Nação e Estado - Entre o Global e o Local
Os Estados-Nação, enquanto tradicionais locais de soberania jurídico-política, estão, no quadro da atual globalização, a perder soberania, sendo de sublinhar o reacender de identidades regionais-locais e sobretudo o fenómeno do nacionalismo que, sob pretextos e/ou argumentos em torno da raça, da etnia, da língua, da religião ou da cultura, traduz ora ideologias de dominação e opressão, ora utopias de libertação e emancipação.
Os tradicionais Estados-Nação têm-se configurado como monoétnicos e monoculturais e, no quadro dos fluxos migratórios e da formação de comunidades migrantes, têm-se mostrado incapazes de responder às novas configurações multiétnicas e multiculturais. Ainda que, em regra, co-responsáveis no tocante aos impactos da globalização e de instâncias supra-estatais, os Estados estão, por outro lado, a ser confrontados com pressões de ordem infra-estatal ¿ regional e local. Porém, o político está de volta e, a par de identidades fragmentadas e perpassadas de medos e incertezas em relação ao futuro, são de assinalar «contrapontos» políticos e sociais de dissidência, resistência e luta contra a globalização hegemónica.
| Editora | Afrontamento |
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| Editora | Afrontamento |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Manuel Carlos Silva |
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Sina Social Cigana: história, comunidades, representações e instituiçõesEste livro, tendo por base alguns resultados de um projecto de investigação, retrata as condições de vida e trabalho de famílias e comunidades ciganas no distrito de Braga, assim como as suas situações de privação nos acampamentos e bairros sociais, níveis de escolaridade, modos de vida, relações de vizinhança e conflitos intra e interétnicos, rituais e crenças desde o casamento à morte e subsequente luto. Por outro lado, o livro evidencia como as seculares relações interétnicas entre ciganos e não ciganos na Europa se têm historicamente caracterizado por processos de perseguição e repressão, estigmatização e segregação socio-espacial. Em Portugal, embora se tenham registado ligeiros avanços de ordem jurídico-política desde os séculos XIX e XX, sobretudo no pós-25 de Abril, predominam, todavia, não só fechamentos e indiferenças, alheamentos e distanciamentos como inclusive atitudes preconceituosas e formas de discriminação e racismo ora flagrante ora subtil, ora institucional, ora quotidiano, tomando como estudos de caso os territórios e contextos socio-espaciais de Oleiros - Vila Verde, Barcelos, Guimarães e Braga. Por fim, convictos que outros mundos são possíveis e sobretudo sabendo que há já exemplos edificantes, ainda que bem excepcionais, são feitas, à luz duma multiculturalidade crítica, algumas recomendações no sentido de superar preconceitos e estigmas e realizar uma plena cidadania intercultural. -
Desigualdades de Género: família, educação e trabalhoNão obstante o relativo avanço em Portugal, em termos legais e políticos, nomeadamente no pós 25 de Abril de 1974, em prol da paridade entre homens e mulheres, diversos estudos (inter)nacionais atestam a persistência de desigualdades de género e formas de violência em contextos laborais (extra)domésticos, na educação e na saúde, no acesso ao trabalho e progresso nas carreiras, nas taxas de liderança, nos valores, nas relações institucionais e de poder. -
Classes SociaisO tema das classes sociais não é axiológica e/ou politicamente neutro. Não está na moda, mas é uma velha e nova questão com diversos posicionamentos científicos, políticos e ideológicos/utópicos e com repercussões na vida quotidiana das pessoas. As trajectórias e identidades colectivas e individuaus enraízam-se nas condições objectivas de vida, nas quais relevam as estruturas de classe, articuláveis com outras vertentes como o género ou a etnia. -
Mulheres da Vida: Prostituição, Estado e PoliticasEstando colocadas no centro de muitos debates científicos e políticos, a prostituição e outras práticas sexuais marcadas pelo interesse económico explícito são um factor de divisão e de conflito entre forças políticas progressistas, incluindo clivagens no seio do movimento feminista. Como o leitor constatará (e avaliará), uma linha de força, simultaneamente de inquietação e proposição, perpassa o livro: compreender de forma densa o fenómeno do sexo mercantil, tendo em vista a produção de contributos que possam enriquecer uma agenda política emancipatória comprometida com a definição de políticas de cidadania orientadas para a não-discriminação e a não-estigmatização dos modos de vida e das práticas, incluindo as que se relacionam com o corpo, dos actores sociais que vivem do comércio do sexo. -
Etnicidade e Racismo - Representações Sociais de Portugueses(as) Sobre Minorias Étnicas Negra e Cigana no Distrito de BragaEste livro, focado nas relações interétnicas entre a maioria autóctone e as minorias étnico-raciais – negros, na sua maioria imigrantes, e ciganos/as portugueses –,estuda as formas de racismo estrutural institucional e quotidiano, que, secularmente arreigadas em contextos (neo)coloniais e, em particular, sob o regime ditatorial e racista do Estado Novo, continuaram a reproduzir-se de forma ora mais direta e flagrante, ora mais subtil e velada, durante o regime democrático do pós-25 de Abril de 1974.Esta realidade constitui uma clivagem tão importante como as de classe ou de género. O autor do livro procede assim a uma abordagem histórica e equaciona diversos modelos teóricos para explicação do racismo, evidenciando a incorporação de tais preconceitos, classificações e discriminações étnico-raciais, cujas causas remetem não só para disseminação de ideologias racizantes ou até racistas como para a despolitização e busca de alegados «bodes expiatórios» perante situações de pobreza e precarização socioeconómica de grupos sociais apostados na «segurança mínima», mas sem desvendarem os interesses do grande capital.Sendo estes os principais responsáveis de tais situações, são respaldados por governos que, rotativamente, têm sido omissos em diminuírem os índices de pobreza, nada fazendo contra tal polarização e «pânico moral», aliás aproveitado e exponenciado pela (extrema)direita. Importa manter presentes estas cruas realidades e analisá-las numa perspetiva decolonial e interseccional, mobilizando forças em ações coletivas e superando as diversas desigualdades sociais numa base solidária de pertença de classe, de género e, por fim mas não menos importante, étnico-racial.
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A Esquerda não é WokeSe somos de esquerda, somos woke. Se somos woke, somos de esquerda.Não, não é assim. E este erro é extremamente perigoso.Na sua génese e nas suas pedras basilares, o wokismo entra em conflito com as ideias que guiam a esquerda há mais de duzentos anos: um compromisso com o universalismo, uma distinção objetiva entre justiça e poder, e a crença na possibilidade de progresso. Sem estas ideias, afirma a filósofa Susan Neiman, os wokistas continuarão a minar o caminho até aos seus objetivos e derivarão, sem intenção mas inexoravelmente, rumo à direita. Em suma: o wokismo arrisca tornar-se aquilo que despreza.Neste livro, a autora, um dos nomes mais importantes da filosofia, demonstra que a sua tese tem origem na influência negativa de dois titãs do pensamento do século XXI, Michel Foucault e Carl Schmitt, cuja obra menosprezava as ideias de justiça e progresso e retratava a vida em sociedade como uma constante e eterna luta de «nós contra eles». Agora, há uma geração que foi educada com essa noção, que cresceu rodeada por uma cultura bem mais vasta, modelada pelas ideias implacáveis do neoliberalismo e da psicologia evolutiva, e quer mudar o mundo. Bem, talvez seja tempo de esta geração parar para pensar outra vez. -
Não foi por Falta de Aviso | Ainda o Apanhamos!DOIS LIVROS DE RUI TAVARES NUM SÓ: De um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo Do outro, aquelas que nos apontam o caminho para um Portugal melhor Não foi por Falta de Aviso. Na última década e meia, enquanto o mundo lutava com as sequelas de uma crise financeira e enfrentava uma pandemia, crescia uma ameaça maior à nossa forma democrática de vida. O regresso do autoritarismo estava à vista de todos. Mas poucos o quiseram ver, e menos ainda nomear desde tão cedo. Não Foi por Falta de Aviso é um desses raros relatos. Porque o resto da história ainda pode ser diferente. Ainda o Apanhamos! Nos 50 anos do 25 Abril, que inaugurou o nosso regime mais livre e generoso, é tempo de revisitar uma tensão fundamental ao ser português: a tensão entre pequenez e grandeza, entre velho e novo. Esta ideia de que estamos quase sempre a chegar lá, ou prontos a desistir a meio do caminho. Para desatar o nó, não basta o «dizer umas coisas» dos populistas e não chegam as folhas de cálculo dos tecnocratas. É preciso descrever a visão de um Portugal melhor e partilhar um caminho para lá chegar. SINOPSE CURTA Um livro de Rui Tavares que se divide em dois: de um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo; do outro, as crónicas que apontam o caminho para um Portugal melhor. -
O Fim da Paz PerpétuaO mundo é um lugar cada vez mais perigoso e precisamos de entender porquêCom o segundo aniversário da invasão da Ucrânia, que se assinala a 24 de Fevereiro, e uma outra tragédia bélica em curso no Médio Oriente, nunca neste século o mundo esteve numa situação tão perigosa. A predisposição bélica e as tensões político-militares regressaram em força. A ideia de um futuro pacífico e de cooperação entre Estados, sonhada por Kant, está a desmoronar-se.Este livro reflecte sobre o recrudescimento de rivalidades e conflitos a nível internacional e sobre as grandes incógnitas geopolíticas com que estamos confrontados. Uma das maiores ironias dos tempos conturbados que atravessamos é de índole geográfica. Immanuel Kant viveu em Königsberg, capital da Prússia Oriental, onde escreveu o panfleto Para a Paz Perpétua. Königsberg é hoje Kaliningrado, território russo situado entre a Polónia e a Lituânia, bem perto da guerra em curso no leste europeu. Aí, Putin descerrou em 2005 uma placa em honra de Kant, afirmando a sua admiração pelo filósofo que, segundo ele, «se opôs categoricamente à resolução de divergências entre governos pela guerra».O presidente russo está hoje bem menos kantiano - e o mundo também. -
Manual de Filosofia PolíticaEste Manual de Filosofia Política aborda, em capítulos autónomos, muitas das grandes questões políticas do nosso tempo, como a pobreza global, as migrações internacionais, a crise da democracia, a crise ambiental e a política de ambiente, a nossa relação com os animais não humanos, a construção europeia, a multiculturalidade e o multiculturalismo, a guerra e o terrorismo. Mas fá-lo de uma forma empiricamente informada e, sobretudo, filosoficamente alicerçada, começando por explicar cada um dos grandes paradigmas teóricos a partir dos quais estas questões podem ser perspectivadas, como o utilitarismo, o igualitarismo liberal, o libertarismo, o comunitarismo, o republicanismo, a democracia deliberativa, o marxismo e o realismo político. Por isso, esta é uma obra fundamental para professores, investigadores e estudantes, mas também para todos os que se interessam por reflectir sobre as sociedades em que vivemos e as políticas que queremos favorecer. -
O Labirinto dos PerdidosMaalouf regressa com um ensaio geopolítico bastante aguardado. O autor, que tem sido um guia para quem procura compreender os desafios significativos do mundo moderno, oferece, nesta obra substantiva e profunda, os resultados de anos de pesquisa. Uma reflexão salutar em tempos de turbulência global, de um dos nossos maiores pensadores. De leitura obrigatória.Uma guerra devastadora eclodiu no coração da Europa, reavivando dolorosos traumas históricos. Desenrola-se um confronto global, colocando o Ocidente contra a China e a Rússia. É claro para todos que está em curso uma grande transformação, visível já no nosso modo de vida, e que desafia os alicerces da civilização. Embora todos reconheçam a realidade, ainda ninguém examinou a crise atual com a profundidade que ela merece.Como aconteceu? Neste livro, Amin Maalouf aborda as origens deste novo conflito entre o Ocidente e os seus adversários, traçando a história de quatro nações preeminentes. -
Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXIO que são, afinal, a esquerda e a direita políticas? Trata-se de conceitos estanques, flutuantes, ou relativos? Quando foi que começámos a usar estes termos para designar enquadramentos políticos? Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXI é um ensaio historiográfico, político e filosófico no qual Rui Tavares responde a estas questões e explica por que razão a terminologia «esquerda / direita» não só continua a ser relevante, como poderá fazer hoje mais sentido do que nunca. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
Introdução ao ConservadorismoUMA VIAGEM À DOUTRINA POLÍTICA CONSERVADORA – SUA ESSÊNCIA, EVOLUÇÃO E ACTUALIDADE «Existiu sempre, e continua a existir, uma carência de elaboração e destilação de princípios conservadores por entre a miríade de visões e experiências conservadoras. Isso não seria particularmente danoso por si mesmo se o conservadorismo não se tivesse tornado uma alternativa a outras ideologias políticas, com as quais muitas pessoas, alguns milhões de pessoas por todo o mundo, se identificam e estão dispostas a dar o seu apoio cívico explícito. Assim sendo, dizer o que essa alternativa significa em termos políticos passa a ser uma tarefa da maior importância.» «O QUE É O CONSERVADORISMO?Uma pergunta tão directa devia ter uma resposta igualmente directa. Existe essa resposta? Perguntar o que é o conservadorismo parece supor que o conservadorismo tem uma essência, parece supor que é uma essência, e, por conseguinte, que é subsumível numa definição bem delimitada, a que podemos acrescentar algumas propriedades acidentais ou contingentes.»