Poemas Completos de Alberto Caeiro
Alberto Caeiro é a figura fulcral da grande renovação poética que Fernando Pessoa idealizou para a literatura portuguesa e de que a Revista «Orpheu» terá sido, em 1915, momento inicial. A extrema originalidade da sua criação artística e as fecundas consequências que Reis, Campos e o próprio Pessoa logo repercutem, vão ter, a longo prazo, efeitos notórios na sensibilidade estética do século. A presente edição dos «Poemas Completos de Alberto Caeiro», devidamente expungida de deficiências de leitura, de lacunas e de descontinuidades que correntemente circulam, oferece um texto integral, acrescentando, à obra conhecida, os inéditos recolhidos, de modo sistemático, ao longo do espólio.
Ricardo Reis assina o longo Prefácio e a integral das Notas para a Recordação de Meu Mestre Caeiro sob a forma de Posfácio, de Álvaro de Campos, completa a obra.`
A edição é de Teresa Sobral Cunha e o ensaio crítico de Luís de Sousa Rebelo.
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Experiência do incomum e boa vizinhança - Literatura comparada e literatura-mundoA perspectiva comparatista da literatura permite considerar de forma inovadora questões como o ensino das Humanidades, a aproximação à Literatura-Mundo ou diversos olhares possíveis sobre o estudo da Literatura Portuguesa. É essa perspectiva que aqui subjaz à defesa do entusiasmo como modo de entender a experiência da leitura enquanto inesperada construção de "bons vizinhos"; e a literatura como o que nos é oferecido de incomum na experiência pessoal e da comunidade. -
O Poeta na Cidade - A Literatura Portuguesa na HistóriaA relação entre História e Literatura é um dos elementos fundadores do que hoje consideramos como o fenómeno literário e, muito embora sob diversíssimas configurações, tem contribuído para a perceção das duas formas de discurso como mutuamente fecundáveis e em vários aspetos certamente próximas. Em alguns momentos, as fronteiras parecem quase indistintas: por exemplo, como veremos, em casos-chave da historiografia medieval a separação entre facto e ficção é pouco operativa, e ambos parecem fazer parte de um mesmo universo imaginário. Em outros momentos, porém, e com diferentes conceitos operatórios, parece chegar-se quase a uma conceção antagonista das duas formas de discurso, como se a uma, e só a uma, coubesse o monopólio da verdade; enquanto a outra pareceria construir-se com base num afastamento potencialmente perigoso do real, ficando «presa» da imaginação. A posição que este livro defende repousa sobre a compreensão de que os vínculos entre História e Literatura, sendo de compreensão essencial para ambas, devem refletir a sua variação histórica. -
Literatura-Mundo Comparada: Perspectivas em Português IIIOs volumes que completam a mais ambiciosa das antologias em português, agora num total de seis volumes.A terceira e última parte da antologia Literatura-Mundo Comparada, composta por estes dois volumes de «Pelo Tejo Vai-se para o Mundo», conclui um projecto iniciado em 2018 que se afirma como um marco na História da Literatura em Portugal.Depois dos países de língua portuguesa e da Europa, literaturas que preencheram os primeiros quatro volumes, chegou o momento de abarcar o resto do mundo, incluindo autores fundamentais de várias geografias, como Faulkner, Vargas Llosa, Mabanckou ou Lao Tse, mas também tradições orais e mitos fundacionais de diversas culturas, muitos dos quais nunca antes traduzidos para português. Assim se completa uma viagem literária desde a antiguidade mais remota ao contemporâneo, que abarca todo o globo, numa perspectiva em português absolutamente inédita.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira