I would prefer not to - no conto de Melville, estas palavras fazem hesitar a lógica da comunicação e do reconhecimento e também a lógica das relações laborais entre patrão e empregado, num ambiente de trabalho regulado por regras de eficácia, de produtividade e de lucro. Poderão alguns aspectos da experiência contemporânea ser pensados à luz deste enunciado? Que advém ao sujeito que as diz? Que efeitos produzem em quem as ouve? Que condições e que exercícios (des)mobilizam? Cada um lê o enunciado do Bartleby a seu modo. Cada um faz as suas contas e ajusta as suas contas com o Bartleby. O ciclo «I would prefer not to», organizado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em Outubro de 2012, pretendeu suscitar um espaço e um tempo para essas várias leituras. Pelo teatro, realizou-se a leitura encenada de uma adaptação do conto pelos Artistas Unidos; pelas artes plásticas, organizámos uma exposição de obras inéditas de sete artistas portugueses na Plataforma Revolver em Lisboa, cujas imagens são aqui disponibilizadas ao leitor; pela escrita, realizámos um colóquio na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, cujos textos reproduzimos neste livro; pelo cinema, com uma mostra de filmes, exibidos também na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, cuja programação esteve a cargo de Inês Sapeda Dias e Joana Frazão. As palavras ligam e interrompem, atam e suspendem - na literatura e na vida. Há um valor nas palavras que excede as `simples palavras'.
Maria Lucília Marcos doutorou-se no Departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde é Professora Agregada, investigadora e tem exercido funções institucionais. É autora de livros e outros textos sobre Teoria da Comunicação, Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias.
Luís Valente Rosa nasceu em Lisboa, em 1957, é licenciado em Sociologia pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Foi, durante vinte anos (79-99), docente do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e responsável pelas cadeiras de Matemática e Estatística II e Métodos e Técnicas de Investigação Sociológica. Dedicou-se também aos estudos de mercado: primeiro como Diretor (88-93) da Euroexpansão e posteriormente como fundador da METRIS, de que foi Sócio-Gerente e Director-Geral (93-09). Durante esse período, exerceu funções diversas, como as de representante em Portugal da ESOMAR, Presidente da Direção da APODEMO e membro da Direção da EFAMRO (European Federation of Associations of Market Research Organisations). Foi responsável, em Julho de 1987, pelas primeiras sondagens de boca de urna com previsão às 19 horas realizadas em Portugal, na Rádio Comercial, aquando das Eleições para a Assembleia da República. O âmbito deste dicionário diz respeito aos principais conceitos utilizados nos inquéritos de opinião pública e naquilo a que é hábito chamar "sondagens". Amostra, aleatório, erro de amostragem, nível de confiança, amostra por "quotas", representatividade, proporcionalidade e não-proporcionalidade, ordem das perguntas, intenção de voto, dimensão da amostra, ponderação, ficha técnica, estratificação, codificação, variável ou supervisão são, a título exemplificativo, algumas das entradas constantes no presente dicionário. Para cada entrada, são apresentados três textos diversos: uma definição relativamente sucinta do conceito; uma explicação mais detalhada, associada a um conjunto de exemplos ilustrativos, mais ou menos concretos; um comentário pessoal do autor sobre temas adjacentes ao conceito, por exemplo: a sua história; as suas condições de aplicação à realidade portuguesa; a frequência da sua utilização; o modo como os receptores dos estudos de opinião pública o interpretam, ou eventualmente o dVer por dentro: