Interdisciplinaridade: Ambições e Limites
Esta polémica sobre o conceito de disciplina é de fundamental importância para a compreensão do que se pode entender por interdisciplinaridade. Se as disciplinas são meras entidades sociais, grupos de indivíduos, reunidos principalmente por razões institucionais e contingentes, entidades flexíveis e porosas, o avanço das práticas interdisciplinares facilmente produzirá o desaparecimento progressivo das disciplinas.
À medida que as interseções interdisciplinares se intensificam, as disciplinas tendem a perder as suas fronteiras e, consequentemente, a desaparecer. A interdisciplinaridade pode então ser definida como a superação das fronteiras disciplinares.
Pelo contrário - e esta é a abordagem que plenamente subscrevo - se as disciplinas continuam a ser pensadas como entidades robustas com perfil cognitivo fundamental, domínios estáveis da atividade de pesquisa, com a sua identidade teórica, a sua história e o seu desenvolvimento específico, então a interdisciplinaridade não tem nada a ver, nem com a fusão, nem com o desaparecimento das disciplinas e da sua capacidade produtiva. A interdisciplinaridade deve ser entendida, não como exigência do abandono das disciplinas ou do esbatimento das suas fronteiras, mas simplesmente como algo que existe “entre” as disciplinas, que vive “porque” há disciplinas. É porque as disciplinas existem como entidades reconhecíveis que a interdisciplinaridade pode cruzar, circular, trabalhar “com” elas, “dentro” das suas fronteiras.
| Editora | Alêtheia |
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| Editora | Alêtheia |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Olga Pombo |
Olga Pombo é licenciada em Filosofia, mestre em Filosofia Moderna, doutorada em História e Filosofia da Educação. Em 2009 fez Agregação em História e Filosofia da Ciência. Foi professora do Departamento de História e Filosofia das Ciências da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa de que foi presidente desde a sua fundação em 2007 até 2012. Foi fundadora e coordenadora do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa e do Programa Doutoral FCT em Filosofia da Ciência, Tecnologia, Arte e Sociedade da mesma universidade (até 2016). Coordenadora de diversos projectos nacionais e internacionais e membro fundador da Société de Philosophie des Sciences (Paris), tem publicados cerca de centena e meia de títulos em Portugal e no estrangeiro. Foi seleccionada como uma das 100 figuras do livro Mulheres na Ciência, editado pela Ciência Viva em 2016. Os seus interesses dividem-se pela Filosofia Moderna, em especial Leibniz, Filosofia da Ciência, Filosofia da Imagem e pelo tema da Ciência e Arte cuja leccionação iniciou em Portugal. Fundadora e directora da revista Kairos. Journal of Philosophy & Science é actualmente membro do Conselho Científico do Reseau National des Maisons des Sciences de l’Homme (Paris).
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Ciência, Racionalidade e Política"Este livro reúne um conjunto de textos elaborados no âmbito do “Seminário” do ProgramaDoutoral em “Filosofia a da Ciência, Tecnologia, Arte e Sociedade” (PD-FCTAS) daUniversidade de Lisboa, entre Abril e Setembro de 2020. A iniciativa surge num momento,improvável, em que, subitamente, um acontecimento tão inesperado como devastador – apandemia de Covid -19 – invadiu todos os recantos das nossas vidas.Aqui se reúnem dezoito estudos realizados por outros tantos (jovens) investigadores comformações muito diversas (filosofia, biologia, astronomia, artes plásticas, ciências dacomunicação, bioquímica, direito, psicologia, engenharia, física, geologia) mas que têm emcomum um interesse pela filosofia enquanto questionamento dos problemas que as suasáreas de investigação lhes colocam.Na diversidade dos campos teóricos convocados - da filosofia da ciência à filosofia política, daantropologia filosófica à filosofia da arte, da história da filosofia à análise conceptual - e navariedade das aproximações ensaiadas, mais descritivas ou mais especulativas, maishermenêuticas ou mais problematizadoras, centradas em autores ou que procuramdesbravar a rede de articulações de um conceito - os textos que constituem este livroencerram, cada um à sua maneira, um empenhado esforço de vida e pensamento." -
O Insuportável Brilho da EscolaNuma altura em que discussão em torno da Escola, o seu papel determinante na sociedade e os seus atores assumem a ordem do dia, a professora Olga Pombo, doutorada em História e Filosofia da Educação, com uma vasta carreira académica, lança o seu contributo para a reflexão que deve realizar-se entre profissionais mas também na sociedade civil.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.