“Tal como outras regiões, Miranda tem particularidades bem reconhecíveis, geográficas, folclóricas, gastronómicas, de trajo; a diferença é que tem também, como nenhuma outra região portuguesa, uma língua própria, que em 1999 mereceu o devido reconhecimento enquanto língua nacional. As Terras de Miranda não representam apenas o Portugal que dizemos «profundo», mas ainda, na fala e na escrita, um Portugal histórico, raiano, ibérico, ou não fosse o mirandês afim de línguas de épocas anteriores, e de reinos anteriores, ao Portugal e Espanha que hoje conhecemos.
Esta «geografia da memória», dos mirandeses Carlos Ferreira e Luís Cangueiro, com fotografias do concelho de Miranda das décadas de 1960 e 70, faz parte dessa militância. Publicada numa data que, não sendo redonda, é significativa (os quase quinhentos anos de elevação de Miranda do Douro a cidade), serve a quem se lembra e a quem não se lembra. Porque nestas imagens, textos e evocações, o que aconteceu há pouco tende ao apagamento, e o que vem de longe continua através dos tempos.”
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Luís Cangueiro
Luís Cangueiro nasce em Prado Gatão, concelho de Miranda do Douro, em 1942. Faz os estudos secundários em Vinhais e Bragança. Em 1962 ingressa na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e obtém a licenciatura em Filologia Clássica. Preside ao Coral da Faculdade de Letras e é eleito para a Comissão do Parque da Queima das Fitas de 1966.
É membro fundador da Secção Fotográfica da Associação Académica de Coimbra, que promoveu a realização de diversos cursos de fotografia. Aprende toda a técnica de laboratório, desde a revelação à impressão, ao mesmo tempo que desenvolve o gosto pela fotografia artística.
Durante a década de sessenta, colabora em revistas da especialidade e ministra cursos de fotografia enquanto professor do liceu em Bragança. Durante dois anos foi-lhe oferecida uma página no “Mensageiro de Bragança”, onde publicou fotografias acompanhadas de um texto, que deram origem à publicação de um álbum fotográfico em 1974. Concorre a concursos de fotografia, nacionais e internacionais, onde obtém vários prémios.
Cumpre o serviço militar em Mafra e Santarém onde é promovido a alferes miliciano, sendo mobilizado em 1969 para Moçambique. Em 1971 inicia a atividade profissional como professor do liceu nacional de Bragança e acumula as funções de diretor da Residência de estudantes Calouste Gulbenkian. Em 1976 é nomeado professor efetivo em Almada.
Experimenta, entretanto, a via empresarial na área da publicidade exterior, que o leva em 1989 a abandonar o ensino. Criou várias empresas, que lhe proporcionaram as condições financeiras, para que em 1987 iniciasse a coleção de instrumentos de música mecânica, acervo constituído por mais de seiscentas peças.
Em 2013 inicia a construção do projeto da sua vida, o Museu da Música Mecânica, inaugurado em outubro de 2016, com a presença do Senhor Presidente da República.
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