O Cheiro do Sangue da Ovelha
PARA LÁ DAS TRIVIAIS FRONTEIRAS LITERÁRIAS E CIENTÍFICAS, UM ANTROPÓLOGO DESVENDA-NOS O MUNDO DOS CURANDEIROS MOÇAMBICANOS É difícil prever o sentimento de um antropólogo europeu no momento em que está a fazer um tratamento de protecção com curandeiros moçambicanos e uma ovelha é degolada às suas costas. Também pode não ser imediatamente compreensível o que o colocou nessa situação — que peripécias, que visões do mundo, que ética e que relação com o próximo. Numa perspectiva pessoal e intimista, Paulo Granjo combina literatura e conhecimento científico para partilhar uma experiência única, transformadora e que nos leva a interrogar: é possível praticar com sinceridade rituais que falam e pensam em espíritos, conciliando isso com uma visão do mundo «moderna» e materialista? E porque não haveria de ser? Uma viagem de descoberta que se lê com prazer e assombro. «Um chato como eu, de quem ninguém conhecia a filiação, com as teses já feitas e que os procurara para perceber porque é que os operários da Mozal tinham amuletos e cicatrizes de vacinas protectoras e, palavra puxa palavra, acabara a ter longas conversas acerca das suas explicações para as coisas más acontecerem, ou sobre o que faziam para desocultar e domar os incertos infortúnios que nos rodeiam, isso era insólito e exótico. Insólita, também, a aparente temeridade de querer ver, tocar nas coisas, ajudar nas acções que fazem parte da sua arte. Eu era uma carta fora do baralho. Ora numa coisa os bons curandeiros são parecidos com os bons antropólogos: para eles, aquilo que é insólito tem de ter uma explicação. E se tem uma explicação, é preciso procurá-la.» Sinopse curta Combinando literatura e conhecimento científico, numa perspectiva pessoal e intimista, um antropólogo europeu fez um tratamento de protecção com curandeiros moçambicanos e partilha com o leitor essa viagem de descoberta.
| Editora | Tinta da China |
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| Editora | Tinta da China |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Paulo Granjo |
Paulo Granjo é antropólogo, investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Português e cidadão do mundo, mantém desde 1999 uma relação profunda e empática com Moçambique, alicerçada na docência universitária e na pesquisa acerca de temas como o perigo industrial, o lobolo, a adivinhação e cura, a feitiçaria, a reintegração social de veteranos da guerra civil, os protestos violentos de 2008 e 2010, os linchamentos, a discriminação de albinos e gémeos, as práticas de saúde mental, ou as indústrias extractivas. Acerca desses assuntos, publicou diversos livros e artigos científicos. É sócio honorário da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique e galardoado com o Prémio Sedas Nunes (2007) pelo livro «Trabalhamos Sobre Um Barril de Pólvora»: Homens e perigo na refinaria de Sines.
Este livro, intimista e em registo literário, resulta de uma experiência marcante na sua vida profissional e da sua ligação afectiva com o país e os seus habitantes.
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Entre Maputo e Lisboa: Reflexões de um Antropólogo na Blogosfera«Nunca desci uma rua de Maputo, nunca me cruzei com os seus habitantes, não sei a diferença entre o betão e o caniço, não apanhei nunca uma molha das suas chuvas torrenciais, não ouvi nunca os profissionais do humanitarismo conversar sobre orçamentos da sua ONG na mesa do café ao lado da minha. Paulo Granjo tem a capacidade de nos levar com ele a ver essas coisas por cima do seu ombro, mas também de ver os olhares de quem se cruza com ele. Esse é um hábito, ou talvez um talento de antropólogo, da sua observação participada. Mas igualmente este é um livro de cidadão em tempos de crise, de participação observada, uma participação que não é um frémito narcisista nem uma competição pelo ascendente e poder num campo político, mas uma participação que se observa a si mesma, com os seus limites e potenciais, fraquezas e forças. Este livro tem, na mesma medida, esses dois olhares - o que vem da imaginação interpretativa do antropólogo e o que nasce da vontade fraterna do cidadão.» Rui Tavares
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A Ciência dos SímbolosAs primeiras tentativas de classificação coerente, de comparação sistemática e interpretação dos símbolos remontam ao séc. XVI. Após 50 anos, a evolução das ciências humanas permitiu estudar signos, símbolos e mitos nas suas relações com os métodos e os princípios das suas diversas interpretações. O leitor não deve esperar encontrar aqui um dicionário de símbolos que o ajudará a compreender uma língua obscura a partir de uma tradução dos seus signos, antes a exposição dos princípios, métodos e estruturas da simbólica geral, ou ciência dos símbolos. Nada está mais próximo desta língua dos símbolos do que a música: se se ignora o solfejo e as regras da harmonia, da mesma forma que se recusa a aprendizagem da gramática de uma língua, o melhor dicionário do mundo não permite entender realmente, e ainda menos falar. Penetrar no mundo dos símbolos, é tentar perceber as vibrações harmónicas, «adivinhar uma música do universo». -
Tudo do AmorA procura pelo amor continua mesmo perante as maiores improbabilidades. TUDO DO AMOR, ensaio marcadamente pessoal e uma das obras mais populares de bell hooks, indaga o significado do amor na cultura ocidental, empenhando-se em desconstruir lugares-comuns e representações que mascaram relações de poder e de dominação.Contrariando o pensamento corrente, que tantas vezes julga o amor como fraqueza ou atributo do que não é racional, bell hooks defende que, mais do que um sentimento, o amor é uma acção poderosa, capaz de transformar o cinismo, o materialismo e a ganância que norteiam as sociedades contemporâneas. Tudo do Amor propõe uma outra visão do mundo sob uma nova ética amorosa, determinada a edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, honesta e comprometida com o bem-estar colectivo. -
A Natureza da CulturaNesta obra, A. L. Kroeber reúne artigos seus publicados entre 1901 e 1951. São textos de cariz teórico, em que autor desenvolve a sua própria concepção sobre o lugar e o método da antropologia cultural. -
O SagradoDesde a sensação de terror que o sagrado inspirava aos primeiros homens até à teoria do sobrenatural ou do transcendente que atribuímos hoje a certos fenómenos misteriosos, o autor examina as diferentes formas de exprimir este sentimento através das múltiplas manifestações religiosas. -
«O Modo Português de Estar no Mundo» - O Luso-Tropicalismo e a Ideologia Colonial Portuguesa (1933-1961)Prémio de História Contemporânea da Universidade do Minho O livro fornece pistas para se compreender a persistência, mais de 20 anos após a independência das antigas colónias portuguesas, de um discurso transversal ao espectro político e ideológico nacional que acentua a imunidade dos portugueses ao racismo, a sua predisposição para o convívio com outros povos e culturas e a sua vocação ecuménica. -
Os Domínios do ParentescoOs domínios do parentesco situam-se na confluência de duas linguagens: a da etnologia, que se esforça por situar as regiões, os contornos e as fronteiras desses domínios, e a das sociedades que a etnologia observa e a que vai buscar as terminologias, as classificações e as regras. Esclarecer estas duas linguagens e relacioná-las é um dos objectivos deste livro, que se pretende uma iniciação à chamada antropologia do parentesco. Falar de parentesco é também e é já falar de outra coisa (numa e noutra linguagem); qual a natureza da relação entre o parentesco e os outros sectores de representação? Que significa a assimilação do parentesco a uma linguagem ou a sua definição como região dominante em certos tipos de sociedade? Que significam as regras de casamento? - são algumas das perguntas que esta obra tenta reformular e às quais procura por vezes responder. Uma análise do vocabulário técnico, um glossário inglês/português, uma importante documentação bibliográfica, reflexões sobre os autores, análises de textos e o balanço de uma investigação pontual: tais são os elementos de informação e de reflexão que aqui se propõem. -
Cultura e ComunicaçãoUma análise concisa das teorias estruturalistas dos fenómenos antropológicos, destinada a esclarecer os conceitos da «semiologia» com base no pressuposto de que os gestos, na comunicação não verbal, apenas adquirem significado como membros de conjuntos, à semelhança do que ocorre com os sons na linguagem falada. -
O Bode ExpiatórioEm O Bode Expiatório, René Girard, um dos críticos mais profundos e originais do nosso tempo, prossegue a sua reflexão sobre o «mecanismo sacrificial», ao qual devemos, do ponto de vista antropológico, a civilização e a religião, e, do ponto de vista histórico e psicológico, os fenómenos de violência coletiva de que o século XX foi a suprema testemunha e que mesmo hoje ameaçam a coabitação dos humanos sobre a Terra.Ao aplicar a sua abordagem a «textos persecutórios», documentos que relatam o fenómeno da violência coletiva da perspetiva do perseguidor tais como o Julgamento do Rei de Navarra, do poeta medieval Gillaume de Machaut, que culpa os judeus pela Peste Negra, Girard descobriu que estes apresentam surpreendentes semelhanças estruturais com os mitos, o que o leva a concluir que por trás de cada mito se esconde um episódio real de perseguição.A arrojada hipótese girardiana da reposição da harmonia social, interrompida por surtos de violência generalizada, através da expiação de um bode expiatório constitui uma poderosa e coerente teoria da história e da cultura.