Lisboa e Tejo e Tudo
Uma homenagem sentida à cidade de Lisboa e ao rio Tejo.
Fotografias únicas, memórias de infância e um roteiro vivo pela cidade debruçada sobre o Tejo. Mega Ferreira, um dos grandes nomes da cultura portuguesa, junta-se a Marc Sarkis Gulbenkian, um apaixonado pela fotografia, num registo pessoal e cosmopolita sobre Lisboa.
Lisboa é, por si, um miradouro debruçado sobre si própria e sobre o rio que a justifica. Em nenhuma outra cidade europeia a importância das «vistas» é tão determinante na escolha de habitação.
O Tejo que viu partir as caravelas resiste a tudo. E abre-se, generoso, a ocidente, quando a vista do alto do Restelo, do relvado fronteiro à adorável Capela de São Jerónimo, para lá das árvores que hoje a defrontam, adivinha o amplo mar oceano, a América, o Brasil, o mundo.
| Editora | Clube do Autor |
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| Editora | Clube do Autor |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Mark Sarkis Gulbenkian, António Mega Ferreira |
António Mega Ferreira, escritor, gestor e jornalista, nasceu em Lisboa em 1949. Estudou Direito e Comunicação Social, foi jornalista no Jornal Novo, no Expresso, em O Jornal e na RTP, onde chefiou a redacção da Informação do segundo canal. Foi chefe de redacção do JL — Jornal de Letras, Artes e Ideias. Fundou as revistas Ler e Oceanos. Chefiou a candidatura de Lisboa à Expo’98, de que foi comissário executivo. Foi presidente da Parque Expo, do Oceanário de Lisboa e da Atlântico, Pavilhão Multiusos de Lisboa. S.A. De 2006 a 2012, presidiu à Fundação Centro Cultural de Belém. De 2013 a 2019, desempenhou as funções de director executivo da AMEC/Metropolitana.
Tem cerca de 40 obras publicadas, entre ficção, ensaio, poesia e crónicas.
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O Essencial sobre Dante Alighieri«Se há, em qualquer literatura, uma obra que se aproxime da designação “poema nacional”, essa é certamente A Divina Comédia, composto por Dante Alighieri (1265-1321) nas duas primeiras décadas do século XIV, período durante o qual viveu continuadamente exilado da sua cidade de Florença, da qual fora expulso por razões políticas. Ao longo dos seus mais de catorze mil versos, agrupados em cem cantos, e escritos em língua vulgar, o poema de Dante («poema sacro... no qual puseram mão o céu e a terra») descreve as jornadas que conduzem o autor até à revelação divina, através das penas do Inferno, dos trabalhos do Purgatório e das beatitudes do Paraíso.»Dante expirou poucos meses após ter concluído a Commedia (mais tarde denominada Divina Comédia) e iniciou, como o próprio diz, a sua viagem para a revelação do amor divino, «o amor que move o Sol e as mais estrelas». -
A Expressão dos AfectosO que é que atrai as pessoas umas para as outras, o que é que as prende, o que é que, por fim, as afasta? É sobre as modulações desta química subtil que se arquitecta a maior parte dos textos ficcionais que integram A Expressão dos Afectos. Mas há mais: um exercício borgeano (ou menardiano?), uma evocação de Casablanca (ou de Casablanca?), a noite em que Júlio César soube que ia morrer. Cobrindo um leque temporal de dez anos, nem todas as ficções d'A Expressão dos Afectos são contos, no sentido mais convencional do termo. Mas em todos existe a mesma utilização da escrita ficcional para interrogar o mistério dos afectos, das fantasias e das emoções. -
AmorWinnie, personagem encantadora e de idade indeterminada, pertencia a esse conjunto de pessoas que “têm mundo”, “parecia saber tudo, ter estado em todos os sítios no exacto momento em que eles se tinham tornado interessantes”. Mas alguma coisa se passara na vida de Winnie no dia em fizera dezasseis anos. O quê, não se sabe ao certo. Vinte anos depois de a ter conhecido e amado, um homem parte à descoberta do segredo e, entre os papéis de Winnie, descobre uma carta: “Esta carta de amor é um excesso (e isso prova superiormente que é uma carta de amor): eu amo não a ideia de amar-te (durante muito tempo, eu julguei que era apenas isso), mas a ideia de perder-me no meu amor por ti. E mesmo amar-te é um excesso, porque tudo aconselharia que eu me limitasse a mistificar-te, que é a melhor forma de evitarmos enfrentar a realidade”. No final, espera-o a revelação de um vazio e uma pergunta: onde reside a essência do amor? -
As Caixas ChinesasA memória não é uma caixa de imagens. A memória é apenas uma moldura que delimita o espaço de um quadro, mas que lhe ignora o tempo, que mistura as cores e as formas numa espécie de cadinho adormecido sobre o aparador da infância. E depois, um dia, a necessidade ou a imaginação despertam-na, e ela transforma-se em fábrica de sonhos e de ilusões, um pouco mais de emoção aqui, um diálogo retocado acolá, bruscamente as imagens todas rodopiam sobre si próprias e, quando de novo se aquietam, quando se tornam suficientemente nítidas para poderem ser evocadas, quem pode dizer que foi esse o lugar que elas ocupavam quando tudo se passou, quem se atreve a garantir que tudo se passou assim mesmo, quem ousaria jurar que alguma coisa se passou? -
Retratos de SombraEm dezanove textos biográficos, de Camilo a Mário Soares, de Churchill a Giorgio Armani, é construída uma galeria de personagens que fazem parte da experiência, jornalística e literária, do autor. São perfis, entrevistas, apontamentos, ou simples percepções da sombra que cada um deles projectou no seu ângulo de visão: Borges, Yourcenar e Chostakovitch, mas também Pessoa, Oscar Wilde, Stefan Zweig, Pascoaes. -
O Que Há-de Voltar a PassarEm O Que Há-de Voltar a Passar o leitor perde-se, como num livro de aventuras, no lugar e na memória do narrador e do seu Jano, a figura de duas faces que, ao olhar para trás, o faz seguir em frente. E assim surgem apetecíveis cerejas e begónias saídas de um recanto do jardim de Proust, um poema de William Carlos Williams, descrições do fracasso, da dor física, “coisa tão íntima, tão absurdamente vexatória”. Assim se percorre a geografia melancólica desta narrativa, encontrando-se “o que sabemos” e “o que há-de voltar a passar”. Neste livro sobre a escrita, sobre um escritor, edifica-se uma pequena teoria sobre o romance, tornando-se este, à semelhança do descrito no Quarteto de Alexandria de Durrell, em cidade transformada em mundo, quando nos apaixonamos por um dos seus habitantes. “Um dia perguntei a Jano quem era e ao que vinha. Jano, que é um animal político disfarçado de toutinegra, deu uma gargalhada: ‘Eu sou a tua mão direita, a que escreve. Já reparaste que tens a esquerda tolhida?’ Ou, então: ‘Eu sou a tua mão esquerda, a que te vê escrever. Já reparaste como a tua mão direita está tolhida de pensamento, absorta na acção?’ E, como a resposta não me satisfizesse, especificou, preocupado: ‘Eu sou o que olha para trás e te faz seguir em frente’. -
Fotobiografia de Teixeira de PascoaesNeste livro, seguindo as pistas que nos deixaram as fotografias, cartas e desenhos de Teixeira de Pascoaes, é ilustrado o seu percurso de vida. Em capítulos que recuperam o nome de algumas das obras e poemas que escreveu, conhecemos a sua meninice e o solar em Gatão, os tempos de estudante em Coimbra, as viagens, as amizades ibéricas e a velhice. “Não é uma biografia”, é antes um testemunho iconográfico, uma obra construída com o apaixonado e cuidado interesse de António Mega Ferreira, para que não esqueçamos um escritor e poeta cuja obra tem tanto para dar. -
O Tempo que Nos Cabe“O Tempo Que Nos Cabe (Ainda)É dentro da cabeça,lá dentro,que o tempo nos consomee nos faz falta.Não há chuva mornanem solque nos aqueça, quandonos falta o sopro,a luz, a cega fé que nos mantémdespertos, quandopor fora, o corpojá anuncia a noitemais profunda.Por isso,é dentro da cabeça,cá dentro,para lá dos céus,antes que o mar termine,nesta imensa confusãode meridianosque nos dói e nos deslumbra,que se aloja o segredoindecifrável:a cor, o som, a luzque nos conforta,neste intensamente breveinstanteque é o tempo que nos cabe.” -
Por D. Quixote - O literato, o justiceiro e o amoroso“Recolhem-se neste livro três ensaios suscitados pela minha longa e apaixonada convivência com El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, livro de livros e bíblia de pobres e ricos, como convém a uma obra de devoção.O primeiro texto é uma versão muito desenvolvida da conferência que pronunciei no dia 26 de Abril de 2005, no Instituto Cervantes, em Lisboa, a propósito do quarto centenário da publicação da primeira parte do D. Quixote, que aconteceu em 1605. O segundo teve origem num convite para colaborar no número de Outono desse mesmo ano da revista Foro das Letras (números 11/12, Novembro de 2005), publicação da Associação Portuguesa de Escritores-Juristas dirigida por António Osório, e permitiu-me abordar algumas questões relativas ao estatuto social e político do fidalgo de La Mancha, que há muito trazia comigo. O terceiro é inédito e ensaia uma aproximação pouco ortodoxa ao lugar de Dulcineia — e de outras mulheres que povoam o texto de Cervantes — nas fantasias eróticas do Engenhoso Fidalgo.O leitor notará que, para lá de algumas fontes clássicas ou de referência obrigatória, bebi mais em textos ensaísticos de ficcionistas e poetas do que nas abordagens, certamente muito rigorosas e conhecedoras, mas talvez um pouco secantes, dos mais ilustres cervantistas. Interpelação constante de um escritor a todos os escritores, o D. Quixote é, para mim, sobretudo, um inesgotável manancial de descoberta e maravilha, de invenção e risco. É “uma passagem do milagre ao mistério com uma escala indefinida no assombro”, como escreveu, cintilantemente, Carlos Fuentes.”António Mega Ferreira -
O Deserto Ocidental“Uma noite, há muitos anos, passeando pelas ruas estreitas do Marais, em Paris, na companhia de Eduardo Prado Coelho, reconfortados com as energias desencadeadas por duas garrafas de um Brouilly légèrement frappé, deparámos, ao virar de uma esquina, com uma loja que exibia, com a insidiosa indiferença com que os anúncios inteligentes costumam oferecer-se à surpresa dos passeantes, um nome de irresistível sugestão poética: Le désert occidental. Devemos ter pensado ao mesmo tempo na mesma coisa. Um de nós, juro que não sei qual, disse: que excelente título para um livro.Mas sei que fui eu que me adiantei: este é para mim.Magnânimo, Eduardo concedeu: está bem, podes ficar com ele.”“Este não é um livro de ruínas nem de paisagens desoladas. Como atravessa lugares intensamente povoados, o título acaba por resultar quase ironia. O Deserto Ocidental era um título bonito, poético e melancólico. Tornou-se, ao fazer-se, um lugar de esperança e de alegrias várias, porque é maior o espaço sem fronteiras que se depara ao pensamento que os constrangimentos inexplicáveis em que, por vezes, se afoga o coração.”António Mega Ferreira
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Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.

