Eupalino ou o Arquitecto, seguido de A Alma e a Dança e Diálogo da Árvore
«Os diálogos que se seguem, e que nos recordam o Fedro, O Banquete ou o Timeu, são textos de um filósofo sobre arquitectura, dança e poesia, mas não pretendem desenvolver uma estética filosófica, no sentido que a filosofia moderna deu a este termo. […] Valéry não reflecte numa forma arquitectónica específica, num bailado em particular, num poema, mas nos princípios que presidem à criação de qualquer edifício, dança ou poema. […] O diálogo sobre o arquitecto passa-se no reino dos mortos, apresenta o ponto de vista da eternidade à luz do qual se invertem os anseios do filósofo. No diálogo sobre a dança, trata-se, ao invés, de uma perspectiva que se liga com a experiência de estar vivo e ter um corpo. […] Para Eupalino, só na obra de arte se podem juntar e responder mutuamente o corpo e a alma, “esta presença invencivelmente actual e esta ausência criadora que disputam o ser”, “este finito e este infinito que nós transportamos”. Por sua vez, a bailarina d’A Alma e a Dança mostra “claramente às nossas almas o que os nossos corpos executam de forma obscura” — ensina-nos, diz Fedro, no fim de contas, a conhecermo-nos melhor a nós próprios, cumprindo a mais filosófica das tarefas.»
Maria João Mayer Branco
Tradução e prefácio de Maria João Mayer Branco
| Editora | VS. |
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| Editora | VS. |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Paul Valéry |
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O Senhor Teste«Num dia de sorte o Senhor Valéry propôs-se, porém, com um alter-ego e chamou-lhe Senhor Teste. (…)O Senhor Teste faz lembrar um homem. Vemo-lo na rua, na Ópera, no restaurante, transmitido por impressões de um narrador desconhecido, da sua mulher, de um amigo; pressentimo-lo mais Valéry do que nunca em extractos de um Log-book e nalguns pensamentos; chega a ser proposto de fugida num corpo espadaúdo e seco, sem nenhum gesto.»Aníbal Fernandes -
Fragmentos Narrativos“Acontece-me, como a muitos, mas raramente, anotar o essencial do que assim me vem à ideia. São ‘ideias’, ‘assuntos’, como se diz, por vezes duas palavras, um título, um germe. Finalmente, acontece também que, voltando aos meus papéis, me ponha a escrever o que se tinha formado por si só na minha cabeça. Escrevo-o como se estivesse nisso o começo duma obra. Mas sei que a obra não existirá, sinto que ignoro a direcção que tomaria, e que me aborreceria se me aplicasse a conduzi-la a algum objectivo bem determinado. Ao fim de algumas linhas ou de uma página, desisto tendo apenas captado pela escrita o que me tinha surpreendido, divertido, intrigado, e não me preocupo em exigir dessa produção espontânea que se prolongue, organize e complete, sob as exigências de uma arte. Aqui, intervém, aliás, a minha sensibilidade excessiva em relação à arbitrariedade…”Paul Valéry, “Advertências” in «Fragmentos Narrativos» -
Discurso Sobre a Estética / Poesia e Pensamento AbstractoPaul Valéry foi um herdeiro dos simbolismos do século XIX, que viveu intensamente de forma literária, que o aproximou de um Mallarmé. Espírito inquieto, Valéry representa esplendidamente a crise de fin de siècle, que o levou a seguir uma via que o distinguirá do que viria a ser o vanguardismo do século XX, intensamente estético. Por seu lado, Valéry irá contestar o esteticismo, abandonando todo o formalismo literário, para se adentrar numa busca inquieta de outras «passagens», de assunção do acaso, de atenção ao insignificante, ao parcial, ao plural. A obra de Valéry testemunha bem de um tipo de pensamento que já está para além do racionalismo e do esteticismo. O Discurso Sobre a Estética, para além do seu interesse próprio, constitui uma boa introdução a um dos autores que antecipou uma saída para as aporias em que o século XX se cristalizou.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.
