O presente trabalho é constituído por uma reedição da tradução do
Paradise Lost
de John Milton de Fernando da Costa Soares e Raul Mateus da Silva e por uma tradução,
esta em primeira edição, do
Paradise Regained
, daquele mesmo poeta, tradução esta elaborada só pelo primeiro tradutor referido.
Ambas se apoiaram, basicamente, em traduções francesas, sendo a primeira de Chateaubriand,
Le Paradis Perdu
, em prosa, e a segunda de Jaques Blondel.
A versão de Blondel é em verso, tal como o poema original, mas traduziu-se para português
em prosa, por se entender ser de respeitar a linha do que tinha sucedido na tradução do
Paradise Lost
, uma vez que o carácter de uma certa complementaridade que o
Paradise Regained
assume relativamente ao
Paradise Lost
assim o justificava.
Para além de aglutinar numa mesma edição dois dos mais significativos e importantes poemas
de Milton, será de salientar, também, segundo os dados bibliográficos de que dispomos, a
inovação de integrar num mesmo volume traduções em língua portuguesa, e em prosa, daqueles
dois poemas.
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John Milton
John Milton (1608-1674) é considerado um dos maiores poetas do Renascimento inglês e um dos nomes mais marcantes da literatura universal.
Filho de um escrivão bem-sucedido que se mudara para Londres e se dedicava com igual êxito à composição musical, Milton teve uma educação esmerada com um tutor particular que o preparou para um percurso de reconhecimento nos vários estabelecimentos de ensino que frequentou. Inclusivamente, lia e escrevia em grego e latim. Completou um curso com distinção na Universidade de Cambridge com o propósito de se tornar padre da Igreja Anglicana. Desde os 15 anos que se lhe conheciam poemas escritos em latim e, ao longo do seu percurso académico, a sua produção foi sempre continuada.
Tendo concluído a universidade, Milton iniciou um programa de estudo particular que durou vários anos. Leu grandes clássicos de teologia, literatura, filosofia, política, história, etc. Era fluente na escrita e na leitura de latim, grego, hebraico, francês, espanhol, italiano e inglês antigo. Ao mesmo tempo continuou a sua produção literária e poética. No final deste período, viajou por França durante mais de um ano e partiu seguidamente para Itália Nas suas viagens conheceu os grandes nomes da cultura e da ciência da época. Personalidades como Hugo Grotius ou Galileu foram seus amigos e correspondentes. As notícias da Guerra Civil em Inglaterra interromperam as suas viagens, mas acabou por permanecer no continente partindo para a Suíça e de novo para Itália, onde esteve em várias cidades-estado.
Envolveu-se na Guerra Civil escrevendo vários panfletos. Durante esse mesmo período, Milton casa-se com Mary Powell, mas a mulher não se adapta ao seu estilo de vida austero e as suas opiniões políticas são divergentes. Mary regressa rapidamente à sua casa de família e nos meses seguintes Milton escreve vários panfletos sobre a legalização dos processos de divórcio, bem como acerca dos mais variados temas: política, história, legislação e muitos outros. Surge também nessa altura o texto Areopagitica – uma das mais notáveis e pioneiras defesas da liberdade de expressão, ainda hoje tremendamente influente.
Por essa altura, Milton terá cortejado uma mulher, o que incitou o regresso de Mary Powell. Reconciliados, têm dois filhos praticamente seguidos.
Tendo defendido Oliver Cromwell, Milton é convidado a exercer o cargo de Secretário para as Línguas Estrangeiras no Concelho da Commonwealth. Durante esse período, cegou completamente, por razões que se desconhecem. Depois deste acontecimento, o seu trabalho passou a ser ditado e executado pelos seus vários ajudantes e assistentes. Após a Restauração, Milton escondeu-se, mas acabou por ser preso. As suas obras foram queimadas por ordem judicial. Contudo, a influência de amigos e de personalidades culturais de toda a Europa levaram a um perdão. Milton viveu a última década da sua vida de forma recatada e tranquila, tendo produzido obras menores.
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