A Dança da Morte
Uma peça sobre o casamento burguês, de afirmação emergente de um espaço de poder do feminino numa época ainda patriarcal. Que nos fala, portanto, de relações de força, revelando a vida íntima de um casal, as suas desavenças recíprocas, quando este, perto das bodas de prata e em plena crise de sentido, chega a uma fase de introspecção retrospectiva e análise dos papéis e comportamentos de cada um na biografia comum, dos momentos marcantes dessa vida, num balanço infernal e violento, sem lugar a compaixão.
Um texto sobre a monstruosidade de relações engendradas ao longo de 25 anos de vida em comum, relações que tocam a pulsão homicida, a violência sexista, a própria traição.
Um texto sobre o combate de sexos.
Uma peça que nos fala da morte, do fantasma presente da morte na vida quotidiana de Edgar e Alice.
Uma peça sobre o individualismo, mas também sobre a criatura dual, o casal, quando este se comporta de modo uno, indissociado, mesmo que essa cristalização seja potencialmente explosiva.
Uma peça sobre a instrumentalização, sobre o uso instrumental de terceiros, sobre a manipulação e sedução psíquica e sexual.
Um psicodrama pelo modo como fazendo um impiedoso balanço biográfico, pleno de acusações entre ambos, termina condenando o casal a um inferno relacional que apenas a morte pode libertar.
+K266Uma peça sobre a vida numa morte aparente, sobre a cristalização de uma relação previsível nas reacções entre ambos, sobre a auto-exclusão social, sobre o isolamento social, sobre as falsas aparências, sobre a miséria dourada, a fome, sobre a vida enquanto “pequeno inferno”, a casa.
| Editora | Companhia das Ilhas |
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| Editora | Companhia das Ilhas |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | August Strindberg |
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InfernoInferno começa com o regresso de Strindberg a Paris, ao seu quarto no Quartier Latin, dias depois de ter abandonado mulher e filha. É então que começa a odisseia pela busca do sentido mais profundo das coisas. Experiências químicas, escritos dispersos, feridas na pele, esquecimento e isolamento do mundo são algumas das provas a que se submete, talvez com algum objectivo catártico. Regressamos ao Paraíso, ao Purgatório e ao Inferno, pela mão de uma mão calejada e cansada, mas persistente. -
InfernoO inferno? Fui educado no mais profundo desprezo pelo inferno, ensinado a tê-lo como fantasia atirada para o monturo dos preconceitos. Apesar disto não posso negar uma diferença, e reside nela a novidade da interpretação das chamadas penas eternas: já estamos no inferno. A terra é o inferno, prisão que uma inteligência superior construiu de forma a eu não poder dar um passo sem beliscar a felicidade alheia, e os outros não poderem ser felizes sem me fazer sofrer. [ ] O fogo do inferno é o desejo do êxito; as Potências despertam-no e consentem que os malditos vejam os seus votos realizados. Mas atingido o objetivo e realizados os anseios, tudo se revela destituído de valor e a vitória é nula! É tudo vaidade das vaidades, nada mais do que vaidade. Depois da primeira desilusão, as Potências sopram o fogo do desejo, da ambição; mas o que mais atormenta não é o apetite insaciado; é, antes, a cobiça satisfeita que inspira o nojo de tudo. O Demónio, esse, também padece infinitamente a pena porque obtém quanto deseja no instante em que deseja, e nada mais tem para gozar. [de August Strindberg, Inferno ] -
O Salão VermelhoConsiderado o primeiro romance moderno da literatura sueca, "O salão vermelho", foi a obra que consagrou Strindberg e o projectou internacionalmente como nome maior e revolucionário das letras escandinavas.O salão vermelho do Berns Salonger é o local onde se reunem diversos personagens que acabam por representar toda a sociedade sueca da sua época. A imagem do salão vermelho é central pois funciona como a câmara vermelha em que se espera uma audiência com a realeza, ou a sala vermelha em que os debutantes esperam a sua apresentação à sociedade, do mesmo modo este é também o espaço onde os actores aguardam a entrada em palco.A carga simbólica do espaço em si empresta a este retrato de corrupção moral e política de uma Estocolmo em que se movimenta Arvid Falk, o primeiro grande anti-herói da literatura escandinava e um dos primeiros da literatura europeia, homem de fraca estatura moral que navega de forma insegura as águas perigosas da política e da sociedade mas também as franjas do meio boémio e intelectual que se reúne no salão vermelho, uma dimensão literária inigualável. -
Menina JúliaJúlia é uma jovem aristocrata que, por detrás de uma inocência aparente esconde um lado provocador. Numa noite de S. João, Júlia seduz e é seduzida por João, criado do senhor Conde e noivo de Cristina, a cozinheira da casa. Desejo, conflitos de poder, o choque violento das classes sociais e dos sexos que povoam aquela que será uma noite trágica. -
Um SonhoEscrita em 1901 e levada à cena em 1907, Um Sonho é uma das obras mais revolucionárias de August Strindberg. O dramaturgo sueco enfrenta e resolve aqui um paradoxo: representar a forma incoerente mas aparentemente lógica do sonho. As personagens tomam corpo, dissolvem-se, reconstituem-se. Abandonam a cena para reentrar logo a seguir num outro tempo e lugar. Tudo pode acontecer, tudo é possível e provável neste arsenal de aparições. No prefácio, João Paulo Esteves da Silva (músico, poeta, tradutor) fala-nos de “quadros de vida que se sucedem segundo uma musicalidade onírica”. Mais: “É possível encontrar ecos formais de técnicas de composição musical, como a repetição integral ou variada do mesmo motivo, desenvolvimentos, refrães e até uma alusão à ‘forma sonata’, se considerarmos que o segundo tema, ‘A entrada da ópera’, se repete no final na mesma tonalidade do primeiro tema, ‘O castelo crescente’.” Sonhos rasgados, um castelo em chamas, “um botão em flor explode num crisântemo gigante”, ouve-se música. “Chiu! Os ventos ainda cantam!”
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Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
Atriz e Ator Artistas - Vol. I - Representação e Consciência da ExpressãoNas origens do Teatro está a capacidade de inventar personagens materiais e imateriais, de arquitetar narrativas que lancem às personagens o desafio de se confrontarem com situações e dificuldades que terão de ultrapassar. As religiões roubaram ao Teatro as personagens imateriais. Reforçaram os arquétipos em que tinham de se basear para conseguirem inventariar normas de conduta partilháveis que apaziguassem as ansiedades das pessoas perante o mundo desconhecido e o medo da morte.O Teatro ficou com as personagens materiais, representantes não dos deuses na terra, mas de seres humanos pulsionais, contraditórios, vulneráveis, que, apesar de perdidos nos seus percursos existenciais, procuram dar sentido às suas escolhas.Aos artesãos pensadores do Teatro cabe o desígnio de ir compreendendo a sua função ao longo dos tempos, inventando as ferramentas, esclarecendo as noções que permitam executar a especificidade da sua Arte. Não se podem demitir da responsabilidade de serem capazes de transmitir as ideias, as experiências adquiridas, às gerações vindouras, dando continuidade à ancestralidade de uma profissão que perdura. -
As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
A Comédia da MarmitaO pobre Euclião encontra uma marmita cheia de ouro, esconde-a e aferra-se a ela; passa a desconfiar de tudo e de todos. Entretanto, não se apercebe que Fedra, a sua filha, está grávida de Licónides. Megadoro, vizinho rico, apaixonado, pede a mão de Fedra em casamento, e prontifica-se a pagar a boda, já que a moça não tem dote. Euclião aceita e prepara-se o casamento. Ora acontece que Megadouro é tio de Licónides. É assim que começa esta popular peça de Plauto, cheia de peripécias e de mal-entendidos, onde se destaca a personagem de Euclião com a sua desconfiança, e que prende o leitor até ao fim. «O dinheiro não dá felicidade mas uma marmita de ouro, ao canto da lareira, ajuda muito à festa» - poderá ser a espécie de moralidade desta comédia a Aulularia cujo modelo influenciou escritores famosos (Shakespeare e Molière, por exemplo) e que, a seguir ao Anfitrião, se situa entre as peças mais divulgadas de Plauto. -
O Teatro e o Seu Duplo«O Teatro e o Seu Duplo, publicado em 1938 e reunindo textos escritos entre 1931 e 1936, é um ataque indignado em relação ao teatro. Paisagem de combate, como a obra toda, e reafirmação, na esteira de Novalis, de que o homem existe poeticamente na terra.Uma noção angular é aí desenvolvida: a noção de atletismo afectivo.Quer dizer: a extensão da noção de atletismo físico e muscular à força e ao poder da alma. Poderá falar-se doravante de uma ginástica moral, de uma musculatura do inconsciente, repousando sobre o conhecimento das respirações e uma estrita aplicação dos princípios da acupunctura chinesa ao teatro.»Vasco Santos, Posfácio -
Menina JúliaJúlia é uma jovem aristocrata que, por detrás de uma inocência aparente esconde um lado provocador. Numa noite de S. João, Júlia seduz e é seduzida por João, criado do senhor Conde e noivo de Cristina, a cozinheira da casa. Desejo, conflitos de poder, o choque violento das classes sociais e dos sexos que povoam aquela que será uma noite trágica. -
Os HeraclidasHéracles é o nome do deus grego que passou para a mitologia romana com o nome de Hércules; e Heraclidas é o nome que designa todos os seus descendentes.Este drama relata uma parte da história dos Heraclidas, que é também um episódio da Mitologia Clássica: com a morte de Héracles, perseguido pelo ódio de Euristeu, os Heraclidas refugiam-se junto de Teseu, rei de Atenas, o que representa para eles uma ajuda eficaz. Teseu aceita entrar em guerra contra Euristeu, que perece na guerra, junto com os seus filhos. -
A Comédia dos BurrosA “Asinaria” é, no conjunto, uma comédia de enganos equilibrada e com cenas particularmente divertidas, bem ao estilo de Plauto. A intriga - na qual encontramos alguns dos tipos e situações características do teatro plautino (o jovem apaixonado desprovido de dinheiro; o pai rival do filho nos seus amores; a esposa colérica odiada pelo marido; a cínica, esperta e calculadora alcoviteira; e os escravos astutos, hábeis e mentirosos) - desenrola-se em dois tons - emoção e farsa - que, ao combinarem-se, comandam a intriga através de uma paródia crescente até ao triunfo decisivo do tom cómico.