Da Raia Seca ao Pinhal
Quando idealizava a actividade da minha Fundação no Interior tinha presente as dificuldades que iria encontrar. Sabia que não podia ser visto como um corpo estranho no seio da comunidade local, nem empreender acções desligado das instituições que a servem, sobretudo das unidades de saúde e das autarquias. No entanto, esse receio depressa se dissipou, porque encontrei interlocutores à altura do repto que lancei. Realço o papel dos presidentes de Câmara que aceitaram o desafio e se empenharam na concretização do projecto, porque conhecem bem as carências dos seus munícipes. Fizeram-no com convicção, entusiasmo e sem embarcarem em discursos retóricos tão caros aos decisores políticos centrais, quando falam circunstancial e superficialmente das dificuldades do Interior e da coesão territorial. Esta colectânea nasce dessa convergência de esforços. Pretende não só chamar a atenção para as lacunas existentes, mas também para divulgar as belezas que encerra. Além disso, o esforço destes autarcas, que lutam estoicamente contra a desertificação, deve ser salientado. Não podem ser lembrados apenas quando a desgraça lhes bate à porta, seja veiculada por labaredas incontroláveis, que ceifam vidas humanas e de animais, derretem bens e transformam os parques florestais num mar de cinza e carvão, ou quando a onda pandémica põe a nu a precaridade de algumas estruturas sociais de apoio ao idoso.
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| Editora | Âncora Editora |
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| Editora | Âncora Editora |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Álvaro Carvalho |
Álvaro Carvalho nasceu em Agosto de 1948, em Mata de Lobos, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Fez o ensino secundário no Liceu da Guarda. Foi funcionário do Tribunal Colectivo de Géneros Alimentícios enquanto estudante de Medicina, na Faculdade de Medicina de Lisboa, concluindo a licenciatura em 1975. Iniciou a carreira médica nos Hospitais Civis de Lisboa, especializando-se em Medicina Interna. Em 1994, atingiu o topo da carreira hospitalar. De 2002 a 2008 foi presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta. Foi professor convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e responsável clínico dos Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos. É Presidente da Fundação Álvaro Carvalho.
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Anatomia de Um sequestroO médico Álvaro Carvalho embrenha-se, desta vez, nos meandros da investigação criminal. Baseada em factos reais, a obra transporta os leitores a um cenário de sequestro, acompanhando os passos dos investigadores na averiguação do crime. Este é um «thriller empolgante, ao melhor estilo da moderna literatura policial», como descreve o prefaciador, José Marques Vidal. -
Imperdoável"O casal Reis Pinto tinha, finalmente, uma dolorosa certeza, que acabava com uma odisseia dramática, arrastada por mais de dois anos, com muitas versões contraditórias pelo meio.[...]Supostamente, o tempo ajuda a sarar feridas e a esquecer mágoas. Mas, na vida de certas pessoas, acontecem situações extremas que deixam marcas profundas, alterando dessa maneira as suas vivências presentes e futuras de forma irremediável. Foi o que sucedeu a Celeste e José Manuel, depois do assassinato da filha. A sua vida familiar, profissional e social modificou-se consideravelmente. No apartamento de Carcavelos instalou-se, desde logo, uma monotonia confrangedora e rotinas doentias. Falava-se pouco, as refeições primavam pela frugalidade, o televisor parecia avariado, perdera-se o hábito da leitura e as visitas eram escassas.[...]"Porém, há uma mensagem urgente para te fazer chegar - o amor a uma filha tem uma dimensão enorme; direi mesmo que é incapaz de ser descrito em toda a sua plenitude por alguém. Assim, talvez possas compreender que este sentimento profundo justifique todo e qualquer acto que se pratique para o enaltecer e reforçar." -
Às Oito menos um QuartoA obra baseia-se nas experiências das pessoas da aldeia de Mata de Lobos, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, que, há meio século, encontraram na migração a única forma de sobrevivência. Às Oito Menos um Quarto fala-nos do contrabando, do amanho das terras, do maneio dos animais, das incertezas do clima e das secas cíclicas, que ameaçavam sementeiras e colheitas... Os que deixavam a aldeia pareciam, ao mesmo tempo, querer partir e querer ficar. -
Ser Médico em PortugalConsiderando a realidade actual do sistema de Saúde, é essencial perceber como perspetivam e sentem os médicos, o seu presente e o seu futuro. Este conjunto de textos aqui publicados, escritos por médicos de várias especialidades, reflectem a sua experiência pessoal, e apontam caminhos para uma reforma do sistema que devolva a liderança do mesmo aos médicos, e coloque, de novo, o doente no seu centro. -
Vidas CruzadasVidas Cruzadas é um thriller que promete manter os leitores sem fôlego, perante o cruzamento de personagens complexas, factos, paixões, encontros e desencontros.
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As Lições dos MestresO encontro pessoal entre mestre e discípulo é o tema de George Steiner neste livro absolutamente fascinante, uma sólida reflexão sobre a interacção infinitamente complexa e subtil de poder, confiança e paixão que marca as formas mais profundas de pedagogia. Baseado em conferências que o autor proferiu na Universidade de Harvard, As Lições dos Mestres evoca um grande número de figuras exemplares, nomeadamente, Sócrates e Platão, Jesus e os seus discípulos, Virgílio e Dante, Heloísa e Abelardo, Tycho Brahe e Johann Kepler, o Baal Shem Tov, sábios confucionistas e budistas, Edmund Husserl e Martin Heidegger, Nadia Boulanger e Knute Rockne. Escrito com erudição e paixão, o presente livro é em si mesmo uma lição magistral sobre a elevada vocação e os sérios riscos que o verdadeiro professor e o verdadeiro aluno assumem e partilham. -
Novo Iluminismo RadicalNovo Iluminismo Radical propõe um olhar crítico e uma atitude combativa face à credulidade do nosso tempo. Perante os discursos catastrofistas e solucionistas que dominam as narrativas e uniformizam as linguagens, Marina Garcés interpela-nos: «E se nos atrevêssemos a pensar, novamente, na relação entre saber e emancipação?» Ao defender a capacidade de nos auto‑educarmos, relança a confiança na natureza humana para afirmar a sua liberdade e construir, em conjunto, um mundo mais habitável e mais justo. Uma aposta crítica na emancipação, que precisa de ser novamente explorada. -
Um Dedo Borrado de Tinta - Histórias de Quem Não Pôde Aprender a LerCasteleiro, no distrito da Guarda, é uma das freguesias nacionais com maior taxa de analfabetismo. Este livro retrata a vida e o quotidiano de habitantes desta aldeia que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever. É o caso de Horácio: sabe como se chama cada uma das letras do alfabeto, até é capaz de as escrever uma a uma, mas, na sua cabeça, elas estão como que desligadas; quando recebe uma carta tem de «ir à Beatriz», funcionária do posto dos correios e juntadora de letras. Na sua ronda, o carteiro Rui nunca se pode esquecer da almofada de tinta, para os que só conseguem «assinar» com o indicador direito. Em Portugal, onde, em 2021, persistiam 3,1% de analfabetos, estas histórias são quase arqueologia social, testemunhos de um mundo prestes a desaparecer. -
Sobre a Ganância, o Amor e Outros Materiais de ConstruçãoTextos de Francisco Keil do Amaral sobre o problema da habitação 1945-1973. Francisco Keil do Amaral (1910-1975), arquitecto português, com obra construída em Portugal e no estrangeiro, destacou-se com os grandes projectos para a cidade de Lisboa de parques e equipamentos públicos, dos quais se destacam o Parque de Monsanto e o Parque Eduardo VII. Foi também autor de diversos artigos que escreveu para a imprensa, obras de divulgação sobre a Arquitectura e o Urbanismo - "A arquitectura e a vida" (1942), "A moderna arquitectura holandesa" (1943) ou "Lisboa, uma cidade em transformação" (1969) - e livros de opinião e memórias - "Histórias à margem de um século de história" (1970) e "Quero entender o mundo" (1974). Apesar da obra pública projectada e construída durante o Estado Novo, Keil do Amaral foi um crítico do regime. Alguns dos textos mais críticos que escreveu e proferiu em público foram dedicados ao Problema da Habitação, título do opúsculo publicado em 1945 que reproduz o texto de uma palestra dada em 1943, e que surge novamente no título da comunicação que faz no 3º Congresso da Oposição Democrática em 1973. São dois dos textos reproduzidos nesta pequena publicação que reúne textos (e uma entrevista) de diferentes períodos da vida de Keil do Amaral. Apesar da distância que medeia os vários textos e aquela que os separa do presente, o problema da habitação de que fala Keil do Amaral parece ser constante, e visível não apenas em Lisboa, seu principal objecto de estudo, como noutras zonas do país e globalmente. -
Problemas de GéneroVinte e sete anos após a sua publicação original, Gender Trouble está finalmente disponível em Portugal. Trata-se de um dos textos mais importantes da teoria feminista, dos estudos de género e da teoria queer. Ao definir o conceito de género como performatividade – isto é, como algo que se constrói e que é, em última análise uma performance – Problemas de Género repensou conceitos do feminismo e lançou os alicerces para a teoria queer, revolucionando a linguagem dos activismos. -
Redes Sociais - Ilusão, Obsessão e ManipulaçãoAs redes sociais tornaram-se salas de convívio global. A amizade subjugou-se a relações algorítmicas e a vida em sociedade passou a ser mediada pela tecnologia. O corpo mercantilizou-se. O Instagram é uma montra de corpos perfeitos e esculpidos, sem espaço para rugas ou estrias. Os influencers tornaram-se arautos da propagação do consumo e da felicidade. Nas redes sociais, não há espaço para a tristeza. Os bancos do jardim, outrora espaços privilegiados para as relações amorosas, foram substituídos pelo Tinder. Os sites de encontros são o expoente de uma banalização e superficialidade de valores essenciais às relações humanas. As nudes são um sinal da promoção do corpo e da vulgarização do espaço privado. Este livro convida o leitor para uma viagem pelas transformações nas relações de sociabilidade provocadas pela penetração das redes sociais nas nossas vidas. O autor analisa e foca-se nos novos padrões de comportamento que daí emergem: a ilusão da felicidade, a obsessão por estar ligado e a ligeireza como somos manipulados pelos gigantes tecnológicos. Nas páginas do livro que tem nas mãos é-lhe apresentada uma visão crítica sobre a ilusão, obsessão e manipulação que ocorre no mundo das redes sociais. -
Manual de Investigação em Ciências SociaisApós quase trinta anos de sucesso, muitas traduções e centenas de milhares de utilizadores em todo o mundo, a presente edição foi profundamente reformulada e complementada para responder ainda melhor às necessidades dos estudantes e professores de hoje.• Como começar uma investigação em ciências sociais de forma eficiente e formular o seu projecto? • Como proceder durante o trabalho exploratório para se pôr no bom caminho?• Quais os princípios metodológicos essenciais que deve respeitar?• Que métodos de investigação escolher para recolher e analisar as informações úteis e como aplicá-las?• Como progredir passo a passo sem se perder pelo caminho?• Por fim, como concluir uma investigação e apresentar os contributos para o conhecimento que esta originou?Estas são perguntas feitas por todos os estudantes de ciências sociais, ciências políticas, comunicação e serviço social que se iniciam na metodologia da investigação e que nela têm de se lançar sozinhos.Esta edição ampliada responde ainda melhor às actuais necessidades académicas: • Os exemplos e as aplicações concretas incidem sobre questões relacionadas com os problemas da actualidade.• A recolha e a análise das informações abrangem tanto os métodos quantitativos como os métodos qualitativos.• São expostos procedimentos indutivos e dedutivos. -
Gramsci - A Cultura, os Subalternos e a EducaçãoGramsci, já universalmente considerado como um autor clássico, foi um homem e um pensador livre. Livre e lúcido, conduzido por uma racionalidade fria e implacável, por um rigor e uma disciplina intelectual verdadeiramente extraordinários. Toda a história da sua vida, a sua prisão nos cárceres fascistas, onde ficou por mais de dez anos, as terríveis provações físicas e morais que suportou até à morte, os confrontos duríssimos com os companheiros de partido, na Itália e na Rússia, o cruel afastamento da mulher e dos filhos, tudo isso é um testemunho da sua extraordinária personalidade e, ao mesmo tempo, da agitada e dramática página da história italiana, que vai do primeiro pós-guerra até à consolidação do fascismo de Mussolini. Gramsci foi libertado em 1937, após um calvário de prisões e graves doenças, que o levaram a morrer em Roma, no dia seguinte ao da sua libertação. Só anos mais tarde, no fim da segunda guerra e com o regresso da Itália à democracia, a sua obra começou a ser trabalhada e publicada.