Publicado originalmente em 1928, Antropologia e Vida Moderna é hoje tão atual como no dia em que saiu. A história parece repetir-se, e quase um século depois, o debate intelectual é dominado pelos mesmos fantasmas que Boas combateu no início do século passado. A pretensa supremacia de umas raças em detrimento das outras, o recrudescimento do nacionalismo, o papel da educação no desenvolvimento dos indivíduos, a eugenia, a propalada predisposição de certas raças para o crime, eis alguns dos temas tratados neste livro, considerado um dos mais influentes do século XX.
Ao introduzir o conceito de relativismo cultural, Boas prova que o comportamento humano não pode ser explicado pela biologia e que não existe um evolucionismo cultural, de que a raça ariana, por exemplo, fosse o apogeu. Na verdade, a esmagadora maioria dos nossos comportamentos e crenças são determinados por fatores culturais e socialmente adquiridos.
Revolucionando a metodologia da sua disciplina, Boas procedeu a medições metódicas do perímetro cefálico e da anatomia do maior número possível de indivíduos, para concluir que mesmo essas características eram influenciadas por fatores ambientais, tais como a saúde e a nutrição, o que contradiz a teoria de que as raças apresentam características estáveis.
Franz Boas (1858-1942) é geralmente considerado o fundador da antropologia americana. Nascido em Minden, na Alemanha, doutorou-se em Física pela Universidade de Kiel, onde estudou também geografia e matemática. No decurso de uma expedição científica às Ilha de Baffin, entre 1883 e 1884, interessou-se pela cultura esquimó o que motivou, em 1886, a sua emigração para os Estados Unidos e o levou a dedicar-se à antropologia. Nessa altura, Boas iniciou o seu trabalho de campo entre os Kwakiutl e outros povos da costa Noroestre do Pacífico.O seu interesse pêlos povos que viriam a constituir-se no foco do seu trabalho futuro começa, de facto, pelo contacto com os objectos recolhidos naquela região por Johan Adrian Jacobsen, e a cuja preparação para exposição Boas dedica grande parte da sua actividade no recém criado Real Museu Etnográfico de Berlim. Este é também o início de uma ligação à museologia etnográfica que se prolonga e reforça com a sua actividade de curador de etnologia no Americam Museum of Natural History, de Nova Iorque, entre os anos de 1896 e 1905. Franz Boas foi também, de 1899 até à sua morte, professor na Colômbia University, onde se tornou a principal figura no estabelecimento da antropologia moderna nos Estados Unidos.Com The Mind of Primitive Man (1911) e Race, Language and Culture (1940), Arte Primitiva (1927), é um dos livros mais importantes duma obra imensa, cobrindo todos os domínios da antropologia. Boas publicou centenas de artigos e livros de antropologia física, de linguística e de arqueologia e etnologia da América do Norte e forma até à sua reforma em 1937, praticamente todos os antropólogos americanos mais destacados. Entre estes se incluem Ruth Benedict, Alfred L. Kroeber, Robert Lowie e Margaret Mead.O impacto da obra de Boas na antropologia americana, e particularmente na sua metodologia, encorajando uma abordagem empírica baseada numa observação meticulosa e na quantificação dos dados, é imensa.Formado pelas ciências físicas e naturais, Boas foi um observador minucioso de todos os aspectos da vida indígena. Para ele, a descrição doque designava por «criações culturais», não é senão um primeiro passo para a sua compreensão. O inquérito etnológico tem por objectivo conhecer e compreender a vida do indivíduo tal como a vida social a modela, e a forma como a sociedade se modifica sob a acção dos indivíduos que a compõem. Nesta lógica interna do pensamento de Boas reencontramos as múltiplas nuances da antropologia americana tal como se difundiu durante a primeira metade deste século.
Publicado originalmente em 1928, Antropologia e Vida Moderna é hoje tão atual como no dia em que saiu. A história parece repetir-se, e quase um século depois, o debate intelectual é dominado pelos mesmos fantasmas que Boas combateu no início do século passado. A pretensa supremacia de umas raças em detrimento das outras, o recrudescimento do nacionalismo, o papel da educação no desenvolvimento dos indivíduos, a eugenia, a propalada predisposição de certas raças para o crime, eis alguns dos temas tratados neste livro, considerado um dos mais influentes do século XX.
Ao introduzir o conceito de relativismo cultural, Boas prova que o comportamento humano não pode ser explicado pela biologia e que não existe um evolucionismo cultural, de que a raça ariana, por exemplo, fosse o apogeu. Na verdade, a esmagadora maioria dos nossos comportamentos e crenças são determinados por fatores culturais e socialmente adquiridos.
Revolucionando a metodologia da sua disciplina, Boas procedeu a medições metódicas do perímetro cefálico e da anatomia do maior número possível de indivíduos, para concluir que mesmo essas características eram influenciadas por fatores ambientais, tais como a saúde e a nutrição, o que contradiz a teoria de que as raças apresentam características estáveis.