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Sobre a Qualidade do Desenho de Arquitetura e a Industrialização da Construção

Miguel Pais Vieira

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Sinopse

A questão do alojamento é um problema político no seu enunciado, económico na viabilidade, técnico na execução, arquitetónico no desenho. A questão do alojamento é um problema político na tomada de decisões; o poder necessário para construir alojamentos para o maior número surge sempre associado ao modelo de organização das sociedades e da sua economia. O poder político ao estabelecer as regras de criação da riqueza e as formas encontradas para a sua distribuição, condicionará sempre o acesso das populações ao alojamento; só o carácter democrático, ditado pelo envolvimento solidário, constrói as redes de proteção da sociedade permitindo a viabilidade de uma solução para todos. A questão do alojamento é um problema económico pela dimensão dos problemas. A viabilidade das operações de construção de grandes conjuntos habitacionais, resulta da distribuição das atividades produtivas pelo território. É um problema económico no planeamento das iniciativas, na racionalização das medidas toma das, no seu caráter público ou privado; também no que diz respeito aos recursos envolvidos, à propriedade do aloja- mento ou à definição de um sistema de rendas.

A questão do alojamento é um problema técnico na escolha dos sistemas de construção. Das propostas da deutscher Werkbund, dos modelos de Walter Gropius em Dessau e dos painéis prefabricados de Ernst May, em Frankfurt, até às experiências mais recentes, os sistemas de industrialização da construção não deixaram de progredir na resolução dos problemas. É um problema técnico, dependente da investigação que disponibiliza as alternativas de trabalho e requer o tempo necessário para a experimentação e a validação das soluções apuradas.

A questão do alojamento é um problema arquitetónico. A questão do alojamento obriga- nos a saper vedere l'architetura. A renovação estilística, entendida como consequência normal da mudança, nunca forneceu argumentos para uma menor exigência no trabalho realizado e não pode remeter-nos para um menor empenho na procura de soluções. A desistência dos que assistiram ao processo industrial não é merecedora de um juízo benevolente. Por oposição, também a negação convicta do trabalho do arquiteto, de que pontualmente alguns nos falaram, numa luta absurda contra o formalismo, não é admissível. Em constante preocupação, deveremos manter-nos por dentro, na discussão e no apura- mento das soluções, na experimentação e sobre o desenho enquanto método de trabalho.

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Este texto procura contribuir para a discussão da relação entre o uso dos sistemas construtivos industrializados, a s tipologias arquitetónicas, a concretização das políticas habitacionais e a qualidade do desenho, usando como caso de estudo a cidade de Jena, na Alemanha. Porque conhecemos a importância da contextualização e do enquadramento no tempo, para que qualquer hipótese de interpretação seja aceitável, não deixamos de per- seguir uma leitura crítica sobre as políticas públicas habitacionais, que nos permita encontrar melhores formas para, em qualquer geografia, lidar com a questão do alojamento. Sendo esta uma matéria fundamental na vida das comunidades, procuramos sinalizar as opções políticas, o desenvolvimento económico das sociedades, a superioridade das escolhas técnicas e as consequências de uma prática crítica débil na arquitetura.

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Autor

Miguel Pais Vieira

Miguel Pais Vieira é arquiteto (ESBAP 1973-1979). Trabalhou durante 28 anos numa das grandes empresas de construção portuguesas, projetou e acompanhou a execução de obras em Portugal, no Congo Kinshasa, em Moçambique, em Angola e na Alemanha. Defendeu dissertação de mestrado na Escola de Engenharia da Universidade do Minho e realizou provas de doutoramento na Escola de Arquitetura da Universidade de Valladolid. Entre 1997 e 2013 lecionou as matérias de Tecnologias e Sistemas Construtivos; primeiro no curso de arquitetura da ESAP / Árvore, no Porto, e depois na Universidade Lusíada, em Lisboa. Foi investigador no CSG-CEsA - Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento, sedeado no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, entre os anos de 2012 e 2019. Publicou, entre outros, os textos: Construir as Cidades (2010) e Cidades em Angola: Construções Coloniais e Reinvenções Africanas (2013) este último em coautoria com Isabel Castro Henriques.

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