Depois dos dois primeiros volumes dedicados à literatura escrita originalmente em língua portuguesa, este ambicioso projecto avança para a segunda parte, composta por dois volumes sobre a literatura europeia – O Mundo Lido: Europa.
Abarcando tradições literárias muito diversas, que definem o cânone da literatura universal, os dois novos livros da Literatura-Mundo incluem autores como Dostoievski, Proust, James Joyce, Cervantes, Virginia Woolf, Aristóteles, Baudelaire, Pirandello, Tchekhov, Mary Shelley, Kafka ou Goethe, e textos fundadores como A Bíblia ou a Ilíada, incluindo notas críticas e várias traduções inéditas.
Na terceira parte, que chegará mais tarde às livrarias, a Literatura-Mundo encerra com três livros dedicados às restantes tradições literárias mundiais, completando assim o projecto, com um total de sete volumes.
A perspectiva comparatista da literatura permite considerar de forma inovadora questões como o ensino das Humanidades, a aproximação à Literatura-Mundo ou diversos olhares possíveis sobre o estudo da Literatura Portuguesa.
É essa perspectiva que aqui subjaz à defesa do entusiasmo como modo de entender a experiência da leitura enquanto inesperada construção de "bons vizinhos"; e a literatura como o que nos é oferecido de incomum na experiência pessoal e da comunidade.
A relação entre História e Literatura é um dos elementos fundadores do que hoje consideramos como o fenómeno literário e, muito embora sob diversíssimas configurações, tem contribuído para a perceção das duas formas de discurso como mutuamente fecundáveis e em vários aspetos certamente próximas. Em alguns momentos, as fronteiras parecem quase indistintas: por exemplo, como veremos, em casos-chave da historiografia medieval a separação entre facto e ficção é pouco operativa, e ambos parecem fazer parte de um mesmo universo imaginário. Em outros momentos, porém, e com diferentes
conceitos operatórios, parece chegar-se quase a uma conceção antagonista das duas formas de discurso, como se a uma, e só a uma, coubesse o monopólio da verdade; enquanto a outra pareceria construir-se com base num afastamento potencialmente perigoso do real, ficando «presa» da imaginação. A posição que este livro defende repousa sobre a compreensão de que os vínculos entre História e Literatura, sendo de compreensão essencial para ambas, devem refletir a sua variação histórica.
Os volumes que completam a mais ambiciosa das antologias em português, agora num total de seis volumes.A terceira e última parte da antologia Literatura-Mundo Comparada, composta por estes dois volumes de «Pelo Tejo Vai-se para o Mundo», conclui um projecto iniciado em 2018 que se afirma como um marco na História da Literatura em Portugal.Depois dos países de língua portuguesa e da Europa, literaturas que preencheram os primeiros quatro volumes, chegou o momento de abarcar o resto do mundo, incluindo autores fundamentais de várias geografias, como Faulkner, Vargas Llosa, Mabanckou ou Lao Tse, mas também tradições orais e mitos fundacionais de diversas culturas, muitos dos quais nunca antes traduzidos para português. Assim se completa uma viagem literária desde a antiguidade mais remota ao contemporâneo, que abarca todo o globo, numa perspectiva em português absolutamente inédita.
Alberto Caeiro é a figura fulcral da grande renovação poética que Fernando Pessoa idealizou para a literatura portuguesa e de que a Revista «Orpheu» terá sido, em 1915, momento inicial. A extrema originalidade da sua criação artística e as fecundas consequências que Reis, Campos e o próprio Pessoa logo repercutem, vão ter, a longo prazo, efeitos notórios na sensibilidade estética do século. A presente edição dos «Poemas Completos de Alberto Caeiro», devidamente expungida de deficiências de leitura, de lacunas e de descontinuidades que correntemente circulam, oferece um texto integral, acrescentando, à obra conhecida, os inéditos recolhidos, de modo sistemático, ao longo do espólio.
Ricardo Reis assina o longo Prefácio e a integral das Notas para a Recordação de Meu Mestre Caeiro sob a forma de Posfácio, de Álvaro de Campos, completa a obra.`
A edição é de Teresa Sobral Cunha e o ensaio crítico de Luís de Sousa Rebelo.
Uma pequena comédia humana, um fresco das nossas vidas cuja moldura é o espírito cáustico e irónico de um grande autor do nosso tempo.
Um instantâneo é uma fotografia tirada com um tempo de exposição muito breve e sem apoio de um tripé. Aqui, Magris compõe uma sequência (cronológica) de textos muito breves, em que disseca pequenos e grandes aspetos da vida quotidiana, da vida política e da nossa intimidade. Estigmatiza falsas crenças, maneiras de ler e comportamentos por detrás dos quais se escondem abismos de incompreensão e superficialidade; destaca pequenos gestos que revelam a grandeza da alma humana; e tira da História e da Literatura situações surpreendentes que iluminam o presente confuso em que vivemos.Daqui emerge uma pequena comédia humana, um fresco das nossas vidas cuja moldura é o espírito cáustico e irónico de um grande autor moralista (na mais elevada aceção do termo) do nosso tempo – que não nos diz como devemos ser ou viver, mas que nos convida a olhar para nós com rigor e ternura.