Coroa da Terra
É com certo arrepio que se lê a crueza de Jorge de Sena nas páginas de Coroa da Terra (1946), o seu segundo livro de poesia, dedicado à Cidade do Porto, o palco da sua errância. Mostra-se assim a visão de Sena, nas palavras de Francisco Cota Fagundes, como «uma poesia por vezes intencionalmente rude e nunca de bibelot d´inatité sonore [...] que se fosse música, seria um longo e persistente réquiem dilacerante [...] poemas em que a criança é um dos temas dominantes, como dominante e marcante é o seu carácter de poesia de resistência e de empenho».
| Editora | Assírio & Alvim |
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| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Jorge de Sena |
Jorge de Sena nasce em Lisboa, a 2 de Novembro de 1919. Filho único, torna-se aos catorze anos o único sustento da família quando o pai, comandante da marinha mercante, sofre um acidente de trabalho que lhe custa a amputação de uma perna. Ingressa, em 1937, na Escola Naval, mas é expulso no ano seguinte, após uma viagem no navio-escola Sagres, como primeiro cadete. Porém, a experiência na Armada, à época da Guerra Civil de Espanha, e do crescimento do Estado Novo em Portugal, deixa marcas que viria a transpor para a sua obra. É o caso dos contos «Duas Medalhas Imperiais com Atlântico» [Andanças do Demónio, 1966], e «A Grã-Canária» [Os Grão-Capitães, 1976].
Acaba por seguir estudos em Engenharia Civil, curso que termina em 1944, no Porto. Já dera, porém, os primeiros passos na poesia, publicando o seu primeiro livro de poemas, Perseguição, em 1942, editado pelos Cadernos de Poesia. Em 1949, casa com Mécia de Freitas Leça, altura em que acumula as tarefas de engenheiro civil na Junta Autónoma de Estradas com as de tradutor, director-literário e revisor.
Em 1959, na sequência do seu envolvimento na tentativa de golpe de Estado, a 11 de Março, procura exílio no Brasil, onde lecciona primeiro Teoria da Literatura, e depois Literatura Portuguesa. Aí obtém o diploma em livre-docência, para o qual se naturaliza brasileiro, em 1963, e o doutoramento em Letras. São anos de grande produção para Jorge de Sena; investiga sobre o Maneirismo de Luís de Camões, estuda Fernando Pessoa, escreve peças de teatro e as obras Metamorfoses e Andanças do Demónio, onde se inclui inicialmente O Físico Prodigioso. Inicia a redacção de Sinais de Fogo.
O golpe militar no Brasil, em 1964, leva-o em busca de uma oportunidade para abandonar a instável situação política brasileira. Parte para os Estados Unidos em 1965, com Mécia de Sena e os nove filhos de ambos.
Jorge de Sena exerce nos Estados Unidos o cargo de professor catedrático do Departamento de Espanhol e Português, primeiro no Wisconsin, e mais tarde em Santa Barbara, na Califórnia, onde se manterá até ao fim da vida, a 4 de Junho de 1978.
Dizer que Jorge de Sena nos deixou uma obra de fôlego é, além de um cliché, dizer pouco. O Sena poeta legou-nos mais de vinte colectâneas de poesia; o Sena dramaturgo deixou-nos uma dezena de peças de teatro; na ficção, escreveu um romance autobiográfico e mais de trinta contos; o Sena professor, investigador e crítico deixou-nos cerca de quarenta volumes dedicados à crítica, ao ensaio, à história e teoria literária, ao teatro, ao cinema e às artes plásticas. Jorge de Sena foi ainda conferencista; director de publicações; coordenador editorial; consultor literário; e nos intervalos desta extensa produção, correspondeu-se com muitos outros escritores e intelectuais, deixando um importante legado epistolográfico.
O Sena tradutor confiou-nos as brilhantes traduções de ficção de autores como Faulkner, Hemingway, Graham Greene, Chestov, Erskine Caldwell, Evelyn Waugh, Eugene O’Neill ou André Malraux. E ainda duas grandes antologias de poesia universal, que editaremos brevemente na Maldoror, uma antologia da poesia de Emily Dickinson, e esta antologia da poesia de Cavafy, que Marguerite Yourcenar, também ela tradutora do poeta, considerava a mais perfeita de todas as traduções da poesia do grego de Alexandria.
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Amor e Outros VerbetesO Amor, conforme o nível ou plano em que seja considerado, tem sido perene na literatura, uma vez que os mais antigos textos literários conhecidos, ou as mais primitivas e arcaicas mitologias, reflectem alguma concepção do que por este termo se tem definido, ou o que de ulteriores culturas interpretaram segundo as suas próprias concepções mais ou menos dominantes. -
Mater ImperialisPublicam-se neste volume seis peças em um acto, duas de 1948 e quatro escritas entre 1964-71, publicadas no início dos anos 70. Enquanto que Amparo de mãe é, segundo o próprio autor, uma peça de um expressionismo realista, as restantes inserem-se no género comédia (Ulisseia Adúltera) e duas há por ele consideradas mais ou menos mitológicas O Banquete de Diónisos e Epimeteu, ou o homem que pensava depois, tragédia satírica em um acto. Seguem-se, em apêndice, peças inacabadas e projectos teatrais, dentre os quais se salienta Origens, peça em três actos com um prólogo e um epílogo, designada como tragédia. Como curiosidade, saliente-se A demolição, opereta dramática, projecto de 26 de Março de 1964, por altura do grande surto do living theatre. -
O IndesejadoTragédia em quatro actos, em verso, 'O Indesejado' data de 1945. Publicada em vários números da revista 'Portucale', conheceu a sua primeira edição, em volume, em 1951. Um clássico na obra de Jorge de Sena, um momento alto no Teatro Português.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Obras Completas de Maria Judite de Carvalho - vol. I - Tanta Gente, Mariana - As Palavras PoupadasA presente coleção reúne a obra completa de Maria Judite de Carvalho, considerada uma das escritoras mais marcantes da literatura portuguesa do século XX. Herdeira do existencialismo e do nouveau roman, a sua voz é intemporal, tratando com mestria e um sentido de humor único temas fundamentais, como a solidão da vida na cidade e a angústia e o desespero espelhados no seu quotidiano anónimo.Observadora exímia, as suas personagens convivem com o ritmo fervilhante de uma vida avassalada por multidões, permanecendo reclusas em si mesmas, separadas por um monólogo da alma infinito.Este primeiro volume inclui as duas primeiras coletâneas de contos de Maria Judite de Carvalho: Tanta Gente, Mariana (1959) e As Palavras Poupadas (1961), Prémio Camilo Castelo Branco. Tanta Gente, Mariana «E a esperança a subsistir apesar de tudo, a gritar-me que não é possível. Talvez ele se tenha enganado, quem sabe? Todos erram, mesmo os professores de Faculdade de Medicina. Que ideia, como havia ela de se enganar se os números ali estavam, bem nítidos, nas análises. E no laboratório? Não era o primeiro caso? Lembro-me de em tempos ter lido num jornal? Qual troca! Tudo está certo, o que o médico disse e aquilo que está escrito.» As Palavras Poupadas (Prémio Camilo Castelo Branco) «- Vá descendo a avenida - limita-se a dizer. - Se pudesse descer sempre - ou subir - sem se deter, seguir adiante sem olhar para os lados, sem lados para olhar. Sem nada ao fim do caminho a não ser o próprio fim do caminho. Mas não. Em dado momento, dentro de cinco, de dez minutos, quando muito, terá de se materializar de novo, de abrir a boca, de dizer «vou descer aqui» ou «pare no fim desta rua» ou «dê a volta ao largo». Não poderá deixar de o fazer. Mas por enquanto vai simplesmente a descer a avenida e pode por isso fechar os olhos. É um doce momento de repouso.» Por «As Palavras Poupadas» vai passando, devagar, o quotidiano anónimo de uma cidade, Lisboa, e dos que nela vivem. type="application/pdf" width="600" height="500"> -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
Livro do DesassossegoO Livro do Desassossego é um dos maiores feitos literários do século XX. Obra-prima póstuma, retrato da cidade de Lisboa e do seu retratista, compõe-se de centenas de fragmentos, oscilando entre diário íntimo, prosa poética e narrativa, num conjunto fundamental para compreender o lugar de Fernando Pessoa na criação da consciência do mundo moderno.Nesta nova edição, Jerónimo Pizarro, reconhecido estudioso pessoano, regressa às fontes dos textos que Fernando Pessoa pretendia incorporar no Livro do Desassossego.Com uma nova organização, melhorando a decifração de quase todos os fragmentos, este livro reúne os atributos para se tornar na edição de referência.






