Mário Soares
«Os grandes políticos dão grandes fotografias. Há entre eles e a fotografia deles uma aliança, uma atracção, uma osmose que um fotógrafo astuto sabe aproveitar. As fotografias de Churchill (muito fotogénico) ou de De Gaulle (pouco fotogénico), de Roosevelt ou de Kennedy, de Mitterrand ou de Soares têm aquela aura de que não sabemos desviar o olhar e a que damos os nomes de força ou poder, grandeza ou renome, autoridade ou carisma, expressão ou intensidade.
Agora, estou a vê-lo a olhar a fotografia e a dizer: "Hein! Não está mal, pois não?!" Falava bem da fotografia, porque a fotografia falava bem dele. A fotografia não estava mal, porque ele não estava mal nela.»
José Manuel dos Santos
| Editora | Porto Editora |
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| Editora | Porto Editora |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Alfredo Cunha |
Alfredo de Almeida Coelho da Cunha nasceu em Celorico da Beira em 1953.
Começou a carreira profissional ligado à publicidade e fotografia comercial em 1970. Tornou-se colaborador do jornal Notícias da Amadora em 1971.
Ingressou nos quadros do jornal O Século e O Século Ilustrado (1972), na Agência Noticiosa Portuguesa - ANOP (1977) e nas agências Notícias de Portugal (1982) e Lusa (1987). Foi fotógrafo oficial do Presidente da República António Ramalho Eanes, entre 1976 e 1978. Em 1985 foi designado fotógrafo oficial do Presidente da República Mário Soares, cargo que exerceu até 1996.
Foi editor de fotografia no jornal Público entre 1989 e 1997, altura em que integrou o Grupo Edipresse como editor fotográfico. Em 2000, tornou-se fotógrafo da revista Focus.
Em 2002, colaborou com Ana Sousa Dias no programa Por Outro Lado, da RTP2. Entre 2003 e 2012, foi editor fotográfico do Jornal de Notícias e diretor de fotografia da agência Global Imagens. Atualmente, trabalha como freelancer e desenvolve vários projetos editoriais. A sua primeira grande reportagem foi sobre os acontecimentos do dia 25 de abril de 1974.
Alfredo Cunha recebeu diversas distinções e homenagens, destacando-se a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique (1995) e as menções honrosas atribuídas no Euro Press Photo 1994 e no Prémio Fotojornalismo Visão|BES 2007 e 2008. Realizou várias exposições individuais e coletivas de fotografia, como Da Descolonização à Cooperação (1983) e Portugal Livre (1974). Das dezenas de livros de fotografia que já publicou destacam-se Raízes da Nossa Força (1972), Vidas Alheias (1975), Disparos (1976), Naquele Tempo (1995), O Melhor Café(1996), Porto de Mar (1998), 77 Fotografias e um Retrato (1999), Cidade das Pontes (2001), Cuidado com as Crianças (2003), A Cortina dos Dias (2012), Os Rapazes dos Tanques(2014), Toda a Esperança do Mundo (2015), Felicidade (2016) e Fátima ? Enquanto Houver Portugueses (2017).
Alfredo Cunha fotografa com máquinas Fujifilm X e é um dos X Photographers da Fujifilm Global.
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A Cortina dos DiasA Cortina dos Dias / Obscured by Shadows conduz-nos numa viagem pelas últimas quatro décadas de Portugal e do mundo. Nas fotografias de Alfredo Cunha, imortalizam-se acontecimentos que mudaram a face do mundo, como o 25 de Abril, a descolonização portuguesa, a guerra no Iraque. Nelas, contudo, capta-se também a singularidade de cada vida, a dureza dos quotidianos, o dramatismo das cerimónias, a esperança e as expectativas dos olhares. Através da sua objetiva, intencional e plástica, revelam-se as luzes e sombras de um mundo e de um país em mudança, que nos levam a redescobrir quem somos e a trilhar novos caminhos. -
Fátima: enquanto houver portuguesesNas celebrações dos 100 anos das Aparições de Fátima, o fotógrafo Alfredo Cunha apresenta 100 fotos que fazem uma justa homenagem a todos os fiéis de Fátima e aos peregrinos em particular, que irão rever-se nas imagens e no texto da obra. Com introdução do jornalista António Marujo em edição bilingue (português e inglês), este livro é um registo único do santuário de Fátima e dos que fizeram daquele um dos maiores locais de peregrinação do mundo cristão.«Rostos, expressões, sentimentos, experiências. Vidas vividas. (...) São estas pessoas, e é este sagrado, que nos falam nas fotos de Alfredo Cunha reunidas neste álbum. Desde os rostos sulcados pela vida até aos mais institucionais, como os do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Bertone, muitos bispos e padres ou religiosas como as que nos acolhem nas primeiras fotos. Adivinham-se, aliás, expressões, sentimentos, experiências e vidas muito diversas. (...) Ao longo de décadas, têm sido estas pessoas, milhões de rostos assim, a construir Fátima.»António Marujo -
Retratos (1970-2018)A começar em Amélia Rey Colaço e a terminar em Zé Pedro, passando por imagens que já fazem parte da história de Portugal — como o icónico retrato de Salgueiro Maia —, Alfredo Cunha reúne agora em livro o trabalho de uma vida, que é, afinal, de muitas vidas, de muitos rostos, de muitos momentos e protagonistas de um país, num período que vai de 1970 até 2018. Por trás da câmara, sabemos que o repórter anda sempre com um pano amarrotado para montar um cenário em qualquer ocasião, que Cristiano Ronaldo teve de ser contactado por Marcelo Rebelo de Sousa para marcar uma sessão fotográfica, e que foi preciso ver e rever centenas de fotos de um arquivo sem fim — «Encontrei o Mário Viegas, encontrei o Ary, encontrei a Laura Alves!» — para se chegar a um alinhamento possível. À frente da câmara ficam apenas os retratados, em cada fotografia uma imensa história, e, com todas agora alinhadas em livro, uma história ainda maior. -
25 de Abril, 45 AnosAs icónicas fotografias do maior acontecimento histórico do século XX em Portugal, pela lente de Alfredo Cunha. Para celebrar os 45 anos do 25 de Abril de 1974, a Tinta-da-china lança um livro composto pelas imagens que fazem parte da memória histórica, política e afectiva de toda uma geração. Alfredo Cunha, autor do célebre retrato de Salgueiro Maia no Largo do Carmo e de muitas outras imagens que eternizam a Revolução de Abril, reúne agora em livro as fotografias que fez no dia em que o destino de Portugal começou a mudar. Inclui um texto de Adelino Gomes. -
O Tempo das MulheresUMA HOMENAGEM ÀS MULHERES PELA LENTE DE ALFREDO CUNHACerca de 400 imagens recolhidas em mais de 20 países ao longo de 50 anos, acompanhadas por textos inéditos de Maria Antónia Palla.Numa homenagem às mulheres e a tudo o que elas representam, o novo grande álbum de fotografia de Alfredo Cunha segue a sequência lógica do ciclo de vida, da infância à velhice, percorrendo as idades e o globo através de rostos femininos e de centenas de imagens que nos falam sobre o que é ser mulher nos dias de hoje.Para acompanhar a força destas imagens, Alfredo Cunha convidou a jornalista e histórica feminista portuguesa Maria Antónia Palla, que escreveu textos inéditos que contribuem para esta reflexão no feminino, desde a evolução histórica dos direitos das mulheres à desigualdade de género nos diferentes contextos económicos, políticos e sociais.– Fotografias tiradas ao longo de 50 anos, entre 1970 e 2019;– Mais de 20 países representados: Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Timor, Jordânia, China, Argentina, Uruguai, Haiti, Sri Lanka, Índia, Bangladesh, Brasil, Estados Unidos, Roménia, Tunísia, Iraque, Níger, Nepal, Polónia e Portugal;– Projecto associado a várias exposições que vão decorrer de norte a sul do país.«Somos mulheres ou homens, por um jogo de acasos, desde o momento da concepção. Mas não é esse facto que nos une, a nós, mulheres. Vivemos em hemisférios diferentes, em continentes, países e sociedades desiguais, trilhamos percursos de vida próprios.A desigualdade que nos separa não depende da cor da pele, nem da língua que falamos, do traje que usamos, ou sequer da idade. O que nos torna diferentes é a cultura, as tradições, a circunstância de usufruirmos ou não de direitos. Nada disto depende de nós. O que nos torna diferentes é o facto de sermos livres ou não.» – Maria Antónia Palla -
A Cidade Que Não ExistiaNOVO LIVRO DO FOTÓGRAFO ALFREDO CUNHA.As imagens de uma cidade ao longo de 50 anos, que é também um retrato de Portugal e dos portugueses.«Este não é um livro de imagens (só) sobre a Amadora. É um retrato de Portugal e dos portugueses. Revejo aquelas caras dos anos 70 na minha Escola Primária do Alentejo, todos índios, sujos e (sejamos sinceros) um pouco ranhosos. A pobreza era o denominador comum - sendo que havia um grande fosso entre o ‘remediado’ e o pobre, entre a janela do apartamento e o outro lado da ribeira. Estes são os portugueses de antes, mas também os de hoje. Nos anos 70, Alfredo fotografou na Amadora um país que já não podia existir, mas que teimosamente queria estar só no mundo. Voltou 50 anos depois para fotografar o país a ser, a rir - a querer ousar. Apanhou um país suspenso, num pânico enclausurado - a antítese do que quer para o seu trabalho. Viu ruas sem gente, caras tapadas por máscara e sem expressão, aquele momento em que se está a cair no abismo e ainda não se sabe como vai ser o impacto.»- Luís Pedro Nunes (autor do texto do livro) -
Porto 2001/2021«Há vinte anos, quando Alfredo Cunha arquitetou com os seus longos planos uma forma de fixar as pontes, foi sempre este rio de gente que o levou. Os visitantes ocasionais, os habitantes das margens, os pescadores, o último construtor de barcos, a figura abandonada na contemplação do rio. Desta vez seguiu-lhes ainda mais o rasto, subindo pelas ruas que saem do Douro, para fixar como só ele sabe o olhar dos rostos que atravessam o rio e a cidade há séculos. É esse olhar que permanece, tenham as fotos a data da cidade que nesse ano foi capital da cultura ou de quando foi ponto de paragem de uma pandemia. Olhar de quem vê o rio e as pontes como suas, não como ponto de passagem. As pontes que já são parte inteira da idade que deu nome ao vinho que descia pelo Douro até perto do mar, antes de se fazer a outras paragens.» – David Pontes, Introdução -
Rua do AnjoA cidade de Braga e os seus contrastes através da lente de Alfredo Cunha EDIÇÃO BILINGUE, PORTUGUÊS-INGLÊS«Esta obra do fotógrafo Alfredo Cunha capta a cidade de Braga sob múltiplos ângulos, ao longo de uma interessante linha diacrónica que a surpreende em diferentes etapas. Nas primeiras páginas, encontramos a religião da ‘cidade dos arcebispos’ em várias alturas do ano. Segue-se uma cidade repleta de gente nova. Mas também de idosos, que, mesmo quando o frio aperta ou o calor não dá tréguas, enchem os lugares de sempre, sobretudo no centro histórico. Conhecida pela sua juventude, Braga é também uma cidade dinâmica do ponto de vista empresarial, graças a vários grupos inovadores que se têm internacionalizado. As diversas vivências culturais e as diferentes modalidades desportivas também estruturam este lugar que, longe da centralidade da capital, chama a si manifestações de inegável interesse e de projeção nacional. É assim, Braga, uma cidade de contrastes.» – Felisbela Lopes, Prefácio -
PH. 09 - Alfredo CunhaPh.09 Alfredo Cunha aborda os mais de 50 anos do percurso do fotógrafo e publica dois ensaios distintos, um, de António Barreto, intitulado “Do ofício à arte”, e outro, de David Santos, “Do índice ao ícone”, que tratam sob duas perspetivas diferentes o trabalho do fotógrafo. A narrativa do livro está construída de forma temática em “capítulos” tão diversos como conflito/guerra, religião, 25 de Abril e descolonização, trabalho, sociedade, viagens e retratos. -
25 de Abril de 1974 - Quinta-FeiraPara celebrar Abril e os 50 anos de democracia: O GRANDE ÁLBUM DE FOTOGRAFIA SOBRE O25 DE ABRIL DE 1974, PELA LENTE DE ALFREDO CUNHA, O FOTÓGRAFO QUE ESTEVE LÁ EM TODOS OS MOMENTOS. Com textos originais de Carlos Matos Gomes, Adelino Gomes e Fernando Rosas, e intervenções de Vhils sobre imagens icónicas de Cunha – para a capa e separadores. No dia 25 de Abril de 1974 (uma quinta-feira, tal como voltará a acontecer em 2024), Alfredo Cunha estava em Lisboa e fotografou a revolução nos seus principais cenários, captando imagens icónicas que perduram até hoje associadas ao acontecimento que mudou a História de Portugal. Para celebrar os 50 anos de democracia, Alfredo Cunha concebeu, a partir das suas imagens, um livro em três partes: Guerra — com texto de Carlos Matos Gomes, militar de Abril e da guerra colonial; Dia 25 de Abril — com texto de Adelino Gomes, repórter que acompanhou os acontecimentos em Lisboa; Depois de Abril — com texto de Fernando Rosas, historiador e protagonista destes anos quentes. «Este dia 25 de Abril não me pertence. É o 25 de Abril do Alfredo Cunha, então com 20 anos e que logo no início da carreira tem inesperadamente o dia mais importante da sua vida de fotógrafo. Uma dádiva e uma maldição. Há 50 anos que incansavelmente fotografa, expõe e publica como que para fugir e de novo voltar a esse dia. Quando me apresentou a maqueta deste livro, colocou‑a em cima da mesa e disse: ‘Acabou. Está resolvido.’ Esta é uma obra monumental, histórica e teoricamente impossível. Meio século depois do 25 de Abril, consegue reunir o fotógrafo que esteve presente em quase todos os momentos do dia e dos meses que se seguiram; o olhar do militar no terreno, Carlos Matos Gomes, que pertenceu ao Movimento dos Capitães; o olhar do repórter suspenso, Adelino Gomes, que perante o desenrolar dos acontecimentos marca o momento em que nasce a liberdade de expressão, ao conseguir um microfone emprestado para colocar a revolução no ar; e o do ativista na clandestinidade, Fernando Rosas, hoje historiador jubilado. Pediram a Vhils para selar esta obra, como se se tratasse de uma cápsula feita para enviar para o futuro, para ser lida e vivida, dado ter sido escrita e fotografada por quem viveu apaixonadamente uma revolução, mas, 50 anos depois, se prestou a depositar aqui o seu testemunho analítico.» — LUÍS PEDRO NUNES, PREFÁCIO
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.