A religião passa por uma transformação. Esta mudança não faz com que ela desapareça ou ocupe um espaço de menor importância. O que se vê é que a religião aparece com nova roupagem, em um novo tempo ou estilo, numa abrangência de elementos históricos e culturais que se transformam e isso tudo, em condições que nos obrigam a uma interpretação mais detalhada desse fenômeno, seja no aspecto antropológico, político, sociocultural, teológico ou religioso. A religião faz parte do existir humano e, assim, caracteriza o nosso modo de ser e a forma como nós nos expressamos, bem como a maneira pela qual nos relacionamos. Ela marca a nossa sociedade e essa posição está além da condição de crer e do não crer, está além daquilo que se caracteriza como dado religioso ou de tradição e/ou estrutura religiosa.
Esta obra é composta por textos que mostram o progresso das reflexões sobre a problemática da identidade da Ciência da Religião. Os ensaios garantem o acesso à sua interrelação temática e lógica subjacente, algo que não se revela pela leitura individual dos textos. Aqui serão esclarecidos e exemplificados os princípios que caracterizam a Ciência da Religião desde o início da sua institucionalização nas últimas décadas do século XIX. Além disso, será discutido em que sentido esses princípios qualificam a disciplina para sua funcionalidade extra-acadêmica. Essa atualização do livro Constituintes da Ciência da Religião (Paulinas, 2006) se entende como uma reação ao desconhecimento das especificidades da Ciência da Religião, não apenas por parte do público em geral, mas também entre estudantes e, até mesmo, docentes da área no Brasil.