O Litoral do Mundo: causa amante - Vol. I
«Durante anos, em Lovaina, em Jodoigne e, depois, em Herbais, um pouco antes do fim da tarde, a Maria Gabriela lia-me o que, nesse dia, escrevera. Escrevia quase todos os dias. Sobretudo, em Herbais, a partir de 80, onde vivíamos social e geograficamente muito isolados, essa leitura era um bálsamo e uma inquietação. Primeiro, era belo «et bien levé». Segundo, eu podia identificar o referente inicial. Terceiro, a partir daí, o texto andava por onde eu não estava, nem, provavelmente, jamais estivera. Muitas vezes, a Maria Gabriela acendia velas pela casa. Fazia-se silêncio, ainda maior do que o habitual silêncio da aldeia, cão e gatos paravam de mexer, ela lia e eu ouvia. Havia, tantas vezes, uma nostalgia tão forte, ou, mais raramente, páginas de uma negra depressão mas, quase sempre uma escrita de tal modo ampla que literatura, experiência e experimentalismo literários, a vida e o pensamento, em suma, iam ficando para longe. E, naquele país plano, não é difícil ter a noção do que é longe.»
Do Posfácio de Augusto Joaquim
| Editora | Relógio d' Água |
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| Editora | Relógio d' Água |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria Gabriela Llansol |
Escritora portuguesa de ascendência espanhola, nascida no ano de 1931 em Lisboa. Licenciou-se em Direito e em Ciências Pedagógicas, tendo trabalhado em áreas relacionadas com problemas educacionais. Em 1965, abandonou Portugal para se fixar na Bélgica. Regressou há alguns anos a Portugal. Considerada uma autora cuja escrita é hermética e de difícil inteligibilidade para o leitor comum, é, no entanto, apontada por muitos como um dos nomes mais inovadores e importantes da ficção portuguesa contemporânea. A sua carreira literária iniciou-se com Os Pregos na Erva (1962), obra que inaugurou uma nova forma de escrever, embora estruturalmente se assemelhe a um livro de contos. Publicou de seguida Depois de os Pregos na Erva (1972), O Livro das Comunidades (1977), A Restante Vida (1983), Na Casa de Julho e Agosto (1984), Causa Amante (1984), Contos do Mal Errante (1986), Da Sebe ao Ser (1988), Um Beijo Dado Mais Tarde (1990), com evidentes ressonâncias autobiográficas, Lisboaleipzig 1: O Encontro Inesperado do Diverso (1994), Lisboaleipzig 2: O Ensaio de Música (1995), Ardente Texto Joshua (1998) e Onde Vais Drama Poesia? (2000).
No caso de Maria Gabriela Llansol dificilmente se podem aplicar designações tradicionais como conto, romance ou mesmo diário. Apesar de se detetarem elementos tradicionais da narrativa, as suas obras, mais do que narrativas, são conjuntos de pequenos quadros e meditações. A ação localiza-se geralmente na Alemanha ou em regiões próximas, nos primórdios do Renascimento, num ambiente fantástico em que à volta de Copérnico, Isabol ou Hadewijch se movimentam personagens inspirados em pensadores místicos como San Juan de la Cruz e Eckhart e filósofos como Nietzsche e Espinosa.
Os diários Um Falcão em Punho (1985), considerado o ponto de viragem no que toca à cada vez maior inteligibilidade da sua escrita, e Finita (1987), distinguem-se das obras ficcionais pela sua aparente ordenação cronológica e pelas reflexões sobre a conceção materialista em que se baseia a mística e a poética da autora.
Um dos traços mais marcantes de toda a sua produção consiste na constante negação da escrita representativa, com inserção no texto de diferentes caracteres tipográficos, espaços em branco, traços que dividem o texto, perguntas de retórica, aspetos que contribuem para a sensação de estranheza que os seus textos provocam.
Levando às últimas consequências a criação de um universo pessoal que desde os anos 60 não tem paralelo na literatura portuguesa, a obra de Maria Gabriela Llansol faz estilhaçar as fronteiras entre o que designamos por ficção, diário, poesia, ensaio, memórias, etc.
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O Começo de um Livro é Precioso"A escrita de Maria Gabriela Llansol inscreve-se em livros que "crescem" uns nos outros, num movimento ondulatório de eternos começos - O começo de um livro é precioso. "Muitos começos são preciosíssimos. / Mas breve é o começo de um livro ____ mantém o começo prosseguindo. / Quando este se prolonga, um livro seguinte se inicia". Quem lê, vai elevando os olhos para uma cúpula por onde se dispõem as diferentes figuras do universo llansoliano - Témia, Eckhart, Ana e Myriam, João da Cruz, Prunus Triloba, Spinoza, Bach, Rilke, Vergílio Ferreira, Dom Arbusto, Elvira, o cão Jade ou Trova, o Literatura, o Arrábido - num "estético convívio" com as diferentes formas da linguagem. O percurso deste novo livro faz-se no tempo e no espaço, porque o que nos é dito em cada uma das 365 estâncias (dias) insere-se em lugares (páginas) que respiram ou branco ou imagem - os desenhos de Ilda David', "com" os quais se faz a leitura do livro. MGL afirmava numa entrevista, em 1995 "Creio que é uma dádiva muito grande que se faz ao texto de um outro: construir-lhe silêncio à volta". Neste livro, os desenhos de Ilda David' parecem "dar a ver" esse silêncio que fala; abrem "clareiras de respiração" no caminho para uma "língua sem impostura" e celebram, com o texto, o contrato da "mútua não-anulação", da "liberdade de consciência" e do "dom poético". Texto e imagem dialogam um com o outro, sofrem mutações na leitura, e despertam no "legente" o desejo do encontro com esse desconhecido que o chama e atrai ("Procura a página que te fala"), que o sossega e perturba ("___ Do fim para o princípio lê-se de uma maneira; / Do princípio para o fim lê-se de outra."), que lhe mostra como o caminho da leitura se faz na atenção que não separa "ver e ler" ("Há uma leitura a fazer, na jarra e em todos os lugares / Da falha. Nesse caminho a descobrir que não finda, / O texto escreve-se nos olhos. A qualidade da imagem / Nua dispõe o real em consequência."; "Ver o que ainda se / Não conhece é uma rara particularidade / _____ que, por vezes, arrasa."). Se falamos em linhagens, quando pensamos em autores / textos que "convergem", também podemos ver linhagens e convergência nas linhas de um texto e nas de um desenho que o acompanha. Nessa "sobreimpressão" consolidam-se identidades, ainda que não se procure saber "quem sou" mas "quem me chama" ("escrever é aceitar que o chamamento, / Vindo de longe, transforma - Ninguém em cada um de / Nós -, à medida que se aproxima."). O texto chama a imagem, a imagem chama o texto, e cada um é um ser ímpar nesse elo ("Magníficos os espíritos / Que se cruzam sem espada / E com bondade. Grande / A generosidade / Que os habita."). O texto pensa, faz perguntas, e o desenho responde e lança novas questões, num eterno começo. Quem lê encontra-se num Lugar privilegiado - o de quem pode ver / ler a intensidade do "ambo texto-imagem". O texto de MGL e os desenhos de Ilda David' formam esse ambo, são figuras que "pertencem ao tronco de uma mesma vibração"".Etelvina Santos -
O Litoral do Mundo: contos do mal errante - Vol. II(XIV)"um certo receio vai ser uma longa etapa, muito trabalhosa e doce, com várias estações para o que eu acabo de referir; precisava de estar a par da experiência de Al Hallâj para que ele pudesse socorrer-nos com o método que, porventura, tivesse empregue, e nos considerasse uma luz remota provinda dele, e da parte de apreensão onde há luz; por que não concluir (entre limites) que Al Hallâj protege e assiste os carismas do desejo apaixonado?"Contos do Mal Erranteé como se fosse uma narrativa, ou mesmo um romance, que seria o movimento de uma escrita fragmentária. […] Tendo lido já (ou não) outros textos de Maria Gabriela Llansol, o leitor sabe ou virá, esperamos, a saber que este texto é parte de um universo. Podemos aliás usar - com grande informalidade, não para buscar qualquer caução científica, mas porque lidamos com o pensamento por figuras - uma metáfora cosmológica: este é um universo em expansão, não só em relação ao que pensamos como futuro, mas também em relação ao passado. Manuel Gusmão, excerto do Posfácio -
O Raio Sobre o Lápis"Va conclusão de que não há abismo, e que a infância não pára de desenvolver-se e crescer,é um novo princípio de realidade, de morte, de velhice:eu não deixo de viver no mundo interior e exterior das metamorfoses flutuantes; é já dia, mas a noite que conduz a esperança no pensamento, e sobre si própria, não acabou.Não acabou definitivamente;onde estará, protegendo-se da luz, o sapo que brilha?Eu tenho a intuição, Aramis, de que os monstros são as tentativas mais puras do Universo."Olha-os, e não os mates."" -
Finita«Finita» é [...] a narrativa dos próprios inconfortos da autora, do seu deslumbramento, do desejo que na sua própria vida o poeta e o ladrão façam a obra prometida, de que o seu texto (no caso vertente, «A Restante Vida») seja obra do mútuo e factor deste. […] Se não temesse ser mal compreendido, eu diria que «Finita» é uma espécie de «correio do coração» espinozista: um Mestre Eckhart que tivesse inspirado um Espinoza, tocado pelos fulgores de Hamman. (posfácio, excertos) -
Os Cantores de Leitura«Pensei primeiro que este livro deveria ter quatro partes. Mas verifiquei depois que um fluxo contínuo lhe unificava as partes - que acorriam, afinal, umas para as outras. A minha nostalgia de "Amigo e Amiga" era evidente e o texto prosseguindo me pedia que conservasse, ao menos, um vestígio estrutural.No primeiro instante, no livro presente, eu tinha chamado aos fragmentos partículas, duplos, contextos. Nas páginas do início, eu deixei ainda ficar este encadeamento. Mas rapidamente compreendi que não se deixa assim, de um dia para o outro, um Curso de Silêncio, e que "Os Cantores de Leitura" transportavam ainda um pouco da minha nostalgia. Ou muito. Para a ir desvanecendo sempre, mas suavemente, conservei do Curso referido um modo de prosseguir que consistia em, das últimas palavras, ou palavra, de um bloco de texto, fazer o título do fragmento ulterior.» -
Livro de Horas: um arco singular - Vol. IIUma palavra ainda sobre o título encontrado para este segundo volume: o arco singular que nele se traça (sugerido pela leitura de Rilke) é múltiplo, e será decisivo para o resto da vida e da escrita de Maria Gabriela Llansol. Esse arco vai do entusiasmo inicial da experiência cooperativa de trabalho e ensino à desilusão final dessa vivência, tão típica de uma época de ideais alternativos e de contradições. É o arco da tensão crescente entre as imposições da sobrevivência e a sobre vida que só a escrita demais dois livros pode trazer, os que ocupam grande parte destes cadernos e deste período (A Restante Vida e Na Casa de Julho e Agosto). É o arco que vai da matéria medieval, e fascinante, do universo de beguinas, cátaros, gnósticos e alquimistas à descoberta da escrita e da existência de outras mulheres, escritoras do mesmo século XX, e grandes revelações, como Virginia Woolf e Katherine Mansfield. É, em termos de quotidiano estrito, o arco que vai da saída de Lovaina e do seu mundo mais cosmopolita à aparente felicidade da vida mais tranquila na casa de Jodoigne (que evoca vagamente a da infância, e por isso é objecto de tanta atenção) e ao anúncio da saída para o isolamento ainda maior de Herbais, que proporcionará finalmente uma existência quase exclusivamente preenchida pela escrita. O arco singular que este livro dá a ver é, enfim, o de uma linha parabólica sempre bidireccional e tensa, com um vórtice em cima e outro em baixo, entre os quais se desenrola o percurso de um ser de escrita que, como dirão mais tarde as últimas palavras de O Senhor de Herbais, sendo como poucos singular, nunca seria uma singularidade vã.» -
Livro de Horas: o azul imperfeito (Pessoa em Llansol) - Vol. VO Livro de Horas V , que se insere na série dos livros já editados com o mesmo título, resultantes da transcrição dos cadernos manuscritos inéditos de M. G. Llansol, reveste-se de um interesse particular, uma vez que, continuando a respeitar a ordem cronológica dos manuscritos, como em livros anteriores, este volume se orienta para a construção de uma figura maior na obra de Llansol - a figura de Aossê ou AOSSEP, anagrama de Pessoa, que resulta da leitura e escrita que Llansol fez do poeta Fernando Pessoa na sua obra, ao longo de toda a sua vida literária. São cerca de trinta anos de escrita, muitas vezes diária, com vista à transformação e reconstrução da figura do poeta Fernando Pessoa, figura maior da cultura portuguesa, e aquela que mais tempo convive com Llansol. Projectada em muitas centenas de páginas manuscritas, a figura de Pessoa-Aossê, presente em metade dos livros publicados de Llansol (em 12 dos 24 publicados), continua, assim, ainda hoje largamente desconhecida no que se refere ao amplo «projecto pessoano» de M. G. Llansol. Este Livro de Horas V resulta do levantamento exaustivo, selecção, ordenação cronológica e transcrição da totalidade dos manuscritos que, não tendo entrado em livro, permanecem ainda inéditos. A edição deste volume é de grande relevância não só pelo que acrescenta e clarifica da obra de Llansol, mas também pelo que pode acrescentar e trazer de novo ao universo dos estudos pessoanos. E parece particularmente pertinente publicá-lo neste ano de 2015, ano das comemorações dos 100 anos de «Orpheu» e também dos 80 anos da morte de Fernando Pessoa. -
Geografia dos Rebeldes: o livro das comunidades - Vol. I"«O Livro das Comunidades», publicado originalmente em 1977 pelas Afrontamento, é visto pela própria Autora como «o livro- fonte» de toda a sua Obra.Com ele se inicia uma primeira trilogia - «Geografia de Rebeldes» - e um percurso que levaria Maria Gabriela Llansol a convocar para os seus livros, nessa primeira fase da sua Obra, um grande número de figuras que lhe permitiriam fazer uma leitura original e única da história da cultura europeia entre a Idade Média (místicos e beguinas, hereges e iconoclastas de vária proveniência) e o nosso próprio tempo (com a revisitação e reinterpretação de uma figura como a de Fernando Pessoa, objecto do último grande livro de inéditos saído na Assírio & Alvim em 2015, «O Azul Imperfeito»).O sentido inovador deste livro-chave é dado pela autora numa carta- entrevista de 1980, onde escreve: «Quando acabei "O Livro das Comunidades", reconheci a marca resultante desse encontro; o mesmo sucede quando abrimos as portas das sementes e a luz que sempre lá esteve nos indica a hora. Não se trata aqui de secretar mundo imaginário identificado com a irrealidade. A imaginação a que me refiro faz conhecer. É a criação de um tecido de singularidades».A reedição d'«O Livro das Comunidades» pretende trazer de volta essa singularidade e assinalar, em 2017, no âmbito de outras iniciativas que o Espaço Llansol levará a cabo, o início quase absoluto desta Obra. Para marcar a diferença na reedição deste livro simbólico de Maria Gabriela Llansol (que neste momento se encontra esgotado), prevê-se a inclusão de um extratexto com imagens alusivas ao universo das figuras principais da linhagem da «Geografia de Rebeldes»: João da Cruz e Ana de Peñalosa, o místico Mestre Eckhart, o «teólogo da revolução» Thomas Müntzer e Nietzsche, entre outras."João Barrento -
Livro de Horas: Herbais foi de silêncio - Vol. VICom este sexto Livro de Horas chega ao fim uma fase longa e decisiva na vida e na escrita de Maria Gabriela Llansol: a dos vinte anos de exílio (exterior e interior) em vários lugares da Bélgica, que haveriam de marcar indelevelmente toda a sua Obra a partir de O Livro das Comunidades. Documentam-se aqui os quase cinco anos finais desse exílio (e ainda os meses que se seguem, no período transitório do Mucifal, antes da fixação em Colares, uma fase que prolongaria novos filões de escrita trazidos de Herbais, nomeadamente os ligados a Uriel da Costa e Hölderlin). O tempo de Herbais seria, diferentemente do de Lovaina e de Jodoigne (os anos de 1965 a meados de 1980, que os Livros de Horas I a III documentam),um tempo em suspenso, a certa altura dominado pela incerteza, e a ansiedade, do regresso a Portugal e dos livros à espera de editor, e ao mesmo tempo revelador de uma incontrolável obsessão de escrita e de uma imaginação figural orientada para os vários livros e projectos que dariam frutos depois do regresso. Este será, de todos os Livros de Horas já publicados, aquele que melhor se poderá designar de livro-radiografia de uma época: do «silêncio de Herbais», das dobras do real que nesses anos foram «apurando esse silêncio », emergiram, límpidas no seu mistério, como sempre em Llansol, múltiplas vozes deste Texto. -
Ardente Texto JoshuaA primeira história conta que, desde sempre, Teresa Martin quis entrar no Carmelo de Lisieux. Que, aos quinze anos, de facto, entrou, e aí morrerá aos vinte e quatro anos, de tuberculose. É a primeira história a súmula biográfica. A segunda história chamou-lhe Teresinha do Menino Jesus, colocou-lhe um ramo de rosas nas mãos, uma coroa de rosas na cabeça, canonizou-a e, há meses, fez dela Doutora da Igreja a terceira, depois de Catarina de Sena e de Teresa de Ávila. Esta é a história institucional, a grande, e a sua súmula heróica. A terceira história contou-a ela. Em vários poemas, peças de teatro conventuais e textos autobiográficos.Sobretudo no manuscrito C, como é conhecido. ( ) Este livro é a quarta história. Conhece a biografia, e passa adiante. Sabe da heroína, e não lhe interessa. Admira a crente sem desposar o seu movimento. Confronta a arte de viver da amorosa com a exigência da ressurreição dos corpos, última e definitiva aspiração do texto ardente. Subjacente ao Deus sive natura que o move, o texto afirma que há um Amor sive legens para o entender. O percurso de um corpo como súmula da sua potência de agir.Maria Gabriela Llansol
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Vemo-nos em AgostoTodos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino. Um presente inesperado de um dos melhores escritores que o mundo já conheceu. A tradução é de J. Teixeira de Aguilar. -
Deus na EscuridãoEste livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. -
O ColecionadorNo mais recente e trepidante thriller de Daniel Silva, autor n.º 1 da lista dos mais vendidos do The New York Times, Gabriel Allon embarca na busca de um quadro roubado de Vermeer e descobre uma conspiração que poderia levar o mundo à beira do Armagedão nuclear.Na manhã seguinte à gala anual da Venice Preservation Society, Gabriel Allon, restaurador de quadros e espião lendário, entra no seu bar preferido da ilha de Murano e aí encontra o general Cesare Ferrari, comandante da Brigada de Arte, que aguarda, ansioso, a sua chegada. Os carabinieri tinham feito uma descoberta assombrosa na villa amalfitana de um magnata sul-africano morto em circunstâncias suspeitas: uma câmara acouraçada secreta que continha uma moldura e um esticador vazios cujas dimensões coincidiam com as do quadro desaparecido mais valioso do mundo. O general Ferrari pede a Gabriel para encontrar discretamente a obra-prima antes que o seu rasto se volte a perder. - Esse não é o vosso trabalho?- Encontrar quadros roubados? Teoricamente, sim. Mas o Gabriel é muito melhor a fazê-lo do que nós.O quadro em questão é O concerto de Johannes Vermeer, uma das treze obras roubadas do Museu Isabella Stewart Gardner de Boston, em 1990. Com a ajuda de uma aliada inesperada, uma bela hacker e ladra profissional dinamarquesa, Gabriel não demora a descobrir que o roubo do quadro faz parte de uma tramoia ilegal de milhares de milhões de dólares na qual está implicado um indivíduo cujo nome de código é «o colecionador», um executivo da indústria energética estreitamente vinculado às altas esferas do poder na Rússia. O quadro desaparecido é o eixo de um complô que, caso seja bem-sucedido, poderia submeter o mundo a um conflito de proporções apocalípticas. Para o desmantelar, Gabriel terá de perpetrar um golpe de extrema audácia enquanto milhões de vidas estão presas por um fio. -
O EscritórioDawn Schiff é uma mulher estranha. Pelo menos, é o que toda a gente pensa na Vixed, a empresa de suplementos nutricionais onde trabalha como contabilista. Dawn nunca diz a coisa certa. Não tem amigos. E senta-se todos os dias à secretária, para trabalhar, precisamente às 8h45 da manhã.Talvez seja por isso que, certa manhã, quando Dawn não aparece para trabalhar, a sua colega Natalie Farrell – bonita, popular e a melhor vendedora da empresa há cinco anos consecutivos – se surpreenda. E mais ainda quando o telefone de Dawn toca e alguém do outro lado da linha diz apenas «Socorro».Aquele telefonema alterou tudo… afinal, nada liga tanto duas pessoas como partilhar um segredo. E agora Natalie está irrevogavelmente ligada a Dawn e vê-se envolvida num jogo do gato e do rato. Parece que Dawn não era simplesmente uma pessoa estranha, antissocial e desajeitada, mas estava a ser perseguida por alguém próximo.À medida que o mistério se adensa, Natalie não consegue deixar de se questionar: afinal, quem é a verdadeira vítima? Mas uma coisa é clara: alguém odiava Dawn Schiff. O suficiente para a matar.«NÃO COMECE UM LIVRO DE FREIDA McFADDEN A ALTAS HORAS DA NOITE.NÃO O VAI CONSEGUIR LARGAR!» AMAZON«O ESCRITÓRIO É UM THRILLER TENSO E VICIANTE DA AUTORA MAIS ADORADA DO MOMENTO.» GOODREADS -
Os Meus Dias na Livraria MorisakiEsta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração.Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão. -
ManiacMANIAC é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI. MANIAC pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem “a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro”. Por isso, em MANIAC convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência -
Uma Noite na Livraria Morisaki - Os meus Dias na Livraria Morisaki 2Sim, devemos regressar onde fomos felizes. E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romântica oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar. -
Uma Brancura LuminosaUm homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda até que chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar. O homem sai do carro e, em vez de ir à procura de alguém que o ajude, aventura-se insensatamente na floresta escura, debaixo de um céu negro e sem estrelas. Perde-se, quase morre de frio e de cansaço, envolto numa impenetrável escuridão. É então que surge, de repente, uma luz.Uma Brancura Luminosa é a mais recente obra de ficção de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023. Uma história breve, estranhamente sublime e bela, sobre a existência, a memória e o divino, escrita numa forma literária única capaz de assombrar e comover.Tradução do norueguês de Liliete Martins.Os elogios da crítica:«Uma introdução perfeita à obra de Jon Fosse.» The Telegraph«Inquietante e lírico, este pequeno livro é uma introdução adequadamente enigmática à obra de Fosse e um bom ponto de partida para se enfrentar os seus romances mais vastos e experimentais.» Financial Times - Livro do Ano 2023«Uma Brancura Luminosa é, muito simplesmente, grande literatura.» Dagbladet