Wittgenstein e a Estética
Num dos seus cadernos de notas Wittgenstein escreveu: «Penso ter resumido a minha atitude relativamente
à filosofia quando disse: a filosofia só deveria poder ser poesia». E uns anos mais tarde acrescentou:
«A estranha semelhança entre uma investigação filosófica (talvez especialmente na matemática) e uma investigação
estética».
Estas afirmações não significam a fusão da filosofia com a poesia ou com a estética, mas sim tomar a poesia
como matriz e método filosóficos. Uma proximidade assente em três aspectos fundamentais: a filosofia,
como a poesia, implica um modo de composição, uma disciplina da observação e da atenção e uma forma
de leitura. Não se trata de transformar o filósofo num poeta, mas faz o filósofo partilhar com o poeta uma
relação de tensão relativamente à linguagem, ao modo como se observa o mundo, os outros e a si próprio e,
depois, omodo como torna o que vê, compreende e experimenta, acessível, representável e público.
Nuno Crespo nasceu em Lisboa em 1975, cidade onde vive e trabalha. É professor universitário, investigador
e crítico de arte. Assinou a curadoria de diversas exposições de arte contemporânea e arquitectura
e é autor de ensaios sobre arte e arquitectura. A sua actividade de investigação dedica-se ao cruzamento
entre filosofia, arte e arquitectura.
| Editora | Assírio & Alvim |
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| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Nuno Crespo |
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Prontuário do RisoEste livro é um guia para o universo denso, complexo e ramificado que é o riso. Não é o mapa de um terreno seguro, mas um conjunto de aproximações às coisas que fazem rir e aos diferentes modos como o homem se tem rido. Nos ensaios reunidos em «Acerca do riso», autores que vão da literatura ao cinema, da arte à filosofia escrevem sobre o riso e sobre o modo como ele forma uma espécie de lugar privilegiado da humanidade. E porque o riso não é uma abstração, ele tem nomes e modalidades específicos. Por isso, a completar e a prolongar as abordagens dos ensaios, conferindo corpo e cara ao riso, mais de sessenta figuras encerram este Prontuário. -
Arte, Crítica, PolíticaPensadores incontornáveis como António Guerreiro, Delfim Sardo, Maria Filomena Molder, Pedro Lapa ou Rosa Maria Martelo, entre outros, reúnem-se em Arte, Crítica, Política para reflectir sobre crítica da arte, num volume organizado pelo filósofo e investigador Nuno Crespo. Se é certo que tudo é belo, como defendia Andy Warhol, e à morte do autor teorizada por Barthes se podem suceder várias mortes anunciadas, muitas outras questões são levantadas por estes investigadores, curadores, críticos e académicos: que papel tem a arte na sociedade? Como se ensina nas escolas? Quem a deixa entrar nos museus e quem a utiliza como instrumento de poder? Que arte se escolhe e se acolhe, como se escapa ou destaca? Em última análise, como se pode olhar a arte de fora e ainda assim julgá-la? Ou como é que se poderia deixar de o fazer? -
RisoÁlbum com centenas de imagens e pequenos ensaios sobre o humor, a comédia, o riso e o sorriso, desde as «sitcom» até às maiores provocações artísticas. Publicado no âmbito da grande exposição temática «Riso. Uma Exposição a Sério». Textos de Joana Simões Henriques, João Pinharanda, José Machado, José Manuel dos Santos, Pedro Faro, Nuno Artur Silva e Nuno Crespo. Coordenação de Nuno Crespo. O que é rir? O que mostra e o que esconde o riso? E o que nos diz o riso de quem ri, daquilo de que ri, do tempo em que ri e do modo como ri? O que há de comum entre uma cara de palhaço, o sorriso da Gioconda, uma anedota de café, um enredo de comédia, um boneco das Caldas, uma «blague» de salão, o D. Quixote de la Mancha, o «Contra-Informação», um urinol a que um artista chamou obra de arte, uma peixeirada num restaurante, uma piada da revista à portuguesa, um diálogo de um filme de Woody Allen, um «cartoon» de jornal, o riso repetitivo de um louco, uma «sitcom» da televisão? Destas perguntas (e de outras) se faz este livro, mapa de um território sem mapa. Percorrer os seus possíveis e improváveis caminhos é andar e parar, achar e perder, lembrar e descobrir, ver e viver, rir e pensar. -
Textos Públicos — Arte Portuguesa Contemporânea 2003-2023A ambição é contribuir para a construção da memória dos diferentes momentos e contextos artísticos, isto é, que, no seu conjunto, estes textos ajudem a perceber aquilo que foi, em linhas gerais e incompletas, a recepção provocada pelo trabalho de um conjunto de artistas e, assim, contribuir para uma história da recepção da arte portuguesa contemporânea nos primeiros 20 anos do século XXI. Os textos que se seguem são todos de ocasião: responderam a momentos expositivos e disseram sempre respeito a escolhas pessoais. A estas duas circunstâncias junta-se o constrangimento (mas também a sorte) de quase todos terem sido escritos para o jornal Público, sujeitos, por isso, à disponibilidade de espaço de um jornal que, apesar da forte presença de conteúdos culturais, é generalista. Desta forma, este livro não é só sobre presenças, mas também sobre ausências: faltam artistas, exposições e obras, fundamentais não só no contexto da arte portuguesa contemporânea, mas também na maneira como são referências, ainda que invisíveis e discretas, no modo de ver e entender muitas das exposições aqui presentes. Nem sempre um crítico de arte escreve sobre o que quer, sobre quem quer e quando quer. Há artistas sobre os quais escrevi muito e outros sobre os quais gostaria de ter escrito e ainda não o fiz. […] A crítica de arte não é uma disciplina, mas — tanto quanto consigo entender — uma prática que exige um treino contínuo do olhar através do exercício quotidiano de ver exposições, de ensaiar possibilidades para fazer face a existências singulares, dinâmicas e instáveis — a que por conveniência se chamam obras de arte — e tentar encontrar as palavras certas — que sabemos serem sempre provisórias — para fazer face à opacidade, ao atrito e à resistência que constituem a vida da arte. [Nuno Crespo]
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.