Historia da vida de Gioconda, uma mulher do norte. Foi criança com olhos cheios de futuro e alegria Cresceu num ambiente fechado, sem horizontes, mas a sua sede de conhecimento transpôs os muros altos que a aprisionavam. Foi uma mulher que assumiu todas as decisões e caminhos que percorreu. Sem desculpas. Minhota forte, obstinada, conheceu muita gente mas, afinal, viveu e morreu só. A sua vida e divulgada pela pessoa que melhor a entendeu: uma miúda que nunca acreditou em bruxas!
A metáfora sazonal que configura o título deste livro tem duas explicações: uma, de natureza biográfica - o autor escolheu o título quando me se deu conta de que em breve ia perfazer oitenta anos de idade -, e outra, de natureza cultural - há múltiplos sinais de que a literatura, a teoria e a crítica literárias têm sofrido, desde o último quartel do século XX, uma crise que se pode simbolizar na metáfora do Inverno (inclemência do clima, chuva e vento adversos, frio e névoa). As elegias e os obituários a que tem dado origem esta crise, em contraste com a Primavera e o Verão que a literatura foi na cultura europeia do século XIX e da primeira metade do século XX, representam tanatografias não apenas da literatura, da teoria e da crítica literárias, mas co-envolvem diagnósticos tanatográficos de uma cultura e de uma sociedade nas quais a escrita, a leitura e o livro eram valores fundacionais.
Foi contra este pessimismo cultural que foram escritos os ensaios deste volume, todos eles procurando conhecer e explicar as formas e os sentidos que, desde há quase trinta séculos, constituem a literatura ? memória do Ocidente e voz insubstituível da liberdade, dos sonhos e das misérias do homem.