O Archote no Ouvido - História de Uma Vida (1921-1931)
Neste volume da sua famosa autobiografia, tendo como pano de fundo a admiração pelo escritor vienense Karl Kraus, o seu grande mentor, e a paixão por Veza, a sua primeira mulher, Canetti transporta o leitor até aos politicamente agitados e culturalmente intensos anos 20 do século XX. Emergem à luz também personagens e recantos mais obscuros, sejam a sua bizarra senhoria, por exemplo, que percorria as divisões da casa lambendo a parte de trás de todas as fotografias emolduradas do seu falecido marido, ou o sanatório defronte de sua casa, cujos pacientes serviram de inspiração para personagens em Auto-de-Fé.
Num registo que tem tanto de pessoal, como de universal, Canetti traça o quadro de uma época onde sobressaem episódios históricos como o incêndio do Palácio de Justiça, em Viena, ponto de partida para a redação do fundamental ensaio Massa e Poder, ou o ambiente artístico de Berlim em 1928, onde o autor trava conhecimento direto com personalidades marcantes, como Brecht, Isaac Babel ou George Grosz.
O Archote no Ouvido é uma oportunidade única de, na primeira pessoa, poder-se acompanhar um dos grandes autores do século XX numa viagem ao mundo e pelas pessoas que exerceram influência decisiva no seu percurso de escritor.
«Uma extraordinária e singular odisseia cultural.»
Harper’s Magazine
| Editora | Cavalo de Ferro |
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| Editora | Cavalo de Ferro |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Elias Canetti |
Elias Canetti (Ruse, 1905 - Zurique, 1994), romancista, filósofo e ensaísta, e uma das figuras mais influentes do pensamento crítico do século xx, foi galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 1981. Proveniente de uma família de judeus sefarditas, passou a juventude entre a Áustria, a Suíça e a Alemanha. Auto-de-Fé, o seu primeiro e único romance, data de 1935, e é destinado a inserir o seu nome na história da Literatura, ao lado de figuras como as de Musil, Broch e Kraus. Em 1960, publica o ensaio Massa e Poder, estudo fundamental e indispensável sobre a sociedade humana ao qual dedicou três décadas da sua vida; seguem-se, entre outras obras, o volume de ensaios A Consciência das Palavras (1975) e uma trilogia autobiográfica também publicada pela Cavalo de Ferro.
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Massa e PoderConsiderado um dos livros fundamentais do século XX e magistral obra de génio, Massa e Poder é um dos estudos mais inovadores e empolgantes sobre o homem e a sociedade humana alguma vez escritos. Nestas páginas, de imensa erudição, energia e fúria criativa, Canetti reflecte e relaciona os mais diversos temas (desde os mitos e ritos religiosos primitivos, às posturas corporais do homem, à inflação e ao moderno sistema parlamentar) e conjuga várias áreas do saber, transportando o leitor numa viagem pela antropologia, psicologia, biologia, história, política, economia, religião e literatura, através de uma escrita límpida e atraente que alia conhecimento científico e descrição narrativa.Críticas de imprensa:«Este livro confronta-nos com algo de enorme e importante (...) uma obra grandiosa e original.»«Canetti dissolve a política em patologia, tratando a sociedade como uma actividade mental – de tipo bárbaro, claro – que deve ser descodificada.»Susan Sontag«Os críticos compararam Massa e Poder com as obras intelectualmente revolucionárias de Marx, Freud e Fraser... Canetti escreve de forma mais lúcida e legível do que esses exploradores de ideias. »The New York Times -
A Consciência das Palavras«Pode, à primeira vista, parecer algo estranho encontrar juntas aqui figuras como Kafka e Confúcio, Büchner, Tolstói, Karl Kraus e Hitler, catástrofes das mais terríveis proporções, como Hiroxima, e considerações literárias sobre a redação de diários ou a criação de um romance. Mas, para mim, impunha-se precisamente pô-las lado a lado, pois só aparentemente se trata de coisas inconciliáveis. O público e o privado já não se podem separar um do outro, interpenetram-se de um modo antes inaudito.» Com este volume de ensaios, até à data inteiramente inéditos em Portugal, Elias Canetti «agarra o século XX pelos colarinhos» e oferece ao leitor de hoje a compreensão do seu próprio tempo e mundo através do poder das palavras: ou não seria o escritor um «guardião das metamorfoses», capaz de trazer dentro de si as mais diferentes e contrastantes personagens, de lhes dar forma e ordem, «opondo ao caos do mundo a veemência da sua esperança». -
A Língua Resgatada - História de Uma JuventudeSão poucos os escritores que conseguiram alcançar o patamar de Elias Canetti, autor de uma importante obra que abrange os mais variados géneros e estilos literários — do romance e ensaio de grande fôlego aos cadernos de apontamentos, dos epigramas ao teatro —, e da qual desponta uma das mais originais e perspicazes reflexões sobre a condição humana em sociedade, combinando erudição com fulgor narrativo.Primeiro dos três volumes que compõem as suas memórias autobiográficas, que se confundem com a atribulada história do século XX, A Língua Resgatada oferece ao leitor um retrato do contexto pessoal e do desenvolvimento criativo de Canetti durante os anos cruciais da sua juventude. Da cidade búlgara da infância, verdadeiro cruzamento de povos e culturas, onde o pequeno Canetti toma contacto com mais de seis línguas diferentes, à cosmopolita Manchester ou da imperial Viena à pacata Zurique, são estes os cenários que moldarão o seu crescimento, sempre sob os efeitos da conturbada relação com a mãe, narrados numa prosa íntima, intensa e veloz, que a Academia Sueca não hesitou em considerar «o ponto cimeiro da sua obra». «Um livro que evoca paixão e poder; repleto de cidades e cenários e pessoas extravagantes — lobos, amantes, lendas, guerra e disputas.»Paul Theroux «A sua presença rigorosa honra a literatura.»George Steiner -
O Jogo de Olhares - História de Vida (1931-1937)São poucos os escritores que conseguiram alcançar o patamar de Elias Canetti, autor de uma importante obra que abrange os mais variados géneros e estilos literários - do romance e ensaio de grande fôlego aos cadernos de apontamentos, dos epigramas ao teatro -, e da qual desponta uma das mais originais e perspicazes reflexões sobre a condição humana em sociedade, combinando erudição com fulgor narrativo. Neste último volume das suas memórias, Canetti descreve com punho de romancista os seus anos em Viena e a efervescente vida intelectual da cidade, habitada por figuras como Anna Mahler, Robert Musil e Hermann Broch, o compositor Alban Berg ou o enigmático e fascinante Doutor Sonne, o qual, sentado na sua mesa no Café Museum, «falava como Musil escrevia». Ao longo das páginas, desponta o retrato trágico e irónico de uma época que exala o último fôlego dos seus anos dourados, antes da ascensão do nazismo apagar para sempre a luz civilizacional que irradiava. «A sua escrita consegue captar a absoluta particularidade da vida humana, algo que nenhum sistema teórico alguma vez conseguirá fazer.»New Statesman -
Auto-de-FéPrimeiro e único romance de Elias Canetti, Auto-de-Fé é uma obra magistral e um dos livros fundamentais da história da Literatura.Escrito no final do primeiro vinténio do século xx, retrato de uma sociedade em desintegração, Auto-de-Fé é o primeiro e único romance de Elias Canetti. Obra magistral, verdadeira «Comédia Humana da loucura», catapultou este escritor de génio forte e individual para a categoria dos principais autores europeus, ao lado de Robert Musil, Hermann Broch e Karl Kraus. Misantropo, solitário, excêntrico, Peter Kien, erudito especialista em sinologia, é o proprietário da maior biblioteca da cidade, que ocupa todo o espaço do seu apartamento. É aqui que este ser extremo, inteiramente «composto de livros», se refugia, evitando todo e qualquer contacto com o mundo. O ponto de viragem da sua vida é o casamento com Teresa, a sua governanta, ignorante e ávida. Expulso da sua própria casa, Kien será então obrigado a travar conhecimento com inúmeras personagens do mundo exterior, que o acompanharão neste longo exílio.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.