A relação entre História e Literatura é um dos elementos fundadores do que hoje consideramos como o fenómeno literário e, muito embora sob diversíssimas configurações, tem contribuído para a perceção das duas formas de discurso como mutuamente fecundáveis e em vários aspetos certamente próximas. Em alguns momentos, as fronteiras parecem quase indistintas: por exemplo, como veremos, em casos-chave da historiografia medieval a separação entre facto e ficção é pouco operativa, e ambos parecem fazer parte de um mesmo universo imaginário.
Em outros momentos, porém, e com diferentes
conceitos operatórios, parece chegar-se quase a uma conceção antagonista das duas formas de discurso, como se a uma, e só a uma, coubesse o monopólio da verdade; enquanto a outra pareceria construir-se com base num afastamento potencialmente perigoso do real, ficando «presa» da imaginação.
A posição que este livro defende repousa sobre a compreensão de que os vínculos entre História e Literatura, sendo de compreensão essencial para ambas, devem refletir a sua variação histórica.
A perspectiva comparatista da literatura permite considerar de forma inovadora questões como o ensino das Humanidades, a aproximação à Literatura-Mundo ou diversos olhares possíveis sobre o estudo da Literatura Portuguesa.
É essa perspectiva que aqui subjaz à defesa do entusiasmo como modo de entender a experiência da leitura enquanto inesperada construção de "bons vizinhos"; e a literatura como o que nos é oferecido de incomum na experiência pessoal e da comunidade.
Os volumes que completam a mais ambiciosa das antologias em português, agora num total de seis volumes.A terceira e última parte da antologia Literatura-Mundo Comparada, composta por estes dois volumes de «Pelo Tejo Vai-se para o Mundo», conclui um projecto iniciado em 2018 que se afirma como um marco na História da Literatura em Portugal.Depois dos países de língua portuguesa e da Europa, literaturas que preencheram os primeiros quatro volumes, chegou o momento de abarcar o resto do mundo, incluindo autores fundamentais de várias geografias, como Faulkner, Vargas Llosa, Mabanckou ou Lao Tse, mas também tradições orais e mitos fundacionais de diversas culturas, muitos dos quais nunca antes traduzidos para português. Assim se completa uma viagem literária desde a antiguidade mais remota ao contemporâneo, que abarca todo o globo, numa perspectiva em português absolutamente inédita.
Alberto Caeiro é a figura fulcral da grande renovação poética que Fernando Pessoa idealizou para a literatura portuguesa e de que a Revista «Orpheu» terá sido, em 1915, momento inicial. A extrema originalidade da sua criação artística e as fecundas consequências que Reis, Campos e o próprio Pessoa logo repercutem, vão ter, a longo prazo, efeitos notórios na sensibilidade estética do século. A presente edição dos «Poemas Completos de Alberto Caeiro», devidamente expungida de deficiências de leitura, de lacunas e de descontinuidades que correntemente circulam, oferece um texto integral, acrescentando, à obra conhecida, os inéditos recolhidos, de modo sistemático, ao longo do espólio.
Ricardo Reis assina o longo Prefácio e a integral das Notas para a Recordação de Meu Mestre Caeiro sob a forma de Posfácio, de Álvaro de Campos, completa a obra.`
A edição é de Teresa Sobral Cunha e o ensaio crítico de Luís de Sousa Rebelo.