Vergílio Ferreira, Seminarista nos Seminários do Fundão e da Guarda
É sabido que Vergílio Ferreira foi seminarista, como outros ficcionistas portugueses do século XX, de Aquilino Ribeiro a Miguel Torga, José Marmelo e Silva, Fernando Campos, João de Meio, Fernando Venâncio; e também é sabido, e assinalado pelo próprio autor, que foi a sua experiência de seminarista que lhe permitiu escrever o importante romance Manhã Submersa (1954), privilegiado pelos leitores e pela crítica das últimas décadas, sobretudo depois de ter sido recomendado para leitura no ensino secundário ou depois de Lauro António o ter adaptado, em 1980, para um filme em que o próprio Vergílio Ferreira entrou como ator (Reitor).
| Editora | Editora Exclamação |
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| Editora | Editora Exclamação |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Arnaldo Saraiva |
Arnaldo Saraiva é professor emérito da Universidade do Porto, em cuja Faculdade de Letras ensinou ao longo de décadas, tendo também ensinado na Universidade Católica (Porto), na Universidade de Paris-Sorbonne Nouvelle e na Universidade da Califórnia em Santa Barbara. Integrou direções de instituições portuenses como a Cooperativa Árvore, o Boavista Futebol Clube e a Fundação Eugénio de Andrade, e é autor de uma extensa obra repartida pela poesia, pela crónica, pelo ensaio e pela tradução.
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Dar a Ver e a se Ver no Extremo: O Poeta e a Poesia de João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto (Recife, 1920 - Rio de Janeiro, 1999) é «talvez a mais original e consistente personalidade poética que já houve no Brasil».Descendente de senhores de engenho, segundo de sete irmãos, parente de ilustres homens de letras como, entre outros, o dicionarista António de Moraes Silva, o poeta Manuel Bandeira e o antropólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi jogador de futebol juvenil no Recife, tipógrafo amador em Barcelona, historiador e diplomata, com passagem por vários países, incluindo Portugal, mas viveu sempre mobilizado pela poesia. Na sua produção poética, iniciada em 1937, podemos apontar obras primas como Psicologia da Composição, Morte e Vida Severina, A Educação pela Pedra, Agrestes; mas em quase todos os seus poemas é notório o rigor da construção, o gosto pelo concreto, a fuga ao enfático e ao comum sentimentalismo lírico, assim como a lucidez da visão e o empenho em desmoralizar ou desmoronar os podres poderes do mundo, nordestino ou outro. -
O Sentimento do Porto: A Feeling for OportoEste belo álbum sobre a cidade do Porto, organizado por Arnaldo Saraiva, com fotografias de Luís Ferreira Alves, design de João Machado e textos em prosa de alguns historiadores e reconhecidos escritores (em edição bilingue, português e tradução para o inglês) dá-nos, como muito bem diz o organizador na sua nota introdutória, uma "imagem" geral do Porto, "que soube afirmar a sua personalidade e tornar-se uma das mais fascinantes cidades mundiais". O livro divide-se em várias partes: "Vistas Gerais", com textos de Jaime Cortesão, Agustina Bessa-Luís, Eugénio de Andrade e Vasco Graça Moura; "Imagens do Porto Antigo", textos de Armindo de Sousa, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Gaspar Martins Pereira; "Espaços", textos de Júlio Dinis, Almada, Arnaldo Saraiva, Helder Pacheco, Raul Brandão; "Gentes" Júlio Dinis, Camilo, Ruben A, Rebordão Navarro, Raul Simões Pinto; "Desastres". Textos de Arnaldo Gama, Pinheiro Chagas, Raul Brandão; "Festas", textos de Gaspar Martins Pereira, Ramalho Ortigão, Saraiva; e "Carácter", textos de Sampaio Bruno, Miguel Torga e Arnaldo Saraiva. Em certas manhãs vidradas e em que o nevoeiro se não dissipa, andamos ao acaso entre a gente da rua, e o acaso transforma-se em companhia de cativeiro antigo. Reconhecemo-nos nos mais estranhos rostos (...) Agustina Bessa-Luís -
Anedotas do NemésioVitorino Nemésio (Angra do Heroísmo, 1901 - Lisboa, 1978) - o Nemésio, como quase toda a gente o referia - foi professor universitário, poeta, romancista, contista, crítico, ensaísta, biógrafo, epistológrafo, memorialista, cronista, jornalista e autor-apresentador do programa televisivo Se bem me lembro. Mas foi também autor e protagonista, voluntário ou involuntário, de anedotas que, ao contrário dos seus outros textos, nunca foram reunidas e publicadas em conjunto e, mau grado a extensa fortuna crítica dele, nunca foram estudadas. A literatura de Nemésio, incluindo as suas anedotas, dá conta de um homem raro, culto e humaníssimo, de um criador de excepção, e de uma figura popular que não é nenhuma anedota, pois é um caso muito sério da cultura portuguesa. -
Amália. A raiz e a vozNunca é tarde para conhecer melhor Amália. Nos cem anos do seu nascimento, impunha-se a tentativa de definir com mais rigor o seu perfil de grande Diva, de repensar ou analisar o seu extraordinário percurso, nacional e internacional, na música, no teatro, no cinema, na televisão, mas também se impunha a tentativa de iluminar com novas luzes a raiz ou as raízes que sustentavam e alimentavam a sua personalidade e o seu canto. Se Amália estava arreigadamente fixada em solo lusitano, que nunca por longo tempo trocou por outro, as suas raízes mais fundas mergulhavam em terras ou culturas da Beira Baixa e do Fundão, como este livro provará sem risco de desmentido.Compreender-se-á que o Jornal do Fundão, que além do mais a teve sempre como amiga, quisesse celebrar dignamente o centenário do seu nascimento; e achou que, chamando a atenção, como nunca fora feito, para as raízes fundanenses e beirãs de Amália, não podia contentar-se com uma visão bairrista ou regionalista, como a que veiculavam algumas publicações lisboetas. -
O Sentimento do Porto / A Feeling for PortoNova edição do mais emblemático livro sobre a cidade do Porto e o seu carácter.Organizada por Arnaldo Saraiva, com fotografias de Luís Ferreira Alves e design de João Machado, esta obra bilingue (português e inglês), tida por muitos como a mais emblemática que já se publicou sobre a Invicta, reaparece agora numa edição revista. Valendo-se de textos em prosa de alguns historiadores e reconhecidos escritores, oferece ao leitor, como diz o seu organizador em nota introdutória, uma «imagem» geral do Porto, «que soube afirmar a sua identidade e tornar-se uma das mais fascinantes cidades mundiais».Os textos são da autoria de Agustina Bessa-Luís, Alexandre Herculano, Almada Negreiros, António Rebordão Navarro, Armindo de Sousa, Arnaldo Gama, Arnaldo Saraiva, Camilo Castelo Branco, Eugénio de Andrade, Gaspar Martins Pereira, Hélder Pacheco, Jaime Cortesão, Júlio Dinis, Miguel Torga, Pinheiro Chagas, Ramalho Ortigão, Raul Brandão, Raul Simões Pinto, Ruben A, Sampaio Bruno e Vasco Graça Moura."
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.

