Governadores de Orvalho
O tempo muito lentamente foi passando. Era já outra vez Outono. Os dias começavam mais cedo a recolher-se. Cada dia afundava-se no horizonte de forma mais avassaladora e célere. Os melros andavam mais calados e apareciam menos. A terra mantinha o seu habitual e singular ciclo de vida. Era o mundo em sua exuberância, reorganizando-se por completo em seu permanente caos. Ele, definhando apressadamente sob o nome de Lídia. Poder-se-ia atribuir a isso a designação de um céu-aberto, e se assim fosse, feliz partiria - era um privilegiado, pois ainda tinha conseguido adquirir na vida, por um breve instante, uma índole cada vez mais rara: o amor.
| Editora | Humus |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Humus |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | João Rasteiro |
João Rasteiro (Ameal – Coimbra, 1965), poeta e ensaísta. Licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Universidade de Coimbra, integra actualmente a Direcção do P.E.N. Clube Português. Integra ainda os Conselhos Editorias das Revistas DEVIR – Revista Ibero-americana de Cultura e Folhas – Letras & Outros ofícios.
Publicou em diversas revistas e antologias em Portugal, Brasil, Itália, França, Espanha, Finlândia, República Checa, Hungria, Moçambique, México, USA, Colômbia, Nicarágua e Chile, possuindo poemas traduzidos para o espanhol, italiano, catalão, inglês, francês, checo, japonês, finlandês, húngaro e occitano. Obteve vários prémios, mormente a ""Segnalazione di Merito"" Premio Publio Virgilio Marone, Itália, 2003 e o Prémio Literário Manuel António Pina, 2010. Foi um dos 20 finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura (Poesia), 2012. Livros: A Respiração das Vértebras, 2001; No Centro do Arco, 2003; Os Cílios Maternos, 2005; O Búzio de Istambul, 2008; Pedro e Inês ou As madrugadas esculpidas, 2009; Diacrítico, 2010; A Divina Pestilência, 2011; Elegias, 2011; Tríptico da Súplica (Brasil), 2011; Pequeña Retrospectiva de la Puesta en Escena (Espanha, bilingue), 2014; Salamanca o la Memoria del Minotauro (bilingue, 2014); Solstício de Dezembro (Ed. restrita de autor, 2014); acrónimo, 2015; Ruídos e Motins, 2016; O gosto solitário do orvalho, 2016; a plaquete, ""Natal de quê? De quem?"", 2016, 2017, 2018, 2019; A Rose is a Rose is a Rose et Coetera, 2017 (2º ed. 2018); Eu cantarei um dia da tristeza (e-manuscrito, 2017); Poemas en Punto de Hueso: 2001-2017 (Espanha, bilingue, 2017; 2º ed. 2019), Levedura, 2019 e Governadores de Orvalho (contos), 2020. Em 2009 integrou o livro ""O que é a poesia?"" (Brasil), organizado pelo poeta Edson Cruz. Em 2012, 2017 e 2018 integrou, respectivamente, as antologias, ""Corté la naranja en dos"", (poesia portuguesa contemporânea, México, Ediciones Libera – compilação e tradução de Fernando Reyes da Universidade Nacional Autónoma do México), ""Voces de Portugal. Once poetas de hoy"" (Colección Series Mino, 2017 – tradução e coordenação de Pedro Sánchez Sanz) e, a antologia sobre a literatura portuguesa, em número especial organizada e editada pela revista Luvina, revista literária da universidade de Guadalajara, México, no âmbito da Feira do livro de Guadalajara em que Portugal foi o país convidado. Em 2009 e 2018 organizou antologias dedicadas à poesia portuguesa contemporânea, respectivamente: ""Poesia Portuguesa Hoje"" (Arquitrave, Colômbia) e ""Aquí, en Esta Babilonia"" (Amargord, Espanha). Integrou, desde a sua fundação, o ""Cabo Mondego Section of the Portuguese Surrealism"". Tem participado em diversos festivais literários (essencialmente de poesia), tanto em Portugal, como no estrangeiro, bem como na realização de Oficinas de Escrita Criativa, nomeadamente com os mais novos, em diversas escolas do país. Em 2017, o grupo 'Os Controversos' (com encenação e adaptação dramatúrgica de Ricardo Kalash) levou à cena a peça 'A rose is a rose', a partir do livro ""A rose is a rose is a rose et coetera"" (Edições Sem Nome, 2017). Tem participação diversa (letras), em vários CDs de Fado (Canção) de Coimbra. Vive e trabalha em Coimbra (Casa da Escrita / Município de Coimbra). Graça Capinha (FLUC/U.C.), afirma que a poesia de João Rasteiro: ""é uma poesia do corpo, físico e essencialmente do corpo da linguagem, com influências que vão desde Herberto Helder a Gertrude Stein"".
-
Salamanca ou a Memória do Minotauro / Salamanca o la Memoria del MinotauroEste ano de 2014, Portugal (a Europa e o mundo) inicia um ciclo de come?morações do centenário da I Grande Guerra. É neste contexto que o CEPIHS decidiu dedicar esta revisa ao tema. A pluralidade de abordagens resultou numa confluência enriquecedora de saberes. Precedem a apresentação dos diferentes artigos duas reflexões sobre o con?flito, a visão geopolítica de Adriano Moreira e a filosófica de Norberto Cunha. -
Ruídos e MotinsCerto de que a poesia não se faz de bons sentimentos, mas com palavras, Rasteiro pode bem fazer a encenação de toda a Literatura, falando de Borges, como se metonímia fosse:Serenamente, como se detivesse todo o tempodo mundo e toda a luz do astro-reiJorge Luís Borges lavou toda a bibliotecamergulhando os livros em água de rosas brancas,era o tempo do expurgo,há de certeza maneiras bem pioresde nos despirmos da inutilidade dos diaspassados em improfícuas quimeras.*Ah, só o livro «História Universal de la Infâmia»Escapou ao genocídio das limpezasNessa nebulosa aurora de 6 de Agosto de 1945quando Buenos Aires ainda abria a noitepois «os poetas, como os cegos, podem ver no escuro»Levamo-nos a sério e a ironia é essa. É que os outros (os que detestam a poesia) sabem que dementes e visionários - os poetas - são «novas estirpes de borboletas» (que palavra esta... subtil sarcasmo...) e estão entre o inferno e o céu. Como Rilke podem, se quiserem, assinar uma realidade nova. Esta não serve, diz João Rasteiro. É demasiado eloquente. Por isso a necessidade do poema: instaura o ruído. É motim.António Carlos CortezIn Prefácio -
Ofício - Poesia 2000-2020A vasta obra poética de João Rasteiro encontra neste volume um esplendor límpido que a denuncia acima de qualquer discrição possível. Se por tanto tempo se teve como poeta na periferia, disperso por volumes de um sem- -número de chancelas, constantemente esgotado e inacessível, é agora intenção criar nestas páginas uma afirmação estável e inequívoca da importância do seu imaginário na poesia recente portuguesa. São inúmeros seus belíssimos versos, onde o sujeito poético me soa a litúrgico, solene em sua condição mortal perfeitamente assumida. Comove-me o jeito que tem de impedir qualquer sobranceria. O seu tremendismo é todo no reconhecimento dos outros, e da natureza, desde logo pela ânsia de haver um Deus que se responsabilize no diálogo absoluto. Comove-me que busque as coisas comuns, que não são pequenas, como o amor ou a amizade, a memória dos que morreram, a glória última de ainda matar a sede, persistir, sobreviver. Abre o livro dizendo que "a secura tem os teus olhos a fazer de sol". É o que sinto na sua poesia. Por maior tormento, por maior perturbação ou linear tristeza, tenho os seus versos a fazer de sol. Esta é uma poesia dirigida à luz, que sabe da luz, encontra-a. Não nos apouca ou impede. Muito ao contrário, intensifica-nos, deita-nos em movimento. Valter Hugo Mãe -
EscoriaçãoQuando a palavra emudece detém-se tardio o corpo em seu oculto abalo de capitulação. Pressinto-o derrotado, mudo, na obscuridade dos dias, o seu traço de vazio sob os céus em que adejos de aves gorjeiam na fala o clamor da tua ausência, o vazio do vazio, o pleno do pleno.
-
Vemo-nos em AgostoTodos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino. Um presente inesperado de um dos melhores escritores que o mundo já conheceu. A tradução é de J. Teixeira de Aguilar. -
Deus na EscuridãoEste livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. -
O ColecionadorNo mais recente e trepidante thriller de Daniel Silva, autor n.º 1 da lista dos mais vendidos do The New York Times, Gabriel Allon embarca na busca de um quadro roubado de Vermeer e descobre uma conspiração que poderia levar o mundo à beira do Armagedão nuclear.Na manhã seguinte à gala anual da Venice Preservation Society, Gabriel Allon, restaurador de quadros e espião lendário, entra no seu bar preferido da ilha de Murano e aí encontra o general Cesare Ferrari, comandante da Brigada de Arte, que aguarda, ansioso, a sua chegada. Os carabinieri tinham feito uma descoberta assombrosa na villa amalfitana de um magnata sul-africano morto em circunstâncias suspeitas: uma câmara acouraçada secreta que continha uma moldura e um esticador vazios cujas dimensões coincidiam com as do quadro desaparecido mais valioso do mundo. O general Ferrari pede a Gabriel para encontrar discretamente a obra-prima antes que o seu rasto se volte a perder. - Esse não é o vosso trabalho?- Encontrar quadros roubados? Teoricamente, sim. Mas o Gabriel é muito melhor a fazê-lo do que nós.O quadro em questão é O concerto de Johannes Vermeer, uma das treze obras roubadas do Museu Isabella Stewart Gardner de Boston, em 1990. Com a ajuda de uma aliada inesperada, uma bela hacker e ladra profissional dinamarquesa, Gabriel não demora a descobrir que o roubo do quadro faz parte de uma tramoia ilegal de milhares de milhões de dólares na qual está implicado um indivíduo cujo nome de código é «o colecionador», um executivo da indústria energética estreitamente vinculado às altas esferas do poder na Rússia. O quadro desaparecido é o eixo de um complô que, caso seja bem-sucedido, poderia submeter o mundo a um conflito de proporções apocalípticas. Para o desmantelar, Gabriel terá de perpetrar um golpe de extrema audácia enquanto milhões de vidas estão presas por um fio. -
O EscritórioDawn Schiff é uma mulher estranha. Pelo menos, é o que toda a gente pensa na Vixed, a empresa de suplementos nutricionais onde trabalha como contabilista. Dawn nunca diz a coisa certa. Não tem amigos. E senta-se todos os dias à secretária, para trabalhar, precisamente às 8h45 da manhã.Talvez seja por isso que, certa manhã, quando Dawn não aparece para trabalhar, a sua colega Natalie Farrell – bonita, popular e a melhor vendedora da empresa há cinco anos consecutivos – se surpreenda. E mais ainda quando o telefone de Dawn toca e alguém do outro lado da linha diz apenas «Socorro».Aquele telefonema alterou tudo… afinal, nada liga tanto duas pessoas como partilhar um segredo. E agora Natalie está irrevogavelmente ligada a Dawn e vê-se envolvida num jogo do gato e do rato. Parece que Dawn não era simplesmente uma pessoa estranha, antissocial e desajeitada, mas estava a ser perseguida por alguém próximo.À medida que o mistério se adensa, Natalie não consegue deixar de se questionar: afinal, quem é a verdadeira vítima? Mas uma coisa é clara: alguém odiava Dawn Schiff. O suficiente para a matar.«NÃO COMECE UM LIVRO DE FREIDA McFADDEN A ALTAS HORAS DA NOITE.NÃO O VAI CONSEGUIR LARGAR!» AMAZON«O ESCRITÓRIO É UM THRILLER TENSO E VICIANTE DA AUTORA MAIS ADORADA DO MOMENTO.» GOODREADS -
Os Meus Dias na Livraria MorisakiEsta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração.Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão. -
ManiacMANIAC é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI. MANIAC pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem “a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro”. Por isso, em MANIAC convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência -
Uma Noite na Livraria Morisaki - Os meus Dias na Livraria Morisaki 2Sim, devemos regressar onde fomos felizes. E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romântica oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar. -
Uma Brancura LuminosaUm homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda até que chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar. O homem sai do carro e, em vez de ir à procura de alguém que o ajude, aventura-se insensatamente na floresta escura, debaixo de um céu negro e sem estrelas. Perde-se, quase morre de frio e de cansaço, envolto numa impenetrável escuridão. É então que surge, de repente, uma luz.Uma Brancura Luminosa é a mais recente obra de ficção de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023. Uma história breve, estranhamente sublime e bela, sobre a existência, a memória e o divino, escrita numa forma literária única capaz de assombrar e comover.Tradução do norueguês de Liliete Martins.Os elogios da crítica:«Uma introdução perfeita à obra de Jon Fosse.» The Telegraph«Inquietante e lírico, este pequeno livro é uma introdução adequadamente enigmática à obra de Fosse e um bom ponto de partida para se enfrentar os seus romances mais vastos e experimentais.» Financial Times - Livro do Ano 2023«Uma Brancura Luminosa é, muito simplesmente, grande literatura.» Dagbladet