Instantâneos
Uma pequena comédia humana, um fresco das nossas vidas cuja moldura é o espírito cáustico e irónico de um grande autor do nosso tempo.
Um instantâneo é uma fotografia tirada com um tempo de exposição muito breve e sem apoio de um tripé. Aqui, Magris compõe uma sequência (cronológica) de textos muito breves, em que disseca pequenos e grandes aspetos da vida quotidiana, da vida política e da nossa intimidade. Estigmatiza falsas crenças, maneiras de ler e comportamentos por detrás dos quais se escondem abismos de incompreensão e superficialidade; destaca pequenos gestos que revelam a grandeza da alma humana; e tira da História e da Literatura situações surpreendentes que iluminam o presente confuso em que vivemos.
Daqui emerge uma pequena comédia humana, um fresco das nossas vidas cuja moldura é o espírito cáustico e irónico de um grande autor moralista (na mais elevada aceção do termo) do nosso tempo – que não nos diz como devemos ser ou viver, mas que nos convida a olhar para nós com rigor e ternura.
| Editora | Quetzal |
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| Categorias | |
| Editora | Quetzal |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Claudio Magris |
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DanúbioDanúbio, de Claudio Magris, é um dos grandes romances europeus do nosso tempo - um romance classificado na categoria de literatura de viagens, cujo tema principal serve de pretexto para explorar e dissertar sobre a cultura centro-europeia, ou seja, da Mitteleuropa.Danúbio obteve o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes em 2004. No entanto, o romance foi escrito durante o período do alargamento da União Europeia, no início dos anos oitenta do século XX.Magris serve-se do Grande Rio que a travessa a Europa Central como se fosse o fio de Ariadne, isto é uma linha de orientação para atravessar o conjunto de culturas e etnias que se entrecruzam, sobrepõem mas raras vezes se misturam ou diluem umas nas outras insistindo, pelo contrário, no esforço de preservar uma identidade cultural face à força do federalismo e da standartização cultural e económica. Essa viagem através do Danúbio (atravessando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), o grande rio europeu, é a viagem pela história e pelo imaginário do nosso continente. Uma obra-prima. -
A História Não AcabouA História Não Acabou é um livro de um «apolítico», no sentido que Thomas Mann deu à expressão alguém que, como a maior parte de nós, encontra mais prazer num dia de praia do que na crónica política. Porém, quando o corpo social se deteriora, se desgasta pela agressão, pondo em jogo os valores em que acreditamos, então são necessários o protesto, o testemunho, a tomada de posição, a análise, a sátira. Nascidos de artigos escritos para o jornal Corriere della Sera, os capítulos de A História Não Acabou abordam, entre muitas outras questões incontornáveis nas sociedades contemporâneas, a laicidade, liberta do equívoco que a contrapõe à fé; a necessidade e os limites do diálogo entre as culturas; a relação entre o Estado e a Igreja ou entre a ética e o direito; o espírito religioso; a crescente regressão irracionalista; a involução política que nos últimos anos tem feito perigar os valores elementares da democracia e do liberalismo. -
Uma Causa ImprocedenteUm romance monumental, enciclopédico, no âmago do turbilhão da História. Um homem dedica a sua vida à obsessiva coleção de objetos bélicos - espingardas, submarinos, tanques, zagaias, armas de todas as épocas - para o grande e grotesco museu de guerra, que, sob o mesmo teto, albergará a morte e o mal até que tudo, no exterior, se tenha pacificado. Após a morte deste homem, durante um violento fogo no museu, Luisa Brooks será incumbida de dar continuidade ao projeto, completando-o. Ela é filha de mãe judia, de pai negro e, como tal, produto de uma longa linhagem de exílio e de escravatura. Também ela ficará obcecada por este projeto. Um romance monumental, enciclopédico, no âmago do turbilhão da História. -
Danúbio"Ao longo do rio que cruza os destinos do Oriente e do Ocidente, do cristianismo e do Islão, mas também da literatura. Clássico da literatura de viagens e do «romance geográfico», Danúbio reinventa e descreve o mundo da poliglota e pluricultural Mitteleuropa – a Europa Central – ao longo do rio que cruza os destinos do Oriente e do Ocidente, do cristianismo e do Islão, mas também da literatura (que evoca permanentemente) e da memória dos monumentos, ruas e fantasmas que habitam as cidades dessa geografia. Essa viagem pelo Danúbio (atravessando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), o grande rio europeu, é a viagem pelo imaginário do nosso continente. Não é uma viagem pela História ou pela política, não obedece à cronologia – apenas observa a geografia e o espírito do lugar, misturando histórias dos livros com histórias humanas e quotidianas, como um guia sentimental do território.«O génio de Danúbio é lembrar-nos que um livro pode existir para inventar um mundo.» The Guardian -
Às CegasAclamado como obra-prima aquando da sua publicação em Itália, Às Cegas é um romance de grande originalidade e intensidade poética. A sua forma inovadora - um caudal, uma torrente, um oceano de palavras que fluem livremente - serve na perfeição a narrativa de um louco sobre a sua viagem no tempo e no espaço, e que se polariza nas duas categorias antagónicas dos que fazem a revolução e dos seus perseguidores. Claudio Magris trabalha aqui também motivos recorrentes na sua obra: o das vidas afundadas - que é preciso "resgatar para a literatura"; ou o da figura de proa que, à imagem do Homem, tendo perdido o rumo, continua a desbravar os mares, às cegas, num ato único de esperança. Às Cegas, de Claudio Magris é uma miríade de lugares, situações, símbolos, coincidências e reflexos, que atravessam continentes e séculos - e um retrato da falência da ideologia e do indivíduo à deriva. -
AlfabetosAlfabetos é uma viagem pela literatura, através dos livros - ou melhor, uma entre milhares de viagens possíveis à descoberta dos livros, dos seus autores, e de nós próprios. Os livros que nos formam, os que nos ferem, os que nos curam, os que permitem que conheçamos o mundo e organizemos a visão que temos dele. Alfabetos é também uma reflexão sobre as contradições trágicas da literatura e dos seus autores, capazes de fazer chegar a todos princípios de humanidade, mas também de os violar. Daí também a reflexão final - apaixonada e lúcida - sobre a relação da literatura com a ética e a política, reflexão essa que destaca a necessidade que a contemporaneidade tem do empenho e, por outro lado, a necessidade da irresponsabilidade da poesia. -
E Então Vai EntenderNeste monólogo narrativo sobre um amor total e falhado, uma mulher fala-nos a partir de uma obscuridade misteriosa - a partir da morte? - e revela-nos num tom terno e impiedoso, que contém toda a grandeza e mesquinhez da vida e da morte, as alegrias e misérias da paixão - e do homem que ela ama, mas renuncia seguir de volta à vida. Em E Então Vai Entender, Claudio Magris move-se entre a experiência pessoal e o mito; entre a vontade de fuga e a intensidade da permanência, entre a ligeireza e a tragédia. -
Tempo Curvo em KremsOs cinco protagonistas que encontramos nestas histórias têm de lidar com as consequências do que acontece quando o tempo não parece ter princípio nem fim, mas é como o curso de um rio que nos pode levar tanto à sua foz, como à sua nascente: 1) o industrial rico que encena uma falsa «retirada» da vida; 2) o professor de música que se encontra com o antigo discípulo, numa reunião de indefinível e ambígua crueldade; 3) o viajante que, na pequena cidade de Krems, descobre que a vida e o amor existem num não-tempo, no qual tudo é presente e tudo acontece em simultâneo; 4) o velho escritor, convidado de honra de um prémio que serve apenas de medida ao que o afasta do mundo e dos rituais da literatura; 5) e, finalmente, o homem que sobreviveu à Primeira Grande Guerra e ao período áureo - irredentista - da cultura triestina, que observa a rodagem de um filme sobre os acontecimentos da sua própria juventude e que não consegue rever-se - ou aos seus companheiros - nos gestos e nas palavras dos atores. Irónicos e solenes, os cinco protagonistas vão, aos poucos, perdendo a intensidade das suas vidas e apagando a distinção entre ficção e realidade.
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Novas Cartas Portuguesas«Reescrevendo, pois, as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e actualidade, do ponto de vista literário e social. Comprova-o o facto de poder ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas (ou emergentes dos Estudos Feministas, como a teoria queer), uma vez que resiste à catalogação ao desmantelar as fronteiras entre os géneros narrativo, poético e epistolar, empurrando os limites até pontos de fusão.»Ana Luísa Amaral in «Breve Introdução» -
Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXIO que são, afinal, a esquerda e a direita políticas? Trata-se de conceitos estanques, flutuantes, ou relativos? Quando foi que começámos a usar estes termos para designar enquadramentos políticos? Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXI é um ensaio historiográfico, político e filosófico no qual Rui Tavares responde a estas questões e explica por que razão a terminologia «esquerda / direita» não só continua a ser relevante, como poderá fazer hoje mais sentido do que nunca. -
O PríncipeUm tratado clássico sobre a política ou a arte de bem governar que, embora tenha sido escrito no século XVI, mantém toda a sua atualidade, podendo facilmente transpor-se para os dias de hoje. Inspirado na figura de César Bórgia e na admiração desmedida que manifestava por ele, Maquiavel faz uma abordagem racional para aconselhar os aspirantes a líderes, desenvolvendo argumentos lógicos e alternativas para uma série de potenciais problemas, a forma de lidar com os domínios adquiridos e o tratamento a dar aos povos conquistados, de modo consolidar o poder. Obra de referência e de um pragmatismo radical e implacável. -
Obras Completas de Maria Judite de Carvalho - vol. I - Tanta Gente, Mariana - As Palavras PoupadasA presente coleção reúne a obra completa de Maria Judite de Carvalho, considerada uma das escritoras mais marcantes da literatura portuguesa do século XX. Herdeira do existencialismo e do nouveau roman, a sua voz é intemporal, tratando com mestria e um sentido de humor único temas fundamentais, como a solidão da vida na cidade e a angústia e o desespero espelhados no seu quotidiano anónimo.Observadora exímia, as suas personagens convivem com o ritmo fervilhante de uma vida avassalada por multidões, permanecendo reclusas em si mesmas, separadas por um monólogo da alma infinito.Este primeiro volume inclui as duas primeiras coletâneas de contos de Maria Judite de Carvalho: Tanta Gente, Mariana (1959) e As Palavras Poupadas (1961), Prémio Camilo Castelo Branco. Tanta Gente, Mariana «E a esperança a subsistir apesar de tudo, a gritar-me que não é possível. Talvez ele se tenha enganado, quem sabe? Todos erram, mesmo os professores de Faculdade de Medicina. Que ideia, como havia ela de se enganar se os números ali estavam, bem nítidos, nas análises. E no laboratório? Não era o primeiro caso? Lembro-me de em tempos ter lido num jornal? Qual troca! Tudo está certo, o que o médico disse e aquilo que está escrito.» As Palavras Poupadas (Prémio Camilo Castelo Branco) «- Vá descendo a avenida - limita-se a dizer. - Se pudesse descer sempre - ou subir - sem se deter, seguir adiante sem olhar para os lados, sem lados para olhar. Sem nada ao fim do caminho a não ser o próprio fim do caminho. Mas não. Em dado momento, dentro de cinco, de dez minutos, quando muito, terá de se materializar de novo, de abrir a boca, de dizer «vou descer aqui» ou «pare no fim desta rua» ou «dê a volta ao largo». Não poderá deixar de o fazer. Mas por enquanto vai simplesmente a descer a avenida e pode por isso fechar os olhos. É um doce momento de repouso.» Por «As Palavras Poupadas» vai passando, devagar, o quotidiano anónimo de uma cidade, Lisboa, e dos que nela vivem. type="application/pdf" width="600" height="500"> -
Espanha e Catalunha - Choque entre NacionalismosA Constituição espanhola, aprovada em referendo em 1978, num período de transição para a democracia, consagra a Espanha como uma nação que pode comportar várias nacionalidades. Esta foi, à época, a formulação jurídico-constitucional encontrada para acomodar as diferentes aspirações de autonomia ou independência (como no caso do País Basco) de várias regiões, em especial a Catalunha, o País Basco e a Galiza. Durante décadas, estas aspirações estiveram adormecidas, com a excepção evidente do País Basco, onde uma facção radical, a ETA, quis impor o seu projecto independentista através da luta armada.Foi a crise económica, a par de uma revolução gradual no sistema político bipartidário espanhol, que reavivou a aspiração independentista da Catalunha, culminando nos acontecimentos de 2017: um referendo (considerado ilegal à luz da Constituição) e a declaração unilateral de independência (a DUI). O Estado espanhol, dominado por algumas franjas nacionalistas, reagiu, a sociedade catalã dividiu-se e os acontecimentos precipitaram-se.Esta obra visa facultar ao leitor o necessário enquadramento histórico-político para perceber a evolução dos acontecimentos. -
A Zona de InteresseUm dos mais polémicos romances das últimas décadas. O que acontece quando descobrimos quem verdadeiramente somos? E como é que lidamos com essa revelação? Intrépido e original, A Zona de Interesse é uma violenta e obscura história de amor que se desenrola num cenário do mais puro mal o campo de extermínio de Auschwitz , bem como uma viagem às profundezas e contradições da alma humana. -
Memorial do Convento«Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.»(Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998) -
IlíadaA Ilíada é o primeiro livro da literatura europeia e, sob certo ponto de vista, nenhum outro livro que se lhe tenha seguido conseguiu superá-la – nem mesmo a Odisseia. Lida hoje, no século XXI depois de Cristo, a Ilíada mantém inalterada a sua capacidade de comover e de perturbar. As civilizações passam, mas a cultura sobrevive? É nesse sentido que parece apontar a mensagem deste extraordinário poema épico, que decorre durante o décimo ano da guerra de Tróia, tratando da ira, do heroísmo e das aventuras e desventuras de Aquiles (em luta contra Agamémnon), apresentando-nos personagens como Heitor, Eneias, Helena, Ájax e Menelau, bem como episódios que marcam toda a história da nossa civilização.Nas palavras de Frederico Lourenço, é um «canto de sangue e lágrimas, em que os próprios deuses são feridos e os cavalos do maior herói choram».