O Nosso Porto - Um Olhar a Partir da Galiza
Este é um ensaio pessoal sobre o Porto em que se revelam algumas das querenças, se calhar também as obsessões, do autor. Nas suas páginas revelam-se o desenvolvimento urbano da cidade, as suas divisões internas, o património religioso e civil, o peso do rio e do mar, as contestações que nasceram em ruas e cafés, a inquietante turistificação destas horas, o mundo dos escritores e das livrarias, ou a relação da Galiza com um espaço que é, por muitos motivos, galego. Não está o leitor, ou a leitora, ante um guia da cidade: está ante um exercício de amor que não esconde as cautelas.
| Editora | Através Editora |
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| Editora | Através Editora |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Carlos Mendes, Carlos Taibo |
Carlos Taibo foi durante trinta anos professor de Ciência Política na Universidade Autónoma de Madrid. Publicou monografias sobre assuntos como a globalização, a hegemonia dos Estados Unidos, os movimentos de resistência, o decrescimento ou o pensamento libertário. Entre os seus últimos livros em galego-português contam-se Decrescimento, crise, capitalismo (2010), Parecia não pisar o chão. Treze ensaios sobre as vidas de Fernando Pessoa (2010), Galego, português, galego--português? (juntamente com Arturo de Nieves) (2013), O penálti de Djukic (2016), Colapso(2019), A tortilha de Betanços (2020) e Ibéria esvaziada. Despovoamento, decrescimento, colapso (2022). Este volume é uma falsa autobiografia que examina, com retranca, a relação de Taibo com as línguas e, nomeadamente, com o mundo galegoportuguês.A capa é da autoria de Miguel Durão.
Prefácio & Fotografia O facto de ter nascido num dos bairros históricos mais emblemáticos do Porto não será estranho à grande paixão que nutre por essa cidade. Desde tenra idade dedicado à música e à fotografia, acabou por optar por esta última como carreira profissional, concluindo bacharelato em fotografia e mais tarde licenciatura em arte e comunicação, ambos na Escola Superior Artística do Porto. Acabou integrando também a formação em audiovisuais, cursando fotografia cinematográfica avançada na Escuela Internacional de Cine y TV, de San Antonio de los Baños, Cuba. Durante anos, desenvolveu profissionalmente trabalho em fotografia, com especialização em fotografia de arquitectura, especialidade que leccionou no Instituto Português de Fotografia, mas, na última década, a direcção de fotografia ocupa a quase totalidade do seu trabalho, com especial destaque na área do documentário, para televisão. Desde a primeira edição, programador dos cursos aPorto (www.aporto.org).
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O Penálti de DjukicA história do futebol também é a dos desafios feministas, a da democracia corinthiana de Sócrates e companhia, a da biblioteca operária do Canido Sporting, a do Breogán F.C., a das mocidades galeguistas, a das seleções nacionais auto-geridas das Siareiras Galegas, a da reinvenção do futebol gaélico ou a do Encrobas Clube de Fútbol ("fura, fura, que Encrobas dura!"), símbolo que mantém viva a paróquia destruída por FENOSA. Este outro futebol, o que amavam Eduardo Galeano e Pier Paolo Pasolini, é o que está trás este livro de Carlos Taibo. Ele, como já fizera no seu dia o anarquista Manuel Rodríguez Matos, tanto pode dar um comício aos peões de Ordes e Celas de Peiró como falar na Sociedade Deportiva de los Castros sobre a ética no desporto e fazer as duas cousas como parte do mesmo projeto: sermos mais livres. -
O Feitiço das Línguas - Uma (pseudo) (auto) Biografia LinguísticaCom O Feitiço das línguas, Carlos Taibo mistura alhos com bugalhos, com elegância e erudição, ao enlear sem dó o género literário da Autobiografia com o ramo da Linguística, num apaixonante relato contado com engenho e grandes doses de humor. Se, como arma a Linguística moderna, a língua não é apenas um simples sistema de regras mas uma instituição sociocultural constitutiva da nossa identidade individual e coletiva, com certeza não há melhor modo de o materializar do que escrevendo um livro como este. -
Parecia Não Pisar o Chão - Treze ensaios sobre as vidas de Fernando PessoaSe nas biografas de Fernando Pessoa descontamos as partes que se referem às doenças mentais desta figura, aos heterónimos, à dimensão esotérica presente na vida e obra do poeta, ao diletantismo político ao qual tantas vezes se entregou e à sua condição de permanente fingidor, no melhor dos casos restam umas dúzias de páginas para examinar a condição material de um ser humano profundamente desgraçado e, ao mesmo tempo, e noutra dimensão, secretamente feliz. Este livro pretende mergulhar no que essas biografas consideram de menor relevo para estudar aspetos da vida de Pessoa que reclamam uma aproximação monográfca: o caráter do escritor, os seus afazeres quotidianos, o trabalho, a fama que alcançou, a posteridade que aguardava, os amores, as viagens, as fotografas, as línguas nas quais se expressou, a morte ou a sua relação com o país, a Galiza, no qual este livro está pensado. Se para a maioria dos especialistas a vida de Pessoa é um simples acidente – a luz que nasce da obra e a necessidade paralela de a resgatar fizeram que o ser humano que estava por trás ficasse num discreto segundo plano –, por que não subverter o que assegura uma conhecida afirmação do poeta – «A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que toda a vida não basta» – e sublinhar o que está implícito, isto é, que a vida também aí está? -
Ibéria Esvaziada - Despovoamento, Decrescimento, ColapsoNeste livro, Taibo delimita o conceito de Ibéria esvaziada, considerando quer o cenário espanhol, quer o português, accionando as ferramentas que surgem da perspectiva do decrescimento e da teoria do colapso. E acrescenta propostas quanto ao que deve ser preservado, recuperado, introduzido e rejeitado nestes espaços, valorizando os debates em torno dos temas relativos ao povoamento, ao papel das mulheres, às biorregiões, ou à natureza de um modelo económico e social alternativo.
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Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha). -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
Terra QueimadaEnsaio profético e demolidor, TERRA QUEIMADA (2022) expõe a forma como o complexo internético se tornou «motor implacável de vício, solidão, falsas esperanças, crueldade, psicose, endividamento, vida desbaratada, corrosão da memória e desintegração social». Nele, Jonathan Crary faz uma crítica radical da digitalização do mundo e denuncia realidades inegáveis: a incompatibilidade entre um planeta habitável e a economia consumista e técnica, a atomização provocada pelas redes sociais, a era digital como fase terminal do capitalismo planetário. «Se é possível um futuro habitável e comum no nosso planeta», conclui, «esse futuro será offline, dissociado dos sistemas e da actividade do capitalismo 24/7, que destroem o mundo». -
Mário Cesariny e Antonio Tabucchi - Cartas e outros TextosFernando Cabral Martins: «O surrealismo português já tinha atingido no final dos anos sessenta uma definição que tornava possível, de um ponto de vista exterior, descomprometido, fazer uma avaliação de conjunto.» Antonio Tabucchi veio a Portugal no rasto de um poeta: Fernando Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, de quem lera por acaso o poema «Tabacaria». Quis aprender a língua do autor do poema e para isso inscreveu-se na cadeira de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pisa, que então frequentava. O seu mestre foi uma professora especial, bela, inteligente e culta, Luciana Stegagno Picchio. Antonio quis conhecer o país onde se falava aquela língua e ao qual pertencia aquele poeta e, na Primavera de 1965, com o seu Fiat 500, chegou a Portugal. Aí conheceu uma portuguesa com quem falou de Pessoa, e com quem continuou a trocar correspondência até ao ano seguinte, quando se tornaram namorados, vindo depois a casar (1970). Mas até lá, veio amiúde a Portugal […] e começou a interessar-se pelo Surrealismo português, sobre o qual havia muito pouco material crítico, praticamente nada, em vista da sua futura tese de licenciatura. Conheceu então (1967) dois membros ilustres daquele movimento, dois grandes poetas, Alexandre O’Neill e Mário Cesariny de Vasconcelos, com quem passou muitas horas, primeiro para os entrevistar e depois, com sempre maior intimidade, já com laços de amizade, só pelo prazer de estarem juntos. [Maria José de Lancastre] Esta é a história de um desencontro. Cesariny, como o surrealismo, considerava a universidade um inimigo, e Tabucchi, para todos os efeitos, era em 1971 um universitário. Mesmo se, no caso dele, havia por parte do poeta o agrado de ver como a sua poesia e o seu lugar no surrealismo português eram reconhecidos — pela primeira vez — por um leitor com a distância crítica e a óbvia inteligência de Antonio Tabucchi. Aqui, nos textos que documentam o contacto directo entre ambos do final dos anos 60, pode ver-se uma ilustração do modo como a história do surrealismo foi sendo feita, com que ritmo e a partir de que posições. E que implica a consciência, por parte do poeta, da importância do sentido que a crítica atribui à História, capaz (ou não) de tornar o passado digno do presente, ou vice- -versa. E manifesta, por parte do jovem crítico italiano, a intuição da grandeza de um movimento que evoluía na sombra, num carceral jardim à beira-mar. [Fernando Cabral Martins]
