Este livro procura analisar de forma interpretativa as relações entre o Estado Novo e a Igreja Católica durante o regime de Salazar, entre 1928 e 1968, respondendo a duas perguntas fundamentais: como melhor definir, em termos genéricos, a relação entre a Igreja Católica e o Estado Novo salazarista? Como evoluiu com o tempo?
Destas perguntas decorrem várias outras. Como definir a intervenção social da Igreja Católica na nova ordem interna construída por Salazar? A Igreja Católica apoiou o Estado Novo? Se sim, porquê? A oposição católica ao regime foi tão importante como se tem recentemente alegado? Como se pode conciliar a imagem dual de Salazar enquanto estadista de orientação religiosa e líder regalista? Qual a posição da Igreja em relação aos métodos autoritários usados pelo regime? O Estado Novo foi um regime católico?
O Estado Novo de Salazar, independentemente das suas diversas influências ideológicas, continha no seu núcleo uma tendência específica da doutrina católica forjada pela elite católica portuguesa no primeiro quartel do seculo XX (antiliberal, tradicionalista e nacionalista). Desta componente católico do programa salazarista emergiu uma aliança institucional duradoura e abrangente com a Igreja Católica, com esta a participar na legitimação, no esforço doutrinário e na implementação das políticas do Estado Novo
Licenciado em Estudos Europeus pela London School of Economics e pelo Kings College London, onde obteve igualmente o mestrado e, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, o doutoramento em Estudos Portugueses e Brasileiros. Os seus interesses de investigação têm-se centrado nas relações entre a Igreja Católica e o Estado Novo, assunto sobre o qual tem publicado em revistas académicas em Inglaterra, Portugal, França e Brasil. É investigador colaborador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Enquanto professor assistente, ensinou História Moderna e Contemporânea na Nova School of Business and Economics.
Este livro procura analisar de forma interpretativa as relações entre o Estado Novo e a Igreja Católica durante o regime de Salazar, entre 1928 e 1968, respondendo a duas perguntas fundamentais: como melhor definir, em termos genéricos, a relação entre a Igreja Católica e o Estado Novo salazarista? Como evoluiu com o tempo?
Destas perguntas decorrem várias outras. Como definir a intervenção social da Igreja Católica na nova ordem interna construída por Salazar? A Igreja Católica apoiou o Estado Novo? Se sim, porquê? A oposição católica ao regime foi tão importante como se tem recentemente alegado? Como se pode conciliar a imagem dual de Salazar enquanto estadista de orientação religiosa e líder regalista? Qual a posição da Igreja em relação aos métodos autoritários usados pelo regime? O Estado Novo foi um regime católico?
O Estado Novo de Salazar, independentemente das suas diversas influências ideológicas, continha no seu núcleo uma tendência específica da doutrina católica forjada pela elite católica portuguesa no primeiro quartel do seculo XX (antiliberal, tradicionalista e nacionalista). Desta componente católico do programa salazarista emergiu uma aliança institucional duradoura e abrangente com a Igreja Católica, com esta a participar na legitimação, no esforço doutrinário e na implementação das políticas do Estado Novo.
Os Portugueses foram meras vítimas da PIDE e das políticas opressivas que esta impunha ou, na realidade, como sob qualquer regime autoritário, interagiram com essa força policial servindo-a ou servindo-se dela?Criada em 1945, numa reformulação meramente cosmética da sua antecessora (a PVDE), pois esta estava demasiado conotada com a «era fascista», a PIDE (acrónimo para Polícia Internacional e de Defesa do Estado) manteve os extensos poderes arbitrários da PVDE na sua tripla missão: garantir a «segurança do Estado» (eliminando a dissidência política), controlar as fronteiras e actuar enquanto serviço de informações. Para este fim, foi necessário criar uma rede de informadores.Até hoje, a bibliografia dedicada exclusivamente à PIDE continua a focar-se nos mecanismos de repressão exercidos sobre a pequena minoria de opositores ao regime, como se esta fosse a única forma de relacionamento entre a sociedade e a PIDE. A principal consequência deste tipo de abordagem foi reduzir o grosso da população ao estatuto de «povo vítima», que aguentou passivamente a repressão exercida pela PIDE.No entanto, a realidade é bastante mais complexa, como esta obra visa demonstrar. A relação entre a sociedade portuguesa e a PIDE foi sempre muito mais activa e multifacetada do que tem sido reconhecido até hoje. Os Portugueses nunca foram um simples «povo vítima» a aguentar passivamente e atemorizado o ímpeto repressivo da PIDE. Pelo contrário, a sociedade portuguesa adaptou-se activamente à presença da polícia política e este livro pretende ilustrar as formas como os cidadãos comuns interagiam livremente com a PIDE, muitas vezes (mas não sempre) instrumentalizando-a para cumprir interesses pessoais ou satisfazer necessidades básicas do dia-a-dia.«A 24 de Agosto de 1964, o subinspector António Augusto Teodósio, da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), enviou aos seus superiores um relatório sobre a situação social e política na zona da Guarda. “De toda a parte”, escreveu, “chegam até nós cartas anónimas, chamadas telefónicas e outras notícias, dando-nos conhecimento de fugas constantes [para o estrangeiro] de indivíduos, em maior número de rapazes novos, que fogem ao serviço militar”. O seu principal objectivo era alertar as autoridades em Lisboa quanto à magnitude da tarefa que a PIDE enfrentava na sua missão de controlo das fronteiras, em particular na contenção da emigração clandestina. Indirectamente, o conteúdo do relatório proporciona também um sinal enfático da importância das denúncias (espontâneas) enquanto fenómeno social nos anos da ditadura salazarista. Já em 1951 Joaquim Trigo de Negreiros, o então titular da pasta do Interior (órgão de tutela da PIDE), tinha lamentado, num relatório interno, o afluxo de cartas de denúncia enviadas por membros do público. Este tipo de relatórios não só contradizia as pretensões do regime quanto à criação de uma sociedade “organicamente” harmoniosa, como sugere a prevalência da delação enquanto prática social generalizada durante o período do Estado Novo.» Da Introdução.
«O conhecimento das grandes tendências que marcaram a história dos média europeus e a história particular destes mesmos média em cada país europeu (sobretudo daqueles de que somos geográfica e culturalmente mais próximos) é absolutamente indispensável. Só assim poderemos compreender por que é que ainda hoje, quase seis séculos depois da ?descoberta? da prensa tipográfica, a paisagem imprensa europeia é tão contrastada, de uma região para outra do continente. E como é que, ao longo do século XX, a rádio e a televisão, as estruturas dos seus emissores como dos seus conteúdos, evoluíram também de maneira tão plurifacetada.»