Serrasine
«Em Sarrasine, obra-chave da transição entre o Alto Romantismo e o Romantismo tardio, Balzac reformula as aventuras italianas do herói travestido de Latouche em termos decadentistas. Ao visitar Roma em 1758, Sarrasine, um escultor francês, apaixona-se loucamente por uma prima-dona, La Zambinella. A cantora corporiza a "beleza ideal" que o celibatário Sarrasine procurara em vão na vida real o modelo em que se haviam baseado "as doces, preciosas criações da antiga Grécia". Só depois de um encontro com Zambinella é que Sarrasine descobre, para sua humilhação pública, que ela é um homem, um castrato. Também aqui, uma revelação sexual obriga-nos a reler o texto. E a primeira aparição em palco de Zambinella torna-se uma epifania sagrada, que arrebata Sarrasine com a visão de uma perfeição hermafrodita. Se ele nunca encontrara a beleza ideal, isso é porque o comum dos mortais possui apenas um sexo; mas Zambinella é sexualmente compósita, à maneira grega.»
Camille Paglia
| Editora | Relógio d' Água |
|---|---|
| Coleção | Biblioteca Editores Independentes |
| Categorias | |
| Editora | Relógio d' Água |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Honoré de Balzac |
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Ilusões Perdidas«Ora aqui está ele, um dos monstros sagrados da literatura de todos os tempos. Morreu com 49 anos, media um metro e meio, escrevia da meia-noite às oito da manhã, rodeado de candelabros e alimentado a café, e deixou uma obra única. É impossível escolher um dos seus títulos, e este foi-o um pouco ao acaso. No trabalho de Balzac há de tudo - era aquilo a que Victor Hugo chamava um Homem-oceano. Há de tudo e é sempre genial. Podia ter-me decidido por Seraphita, livro muito da minha predilecção, mas as Ilusões Perdidas põem menos dificuldades ao leitor pouco habituado ao seu estilo e, ao mesmo tempo, dão uma razoável ideia do seu génio torrencial, excessivo e, no entanto (parece um paradoxo e não é) estritamente policiado. Fica-se cheio de admiração pela capacidade que este homenzinho tem de construir um mundo, ele que considerava o romance a "história privada das nações" e achava indispensável ter remexido em toda a vida social para ser um verdadeiro escritor. Depois de Balzac a literatura evoluiu imenso mas o seu lugar é eterno, seja o que for que a palavra signifique.»António Lobo Antunes -
Pierrette seguido de O Padre de Tours«O estado celibatário escreve Balzac é um estado contrário à sociedade.» O celibato gera a solidão, a frustração, a raiva. Pierrette, um dos dramas mais pungentes da Comédia Humana, mostra-nos como a estupidez e a avareza humana levam à morte de uma criança.O Padre de Tours apresenta-nos dois géneros de seres nos quais os venenos do celibato se desenvolvem: a solteirona e o padre. Notável documento político sobre o poder da Igreja na Restauração,O Padre de Tours ilustra, ao mesmo tempo, a afirmação balzaquiana segundo a qual as existências mais obscuras encerram tanto a violência como as tragédias históricas. -
A Mulher de Trinta AnosÉ um dos episódios de A Comédia Humana de um dos três grandes romancistas franceses do século XIX. Contrariando uma visão que prevaleceu até há pouco, Balzac defende que a mulher tem o direito de amar e ser amada em qualquer idade, mesmo fora do casamento, e de ser reconhecida pela sociedade pelo que é e não apenas como esposa e mãe. -
Pequenas Misérias da Vida ConjugalBalzac revela-se aqui um divertido observador da intimidade dos casais. No essencial, apresenta-nos dois tipos humanos. De um lado, Adolphe, um burguês de desesperante aridez mental; do outro, Caroline, reduzida à dependência. Em conjunto, os dois jovens esposos vão percorrer o caminho que leva das promessas de felicidade às desilusões e mesmo às misérias do casamento. Como muitas vezes acontece, o casal vai viver as diferentes fases da experiência da incompreensão mútua. O resultado é um quadro ao mesmo tempo grave e pleno de humor, onde Balzac mostra o seu talento para entender a psicologia, o amor-próprio e os conflitos das personagens. -
A Arte de pagar as suas Dividas e de Satisfazer os seus Credores sem Gastar um CêntimoSão arte antiga as técnicas de fuga aos credores por parte dos devedores que hoje bem podem ser um qualquer cidadão anónimo, empresa, governo central, regional, autarquia. A realidade não mudou muito quando comparada com o século XIX, altura em que esta obra foi publicada pela primeira vez. -
Eugénia Grandet«Eugénia Grandet» (1833), o primeiro grande romance de Balzac, conta-nos a história de um amor proibido no seio de uma sociedade materialista. A filha de um dos maiores avarentos já descritos na literatura, Eugénia, apaixona-se, mas a sua mão é já disputada por muitas famílias distintas da região. Um grande clássico da literatura mundial que se junta à colecção de clássicos que a Alêtheia está a editar, de entre os quais se destaca a obra «Maria Stuart», de Stefan Zweig. -
O Ilustre Gaudissart seguido de A BolsaBalzac escreve duas novelas brilhantes sobre as aparências e a forma como estas regulam as nossas vidas. Este volume contém duas das novelas mais emblemáticas do grande nome das letras francesas, Balzac: O Ilustre Gaudissart e A Bolsa. Publicadas originalmente de forma autónoma, faziam ambas parte da notável série de Balzac dedicada à Comédia Humana. Os dois textos confrontam-nos com duas variações sobre a leviandade humana e o modo como a aparência nos leva a julgar os outros. Enquanto em O Ilustre Gaudissart temos um caixeiro-viajante bastante ignorante, que, no entanto, por se vestir bem e frequentar os círculos certos, é muitas vezes levado a sério, em A Bolsa deparamo-nos com um jovem pintor que se divide entre a paixão por uma vizinha e os rumores que sobre ela circulam, numa narrativa que vai adensando uma série de dualidades emocionais. A dimensão ridícula do ser humano é posta a nu nestas duas ficções de Balzac exactamente na mesma medida em que a maldade humana é revelada nas obras de Dickens. «Os seus livros causavam um impacto invulgar nas massas. Não só eram procurados e vendidos entre todas as camadas da população como trouxeram mudanças sociais e de comportamento à sociedade urbana francesa. [...] E eram surpreendentemente bem escritos.» Henri Carrière (autor de Papillon) -
A Prima BetteRetratando, ao longo de toda a história, as ilusões causadas pelas paixões tardias, bem como a perfídia mascarada sob a forma de inocência.A Prima Bette acrescenta à galeria do universo balzaquiano, algumas personagens inesquecíveis, das quais sobressaem as figuras de Lisbeth Fischer, solteirona rancorosa que tudo faz para destruir a família que a acolheu em Paris, em parceria com Válerie Marne e, mulher dissoluta e ambiciosa. Iremos pois encontrar um mundo, em que a opulência esconde aquilo que de mais negro existe na alma humana, e em que a virtude é condenada a sofrer as piores humilhações.Pintando com mestria a Paris de meados do século XIX, Honoré de Balzac (1799 - 1850), apresenta-nos outro dos retratos realistas, que constituem a sua Comédia Humana, o qual enriquece, mais uma vez, o nosso imaginário com os costumes românticos da época, o luxo das suas cortesãs e a perversidade das suas intrigas.Romance de malevolência, rancor e humilhação, A Prima Bette é considerada uma das obras mais sombrias de Balzac. -
O Último AdeusPor entre o fragor da guerra e a retirada das tropas napoleónicas, Phillippe de Sucy consegue salvar a condessa Vandières pondo em risco a sua própria vida. Separados pelo desenrolar dos acontecimentos, o Sr. De Sucy não pára de se interrogar sobre o destino da bela condessa. Onde se encontra Stéphanie? Estará viva ou morta? E quem é a misteriosa Geneviève, que se passeia pelos bosques e que tanto se assemelha à condessa Vandières? -
Esplendores E Misérias Das Cortesãs - Vol. IEsplendores e Misérias das Cortesãs de que apresentamos o Volume 1, foi concluído em 1847 e representa um dos momentos mais altos da produção Balzaciana. Na opinião dum abalizado critico, Nunca (como nesta obra) Balzac se abandonou tanto à embriaguez da criação.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».