Secularização e Teologia Política
Que sentido ainda para a «secularização»?
É a «secularização» uma categoria de leitura caduca?
Ainda tem futuro? Que futuro?
No sentido geral que este termo adquiriu — quer no seu uso metafórico enquanto instrumento de uma política das ideias, quer na função estratégica que desempenha na história e na cultura modernas — pode dizer-se que a noção de «secularização» é uma categoria hermenêutica que procura traduzir o processo global de emancipação — filosófica, ética, política, jurídica, económica, social — da Modernidade de qualquer tutela religiosa e transcendente, reivindicando o direito de organizar a vida civil dentro dos limites da simples razão.
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Ao contrário dos muitos manifestos sobre o sentido da terra e da recusa em organizar a vida política e social a partir de qualquer sagrado, vemos que o sonho das Luzes não apenas não se cumpriu, como se obscureceu significativamente. Daí uma pergunta — entre tantas outras possíveis — que o presente livro se propõe formular, e à qual, se possível, deve procurar responder: Que sentido ainda para a «secularização»? É a «secularização» uma categoria de leitura caduca? Ainda tem futuro? Que futuro?
[António Bento, José Maria Silva Rosa, José António Domingues]
Autores: Alexandre Franco de Sá, António Bento, António Campelo Amaral, Genildo F. da Silva, Jaume Aurell, José Antônio de C.R. de Souza, José António Domingues, José Maria Silva Rosa, Montserrat Herrero, Pedro H. Villas Bôas Castelo Branco.
| Editora | Documenta |
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| Editora | Documenta |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | José António Domingues, José Maria Silva Rosa, António Bento |
Licenciatura (1992), Mestrado (1997) e Doutoramento em Filosofia (2005) na Universidade Católica Portuguesa – Lisboa, onde lecionou Filosofia, Teologia, Ciências Religiosas, Ciências da Comunicação e Serviço Social, de 1993 a 2002. De então a esta parte, docente da UBI, Faculdade de Artes e Letras, onde é atualmente Professor Catedrático.
Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa, Lisboa; Mestre e Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior (UBI). Investigador no PRAXIS, Centro de Filosofia, Política e Cultura, e codiretor da coleção “Ta Pragmata”, editora Lusosofia *Press. Coeditor da Lusosofia, Biblioteca online de Filosofia e Cultura. Desde 2019, é o Presidente do DCFP – Departamento de Comunicação, Filosofia e Política da UBI.
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Maquiavel e o MaquiavelismoTerá Maquiavel fundado a análise da política moderna? E terá também Maquiavel estabelecido, de um modo eficaz e duradoiro, as próprias regras da comunicação política moderna? A possibilidade de uma resposta positiva a estas duas perguntas obriga a uma reflexão sobre o significado político do chamado «maquiavelismo» na contemporaneidade. E uma tal reflexão é tanto mais necessária quanto mais o controlo político da comunicação é hoje um assunto de agenda, um assunto suficientemente sério para que possa ser entregue, sem mais, nas mãos apenas dos seus profissionais tanto nos profissionais da política como nos profissionais da comunicação política. Mas o que é, afinal, o «maquiavelismo» senão um termo com um significado eminentemente flutuante, cujo sentido varia de acordo com os interesses e as inimizades de quem ocasionalmente o usa como arma de arremesso político?Consulte o índice e a introdução do livro:Open publication - Free publishing - More almedina -
Razão de Estado e DemocraciaSe as práticas e as técnicas políticas ligadas à «razão de Estado» configuram suspensões efetivas – limitadas, embora, no tempo – dos procedimentos normais do «Estado de direito», em que condições, sob que circunstâncias, com que justificações e em que termos, podemos hoje admitir uma legitimidade autónoma do poder político face ao direito e à justiça? Qual, afinal, o conteúdo político que cifra o conceito hodierno de «razão de Estado»? Haverá ainda razões objetivas (quais?) que permitam distinguir a «boa» e «verdadeira» da «má» e «falsa» «razão de Estado»? E que tipo de «racionalidade» se tem hoje em mente quando se invoca a «razão de Estado»? Quando o conjunto do aparelho de Estado e as instituições políticas contemporâneas caem nas mãos de castas partidárias, quando frequentemente se vêem substituídas nas suas funções pela demagogia populista dos media, o que se pode esperar da invocação da «razão de Estado» senão uma flagrante e insidiosa substituição do interesse público pelo interesse privado – definição propriamente política de corrupção? Onde quer que os servidores públicos do Estado se transformem em donos privados do Estado, contrariando o nexo democrático entre o princípio de representação e a publicidade do poder, intervém uma «razão de Estado» que já não pode ser classificada senão como «razão de Estábulo» (Baltasar Gracián).António Bento -
Da Autonomia do Político Entre a Idade Média e a ModernidadeEntre a IdadeMédia tardia e os alvores daModernidade encontramos o embate mais frontal que o Ocidente conheceu entre duas ordens irredutíveis de legitimação do poder político: a doutrina do poder absoluto do papa ( plenitudo postestatis papalis) e a recusa intransigente desse poder em nome de uma nova ordem jurídica e política. O confronto entre a hierocracia pontifical e os defensores da separação de poderes foi meridiano e do progressivo triunfo da razão natural e da liberdade resultou aquilo que hoje continuamos a chamar autonomia da política. [ ] A ideia mestra que presidiu à organização desta obra, e outrossim ao evento que antes a possibilitou, foi justamente a de pensar a política numa época de transição e de emergência de uma nova consciência, mais concretamente no período que está entre a IdadeMédia e aModernidade, época que alguns chamam «IdadeMédia tardia», «Outono da IdadeMédia», outros de pré-renascentista, protomoderna, etc. José Maria Silva Rosa, «Introdução»
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.