, de manipulações e de simplificações, de omissões e de ênfases, quisemos extrair da complexa obra deleuziana uma sóbria linha articulatória capaz de se propor como uma auto-apresentação do criador. «A história da filosofia não é uma disciplina particularmente reflexiva. Antes é como a arte do retrato na pintura. São retratos mentais, conceptuais. Como na pintura, é preciso fazer parecido, mas por meios que não são parecidos, por meios diferentes: a parecença deve ser produzida, e não meio de reproduzir (o autor limitar-se-ia a repetir o que o filósofo disse) (…) A história da filosofia deve, não repetir o que disse um filósofo, mas dizer o que ele subentendia necessariamente, o que ele não dizia e que está porém presente no que ele dizia». Bastam decerto estas palavras do próprio Deleuze para desautorizar este nosso estudo, sem dúvida demasiado escolar, reprodutivo. Mas talvez não completamente frívolo, atentando na escassa bibliografia sobre ele existente, sintomática mas injusta ressonância da coerência exemplar de uma criação avessa a compromissos com as condições da época. Através de um jogo de colagens de textos, de manipulações e de simplificações, de omissões e de ênfases, quisemos extrair da complexa obra deleuziana uma sóbria linha articulatória capaz de se propor como uma auto-apresentação do criador. E de traçar os contornos originais da sistematicidade e, nesse sentido, do ostensivo classicismo de um dos mais estimulantes pensamentos do nosso tempo. [...] A concluir, como caracterizar em termos sumários o efeito único do trabalho de Deleuze sobre a cena filosófica, como dar conta do efeito-Deleuze? Como dizer o deleuzianismo como Acontecimento filosófico? Um vento, uma ventania refrescante, uma atmosfera mais respirável, mais habitável, mais livre. A suscitação do desejo, desejo de pensar, de ver e de ler mais, sem proceder por memória, por consciência cultural, vontade de uma vida mais intensa, um irresistível efeito nómada, segredo de estilo. A filosofia como pathos, uma paixão de pensar motivada não imediatamente por problemas, muito menos pela tradição, mas sempre por circunstâncias práticas, por situações concretas, por estados vividos, e como sua despersonalização. O pensamento como heterogénese, mas em nós, de nós. O conceito como passagem de um concreto a outro concreto, a teoria como passagem de uma prática a outra prática. Vitalismo. Viagem. Ou "devir não humano dos homens", fulgor desta fórmula, prescritiva tanto quanto especulativa, toda uma metafísica e toda uma ética. Toda uma negação do finito como medida humana, do espírito de finitude como infidelidade ao pensamento e à vida, dos limites e impossibilidades que fazem os nossos conformismos, toda uma exposição activa ao que nos excede, e uma afirmação desse excesso, do infinito-impessoal, como a nossa medida, a nossa realidade transcendental. [da Conclusão] -
O Que e a PoesiaPoesia, função da linguagem e não do vivido — mas arte do silêncio e não da palavra — o paradoxo da criação poética: dizer o indizível — todo o poema diz a sua própria impotência, sendo este o seu incomparável poder — Ruy Belo e o bilinguismo formal da poesia — verdade poética e verdade lógica: o excesso de ser no ser ou o real para lá do real — o exemplo do lirismo: não há poesia subjectiva — o poema, linguagem fora de si: heterogénese da língua como pintura e como música — a questão da imagem poética: estatuto ontológico, e não literário, dessa imagem — não há metáforas na poesia, a poesia é anti-metáfora — Herberto Helder e Manuel António Pina como exemplos da não-metaforicidade da poesia — porque é que raros autores que publicam poemas podem considerar-se poetas. «Um poema é sempre mais do que um poema: é uma poética, uma ideia de arte poética. Cada poema é já um conceito do poético, já uma resposta à questão: o que é a poesia? Não há como os poetas para nos dizer o que poesia quer dizer, mas é nos próprios poemas —na noção implícita de poema, ou eventualmente explícita em termos ainda assim (meta)poéticos —que se encontra o pensamento «estético» dos poetas. É com efeito frequente os poemas de um poeta serem tudo o que ele pensa, tudo o que ele escreve, «sobre» poesia. «Pergunto como se escreve o poema? E a resposta possível / é escrever o poema» (Nuno Júdice, O estado dos campos). Sucede no entanto um grande poeta escrever textos de teoria ou de crítica literária que de certo modo fazem parte da sua obra poética, na medida em que constituem a auto-expressão teórica dessa obra, ou a sua passagem para um plano de doutrina estética. É o caso entre nós, de todos o mais conhecido, de Fernando Pessoa. Mas é também o caso, por exemplo, de Ruy Belo.» [Sousa Dias] -
Zizek Marx & Beckett e a Democracia por Vir«Democracia» designa hoje na linguagem política um significante vazio, tão mais consensual quanto mais vazio, quanto mais inquestionado no seu conceito ou na sua substância, espécie de religião laica universal. O problema filosófico-político deste tempo não é a crítica do capitalismo, sobre a qual toda a gente está mais ou menos de acordo. É a crítica da democracia que nos vendem, a única a que nos dizem termos direito, como regime de poder inseparável da realidade capitalista dominante e modo ideal, e também o mais cínico, de legitimação sociopolítica dessa realidade. Uma crítica ciente de que a solução para os cada vez mais dramáticos problemas da humanidade suscitados pelo capitalismo global, para o presente estado pré-apocalíptico do mundo, não passa por esta democracia.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.