Rei Édipo
Reedita-se, em tradução a partir do original grego, a peça que se tornou, para o teatro ocidental, uma espécie de paradigma da tragédia grega.
Todo o pano de fundo em que decorre a peça é formado por dados que a tradição já registara e que, consequentemente, o público conhece: o nascimento de Édipo, votado a um futuro de parricida incestuoso, o seu abandono pelos pais, a sua adopção pelos reis de Corinto, a descoberta do oráculo sobre o seu destino, a morte acidental do pai, o episódio da esfinge, o casamento com Jocasta, a mãe, e a revelação trágica do duplo crime e da verdade dos oráculos...
Tragédia do conhecimento de si, Rei Édipo é, assim, uma tragédia da condição humana, tal como Sófocles a concebeu, com muito do sentimento do efémero patente na lírica arcaica, onde o homem, embalado pela canção da aparência, caminha, cego, para a sua ruína, pensando ter sido escolhido o rumo exacto, tornando assim todo o orgulho vão, e frágil toda a certeza de si próprio.
| Editora | Edições 70 |
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| Coleção | Clássicos Gregos e Latinos |
| Categorias | |
| Editora | Edições 70 |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Sófocles |
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FiloctetesNesta peça, a mestria dramática de Sófocles reúne três figuras que encarnam questões morais, sociais e educativas - Filoctetes, Ulisses e Neoptólemo; confronto entre os dois primeiros, tentando cada qual aliciar para a sua esfera de influência o terceiro. Tratando-se, como se refere na Introdução, da "tragédia do homem solitário que a ingratidão, a deslealdade, a injustiça lançaram numa ilha deserta, o drama de um homem que dez anos de solidão endureceram no ódio e na revolta", é também o confronto entre três caracteres díspares, que se regem por diferentes códigos morais. -
AntígonaFilha incestuosa de Édipo e Jocasta,Antígona é a mais corajosa e elevada encarnação do amor filial e fraterno.Nascida para amar e não para odiar,enfrenta a tirania com indomável firmeza,opondo os ditames da consciência à razão de Estado e à lei política,embora sabendo que tal atitude lhe vai trazer uma condenação terrível.Movidos pela rivalidade,seus irmão Etéocles e Polinices matam-se um ao outro no campo de batalha.Creonte,seu tio e novo rei de Tebas,presta ao cadáver de Etéocles supremas honras fúnebres,mas proíbe que se dê sepultura ao corpo de Polinices,porque este solicitara ajuda aos exércitos de Argos para fazer valer os seus direitos ao trono tebano.Creonte ameaça de morte quem infringir o édito real.Mas Antígona,que já fora o amparo de Édipo na desgraça,cumpre o que a consciência lhe dita:cuida piedosamente dos despojos do irmão.E o tirano manda encerrá-la viva num sepulcro rochoso.A Antígona de Sófocles é,na história da humanidade,um indelével monumento,uma dessas coisas por que vale a pena ter memória. -
AntígonaQue lei divina transgredi? Como posso eu ainda olhar para os deuses? Qual deles invocar como aliado, quando ímpia se tornou a minha piedade? Se é por sua vontade este castigo, só depois de o sofrer hei-de ver meu erro. Mas se são estes que erram, venham eles mesmos a sofrer o que agora me fazem passar fora de toda a justiça!
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Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
Atriz e Ator Artistas - Vol. I - Representação e Consciência da ExpressãoNas origens do Teatro está a capacidade de inventar personagens materiais e imateriais, de arquitetar narrativas que lancem às personagens o desafio de se confrontarem com situações e dificuldades que terão de ultrapassar. As religiões roubaram ao Teatro as personagens imateriais. Reforçaram os arquétipos em que tinham de se basear para conseguirem inventariar normas de conduta partilháveis que apaziguassem as ansiedades das pessoas perante o mundo desconhecido e o medo da morte.O Teatro ficou com as personagens materiais, representantes não dos deuses na terra, mas de seres humanos pulsionais, contraditórios, vulneráveis, que, apesar de perdidos nos seus percursos existenciais, procuram dar sentido às suas escolhas.Aos artesãos pensadores do Teatro cabe o desígnio de ir compreendendo a sua função ao longo dos tempos, inventando as ferramentas, esclarecendo as noções que permitam executar a especificidade da sua Arte. Não se podem demitir da responsabilidade de serem capazes de transmitir as ideias, as experiências adquiridas, às gerações vindouras, dando continuidade à ancestralidade de uma profissão que perdura. -
As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
A Comédia da MarmitaO pobre Euclião encontra uma marmita cheia de ouro, esconde-a e aferra-se a ela; passa a desconfiar de tudo e de todos. Entretanto, não se apercebe que Fedra, a sua filha, está grávida de Licónides. Megadoro, vizinho rico, apaixonado, pede a mão de Fedra em casamento, e prontifica-se a pagar a boda, já que a moça não tem dote. Euclião aceita e prepara-se o casamento. Ora acontece que Megadouro é tio de Licónides. É assim que começa esta popular peça de Plauto, cheia de peripécias e de mal-entendidos, onde se destaca a personagem de Euclião com a sua desconfiança, e que prende o leitor até ao fim. «O dinheiro não dá felicidade mas uma marmita de ouro, ao canto da lareira, ajuda muito à festa» - poderá ser a espécie de moralidade desta comédia a Aulularia cujo modelo influenciou escritores famosos (Shakespeare e Molière, por exemplo) e que, a seguir ao Anfitrião, se situa entre as peças mais divulgadas de Plauto. -
O Teatro e o Seu Duplo«O Teatro e o Seu Duplo, publicado em 1938 e reunindo textos escritos entre 1931 e 1936, é um ataque indignado em relação ao teatro. Paisagem de combate, como a obra toda, e reafirmação, na esteira de Novalis, de que o homem existe poeticamente na terra.Uma noção angular é aí desenvolvida: a noção de atletismo afectivo.Quer dizer: a extensão da noção de atletismo físico e muscular à força e ao poder da alma. Poderá falar-se doravante de uma ginástica moral, de uma musculatura do inconsciente, repousando sobre o conhecimento das respirações e uma estrita aplicação dos princípios da acupunctura chinesa ao teatro.»Vasco Santos, Posfácio -
Menina JúliaJúlia é uma jovem aristocrata que, por detrás de uma inocência aparente esconde um lado provocador. Numa noite de S. João, Júlia seduz e é seduzida por João, criado do senhor Conde e noivo de Cristina, a cozinheira da casa. Desejo, conflitos de poder, o choque violento das classes sociais e dos sexos que povoam aquela que será uma noite trágica. -
Os HeraclidasHéracles é o nome do deus grego que passou para a mitologia romana com o nome de Hércules; e Heraclidas é o nome que designa todos os seus descendentes.Este drama relata uma parte da história dos Heraclidas, que é também um episódio da Mitologia Clássica: com a morte de Héracles, perseguido pelo ódio de Euristeu, os Heraclidas refugiam-se junto de Teseu, rei de Atenas, o que representa para eles uma ajuda eficaz. Teseu aceita entrar em guerra contra Euristeu, que perece na guerra, junto com os seus filhos. -
A Comédia dos BurrosA “Asinaria” é, no conjunto, uma comédia de enganos equilibrada e com cenas particularmente divertidas, bem ao estilo de Plauto. A intriga - na qual encontramos alguns dos tipos e situações características do teatro plautino (o jovem apaixonado desprovido de dinheiro; o pai rival do filho nos seus amores; a esposa colérica odiada pelo marido; a cínica, esperta e calculadora alcoviteira; e os escravos astutos, hábeis e mentirosos) - desenrola-se em dois tons - emoção e farsa - que, ao combinarem-se, comandam a intriga através de uma paródia crescente até ao triunfo decisivo do tom cómico.
