Acontecimentos recentes, como a ocupação de Wall Street em 2011, colocaram as estratégias de desobediência civil não-violentas na ordem do dia. Neste livro, Judith Butler mostra como a luta política pela igualdade social deve ser travada no contexto de uma ética da não-violência. Para a principal teórica da corrente feminista hoje dominante, a não-violência é muitas vezes erradamente vista como uma prática passiva que emana de uma região serena da alma, quando, na verdade, a não-violência é uma posição ética dentro do espetro do campo político.
Considerar a não-violência como um problema ético no seio da filosofia política exige uma crítica do individualismo, bem como uma compreensão das dimensões psicossociais da violência. Butler recorre a Foucault, Fanon, Freud e Benjamim para mostrar como a interdição da violência pelo Estado, a quem pertence o seu monopólio, deixa de fora vidas que são vistas como não sendo dignas de luto. Assumindo que as justificações da violência estatal e administrativa são animadas por «fantasmas raciais», Butler preconiza que a violência é muitas vezes atribuída àqueles que estão mais severamente expostos aos seus efeitos letais. A luta através da não-violência é travada por movimentos de transformação social que reconhecem que a interdependência da vida está na base de qualquer igualdade política ou social.
«Como estratégia de resistência e protesto, a não-violência é muitas vezes vista como passiva e resolutamente individual. A investigação filosófica de Butler defende que se trata, na verdade, de uma tática política coletiva astuciosa e até agressiva.»
New York Times
«Provavelmente a mais influente e mais viajada feminista da academia ocidental..., [Butler] combate criteriosa e assertivamente o ódio, o medo e a raiva dos que respondem violentamente à sua confrontação permanente dos padrões normativos de coerção com apelos a ações concertadas de resistência.»
Judith Butler lecciona na Universidade da Califórnia, em Berkeley e é uma das principais teóricas contemporâneas do feminismo e da teoria queer. Autora de trabalhos pioneiros como Problemas de Género: Feminismo e Subversão da Identidade, Bodies that Matter: On the Discursive Limits of «Sex», Butler tem contribuído amplamente para a renovação dos estudos de género. É também uma das vozes mais activas no debate actual de questões éticas e políticas e as suas reflexões filosóficas são indissociáveis de uma postura activista, designadamente no que diz respeito à defesa da causa palestiniana e ao movimento Occupy Wall Street.
Vinte e sete anos após a sua publicação original, Gender Trouble está finalmente disponível em Portugal. Trata-se de um dos textos mais importantes da teoria feminista, dos estudos de género e da teoria queer.
Ao definir o conceito de género como performatividade – isto é, como algo que se constrói e que é, em última análise uma performance – Problemas de Género repensou conceitos do feminismo e lançou os alicerces para a teoria queer, revolucionando a linguagem dos activismos.
Acontecimentos recentes, como a ocupação de Wall Street em 2011, colocaram as estratégias de desobediência civil não-violentas na ordem do dia. Neste livro, Judith Butler mostra como a luta política pela igualdade social deve ser travada no contexto de uma ética da não-violência. Para a principal teórica da corrente feminista hoje dominante, a não-violência é muitas vezes erradamente vista como uma prática passiva que emana de uma região serena da alma, quando, na verdade, a não-violência é uma posição ética dentro do espetro do campo político. Considerar a não-violência como um problema ético no seio da filosofia política exige uma crítica do individualismo, bem como uma compreensão das dimensões psicossociais da violência. Butler recorre a Foucault, Fanon, Freud e Benjamim para mostrar como a interdição da violência pelo Estado, a quem pertence o seu monopólio, deixa de fora vidas que são vistas como não sendo dignas de luto. Assumindo que as justificações da violência estatal e administrativa são animadas por «fantasmas raciais», Butler preconiza que a violência é muitas vezes atribuída àqueles que estão mais severamente expostos aos seus efeitos letais. A luta através da não-violência é travada por movimentos de transformação social que reconhecem que a interdependência da vida está na base de qualquer igualdade política ou social.«Como estratégia de resistência e protesto, a não-violência é muitas vezes vista como passiva e resolutamente individual. A investigação filosófica de Butler defende que se trata, na verdade, de uma tática política coletiva astuciosa e até agressiva.»New York Times«Provavelmente a mais influente e mais viajada feminista da academia ocidental..., [Butler] combate criteriosa e assertivamente o ódio, o medo e a raiva dos que respondem violentamente à sua confrontação permanente dos padrões normativos de coerção com apelos a ações concertadas de resistência.» Lynne Segal, Times Higher Education
Corpos que Contam, obra fulcral na renovação dos estudos de género, propõe uma abrangente reformulação crítica em torno da materialidade dos corpos. Aprofundando a reflexão iniciada em Problemas de Género, Judith Butler demonstra como operam as relações de poder na formação do «sexo» e da sua «materialidade», e clarifica a noção de performatividade, não como «acto» singular ou deliberado, mas prática na qual o discurso produz os efeitos que nomeia. A partir de leituras de diversas tradições escritas, da filosofia à psicanálise, da literatura ao filme documental, da teoria política e sexual à democracia radical, Butler investiga o funcionamento da hegemonia heterossexual no forjar de matérias sexuais e políticas, esbatendo decisivamente as fronteiras entre a teoria queer e o feminismo.