Porquê publicar uma tese de Doutoramento passados vários anos? É essencialmente porque continua actual, já que nada foi publicado com elementos de fonética acústica experimental para o vocalismo e o consonantismo do Porto Santo. É certo que houve artigos, estudos parciais, sobre o português falado na mais pequena ilha habitada do arquipélago madeirense, nomeadamente investigações no âmbito do Atlas Multimédia Prosódico do Espaço Românico (AMPER), mas estudos integrais, de fundo, não foram realizados. Além disso, também não se conhece nenhuma investigação que dê conta da comparação de dados quantificados para os Açores, a Madeira e o território continental (português padrão e variedades dialectais) como a que é empreendida no capítulo final desta tese, colocando lado a lado resultados de diferentes investigadores.
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O Centro de Línguas, Literaturas e Culturas (CLLC) da Universidade de Aveiro cumpre um papel importante a nível comunitário e científico, manifestando essa vertente no apoio a publicações de cariz científico. A publicação, O Falar do Porto Santo, de autoria de Helena Rebelo, é exemplo disso. Texto, inicialmente, concebido como trabalho académico, a sua tese de Doutoramento na área da Fonética, vemo-lo agora publicado em livro (...). Investigações, análises e descrições sobre uma qualquer língua são de fundamental importância para o desenvolvimento científico. Estudar a variedade falada no Porto Santo é também compreendê-la na sua dimensão da (des)continuidade territorial. [LURDES DE CASTRO MOUTINHO, Prefácio]
HELENA REBELO é docente na Universidade da Madeira, sendo licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e mestre em Linguística Portuguesa pela Universidade de Coimbra. Realizou, na Universidade Aberta, uma qualificação em Ciências da Educação. Na Universidade da Madeira, doutorou-se em Linguística Portuguesa e desenvolveu, na Universidade de Aveiro, um pós-doutoramento. Está ligada ao Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro e ao Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais-UMa. É membro de diversas associações, incluindo a Associação Internacional de Lusitanistas. Participa regularmente em encontros científicos, tendo múltiplos trabalhos publicados (vide http:// orcid.org/0000-0002-8345-9436). Em 2017, recebeu o Prémio Maria Aurora para a Igualdade de Género da Câmara Municipal do Funchal. Desde 2019, é responsável pelo Mestrado em Estudos Regionais e Locais.
OS PORQUÊS DO PORTUGUÊS: A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM USOS QUOTIDIANOS compila diversas reflexões linguísticas, sociais e culturais, em jeito de crónicas, que procuram responder a questões relacionadas com a língua portuguesa. As interrogações são motivadas por diversas vivências do quotidiano nacional e internacional, nos séculos XX e XXI, levando a uma reflexão para procurar respostas. A fim de fundamentar a solução a cada pergunta de língua portuguesa, tornou-se imprescindível a consulta de diversos materiais linguísticos, sobretudo dicionários portugueses e brasileiros. Compreende-se, ao longo do livro, o quanto a variação linguística está patente nos diversos usos dos falantes da comunidade de língua portuguesa.***“Afinal, qualquer língua encerra em si um mundo de variações e subtilezas, e o português não derroga tal princípio. É sobre estas questões que versa o livro que temos agora em mãos. O núcleo da obra agrupa, por ordem aleatória como é usual neste tipo de publicação, quase cem textos elaborados com uma estrutura rígida em formato de ficha temática sobre um uso específico do Português Europeu. (...) Na prática, a autora parte de uma situação do quotidiano que serve de pretexto e de ponto de partida para uma análise linguística com discussão dos dados e solução possível ao problema levantado.”[THIERRY PROENÇA DOS SANTOS, do Prefácio)
O antigo trajo feminino – corpete branco, de linho, capa, jaleco e saia de vivas cores, com predomínio do vermelho, tem resistido muito mais aos caprichos da moda. Embora descoordenadas, sem a primitiva unidade de conjunto, estas ainda hoje fazem parte do vestuário de muitas camponesas da Ilha. Rigorosamente, este trajo, a que servem de complemento a bota chã e a carapuça, como nos homens, só o encontramos nas pequenas “saloias” que acompanham as insígnias do Espírito Santo, na visita pascal, e nas floristas que exercem o seu comércio à «Entrada da Cidade» ou junto da Sé (...).[ANTÓNIO MARQUES DA SILVA (Apontamentos de Etnografia Madeirense)] ***Esta investigação, relativa a uma manifestação de Património Linguístico e Cultural, incide no vocábulo “saloia”, ligado às “visitas pascais” e a merecer entrada dicionarística. A etimologia de “saloio” estará no árabe: “habitante do deserto”, tendo evoluido para “habitante do campo”. Hoje, é um etnónimo da área de Lisboa. Porém, na Região Autónoma da Madeira, sem claro correspondente masculino, “saloia” distingue-se de “camponesa”, “aldeã”, “viloa” ou “camacheira”. Em que diverge? É o que este livro demonstra. Nas localidades, os habitantes sabem por onde “anda o Espírito Santo” porque são uma realidade cultural antiga, as “corridas do Espírito Santo”. É a altura do “Divino” e muitas visitas incluem “saloias” (raparigas, com um cesto, preparadas especialmente para acompanhar as insígnias).
Uma visão comum sobre o que é uma língua diz-nos, simplificadamente, que ela é um conjunto de termos - um léxico - e um conjunto de regras para a formação de outros termos e de frases - uma gramática. Contudo, léxico e gramática são apenas as pedras e a estrutura de um edifício que fica inerte se não for usado. Uma língua só é viva na medida em que os falantes a usam.
O Essencial sobre Pragmática Linguística debruça-se precisamente sobre o uso da língua, sobre as práticas linguísticas dos falantes e sobre a comunicação. O que está em observação são as actividades humanas em que entram as línguas. Muitas das acções humanas pressupõem o uso de uma língua. Ao perguntarmos, prometermos, pedirmos, afirmarmos, descrevermos, etc., usamos uma língua. O uso da linguagem está também presente nos actos de compra e venda, nos veredictos judiciais, na feitura das leis, no ensino, na publicidade e em todos os episódios da vida social. Mesmo o acto de votar é um acto linguístico: é dizer "sim" ou "não" a determinado partido ou questão política. Mas a observação dos actos linguísticos não esgota a pragmática linguística, pois esta ocupa-se ainda de outros grandes temas, como a diferença entre dizer e implicitar, a prática da delicadeza no uso da linguagem, a estrutura da conversação e a relação do acto linguístico com o seu contexto.
No mundo da globalização da informação, que se quer plural e imparcial, urge estudar as classificações bibliográficas como meios privilegiados de a organizar e veicular.
Esta obra aborda as classificações bibliográficas como modelos dinâmicos de organização do conhecimento. Pretende avaliar as vantagens e as fragilidades deste tipo de linguagem, no que respeita à representação e à recuperação do conhecimento, criando novos pontos de referência, bem como na contextualização teórica e dinâmica estrutural.
Este estudo apresenta dois eixos estruturantes: uma reflexão crítica sobre algumas questões teóricas que constituem este tipo de classificações e um estudo analítico-sintético de alguns sistemas de classificação mais utilizados em bibliotecas nacionais e internacionais.
A moda é uma realidade já largamente analisada sob uma perspectiva jornalística, estética, sociológica e psicológica. Faltava, porém, uma análise semântica do vestuário feminino, coisa que o autor nos proporciona com este livro. Partindo da descrição e da classificação da moda escrita, tal como se apresenta nas revistas da especialidade, Barthes elabora uma análise estrutural do vestuário feminino. Analisa o contributo do discurso verbal para o sistema da moda, o qual motiva as pessoas a consumi-la. Por outro lado, debruça-se também sobre a estrutura e o “jogo” de significados desse próprio discurso. O livro, redigido entre 1957 e 1963, constitui hoje um clássico da semiologia aplicada.
CONSIDERAÇÕES PRELIMIMARES: Relevância do verbo na estrutura da frase · Caracterização
dos verbos FLEXÃO VERBAL: Modos e tempos · As pessoas e os números · Aspecto · Voz
ESTRUTURA DA FORMA VERBAL: RADICAL e tema, característica e desinência · Formas
rizotónicas e formas arrizotónicas · Conjugação · Formação dos tempos simples VERBOS
AUXILIARES: Conjugação perifrásica · Voz activa · Voz passiva IRREGULARIDADE VERBAL
CONJUGAÇÃO PRONOMINAL VERBOS CONJUGADOS (MODELOS) OS VERBOS PORTUGUESES
PARTICÍPIOS DUPLOS
Fernando Venâncio conta-nos a história da língua portuguesa com paixão, elegância e um fino humor. Com rigor e precisão de paleontólogo, Fernando Venâncio começa no primeiro gemido da nossa língua, que remonta há séculos, tão distantes que Portugal ainda nem existia, passando pelos primeiros escritos, até à fala contemporânea que ainda hoje conserva registos, em estado fóssil, dessa movimentação primordial. Máquina do tempo que nos permite recuar à época em que o idioma se formou, Assim Nasceu Uma Língua faz-nos peregrinos numa caminhada que toca a língua galega ou o português brasileiro, evidenciando as profundas derivas que deram forma ao nosso idioma, a que Fernando Venâncio chama «um idioma em circuito aberto».